.

.

.

.

sábado, 4 de dezembro de 2021

A era da presunção


A presunção está na base de quase todas as asneiras. Atualmente, não faltam sabichões que conhecem a receita exata para ter sucesso em tudo.
Há por toda a parte na internet quem saiba rigorosamente o que fazer para emagrecer de forma definitiva, quem ensine como investir e enriquecer, quem conheça a cura para a pior doença, quem dê as sugestões mais precisas e infalíveis para conquistar uma mulher, quem trace o melhor itinerário para a viagem dos sonhos, quem possua truques mágicos para aprender com profundidade uma língua em apenas um mês e até quem revele como ter talento para escrever um inesquecível best-seller.
Eu poderia continuar esta lista de sandices, mas poupo os poucos que me leem de tamanhas brutalidades. Ah, tudo se realiza em passos. Passo 1, passo 2, passo 3, etc.
A mentalidade vigente é tóxica e provoca muitos infortúnios e eu só escapo deles porque me afasto para sorver o pouco oxigênio que ainda nos resta.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

O caminho insano das vinganças impossíveis

Todos, sem exceção, já foram golpeados nas suas almas. A alma ferida só precisa de curativos. Não se pode reverter uma ferida através de vinganças quiméricas. A vingança não pode demorar muito tempo a ser executada. Acredito piamente no poder redentor da réplica, da refutação e da desforra.
Quando já não se sabe onde estão os carrascos ou se já morreram, é muito melhor tentar curar a ferida. Se não houve coragem para uma resposta imediata e à altura, só nos resta acariciar e embalar a nova chaga. Aprimore também a sua capacidade de revide e não tenha medo de ficar só.
Desenvolva a habilidade de tratar de lesões anímicas porque são muito frequentes, considerando que o mundo é uma máquina de dilacerar.
Há os que não levam desaforo pra casa. Você até pode levar alguns desaforos pra casa, mas procure nunca deixá-los entrar na sua alma.

sábado, 6 de novembro de 2021

Os prazeres da modernidade

A pós-modernidade perdeu o refinamento, as nuances e as sutilezas de outras eras. Sinto saudades de sentimentos mais sofisticados. É chocante depararmo-nos com o animal humano em estado puro.
A voracidade no comer e a crueza no sexo caracterizam este momento que teima em não desaparecer. É o horror dos MasterChefs e a pornografia a céu aberto.
Parece que as almas feneceram e só sobrou a besta fera escondida no politicamente correto. Todas estas práticas culturais associadas às novas tecnologias, dão-me ânsias incoercíveis de vômito. Desculpem, acabei de vomitar e não pedirei licença para vomitar outras vezes.

A super utopia

Já fomos enganados por várias utopias. A utopia não tem a intenção de iludir, entretanto, descobrimos a posteriori que fomos redondamente ludibriados. Quando a utopia é criada parece possível e até real.
Desde a República de Platão, passando pelo cristianismo, pela revolução francesa, pelo romantismo, pela revolução Bolchevique, não cansaram de nos enganar.
Hoje, com as profecias distópicas de Aldous Huxley e George Orwell praticamente confirmadas, paradoxalmente nasce um super utopia, a maior de todos os tempos. 
Pretende-se que numa atmosfera distópica se realize uma hiper utopia. Pretendem os ignaros que o mundo seja justo e livre de preconceitos na marra.
Vive-se uma espécie de tirania da ultra utopia. Quem discordar desse devaneio perigoso está condenado à execração pública.
Para os super utópicos o mundo não pode ter uma réstia de racismo, de misoginia, de machismo, de homofobia, etc. É lindo, porém é falso, assustador e impossível.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

As vísceras expostas do mundo

Vísceras não são bonitas. Sempre apalpei as vísceras hediondas do mundo. Sabia que eram acessíveis ainda que a maioria as negasse. 
Sou apaixonado pela anatomia do mundo  e agora nem preciso imaginar. As redes sociais e esse despudor da modernidade expõem os bastidores metabólicos do bando. Que nojo! 
Pra disfarçar sobram utopias extemporâneas. A cambada desvairada diz que sonha e luta por um mundo perfeito, sem racismo, sem machismo, sem misoginia, sem homofobia, sem injustiças e sem  preconceito nenhum. É próprio das legiões violentas, sonâmbulas e variadas impor fanaticamente aos ajuizados as suas demências mais terminais.
P.S. - Antes de ser contra os preconceitos, sou contra os delírios sem decoro nem decência.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

O varejo das almas - Crônicas

 

Este livro é uma continuação desordenada e aleatória do meu primeiro livro “Na Jugular – Dissecando Vivos.”
Como no livro de 2016, discorro sobre tudo o que me indigna. Poderia classificar de forma inédita, a minha literatura como “uma literatura indignada e catártica”.
A “minha literatura”, pelas suas características didáticas, objetivas e frontais, está condenada ao descaso e ao esquecimento. E isso é um bom sinal.
Os best-sellers preferem tergiversar e não dizer nada. As massas que nunca leram nada, absolutamente nada, sucumbem ao encanto fátuo dos que cultivam lugares comuns.
A humanidade não caminha. Está sempre no mesmo lugar. E o que me apaixona não é a geopolítica, nem ciência e muito menos a economia. O que sempre me moveu foi e é a metafísica.
Gosto de grandes almas. Não dessas alminhas mesquinhas que atrapalham e poluem o varejo e ao que parece, é ao que eu estou condenado e é o que me resta.
Para os que acharam as minhas palavras muito fortes e contundentes, saibam que são palavras de um inocente.

“Acho que um livro deve ser uma ferida, deve mudar a vida do leitor de uma forma ou de outra. Um livro deve derrubar tudo.”
Émil Cioran

Livro de 2021 - O varejo das almas

 Servindo-se de ensaios e crônicas, o autor tendo como pano de fundo a atmosfera inconsistente da modernidade líquida, critica duramente as práticas culturais das duas últimas décadas.
Amparado por uma escrita veemente, incisiva e indignada, direciona as suas armas mais fulminantes, de maneira vigorosa e repetida, contra o politicamente correto, a hipocrisia institucionalizada, o crepúsculo do humanismo e a psicologia insensata das massas.
Todavia, a essência do seu discurso neste contexto insano, tem como projeto e desígnio primordial a busca e o encontro da felicidade por meio de caminhos alternativos, inusitados e muito impopulares.

sábado, 7 de agosto de 2021

Os novos expurgos

Com o advento da discriminação positiva e considerando que o monstro do ser humano está em toda a parte, surgem os novos expurgos da modernidade.
Trata-se de um processo tresloucado e aleatório que visa limpar o planeta eliminando sumariamente os diferentes.
Temos todos que viver o suplício no inferno do igual. Quem não gostar de transexuais está condenado à execração pública. Todos têm que gostar exatamente das mesmas coisas e pessoas.
Quem não gostar de anões, estará cometendo o pior crime de que se tem notícia na história da humanidade.
Essa minoria ruidosa que quer depurar tudo, inclusive o passado, faz muito alarido, mas não tem representatividade.
O pior é que essa minoria com o apoio das redes sociais e com esse discurso falso e inútil só tem a credibilidade de quem grita mais alto.
Na terceira década do século 21 o barulho é ensurdecedor e os resultados concretos não aparecem no horizonte.

sábado, 5 de junho de 2021

Dádiva

A vida é uma dádiva. E eu nem pedi este mimo sutil. Fui contemplado com um brinde bizarro e mal-ajambrado. Não sei como se brinca com este presente insólito e não consigo usufruir deste infortúnio embalado em papel de oferenda.
Mente quem diz que a dádiva é maravilhosa.
Uma dádiva para quê? Para que serve esta dádiva? Não me divirto com favores malditos. 
E ainda dizem que eu tenho que agradecer a fraude desta oferta dolorosa.