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sábado, 26 de abril de 2014

ESTOU CALVO DE SABER


A INSANA CENSURA DA LINGUAGEM
De repente, todo o mundo ficou suscetível. Subitamente e sutilmente, todos ficaram melindráveis. Tudo magoa, tudo ofende, tudo é inadequado, impróprio e indecente. Não sei mais o que é permitido. Façam um Código de Decência Pública, mas por favor, não coloquem apenas as palavras proibidas, coloquem também as práticas e posturas inadmissíveis. 
A continuar assim, o registro da língua coloquial tende a desaparecer. Nada do que outrora era espontâneo e autêntico é tolerado. Nova indumentária para velhas hipocrisias.
Vivem-se tempos esdrúxulos. O politicamente correto tomou conta do pedaço. "Tomou conta do pedaço". Será que esta expressão ainda é autorizada ou será que já foi banida por ofender o puríssimo decoro da multidão? Paradoxalmente, com toda esta pureza idiomática, nunca se fez tanta merda neste planeta. Eu sei que merda, não pode. Não pode o vocábulo, mas pode a atitude nojenta, o comportamento hediondo, isso pode.
Os macacos de imitação estão imitando o país errado. O desejável seria ser original, mas já que isso é de todo impossível, parem de imitar os americanos puritanos que não têm nada a ver conosco. A cópia já conseguiu introduzir no Brasil essa coisa infame e deletéria chamada silicone. Isso para não falar dos piercings, dos alargadores de rosto, dos alargadores de orelha e da muito questionável "body art".
Já que fazem tanta questão de copiar e colar, copiem a Europa que tem muito mais a ver com as nossas raízes culturais e históricas. Parem de imitar americano maluco, obeso, acumulador, superficial e edipiano. Imitem outros menos enfermos. Querem reproduzir  no Brasil todas as moléstias e mazelas da América do Norte. Nós somos culturalmente muito ricos para nos sujeitarmos a cópias tão estúpidas. 
Agora que tanto falam em democracia, proíbem escritores, conspurcam a literatura de Machado de Assis, mudam letras de músicas infantis, alteram criminosamente as nossas características mais telúricas e o Estado-babysiter não para de intervir indecorosamente na nossa vida privada.
Está sendo perpetrado no Brasil e no mundo um crime de lesa-humanidade que impõe a todos uma única forma de expressão. Por isso nunca vivemos uma época com tamanha falta de criatividade. Escutem as músicas do momento. São um atentado auditivo, bárbaro, primitivo e violento. Leiam os blogs e constatem vocês mesmos. É tudo cópia. Cópia da cópia. É de chorar sentado e com as duas mãos no rosto. É de soluçar alto.
Exatamente no momento em que falam de direitos humanos e de outras mentiras mais. E a liberdade de expressão? Cadê a minha liberdade se sou vítima de gente louca que acha que vai mudar o mundo através de eufemismos e sinônimos?
Estou calvo de saber que este movimento planetário do "me engana que eu gosto" só vai produzir mais neuróticos, frustrados, violentos e infelizes. Calvo de saber, pode. Entendeu?!

Um comentário:

  1. Querido Esteves, a coisa está ficando afro-descendente para o nosso lado!! hahahahah!
    Bjs, Fabiana

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Não diga besteira