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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

OS ACORRENTADOS


"Nihil noui sub sole" 

Nada de novo sob o sol

Sempre existe alguém que escancara a boca e expõe os dentes para falar do Livre Arbítrio. Eu tenho Livre Arbítrio "pero no mucho." Livre Arbítrio é uma expressão infeliz. Sempre parece que o tal do Livre Arbítrio é exercido diante de uma miríade de opções e que é fruto da razão pura. E não é assim que acontece. Quando eu nasci as coisas já estavam todas aqui. Já estava tudo pronto para me agrilhoar.
"Livre arbítrio é o poder que cada indivíduo tem de escolher suas ações, que caminho seguir. A expressão é utilizada por diversas religiões, como o catolicismo, espíritismo, budismo etc. Cada uma explica seu ponto de vista em relação ao livre arbítrio e se ele realmente existe."
Livre Arbítrio (De Libero Arbitrio) também é uma obra da autoria de Santo Agostinho. Este livro, que tem data de 395, foi escrito na forma de diálogo do autor com o seu amigo Evódio. Nesta obra, Santo Agostinho elabora algumas teses a respeito da liberdade humana e aborda a origem do mal moral. O santo é o campeão de Livre Arbítrio. Sabe tudo.
Eu tenho o Livre Arbítrio de escolher entre o Capitalismo e o Capitalismo, entre acordar às 7 da manhã ou acordar às 7 da manhã, entre pagar impostos injustos ou ser preso, entre entrar no teatrinho social ou ser excluído, entre me omitir pra ficar tudo lindo ou dizer a verdade na lata e ser execrado, entre o Facebook e o Facebook, entre comprar produtos Unilever ou produtos Unilever, entre beber cerveja da Ambev ou tomar cerveja da Ambev, entre engolir a seco as babaquices do meu chefe ou ficar desempregado, entre tolerar o Status Quo ou ser internado como louco, entre me submeter aos valores e injunções da sociedade ou me foder. Tenho muitas escolhas. Chego a ficar perdido com tantas opções. Porra! É muito Livre Arbítrio para uma pessoa só. Eu não aguento. E nem vou falar dos que estão enredados nas correntes  maciças e inquebráveis da testosterona e outros hormonitos mais.
Esse Livre Arbítrio Católico altamente questionável, nos leva a viver uma vida cheia de grilhões. Somos levados a tomar determinadas atitudes. Não as tomamos no exercício íntegro do nosso Livre Arbítrio. Estamos acorrentados e nem nos damos conta. Acorrentar é uma prática cultural automatizada. Quase ninguém nota e ainda dizem esta frase adorável: - Fazê o quê?! Que é uma pergunta e uma interjeição repleta de preguiça, comodismo e sedentarismo emocional.
O cara fica acorrentado à patroa porque não tem coragem de viver só. Vai empurrando com a barriga (que cresceu deveras durante a relação) um relacionamento  que de bom só tem um orgasmo Viagrado por mês. O cara é cheio do Livre Arbítrio. Chega a ficar inchado com tanto arbítrio.
E por aí vai. Para exercer o pouco Livre Arbítrio que lhe resta, o indivíduo tem que ter culhões. Há uma falta generalizada de culhões  assim como há uma grande orfandade de revoluções.
O cara fica acorrentado a qualquer merda que lhe dê um idéia(com acento) de segurança. E não desgruda. E é capaz de passar uma vida inteira todo acorrentado posando de alforriado.
Ninguém tem coragem de se livrar da escravatura. Sim, escravatura. Ou vocês acham que os escravocratas já morreram?
Quem tem coragem de usufruir de uma liberdade digna desse nome? Fala-se tanto em liberdade, mas quem é que é livre? Quem?





P.S.- E ainda há quem fale em "Opção Sexual". Caros amigos, opção sexual não existe. A palavra opção não se aplica no contexto. Existe uma determinada orientação sexual que se descobre em nós. Nunca se opta.

2 comentários:

  1. Eu também estou até hoje procurando esse tal de Livre Arbitrio até hj e o que sempre encontrei foram correntes no meu caminho. Excelente texto. Abraços Eliana

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  2. Muito bom mesmo, como sempre. Beijos. Tatiana.

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Não diga besteira