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sábado, 30 de janeiro de 2016

Lições imorais

Tomaram o mundo de assalto. Os canalhas se apoderaram do planeta.
Hoje, com uma certa frequência, sou convidado pelos sem caráter a ser como eles.
- Para com isso. Você não vai conseguir nada. Você é um masoquista que gosta de dar murro em ponta de faca. Vocé não é melhor do que ninguém. - dizem os filhos da puta.
Na minha época, a época boa, ouvíamos lições de moral. Atualmente, recebo sem pedir e sem querer, lições da mais vil e desprezível imoralidade. Um número crescente de pessoas acha que ter bons princípios  é uma estupidez sem tamanho.
- Por que você quer ser diferente? Você só se dá mal. Vive estressado, querendo ser o que ninguém é. Cai na real. Você não percebe que todo mundo mente, todo mundo é hipócrita, todo mundo finge. Você sabe, todo mundo tem um preço. A vida é assim mesmo. - dizem os filhos da puta
Pois então, no dia em que me for de todo impossível ser igual a mim mesmo, prefiro morrer. É isso mesmo: prefiro a morte. E eu não estou dramatizando porque não sou de fazer gênero.
De que vale viver num mundo em que os demônios com ar civilizado e politicamente correto, venceram de maneira acachapante e inquestionável?
Não se trata de maniqueísmo, é maniqueísmo mesmo, é maniqueísmo puro. Por que têm tanto medo de classificar as pessoas em boas e más? Não suporto as relativizações e o mais ou menos. Ou você tem valores que engrandecem e dignificam a espécie humana ou você é um filho da puta. 
Sei que ser crápula está na moda. Eu sempre fui contra modismos.  Nunca serei crápula, nunca serei cafajeste. A memória do meu pai não permite.
Postagens como esta, representam a perda de cerca de 3 a 4 seguidores. Estou disposto a não ter seguidor nenhum e ser fiel a mim mesmo. Não estou em busca de popularidade, nem estou em condições mentais e emocionais de acalentar as ilusões da maioria que só nos conduzem à confusão, à perdição e à infelicidade. 
Descobri uma maneira terrível e muito pessoal de me vingar do mundo cruel: ser feliz. 

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Mórbidas simbioses

Conheço criaturas que estão juntas há muito tempo, que têm um discurso extremamente desfavorável em relação ao outro e ainda assim permanecem juntas.
Ao ouvi-las falar do pretenso amigo ou namorado ou marido, parece que falam de um inimigo repulsivo e execrável.
Por que mantêm laços "afetivos" pessoas que não se prezam? É simples, para esses seres nefastos e nebulosos, é melhor mal acompanhados do que sós. Esse é o pessoal que por horror absoluto a si próprio, teme a solidão e faz qualquer negócio para nunca estar só.
Desprezo profundamente indivíduos desta estirpe. É nojento estar com alguém por não aceitar o que há de mais elementar na condição humana: a solidão. 
Em muitos outros casos, homens e mulheres continuam juntos por pura dependência sexual; é a penitência, o martírio e o suplício dos escravos jubilosos da testosterona.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

62 pessoas têm a mesma riqueza que metade da população mundial

Winnie Byanima
As 62 pessoas mais ricas do mundo têm agora o mesmo dinheiro que a soma de metade da população mundial, o equivalente a cerca de 3,5 bilhões de pessoas, à medida que os super-ricos têm ficado cada vez mais ricos e os pobres mais pobres, disse uma instituição de caridade internacional nesta segunda-feira.
A riqueza dos 62 mais ricos aumentou 44 por cento desde 2010, enquanto a riqueza dos 3,5 bilhões mais pobres caiu 41 por cento, afirmou a Oxfam em um relatório divulgado antes da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Quase metade dos indivíduos super-ricos são dos Estados Unidos, enquanto 17 são da Europa e o restante de países como China, Brasil, México, Japão e Arábia Saudita.
"A preocupação dos líderes mundiais sobre a crescente crise da desigualdade até agora não se traduziu em ações concretas - o mundo se tornou um lugar muito mais desigual e a tendência está se acelerando", disse a diretora-executiva da Oxfam International, Winnie Byanima, em um comunicado que acompanha o estudo.
"Não podemos continuar a permitir que centenas de milhões de pessoas passem fome enquanto os recursos que poderiam ser usados ​​para ajudá-las são sugados por aqueles no topo", acrescentou Byanima.
Winnie Byanyima é diretora-executiva da Oxfam International, em Davos.
Cerca de 7,6 trilhões de dólares dos indivíduos mais ricos estão em paraísos fiscais offshore, e se fosse pago imposto sobre a renda que essa riqueza gera um adicional de 190 bilhões de dólares estaria disponível para os governos a cada ano, segundo Gabriel Zucman, professor assistente da Universidade da Califórnia em Berkeley.
Cerca de 30 por cento de toda a riqueza financeira da África é mantida no exterior, o que representa perdas de 14 bilhões de dólares em receitas fiscais todos os anos, disse a Oxfam, se referindo ao trabalho de Zucman.
Esse dinheiro é o suficiente para pagar pelos cuidados de saúde que poderiam salvar 4 milhões de vidas de crianças por ano e empregar professores suficientes para colocar todas as crianças africanas na escola, de acordo com a Oxfam.
Reuters
Por Alex Whiting

A perversa lógica humana

"Quando você perceber que para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada."
Ayn Rand 
Não sei se você já conseguiu observar o que eu vou lhe dizer. Quando eu era mais jovem não percebia nada. Louvo o meu envelhecimento com maturidade. Não há muitas vantagens em envelhecer a não ser, olhar e ver.
Eu não só vejo como fico indignado, muito indignado, porque eu consegui envelhecer com uma criança no meu coração. O meu coração gesta o meu menino.
O que eu vejo todo mundo vê; é uma evidência revoltante. O que eu vejo, vê-se muito nos ditos locais de trabalho. Nos locais de trabalho, os sem -caráter, os trapaceiros, os hipócritas e os puxa-sacos são premiados com viagens e outros agrados, ao passo que os trabalhadores, sérios, dedicados e corretos, são punidos. Essa é a pervertida lógica humana. É a perversa lógica de quem tem poder político e/ou econômico. 
Os detentores do poder, qualquer que ela seja, querem um poder com séquito, querem um poder monárquico, dinástico e folclórico. Querem pajens, bobos da corte e damas de honra. Qualquer chefinho de merda tem a sua corte.
Tenho vergonha de viver numa sociedade em que para se receber as migalhas dormidas do capital, temos que nos submeter às piores humilhações e vexames. Mas nem a vergonha é mais um sentimento ocidental. No Ocidente, a vergonha é um sentimento ultrapassado e ridículo. Os orientais dão-nos exemplos diários das relações profundas que mantêm com a vergonha e o pudor.
São poucos os judaico-cristãos que ainda sentem alguma vergonha ou têm algum resto de pudor. Vivemos um mundo sem vergonha nenhuma e completamente despudorado. 
Hoje, estou com vontade de sumir desta merda de vida idiota que nos impuseram. Mas logo serei  contaminado pelo torpor geral e pelo conformismo estúpido da maioria.

sábado, 16 de janeiro de 2016

O colapso das relações humanas

Quando cumprimento uma pessoa e ela não responde porque está conectada. Quando tento dar um sonoro bom dia e não consigo porque a pessoa está há uma hora ao celular. Quando as pessaos preferem escrever meia dúzia de palavras fúteis e banais a conversar. Quando as pessoas me cumprimentam (e é cada vez mais raro) e economizam a saudação, fazendo apenas um ligeiro e quase imperceptível meneio de cabeça, tenho a certeza absoluta que de fato ocorreu uma revolução. 
Aconteceu uma revolução infeliz, a revolução do ego doente. Aproveitando a carona de outra revolução infeliz, a revolução do invólucro, a revolução das palavras, a involução do politicamente correto, não chamemos mais de relações sociais o que nada tem de social. 
Hoje, existem relações automáticas, mecânicas e tecnológicas que estão muito longe de ser verdadeiras relações humanas. 
Definitivamente, caímos no precipício da fricção dos egos e não vamos muito além da queda. Estamos todos encurralados no abismo do ego, achando que  nos relacionamos quando na realidade, apenas fazemos movimentos estranhos nos limites da ruína.

Bypass

Bypass é um termo da língua inglesa que significa contornar, desviar ou dar a volta. Esta é a melhor decisão e a melhor estratégia para um bom caminho.
Leva-se décadas para ter a coragem de aprender a contornar, desviar e evitar os lugares comuns que só foram feitos para pisar e não para conduzir.
Gosto do novo,(sem a paranóia de descartar) do original, (até onde isso é possível) do incomum, do singular, do invulgar, do inusual, do optativo, do eletivo, do opcional, do voluntário, do livre e do facultativo.
Quem já aprendeu a contornar sabe que os outros não servem para nos fazer felizes. Servem para outras coisas, servem para tornar a vida mais divertida, menos monótona, mais confusa, mais emocionante, mais agitada e com bastante stress.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O focinho do mal

Muitas vezes tenho a impressão clara que as pessoas andam de olhos vendados. Quem anda de olhos vendados tem os seus movimentos orientados pelos outros. É uma situação sedutora e confortável. Os videntes que se recusam a ver não querem exercitar as suas retinas. Preferem viver pelas córneas dos outros; às custas do olhar alheio.
Sócrates, já se ferrou há 2.500 anos ao propor à juventude ateniense a autonomia da visão. Eu não sou Sócrates, eu não sou nada, mas pelo menos faço jus aos meus olhos físicos e metafóricos que a natureza e a vida me deram. E por isso sei que quem propõe autonomia, independência e poder pessoal, um dia vai se ferrar. Tudo é feito e previsto para o bando. Não correm riscos os que discursam para a boiada pacificada pela mentira.
Está todo mundo muito protegido por Papai Noel e outras entidades oníricas do encontro direto com o mal. Até parece, neste  velho e surrado faz-de-conta que o mal não existe. Até parece que gostam de você. Até parece. Até parece que você tem alguma importância. Até parece que os bons venceram finalmente. Até parece.
Adorei ter envelhecido e ter desenvolvido a capacidade de desmascarar o mal nas primeiras e balbuciantes hipocrisias. O mal não me assusta mais. Por saber que o bem é raro e que o mal é onipresente, estou familiarizado com os odores do mal. 
A minha maior ambição é poder permanecer imóvel e impávido diante dos horrores do mal. Confesso que ainda não cheguei a esse ponto. Mas hoje, já consigo identificar ao longe o monóxido tóxico que exalam os focinhos do mal.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Sucesso é o que a gente sente

Eu não sou de acalentar ilusões alheias; tenho tendência a destruí-las. Não vivo mais de ilusões. Nutro algumas esperanças vagas e talvez vãs, mas tenho todas as esperanças possíveis em mim.
Os fugitivos da luta, acabam por não saber fazer nada. Só confrontando os problemas do cotidiano com coragem é que aprendemos tudo, inclusive a trocar uma carrapeta.
Quem foge à luta porque não quer se estressar, porque não quer se incomodar, com o tempo torna-se uma pessoa inútil. Inútil para resolver coisas exteriores e inútil para promover o seu próprio bem-estar. Aos preguiçosos emocionais, não resta quase nada.
Quem não gosta de lutar porque incutiu ou incutiram-lhe que a vida é bela por si só e que este é um lugar de felicidade quase gratuita, prefere seguir e respeitar receitas estúpidas de comportamento.
Pois então, sucesso não é nada disso o que dizem por aí os mantenedores do status quo. Não tenho medo de achar que a civilização é patológica porque é mesmo.
É muito perigoso dizer-se que sucesso é aquilo que a gente sente porque poucos serão os bem sucedidos. 
Ninguém fala disso. Pra que falar de coisas importantes? Neste planeta, cerca de um milhão e 200 mil pessoas cometem o suicídio a cada ano. Há mais de 350 milhões de pessoas com depressão, etc,etc. Poupo-vos da ladainha de desgraças.
É preferível pensar que o sucesso só pode vir de fora e de preferência dos outros. Isso entretem, mantem-nos ocupados e até diverte a maioria, mas não significa coisa nenhuma.
Todos sabem como se sentem, mas poucos são os que têm a honestidade de dizer a verdade. E neste " me engana que eu gosto" coletivo, tudo tem os trajes e os trejeitos da verdade.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Criatividade e doença mental


Fama e fortuna não fazem muita diferença, a criatividade é que faz com que atores, músicos e escritores sejam mais propensos à depressão e vícios do que a média das pessoas comuns, de acordo com especialistas entrevistados pela AFP.
Foi a depressão que levou o criativo ator Robin Williams a supostamente cometer o suícidio, o mais recente caso de uma significativa e triste lista. Artistas como Jim Carrey, Catherine Zeta-Jones, Mel Gibson ou Poelvoorde já falaram abertamente sobre sua depressão, associada ou não ao consumo de álcool ou drogas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 350 milhões de pessoas de todas as idades sofrem de depressão em todo o mundo. “Na sua forma mais grave, pode levar ao suicídio”, ressalta a OMS, que se refere a uma estimativa de “1 milhão de mortes a cada ano.”
A assessora de imprensa de Robin Williams, Mara Buxbaum, explicou que o herói de “Bom-dia, Vietnã”, “Uma babá quase perfeita”, “Gênio Indomável” e “A Sociedade dos Poetas Mortos” lutava contra uma depressão profunda. Segundo a polícia, a causa provável de sua morte foi “suicídio por asfixia”.
Para o professor Michel Reynaud, chefe do departamento de psiquiatria e dependência no hotel Paul Brousse em Villejuif, Paris, existe uma ligação entre talento criativo, depressão e dependência.
“Os artistas são muitas vezes pessoas mais sensíveis, sentem mais intensamente as emoções. Isso acontece geralmente com escritores, poetas, músicos, atores, de muita qualidade, mas por trás de seres muitas vezes ansiosos, deprimidos, bipolares”, observa.
Além disso, produtos com o álcool e as drogas, geralmente disponíveis em seu ambiente – “meio de divertimento, festivo, de dinheiro” – são vistos como facilitadores da expressão artística.
Deve-se ainda acrescentar, segundo ele, a pressão pelo sucesso e atores que vivem “numa espécie de exaltação narcisista”. “Eles dizem que representam bem a sua vida e narcisismo em cada filme ou cada peça”.
Sem razão claramente identificável
“Existem alguns estudos que ligam o talento criativo à saúde mental, embora o mecanismo exato ainda seja um mistério”, observa o professor Vikram Patel, diretor do Centro Britânico para a Saúde Mental Mundial (Global Mental Health).
“Os circuitos cerebrais que são a fonte da criatividade são os mesmos que os das doenças mentais, então, ser criativo pode aumentar o risco de doença mental”, diz.
A ligação entre depressão, transtorno bipolar e dependência também pode ocorrer, porque, segundo o professor Reynaud, “entre um terço e 50% dos viciados são deprimidos e a metade dos bipolares têm problemas de dependência”.
“E o vício por si só provoca síndromes depressivas, muitas vezes graves, durante as quais as pessoas podem cometer suicídio”, acrescenta.
Um estudo do Journal of Phenomenological Psychology em 2009 garantia que, ao mesmo tempo em que a celebridade pode trazer riqueza, privilégio e “imortalidade simbólica”, há um preço a pagar para o estado mental que isola as pessoas, os torna desconfiados em relação a outros, e que pode levar a uma divisão entre “celebridade” e “pessoa privada”.
Para Jeffrey Borenstein, presidente da Brain and Behaviour Research de Nova York, “as pessoas estão lutando para entender por que alguém que parece ter tudo pode estar deprimido”.
“Muitas vezes pensamos que a depressão ocorre durante uma vida difícil, e às vezes isso acontece, mas muitas vezes a depressão ocorre sem causa claramente identificada”, diz ele.
Os meios artísticos não são os únicos suscetíveis, revela ainda Reynaud, citando os comerciantes. ”Algumas profissões são mais vulneráveis que outras quando o modo de vida é desregrado, a pressão é grande e o acesso a produtos químicos é fácil”, resume.
Dominique Ageorges e Mariette Le Roux