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sábado, 27 de agosto de 2016

Cachorro - O humano alternativo

HOMO CANIS
É surpreendente, chocante e impressionante o horror que o ser humano tem a si próprio. O maior tabu desta sociedade, é sem nenhuma sombra de dúvidas a solidão. Quase ninguém acha significação em si mesmo. A necessidade e a dependência  do outro, patrocina qualquer absurdo e até promove cães à categoria de gente.
A domesticação do cão remonta a milhões de anos. O cão por ter tanta proximidade com o ser humano há tantos milênios, é quase humano.
O cão é um humano com muitas vantagens. A sua subserviência atrai todas as almas solitárias, sem exceção. Em Paris, a solidão da cidade luz é resolvida à base de lambidas e latidos.
Na falta de congêneres, serve qualquer um que se assemelhe. Não existe animal mais humano que o cachorro. O cachorro conhece profundamente a demagogia e negocia com o seu dono como gente grande.
Todos os mendigos que amargam os horrores do abandono, do preconceito e da exclusão, têm um cachorro. O cachorro ameniza a dor de estar absolutamente só no mundo. Mas afinal, ainda que ninguém queira escutar, isto é o essencial, o definitivo e o irrefutável da condição humana. 
Os frívolos que me perdoem, mas solidão é fundamental.
Chega a ser ridículo e muito patético, guindar um cão à categoria de humano e eu adoro cães. Calçar cães, vestir cachorros e falar com eles como se eles entendessem português, pode ser um sinal de grande desespero existencial. Por coincidência, o número de pessoas que opta por um humano alternativo, aumentou considerávelmente. 
Diante de um ser humano, cada vez mais intratável, intransigente, orgulhoso, inacessível e esquivo restam-nos os admiráveis cachorros.

2 comentários:

  1. Mais uma vez, meu caro amigo, só me resta lamentar: Triste...
    Um forte abraço, Joaquim!

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