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quinta-feira, 24 de maio de 2018

Animais do abismo

" A imperfeição da vida nos é insuportável, temos horror em ser animais do abismo, por isso buscamos utopias de perfeição."
Luiz Felipe PONDÉ

sábado, 19 de maio de 2018

Eu não sou culpado

E de repente, o mundo ocidental é tomado por uma onda avassaladora de remorso e arrependimento. Tudo falso, como de costume. O pior é que eu e muitos outros, fomos eleitos bodes expiatórios  para os pecados da maioria.
Só me relaciono com minorias e tenho verdadeiro horror à cultura de massas.
Nunca maltratei mulheres, nunca descriminei homossexuais, nunca humilhei deficientes físicos ou mentais, nunca oprimi negros, ainda mais que eu nasci na África, nunca espanquei transsexuais, nunca ultrajei crianças, nunca me opus ao vegetarianismo, nunca. Agora a patológica civilização ocidental quer me obrigar a reaprender a falar, utilizando termos que adoçam o sentimento de culpa e o crime. Eu não tenho culpa. 
Procurem os culpados. Encontrem-nos e punam-nos. No tribunal desta absoluta confusão mental, eu proclamo a minha inocência.

sábado, 12 de maio de 2018

O advento do pavonismo

É com profundo e extremo pesar que constato a morte do narcisismo. Adeus narcisos, adeus ninfas, adeus mitologia.
Saímos da botânica e entramos na ornitologia. Habito o planeta dos pavões. Pavões tatuados, pavões musculosos, pavões de penas sintéticas, pavões de cativeiro, pavões sabichões, pavões voadores, pavões estressados, pavões senadores, pavões magistrados, revoadas de pavões, pavões...
Darwin estava errado. A involução chegou ao Homo Pavos.

sábado, 28 de abril de 2018

Em plena caquistocracia

O GOVERNO DOS PIORES
Para entender melhor a motivação que fez esta palavra nascer (seja lá quem tenha sido o seu criador), é necessário voltar, na Grécia antiga, à obra de Políbio que morreu no ano de 125 a.C. Assim como todas as coisas estão sujeitas à degeneração, dizia ele, também degeneram as formas de governo que podemos adotar. Assim como a ferrugem para o ferro ou o caruncho para a madeira, são enfermidades internas que podem destruir esses materiais, cada um dos regimes políticos conhecidos traz consigo o risco de uma enfermidade que pode desvirtuá-lo: a monarquia, com o rei bom, pode degenerar em tirania (ou despotismo). A aristocracia, em que mandam os mais sábios (de aristós, "o melhor" + cracia, "poder"), pode degenerar em oligarquia (de olígos, "pouco" + arquia, "autoridade"), o governo de poucos, ávidos predadores da sociedade. Finalmente, a democracia (de demos, "povo") pode descambar para a oclocracia (de óclos, "multidão"), o governo da ralé que, controlada por demagogos, usa a força bruta para se sobrepor à lei e às instituições.
Políbio preconizava, como preferível, um sistema político que misturasse as virtudes das três formas benignas (monarquia, aristocracia e democracia) para estabelecer um regime misto em que os melhores mandassem em nome do povo, mas nunca chegou a pensar, como fez Michelangelo Bovero, na possibilidade oposta - um regime em que viessem a se combinar as características das três formas degeneradas (tirania, oligarquia e oclocracia). 
Bovero que é nosso contemporâneo, acompanhou a dissolução política que caracterizou a Itália de Berlusconi e viu nascer esse sistema - hoje tão próximo do Brasil e de seus vizinhos - que mistura a cega violência da massa, a oligarquia dos ricos e o autoritarismo quase ditatorial dos líderes demagógicos. Pois foi justamente para nomear esta sinistra combinação dos vícios e defeitos de todos os sistemas que lhe ocorreu (como já tinha ocorrido a outros, antes dele) juntar a cracia o elemento kakistos, "pior" (superlativo de kakos, "mau, ruim" - o mesmo que usamos em cacófato e em cacofonia). É claro que nem ele, nem Venturini, nem ninguém antes deles pode ser considerado o "pai" desta palavra. Caquistocracia nada mais é que um vocábulo que já existia virtualmente no nosso estoque de palavras possíveis, à espera apenas, de que a vida real produzisse as condições necessárias para que alguém o empregasse. E o momento é agora.
Texto adaptado do site GAUCHAZH

sábado, 14 de abril de 2018

Os encantadores de demônios

Sempre tivemos encantadores de serpentes. Hoje, nesta época encantada, temos muito mais. Há encantadores de cães, de gatos, de idiotas, de narcisos e de demônios, entre outros.
A fusão do desespero com a ignorância é terra mais do que fértil para os encantadores de demônios. Desesperado, o indivíduo faz qualquer coisa. O desespero é a razão cremada. Desesperado e ignorante, o indivíduo faz muitíssimo mais que qualquer coisa.
Os encantadores de demônios, também conhecidos como pastores neo-pentecostais, institucionalizam o encantamento do diabo. Cadê o Ministério Público?

segunda-feira, 9 de abril de 2018

A maioria segundo Goethe

E este blog criado em 2013 é dedicado a todos os reféns da maioria. É provável que você também seja um refém anônimo e desamparado dessa massa amorfa e monstruosa.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Comunhão e solidão

Conviver não é de graça, embora pareça quase gratuito e muito divertido. Já a solidão, essa é um tabu ou uma doença para animais de bando. O que resta saber é qual é o preço que você pode pagar. A gorda maioria, acha uma extorsão o custo da solidão. A convivência engana mais a consciência e os sentidos. A vida em comum até pode se apresentar como ausência total de solidão.
Digamos que os mais emocionalmente pobres podem pagar o preço da comunhão. A solidão é considerada muito mais onerosa. São raros os que optam pela solidão. Solidão é para poucos. Com certeza que só  escolhe e consegue pagar o alto tributo da solidão quem pertence à casta de almas ricas.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Humanizar a pós-civilização

Nunca se empregou tanto o verbo humanizar. Quase tudo tem que ser humanizado. É bastante suspeito. Dizem que temos que humanizar a saúde, o ensino, as prisões, o atendimento, a política, os transportes e até mesmo o baixo meretrício.
É insofismável. Viramos as costas ao humanismo. Nesta pós-civilização, para não usar a palavra barbárie porque hoje tudo é pós, as relações humanas vivem um grande embaraço.
Criaram-se modismos comportamentais que nos desumanizaram. Somos cada vez mais menos humanos. A novas tecnologias tão apreciadas e decantadas são as maiores responsáveis por este ser sub-humano e exótico que nos assusta e ameaça.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

O devorismo

Devorar é um ação muito associada a Cronos na mitologia grega. Cronos devora.
Hoje, precisamos de muitíssimo pouco tempo para sermos devorados ou para devorarmos nossos congêneres. Consumir é um verbo ultrapassado e obsoleto. Já passamos do consumismo ao devorismo. Vivemos tempos de extrema voracidade e sofreguidão.
Devoramos coisas e pessoas no instante breve, curto e abrupto de alguns momentos ou de meia dúzia de posts. Depois, não há mais nada nem ninguém. Resta-nos apenas a sensação pungente de uma incompletude descomunal.
Texto© : JoaquimESTEVES