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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O MITO DA FELICIDADE CONJUGAL

Acho no mínimo curioso que se tente ensinar felicidade. Mea Culpa. Eu por vezes também me surpreendo tentando explicar os mecanismos e os meandros inacessíveis da minha própria felicidade. No meu caso, trata-se de um surto didático pois passo a minha vida tentando fazer com que as pessoas aprendam. E aprender depende muito mais delas do que de mim que sou professor.
Cada história de vida, uma felicidade. Cada impressão digital, uma felicidade ou não. A felicidade, se acontecer se plasma à aura do indivíduo.
Diante do exposto, como podemos admitir e seguir o receituário coletivo e massificado para ser feliz. Segundo o famoso receituário, um dos pré-requisitos básicos é ter uma vida conjugal. Sem vida conjugal, a felicidade não desabrocha. Quanta bobagem!
Felicidade conjugal não é automática. Não é para quem quer, é para quem consegue. Felicidade conjugal exige uma predisposição para partilhar de verdade com espírito de fraternidade. Felicidade conjugal é uma questão de vocação para estar e viver com o outro. Eu, por exemplo, nunca tive a menor vocação matrimonial ou o que quer que o valha. Nunca. Por isso nunca me aventurei nessa empreitada.
Não casou, não teve filhos, é um coitado ou um viado. Não é nada disso, gente preconceituosa e idiota.
Descubra se tem complexo de Superbonder ou síndrome de Durepox. Se tiver, tudo bem. Meta as caras e não só, na vida conjugal. Se por outro lado, você não suportar cola, perseguição, ciúmes, delírio persecutório, instabilidade de humor, cobranças absurdas, diminuição da libido, perda e renovação de sentimentos, a sensação de estar em Bangu 2, a opressão da presença do outro, a disputa pelo poder, os incontáveis mal entendidos, as concessões de mão única, a trepada miraculosa que faz esquecer quase tudo, as chantagens na ordem do dia, a possibilidade nem sempre remota de ter alteradas as conformações planas ou arredondadas da sua testa, a sensação de estar vivendo uma vida que não é a sua, o contato indireto com secreções, excreções e enfermidades, fique quieto, não faça nada. Reflita muito. A vida conjugal pode ser muito promíscua para você que é mais asséptico e não gosta de mau hálito.
Se você acha que vida conjugal é uma coisa previsível e estanque, vá par um mosteiro. O horror  são as grandes expectativas falaciosas que se criam nos espíritos em relação à promessa de felicidade na vida conjugal. Casou, juntou, é feliz. Vida conjugal significa institucionalização do afeto, adequação do sexo à cultura e estratificação de papéis sociais ou seja é muito complicado. 
O pior é que a felicidade conjugal tem cronômetro. Tem uma hora  que acaba. Pode ser mais cedo, pode ser mais tarde, mas acaba. (O sentimento de que a felicidade  nunca vai acabar faz parte da dinâmica e do engodo do mito.) E aí você se separa e sofre de alguma forma, ou se acomoda numa vida conjugal com cara de caveira.
Então é isso. Descubra primeiro qual é a sua. Não pense que ereção e lubrificação vaginal são os melhores ingredientes para a felicidade conjugal. O buraco é muito mais  acima. E não receie o que os outros vão dizer e pensar, em 99% dos casos, trata-se de lixo mental orgânico.
P.S- Por que será que novela faz tanto sucesso? A novela é um gênero pitoresco, viciante e  de muito mau gosto, onde se mostra como as pessoas se ferram na busca da felicidade conjugal. O pessoal adora ver os outros se ferrarem e jura que não está sujeito a essas coisas da Globo. É o pretensioso que se coloca acima da novela e desafia o grande Manoel Carlos. Risos

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