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sábado, 7 de dezembro de 2013

O CONVENTO DA PUTARIA

"Il faut appeler un chat, un chat"
Devemos chamar um gato, gato.( Tradução ao pé da letra.) O equivalente em português é: "É preciso dar nome aos bois."
Ditado francês
Todos sabem que este planetinha se chama CONVENTO DA PUTARIA. Com essa onda ridícula do politicamente correto pretendem que chamemos isto aqui de TEMPLO DA REFLEXÃO SUPERIOR. Não podemos mais chamar as coisas pelo nome que merecem. Nunca vivemos tempos de censura tão insidiosa e abrangente. Querem nos obrigar a viver um "me engana que eu gosto" compulsivo - além dos impostos convencionais, temos agora o advento do IMPOSTO MORAL.
É muito difícil viver esta censura difusa a céu aberto. Tudo é tácito. Ninguém diz nada e todos sabem que quem chamar as coisas pelos seus nomes adequados, está condenado pela sociedade.
A expressão "politicamente correto" é oriunda da "revolução cultural" de Mao Tse Tung. Na época, ser politicamente correto significava estar de acordo com as posturas do partido comunista chinês. Olha só de onde vem essa merda! Os atualizadores dessa expressão são os americanos do norte. Agora essa putada toda se globalizou e estamos nas mãos deles.
Hoje, os hipócritas são recompensados oficialmente pela sociedade e os sinceros, autênticos e espontâneos, penalizados. Que situação!
Tratam-nos como se fôssemos criancinhas que têm que reaprender a falar. Eu já sei falar há mais de meio século, não é agora que vou mudar o meu vocabulário. Não sei se vocês se dão conta do absurdo. Infantilizar para dominar, esse é o lema.
Não queiram ser o que não podemos ser.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

QUEM FAZ A FEIURA DO PALAVRÃO?

Antes de qualquer outra coisa, cabem duas explicações. A primeira é que eu pertenço à geração X para a qual o palavrão não tinha, nem tem, as conotações psicóticas da modernidade líquida e hipócrita. Vivemos o florescimento e o apogeu da era do Homo hipocritus. Em segundo lugar, palavrão é tudo o que remete o ser humano à sua escala mais animal. E isso, a sociedade dita civilizada não admite. Todas as palavras que são classificadas como palavrão fazem invariavelmente referência explícita ao animal que somos: sexo, práticas sexuais, partes sexuais, orifícios excretores, excreções, etc. No fundo, trata-se de tudo aquilo que gostaríamos de esconder, tudo o que gostaríamos de não carregar nas entranhas da nossa mísera condição humana, tudo o que não admitimos publicamente possuir, tudo o que destrói o nosso teatrinho diário  e insuportável de seres "civilizados".
Tudo o que o palavrão denuncia existe no ser humano. Ninguém inventou ou inventa absolutamente NADA. Em última análise, NÓS SOMOS TODOS UM ENORME PALAVRÃO ANDANTE. Se as pessoas não conseguem conviver com o que de fato são, se precisam permanentemente representar, isso é trágico, patológico e faz parte de mais um desprezível lugar comum. É preciso saber de uma vez por todas que as palavras não mudam as coisas. As coisas continuam sendo o que sempre foram. Os loucos acham que as palavras mudam as coisas. Não mudam. Lamento muito, grandes malucos. A expressão: "Mudar de endereço cósmico", não muda em nada o prosaico ato de morrer.
Quem não consegue tolerar o que é, vai viver eternamente nesse cansativo faz de conta que não leva ninguém a lugar nenhum. Peço um pouco de maturidade. Não aguento mais tanto adulto infantilizado brincando no parque. É muito ridículo.
Então, quem faz a feiura do palavrão? A feiura do palavrão é arquitetada por quem o ESCUTA, jamais por quem o diz. De uma forma geral, quem diz palavrão é autêntico e espontâneo. Pode até não ser autêntico mas com certeza é espontâneo. Já quem escuta o palavrão, viaja na maionese e na porcaria e se escandaliza. Promove o que eu chamo de autoescândalo porque se escandaliza com elementos inexoráveis da sua própria compleição. Quem escuta o palavrão acha que a hora em que o palavrão é dito, não é hora para masturbações e outras digressões sexuais e fica chateado(a) com quem lhe desencadeou tais sensações. São pessoas recalcadas que vivem muito mal com elas próprias e com o mundo. São pessoas que não conseguem transcender o onírico e o delirante. São pessoas que não sabem quem são, que têm uma vaga ideia da realidade, que têm uma deplorável vida sexual ou que são muito sexualizadas ou muito perversas e optaram pelo diuturno teatro existencial.
Tenho um gigante e aprofundado menosprezo por essa gente tão miúda, tão subespécie,  que acaba por ter alguma importância social e política na medida em que supervisiona, censura e demoniza a livre expressão pública e para isso, conta com o apoio de um número assustador de gente falsa.
P. S.- Em homenagem aos hipócritas, esta postagem é sem palavrões porra!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

GENEROSIDADE NÃO É BABAQUICE

GENEROSIDADE GERA GENEROSIDADE

"Um pouco de perfume sempre fica nas mãos de quem oferece flores."
Provérbio Chinês
"A generosidade de uma pessoa é a maior honra que se pode conquistar."
Rodrigo Pereira

Não reconheço essa sentimentalhada fake e marqueteira que anda por aí: amor de novela, pieguismo idiota, forçação de emoções midiáticas, dependência travestida de afeto, amor-tesão, chantagem-profissional, histerismo, manipulação emocional, etc, etc

Tenho entretanto particular admiração por quem é verdadeiramente generoso. Dá para notar quando a generosidade é verdadeira. Aprendi a ser generoso com pessoas mais generosas que eu. Posso chegar às lágrimas diante de uma genuína manifestação de generosidade. Pena que não tenha chorado muito ultimamente.
Com alguma frequência o generoso, nos tempos que correm, é confundido com o babaca. Não é babaquice, não, minha gente, é generosidade. Podem acreditar. Há pessoas generosas neste mundo. É a coisa mais linda do mundo quando um ser humano como você te dá alguma coisa sem querer nada em troca. Não existe nada mais elevado e belo neste mundo feio pra caralho.
P.S.- Por favor, sejamos mais generosos e menos babacas.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A SÍNDROME DAS VACAS MAGRAS

A ABRANGÊNCIA DO TRAUMA

Conheço algumas pessoas que poderiam ser chamadas de ricas, mas que vivem, agem e se comportam como pobres. Recusam-se a ser enquadrados na categoria de ricos e reúnem todo patrimônio necessário para serem classificados como tal. Sofrem do que eu chamo de Síndrome das Vacas Magras. Vivem como pobres e morrem como ricos. Esta é talvez a maior loucura de que um ser humano é capaz, considerando a brevidade da vida. A pobreza traumatiza.
O meu objetivo não é falar de ricos e pobres, mas da força acachapante do trauma. No traumatizado, não adianta dizer que o perigo já passou. Ele revive todas as sensações do risco iminente.

Na nossa cultura, não há quem não tenha algum trauma. Esta sociedade traumatiza mesmo. Se o trauma for adquirido muito cedo, o indivíduo pode carregá-lo a vida inteira. A estupidez da minha geração gerou muitos traumas. Não sei como se geram os traumas nesta geração Y e Z, as gerações tiranas e superficiais, mas também há traumas.
Não é falando sistematicamente de futebol, carnaval e coleções de vaginas que vamos ajudar quem está traumatizado de alguma forma. Não se esconda atrás do discurso tolo da maioria. Isso não resolve nada. Fale sobre o que sente e do que lhe vai na alma. Esse é um direito mais que fundamental. É aprofundando o diálogo e o debate existencial que poderemos chegar a algum lugar favorável.

TRAÍDOS PELA QUÍMICA

As pesquisas da minha vida inteira comprovam: homem não gosta de mulher, quem gosta de mulher é testosterona. Aliás, a testosterona nem gosta da mulher toda, apenas de algumas partes muito específicas da sua anatomia.
No que  me diz respeito, a testosterona integra-me, mas não me constitui.

MUTILAÇÃO SEM CORTES

Qualquer forma de repressão é uma mutilação sem cortes. A repressão tem efeitos irremediáveis como  os de uma mutilação. Uma vez consumado todo o processo repressor, a mutilação também se consuma e  é para toda a vida. Eventualmente trinta anos de psicanálise, podem atenuar as consequências mutilatórias, mas o que foi amputado não se refaz nunca mais.

CELEBRIDADE ANÔNIMA

O anonimato parece nos incomodar, mas é um lugar  agradável para se morar. As pessoas às vezes se cansam da tranquilidade e do bem-estar. É paradoxal, mas é bastante humano. Com muita frequência, as pessoas estão bem e nem sabem, porque vivem por imitação e comparação.
Impulsionados pela regularidade da rotina e rotina não é de forma nenhuma sinônimo de monotonia, empurrados por uma carência afetiva incoercível, partem para experimentar a  falsa sensação do amor coletivo e tornam-se celebridades.

Na minha época, na época boa, para ser célebre você tinha que fazer algo extraordinário e admirável. Na modernidade líquida, famoso é qualquer idiota que tem por trás dele os bons  e prestimosos serviços do marketing e da publicidade, sem falar do Q.I.(Quem indica)
Alcançado esse patamar mágico da fama, sobrevem o tédio, a  necessidade de privacidade e a luta pelo anonimato. Ser celebridade deve ser a coisa mais insuportável do multiverso. O ideal seria um anonimato relativo, mas isso é quase impossível.
Então, antes de enfrentar as agruras da fama, pense um pouco. Sim, porque é muito fácil ficar famoso atualmente. São muito citados os chamados cinco minutos de fama. Consumimos celebridadades como quem consome camisinhas de látex duvidoso. A fama é gratuita e não significa absolutamente nada.
A fama insana é muito procurada por pessoas igualmente insanas porque a celebridade é uma forma de poder político. Quem é conhecido, exerce sobre os outros um poder nuanceado e sutil. Tem privilégios e facilidades que os outros não têm. O preço dessa posição favorável é a exposição que ofende e torna a vida ainda mais difícil de ser vivida. Vide as revistas de fofocas, onde as pseudo-celebridades são expostas ao ridículo, ao desrespeito, às injúrias e à difamação. A celebridade torna-se uma coisa e eu disse coisa, coisa de todos. Parece que se esfacelam na multidão, se fragmentam e perdem a individualidade. É conhecida a relação das celebridades com as drogas.
Com o tempo, o famoso passa a sofrer da chamada "síndrome de vitrine" que beira as raias da loucura. Imagine todos os olhos postos sobre você. Imagine ser conhecido de todos e todos exigindo alguma forma de atenção. Você gostaria de estar totalmente exposto cada vez que você vai à rua?
Os famosos podem até ser dignos de pena, todavia jamais devem ser invejados. 
P.S. - Woody Allen retratou muito bem este tema no filme "Para Roma, com amor."

domingo, 1 de dezembro de 2013

A FALHA NARCÍSICA

Desde que se nasce, não faz mais nada a não ser conceder. Nascer já é em si uma concessão descomunal. Se existe um criador, ele é profundamente injusto. Não ter o direito de decidir  vir para o planetinha, é assustador e iníquo. Tenho certeza que aquilo que chamam de natureza é nefasto e deletério. Mas vamos ao assunto.
 
O grupo em que nascemos nos chupa todo o amor próprio que eventualmente possamos nutrir. Em um minuto, fazem o diagnóstico da sua personalidade. Em dois minutos acabam com você. Sabem tudo a seu respeito; se você é bom ou ruim, se tem valor ou não, se interessa ou não interessa, etc, etc. Levamos uma vida inteira para erguermos a nossa pessoa e mantê-la de pé e em dois minutos os outros acabam com ela sem dó nem piedade. É uma merda.
O grupo se aproveita e se vale das nossas fraquezas gregárias e quase caninas, para nos infligir todos os danos psicológicos. O indivíduo é sempre o culpado. Nunca vi nenhum grupo extenso ou uma nação serem condenados. O grupo é plenipotens. Por isso, quase todos  têm essa maldita carência afetiva ( falha narcísica) que nos leva, por vezes, ao ridículo da tolerância com o grupo.
Vejo milhares de pessoas seguindo sem questionar o que o grupo determina. Vejo gente cheia de músculos e de anabolizantes, com o corpo  cheio de tatuagens que mais parecem eczemas, repletos de aparatos tecnológicos, escravos do modismo e do consumismo, exagerando no artifício de aparentar, na tentativa inútil de serem amados pelos outros. O amor é possível, mas muitíssimo improvável. O amor por aqui é sentimento raríssimo. Quanto esforço para agradar e não receber nada em troca. Quanta insanidade! 
Poupe as suas preciosas energias e reconcilie-se consigo próprio. Faça as pazes com essa pessoa com quem você dorme todos os dias. Enfrente o grupo e salve-se da massificação imbecil. 





JESUS - O HERÓI DOS HERÓIS

Sempre me surpreendeu a atualidade e o interesse que Jesus suscita. Como uma história repetida à exaustão continua a despertar a mais viva admiração? Como? Essa história cansativa povoa os recantos mais inacessíveis da minha existência. É inacreditável!
De uma forma geral, as culturas cultuam heróis que venceram uma grande batalha ou uma  guerra encarniçada. A atualidade e o interesse que Jesus provoca, estão relacionados ao fato de se lhe atribuir ter vencido a morte. Esta é a chave do imbróglio. Um herói que venceu a morte não nasce todos os séculos.
Com a publicidade  muito competente que foi dada a esse fato, estamos diante de um herói insuperável. Ele venceu o que o ser humano mais teme. Ele suplantou a razão pelo qual se vive.
Não acredito que ele tenha vencido a morte, mas admito que esta história trás muito conforto emocional a certas pessoas. Para essas pessoas, acreditar nisso é uma terapia radical e definitiva. Essas pessoas têm tanta necessidade de acreditar nessa história que condenam à fogueira quem não consegue acreditar nisso, por mais que tente. Também existem coisas maravilhosas fora das religiões.
O herói dos heróis nunca me convenceu; só quando eu tinha  dez anos de idade. Para mim ele está mais para Che Guevara desarmado da Galileia. Amen.

PERDI TODAS AS MULHERES PARA O CASAMENTO

Encontrei o Aristides completamente arrasado. Cabisbaixo, pensativo, um pouco pálido, parecia que vinha  direto de uma sessão espírita psicografada.
- O que é que houve?
-  Tou meio down. Lembra da Graziela?
- Claro. 
- Pois é, ela tem outro cara.
- A Grazi?
- É. Você sabe que ela sempre quis casar. Só falava em casamento. Você sabe. Eu até comprei as alianças, mas eu não quero casar. Eu quero a Grazi. Não quero me casar. Nunca quis. Você sabe. Porra! Ela acha que o casamento é a evolução do namoro. Puta que pariu! Que mulher babaca! O casamento é a involução do namoro. Todo mundo sabe disso.
- Como você conseguiu ficar seis anos com uma idiota desse quilate?
- Porra! Sabe como é que é...... Inexplicável esse negócio. É foda! Quando eu conheci a Grazi, fui bastante claro. Sempre lhe disse que não queria casar. Mas você sabe como é mulher, pensa que muda a gente.
- É camarada! Toda a mulher no fundo acha que homem é babaca. E na maioria da vezes tem razão. Eta raça babaca sô!
- Eu não sou babaca não.
- Não? Tem certeza?
- Num fode Joaquim!
Ali estava prostrado diante de mim, mais um macho preso nas suas próprias  teias hormonais. Sempre disse que testosterona emburrece. Eta hormoniozinho estúpido! 
Não sabia o que fazer para consolar Aristides. Resolvi tentar uma terapia de choque.
- Aristides, você não tá vendo que essa piranha te trocou pela instituição? Ela nunca quis merda nenhuma com você. Ela tem uma relação forte e profunda com a porra da sociedade onde ela nasceu. Só isso! Você nunca significou merda nenhuma para essa piranha.- disse, alterando a voz em tom de discurso
- Pô Joaquim, pô! Não fala assim da Grazi. A Grazi não é piranha. Que é isso?
- Não é piranha, mas o que interessa é que ela te trocou e você tá na fossa. Sai dessa!
- Fiquei sabendo que ela achou um cara que quer casar com ela de qualquer jeito.
- Então, que case, que acasale, que tenha filhos e que se ferre.. Você tem que ser mais independente rapaz. Tirando a porra do sexo, o que é uma mulher pode te oferecer? O quê?
- Pô cara! Você tá esquecendo do amor, do afeto. Que é isso Joaquim!
- Puta que pariu! Você tá na pré-história do relacionamento homem- mulher. Amor? Que amor rapaz. Que amor é esse ?  Bate na boca! Se amor é isso, eu quero que me odeiem. Eu prefiro o ódio. A mulher te troca porque tem compromissos com a instituição do matrimônio, porque quer dar satisfações à sociedade e caga em você. Você é um objeto miserável e ridículo para dar vazão à falta de imaginação dessa enquadradona. Pensa um pouco. Esquece a vagina dela. Esquece a bunda dela. Esquece. Pensa com um pouco de imparcialidade. Finge que você é assexuado. Finge.
- Cara, você tá me deixando confuso.
- Mas você é confuso Aristides. A sociedade humana é confusa. Eu estou querendo te trazer um pouco de light, porra! Light, meu irmão.
- Vi no Face dela que ela vai viajar com o cara para Paris. E ela que tantas vezes me pediu para ir a Paris. Poderia ter ido. Não custava nada.
- Você é quem sabe. Eu continuo  te achando um idiota edipiano procurando nas mulheres o que elas não têm para te oferecer. A pessoa mais indicada pra te dar o que você quer é a tua mãe. Liga pra mamãe
- Vai se foder. Tu tá querendo me ajudar ou me derrubar?
- Tô querendo derrubar essa mitologia toda que te enfiaram pela goela abaixo quando você era puro e inocente. Para com isso! Vomita essa mixórdia que te meteram na boca. Tenta te reconstruir a partir das tuas próprias percepções, da tua experiência pessoal, do teu  amor próprio, da tua intuição e principalmente da tua inteligência. Este mundo faz a gente de bobo. Você não é bobo Aristides, você é babaca.
- Mas tou na pior mesmo. A Grazi me faz uma falta do caralho. Puta que pariu!
- Claro seis anos dá pra viciar. Graziófilo do cacete! Olha, essa garota vai se dar mal. Imagina deixar um cara como você que é babaca, mas que até tem um posição ideológica, uma postura existencial firme, para se amancebar com um candidato a corno que vai para Paris.... Fica tranquilo Aristides.
- Acho que vou ter que me casar. Cara, perco as mulheres todas para o casamento. O  que é que essa porra de casamento tem que eu não tenho?
- Aristides, o casamento é uma droga social, um caminho incerto e aberrante pisado por milhões de pés ao longo de séculos, uma tragédia em dois atos, civil e religioso, mas como toda a droga, está entranhada nas células emocionais do people. O pessoal não consegue se desintoxicar. É muito CO2 cultural, rapaz. Dizem que há casamentos bem sucedidos. Eu não acredito. Eu não moro com o casal feliz. Como posso saber? Eu não acredito mais em teatrinho de bonecos.
- É Joaquim! Acho que vou ter que casar. Se continuar assim vou ficar sozinho.
- Ah, sozinho! E com a Grazi por acaso você não era sozinho, não?- indaguei sorrindo
- Claro que não. Tá maluco?