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sábado, 13 de dezembro de 2014

INCOMODANDO OS INFELIZES


Tudo pode ferir um infeliz. A tua voz, a tua maneira de andar, o teu sorriso, o teu senso de humor que ele nem consegue detectar,( o infeliz está tão absorto na sua miséria existencial que ele não faz nem entende mais as metáforas) a tua cultura geral, (que quase ninguém mais possui nestes tempos bicudos e muito especializados) a tua competência, a tua contundência no trato da psicose líquida da pós-modernidade, a tua autenticidade, a tua espontaneidade, enfim, tudo pode ferir um infeliz. O infeliz é a pessoa mais suscetível do planeta. O infeliz não entende nada; vive por imitação e comparação. Herdou posturas e comportamentos e não questiona nada porque pensa muito superficialmente e por isso não consegue realizar as melhores sinapses. Refugia-se em figuras míticas como Jesus, Maomé, Buda e se confunde com elas num imbróglio existencial sem precedentes. Os infelizes deixam os outros atônitos e confusos.
O infeliz  adota inconscientemente uma agressividade gratuita ou recorre à difamação que não considera crime, mas uma forma legítima de expressão. O número de infelizes tem aumentado consideravelmente. Não se fazem mais infelizes como antigamente. Agora a infelicidade é um misto de perdição e loucura.
Quem vive em sociedade acompanha de forma inevitável os movimentos existenciais dos outros. É impressionante como existe gente perdida aos 40, 50, 60 e até 70 anos. Espero e admito perdição na juventude. Loucura e perdição caduca, eu não aguento mais.
Em muitos casos a infelicidade crônica entremeada por alguma crises ridículas de alegria, é caso para a psiquiatria. O tratamento psiquiátrico também não é garantia de felicidade, considerando que a felicidade é um estado de espírito único, criado pelo próprio indivíduo no interior de si mesmo.
O que mais está associado à infelicidade crônica é a inveja. Todo o invejoso é infeliz. Certas e determinadas pessoas cultivam esse sentimento mórbido como se fosse um credo. Ao contrário do que dizem e imaginam, a inveja não é deletéria para o invejado. A inveja prejudica e devasta o invejoso.
Como não incomodar os infelizes se eles integram a maioria da população? A maioria das pessoas que conheço não são felizes. Apoiam-se em coisas exteriores para se manterem excitadas, entusiasmadas, alegres e até parecem felizes, mas quebram com facilidade. Compram, casam-se, viajam excessivamente, arranjam um(a) novo(a) namorado(a), ganham dinheiro, consomem exageradamente, bebem, trepam compulsivamente e disso depende o que elas chamam de felicidade. Estou careca de dar pistas de felicidade no meu blog. Mas, Na Jugular é um Blog Maldito porque não repete as veleidades que todo mundo vomita todos os dias e que não servem para nada. Na Jugular não posta um montão de flores de todas as formas e cores porque quem se cobre só de flores com certeza está morto ou muito desesperado. Por isso, Na Jugular é chato, pretensioso e insuportável.
Outra característica dos infelizes são as penosas e constantes variações de humor. Coitados! Mas o que esperar desta civilização que induz as pessoas à infelicidade? Valores truncados, falsas expectativas, apostas furadas, contos de fadas, superficialidade compulsória, mentiras e mais mentiras, hipervalorização do dinheiro, disputas risíveis por nada,  depuração das maldades em ascensão, campeonatos mundiais de futilidades, visões cataráticas de mundo, etc, etc.
Concluo que é inevitável incomodar os infelizes, a não ser que  cresçam e sejam finalmente felizes. Aliás, esses são os meus mais sinceros votos; que  todos sejam felizes. Não queria incomodar.

Um comentário:

  1. Esteves, vc sempre na veia. Lembrei-me ao ler seu texto da música "O espinho e a flor", ou vice-versa, do Nelson Cavaquinho, cujo primeiro verso é: "Tire seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor" ... Beijos, Lilian

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