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terça-feira, 17 de julho de 2018

O comportamento de manada


A estratégia que vem sendo usada por perfis falsos no Brasil e no mundo para influenciar a opinião pública nas redes sociais se aproveita de uma característica psicológica conhecida como "comportamento de manada".
O conceito faz referência ao comportamento de animais que se juntam para se proteger ou fugir de um predador. Aplicado aos seres humanos, refere-se à tendência das pessoas de seguirem um grande influenciador ou mesmo um determinado grupo, sem que a decisão passe, necessariamente, por uma reflexão individual.
"Se muitas pessoas compartilham uma ideia, outras tendem a segui-la. É semelhante à escolha de um restaurante quando você não tem informação. Você vê que um está vazio e que outro tem três casais. Escolhe qual? O que tem gente. Você escolhe porque acredita que, se outros já escolheram, deve ter algum fundamento nisso", diz Fabrício Benevenuto, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sobre a atuação de usuários nas redes sociais.
Ele estuda desinformação nas redes e testou sua teoria com um experimento: controlou quais comentários apareciam em um vídeo do YouTube e monitorou a reação de diferentes pessoas. 
Quanto mais elas eram expostas só a comentários negativos, mais tendiam a ter uma reação negativa em relação àquele vídeo e vice-versa. 
"Um vai com a opinião do outro", conclui Benevenuto. Em seu experimento, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a influência estava também ligada a níveis de escolaridade: quanto menor o nível, mais fácil era ser influenciado. 
Texto adaptado

domingo, 15 de julho de 2018

A massificação da produção literária

Não é mais preciso ter talento. Basta ser arrogante o suficiente para intitular-se escritor. Paradoxalmente, numa época de baixíssima criatividade, o mundo pariu escritores em todas as latitudes.
O advento da publicação digital aliado à ausência absoluta da mais ínfima auto-crítica, intoxicou-nos de poetas e literatos.
Só o futuro poderá avaliar adequadamente a pretensão ridícula desta enxurrada incoercível de homens e mulheres de letras.
Misericórdia!

sábado, 23 de junho de 2018

O recato das almas


Definitivamente, o ser humano é o animal mais envergonhado da via láctea. Por ser nu, inventou a alta -costura e por horror a si próprio, perdeu-se em mil máscaras e disfarces.
Pertenço a uma  espécie-travesti que sonega a realidade e finge acreditar profundamente na representação e na trapaça.
E eu, já estou farto de gente  bem vestida e arrumada de corpo e alma. 

sábado, 9 de junho de 2018

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Gato e sapato

Alguns ficam doidos tentando descobrir o sentido primeiro das expressões idiomáticas e dos provérbios. Não nos passa pela cabeça que muitas das vezes, são  obras de seres muito pouco brilhantes. 
Na expressão " fazer de gato e sapato" só a rima de gato com sapato pode explicar tamanha sandice.
A expressão inteligível deveria ser "fazer de cão e sapato". O cachorro sofre de ansiedade da separação e fica completamente louco diante da solidão. Já o gato, não só gosta da solidão como é feliz sozinho. 
Como maltratar alguém que está muito bem sozinho. Como fazer do gato, sapato? Como? Impossível.
Por analogia, deduzo que só os humanos que são demasiado caninos - e estamos muito mais próximos dos cães como animais gregários - podem ser vilipendiados, humilhados e desprezados pelo grupo.
O ser humano poderia desenvolver um lado que não lhe é próprio; o lado felino. E digo mais, gratuitamente e para todos: um ser humano que tem boas relações com a solidão e que tem a sua libido sob controle, é simplesmente imparável.
P.S.- Nenhuma destas constatações impede minimamente a convivência social.

sábado, 26 de maio de 2018

Kafka e a boneca viajante

Um ano antes de sua morte, Franz Kafka viveu uma experiência singular. Passeando pelo parque de Steglitz, em Berlim, encontrou uma menina chorando porque havia perdido sua boneca. 
Kafka ofereceu ajuda para encontrar a boneca e combinou um encontro com a menina no dia seguinte no mesmo lugar. 
Nao tendo encontrado a boneca, ele escreveu uma carta como se fosse a boneca e leu para a garotinha quando se encontraram. A carta dizia : “Por favor, não chore por mim, parti numa viagem para ver o mundo. ”. 
Durante três semanas, Kafka entregou pontualmente à menina outras cartas que narravam as peripécias da boneca em todos os cantos do mundo: Londres, Paris, Madagascar… 
Tudo para que a menina esquecesse a grande tristeza! 
Esta história foi contada para alguns jornais e inspirou um livro de Jordi Sierra i Fabra ( Kafka e a Boneca Viajante ) onde o escritor imagina como teriam sido as conversas e o conteúdo das cartas de Kafka. 
No fim, Kafka presenteou a menina com uma outra boneca. 
Ela era obviamente diferente da boneca original. 
Uma carta anexa explicava: “minhas viagens me transformaram…”. 
Anos depois, a garota encontrou um bilhete enfiado numa abertura escondida da querida boneca substituta. 
O bilhete dizia: 
“Tudo que você ama, você eventualmente perderá, mas, no fim, o amor retornará em uma forma diferente”.
Franz Kafka e a Boneca Viajante

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Animais do abismo

" A imperfeição da vida nos é insuportável, temos horror em ser animais do abismo, por isso buscamos utopias de perfeição."
Luiz Felipe PONDÉ

sábado, 19 de maio de 2018

Eu não sou culpado

E de repente, o mundo ocidental é tomado por uma onda avassaladora de remorso e arrependimento. Tudo falso, como de costume. O pior é que eu e muitos outros, fomos eleitos bodes expiatórios  para os pecados da maioria.
Só me relaciono com minorias e tenho verdadeiro horror à cultura de massas.
Nunca maltratei mulheres, nunca descriminei homossexuais, nunca humilhei deficientes físicos ou mentais, nunca oprimi negros, ainda mais que eu nasci na África, nunca espanquei transsexuais, nunca ultrajei crianças, nunca me opus ao vegetarianismo, nunca. Agora a patológica civilização ocidental quer me obrigar a reaprender a falar, utilizando termos que adoçam o sentimento de culpa e o crime. Eu não tenho culpa. 
Procurem os culpados. Encontrem-nos e punam-nos. No tribunal desta absoluta confusão mental, eu proclamo a minha inocência.

sábado, 12 de maio de 2018

O advento do pavonismo

É com profundo e extremo pesar que constato a morte do narcisismo. Adeus narcisos, adeus ninfas, adeus mitologia.
Saímos da botânica e entramos na ornitologia. Habito o planeta dos pavões. Pavões tatuados, pavões musculosos, pavões de penas sintéticas, pavões de cativeiro, pavões sabichões, pavões voadores, pavões estressados, pavões senadores, pavões magistrados, revoadas de pavões, pavões...
Darwin estava errado. A involução chegou ao Homo Pavos.

sábado, 28 de abril de 2018

Em plena caquistocracia

O GOVERNO DOS PIORES
Para entender melhor a motivação que fez esta palavra nascer (seja lá quem tenha sido o seu criador), é necessário voltar, na Grécia antiga, à obra de Políbio que morreu no ano de 125 a.C. Assim como todas as coisas estão sujeitas à degeneração, dizia ele, também degeneram as formas de governo que podemos adotar. Assim como a ferrugem para o ferro ou o caruncho para a madeira, são enfermidades internas que podem destruir esses materiais, cada um dos regimes políticos conhecidos traz consigo o risco de uma enfermidade que pode desvirtuá-lo: a monarquia, com o rei bom, pode degenerar em tirania (ou despotismo). A aristocracia, em que mandam os mais sábios (de aristós, "o melhor" + cracia, "poder"), pode degenerar em oligarquia (de olígos, "pouco" + arquia, "autoridade"), o governo de poucos, ávidos predadores da sociedade. Finalmente, a democracia (de demos, "povo") pode descambar para a oclocracia (de óclos, "multidão"), o governo da ralé que, controlada por demagogos, usa a força bruta para se sobrepor à lei e às instituições.
Políbio preconizava, como preferível, um sistema político que misturasse as virtudes das três formas benignas (monarquia, aristocracia e democracia) para estabelecer um regime misto em que os melhores mandassem em nome do povo, mas nunca chegou a pensar, como fez Michelangelo Bovero, na possibilidade oposta - um regime em que viessem a se combinar as características das três formas degeneradas (tirania, oligarquia e oclocracia). 
Bovero que é nosso contemporâneo, acompanhou a dissolução política que caracterizou a Itália de Berlusconi e viu nascer esse sistema - hoje tão próximo do Brasil e de seus vizinhos - que mistura a cega violência da massa, a oligarquia dos ricos e o autoritarismo quase ditatorial dos líderes demagógicos. Pois foi justamente para nomear esta sinistra combinação dos vícios e defeitos de todos os sistemas que lhe ocorreu (como já tinha ocorrido a outros, antes dele) juntar a cracia o elemento kakistos, "pior" (superlativo de kakos, "mau, ruim" - o mesmo que usamos em cacófato e em cacofonia). É claro que nem ele, nem Venturini, nem ninguém antes deles pode ser considerado o "pai" desta palavra. Caquistocracia nada mais é que um vocábulo que já existia virtualmente no nosso estoque de palavras possíveis, à espera apenas, de que a vida real produzisse as condições necessárias para que alguém o empregasse. E o momento é agora.
Texto adaptado do site GAUCHAZH