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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A vida das mulheres no Estado Islâmico

Cerca de 10% de todos os estrangeiros que entram no "Estado Islâmico" (EI) são mulheres jovens ou meninas menores de idade. Desde meados de janeiro, um manifesto escrito em árabe dá pistas sobre o que aguarda as moças na organização.
O texto é intitulado Mulheres do Estado Islâmico. As autoras são membros das Brigadas Khansaa, uma espécie de polícia de costumes feminina que, por exemplo, prende mulheres na rua que não usam véu no rosto da forma considerada apropriada ou que usam um véu de corpo inteiro tido como fino demais.
A ideologia de gênero do manifesto é amplamente influenciada por outros textos de linha salafista – como um livreto produzido na Arábia Saudita, traduzido ao alemão sob o título Mulheres sob a proteção do Islã" e proibido na Alemanha em 2010, por causa da apologia à violência.
A mensagem central de todos esses textos é a desigualdade entre mulheres e homens e suas consequentes diretrizes para Estado e sociedade. Em Mulheres sob a proteção do islã está escrito, por exemplo: "A sabedoria divina deu às mulheres em geral emoções muito sensíveis, sentimentos suaves, cuidado e amor. Isso torna as mulheres capazes de desempenhar sua tarefa natural de ter filhos, amamentar e cuidar de todas as necessidades da criança pequena."
Muito sentimento/ pouco entendimento
Essa riqueza de sentimentos, segundo o pensamento salafista, tem as suas desvantagens: ela impede que as mulheres pensem claramente e tomem decisões sensatas. Por essa razão, segundo as autoras de ambos os livros, Deus deu ao homem o domínio sobre a mulher.
Ambos os textos mencionam o versículo 4:34 do Alcorão: "Os homens são superiores às mulheres, porque Alá preferiu alguns a outros." O texto saudita cita todo o verso, no qual também se lê: "E, se você tem medo de que as mulheres se rebelem, chame a atenção delas, evite-as na cama e, então, bata nelas."
Chama a atenção que o texto, escrito por mulheres, não só não menciona a legitimação da violência, mas também a restrição dos direitos das mulheres juridicamente, tanto na divisão de heranças, guarda dos filhos ou em relação à poligamia. O texto mais longo, saudita, no entanto, procura ser completo.
O sistema de dominação masculina é justificado de um lado com uma referência à suposta "natureza" de ambos os sexos e, por outro, com referências teológicas, principalmente o Alcorão e a Suna. Ambos os textos são contra a emancipação "ocidental", que seria castradora dos homens e condenaria as mulheres a assumirem tarefas masculinas, as quais, alegam, elas não conseguem realizar.
O texto saudita se refere a supostos déficits intelectuais. O texto sírio vê uma constituição física fraca do sexo feminino. Ele se refere particularmente à menstruação e à gravidez. Em alguns aspectos, o manifesto sírio vai além do texto saudita e afirma que as mulheres são imóveis por natureza: elas preferem permanecer em casa, ao contrário dos homens. Por isso, Alá disse às mulheres no Alcorão: "E fiquem em suas casas".
Separação de homens e mulheres
A partir desta lógica, o direito de mulheres a uma vida profissional é praticamente inexistente. Os autores só permitem a mulheres trabalharem fora de casa por algumas horas – ou como professoras ou como médicas. Para isso, as regras da sharia devem ser seguidas.
Quem não as respeitar pode ter o mesmo destino da jovem dentista Rou'aa Diab, acusada de ter tratado homens. Devido à rígida separação entre homens e mulheres ditada pelo "Estado Islâmico", isto representa um crime capital. Em agosto passado, ela foi presa e executada.
Mulheres do Estado Islâmicoé um texto normativo, que quase não dá pistas da vida real das mulheres na organização. Mas isso pode ser conseguido em incontáveis blogs, fotos, notícias e entrevistas que as jovens postam no Facebook, Twitter e Tumblr.
"Ficamos em casa, cozinhando, cuidando das crianças e do bem-estar de nossos maridos. Se seu marido tiver tempo e disposição, pode acompanhá-la ao mercado ou a um cybercafé. Se ele permitir, você pode ir fazer compras com as irmãs", escreve uma delas.
Outras afirmam que fizeram panquecas ou dão dicas sobre como lavar a roupa de seus maridos com sabão em barra. Não parece coisa particularmente heroica, mesmo quando o destino como dona de casa é, de alguma forma, colocado a serviço de uma causa maior.
Amor e romantismo
Muitos estudiosos acreditam que, na verdade, as jovens são atraídas para a Síria pela esperança de amor ou por um desejo romântico. Esta opinião é corroborada pelas muitas fotos postadas de belos homens que se curvam, sorrindo, para suas mulheres completamente cobertas. "Na terra da jihad, eu te encontrei, meu querido mujahid", diz o texto de uma dessas fotos.
Histórias de amor envolvem essas fotos, sugerindo que as jihadistas na Síria conseguiram exatamente os maridos escolhidos para elas por Deus já na criação do mundo. Muitas mulheres do EI, no entanto, são mais do que bedroom radicals, como alguns chamam cinicamente. Isto é provado pelos longos textos políticos e religiosos que são publicados na internet pelas mulheres. Muitos textos mostram um intenso estudo de fontes islâmicas. Isso não é surpreendente, já que o nível de escolaridade entre as mulheres estrangeiras do EI é alto.
Também em relação ao radicalismo e à crueldade, elas não ficam atrás dos homens. Os textos comemoram execuções de reféns, aprovam crucificações; convocam para ataques em países ocidentais.
Com crueldade rumo ao paraíso
Uma ex-estudante de medicina britânica que mudou seu nome para Mujahidah Bint Usama foi ainda mais longe, posando para uma foto, com uniforme de enfermeira, segurando uma cabeça decepada.
Pode ser que algumas mulheres do EI tenham sido aliciadas com ideias românticas de um amor único. Mas isso não quer dizer necessariamente que elas mantenham distância dos objetivos e práticas dos jihadistas. Como os combatentes do sexo masculino, elas se consideram parte de uma história grandiosa que, esperam, venha a mudar completamente o mundo.
O que acontece, porém, quando algum desapontamento se faz presente, quando a fé nos objetivos do EI desaparece ou quando a mulher fica farta do papel de dona de casa? Isso não conseguimos saber.
Quando chegam à Síria, as mulheres se sujeitam à lei islâmica, perdem sua liberdade de escolha. Sem autorização e companhia masculina, não podem sair de casa e sequer entrar em contato com a família pela internet. Quando o brilho do EI se apagar, as mulheres do EI permanecerão apenas como prisioneiras de um sistema bárbaro. 
Autora: Susanne Schröter
*Susanne Schröter é diretora do Centro de Pesquisa Islã Global de Frankfurt (FFGI)
Edição: Rafael Plaisant

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A era da comilança

Esta foto sintetiza muito bem a loucura atual. A loucura caracteriza o ser humano. Mas cada época tem  a sua loucura própria. Sem loucura, não há humanos. Sem humanos, a loucura ainda sobrevive. Usamos muita lógica inócua para falarmos de um absurdo cercado de mistérios -  a vida na terra.
Chegamos aos píncaros da hiper-valorização do corpo. Como se já não bastassem os cuidados excessivos com a beleza do corpo e os eventuais prazeres daí advindos, agora o corpo, sempre o corpo, também é requisitado para proporcionar uma variante nada inédita de prazer, o prazer gastronômico.
Por vezes, fico enojado com tantos apelos ao corpo.  O narcisismo, marca registrada do terceiro milênio, agora chegou à cozinha. A televisão está entulhada de programas dedicados à soi-disant, " bonne table". 
Não é arte o que se busca, mas o prazer dos sentidos. O que é que toda esta gente vai fazer com tantos orgasmos, tantos deleites e tantas sensações físicas?  Com certeza, vão tomar Rivotril para amenizar a depressão e a insônia. 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A origem de 10 ditados populares


Lágrimas de crocodilo

Esta expressão, que quer dizer choro fingido, falso. Vem da própria natureza do crocodilo. Quando ele come, o alimento pressiona o céu da boca e comprime suas glândulas lacrimais. Por isso, enquanto devora sua presa, o crocodilo chora. Mas isso não tem nada a ver com emoção ou dor. Por isso, a expressão dá a ideia de choro de mentira, sem sentimento.

Feito nas coxas


Algo mal acabado, feito de qualquer jeito, é o que chamamos de “feito nas coxas”. A expressão vem do período da escravidão no País, época em que as telhas de barro eram feitas manualmente. Quem as fabricavam eram os escravos que moldavam a argila sobre as pernas para dar forma. Por isso, as telhas não ficavam exatamente iguais, já que cada pessoa tem as coxas de um tamanho diferente.

Queimar as pestanas

Durante muito tempo, antes da chegada da eletricidade, a principal fonte de iluminação eram as velas. Como não iluminavam muito, para ler, por exemplo, era necessário colocar bem perto para enxergar e não era raro acabar queimando as pestanas (cílios). A expressão hoje é usada para falar de alguém que tem que ler ou estudar muito.

Santo do pau oco

Quando uma pessoa passa a imagem de ser correta, mas acaba mostrando que não é, costumamos dizer que é um "santo do pau oco". A expressão provavelmente surgiu no século 18, época na qual os contrabandistas usavam imagens sacras ocas para levar ouro e pedras preciosas roubadas das colônias para revender na Europa.

  Com as mãos abanando

A expressão vem do início do século passado, época de grande imigração no Brasil. Muitos estrangeiros que chegavam e buscavam trabalho no campo tinham suas próprias ferramentas. E para os donos das terras, aqueles que chegavam sem nada, de mãos vazias, pareciam não querer saber de trabalho e acabavam sendo menos favorecidos na hora da contratação.

  Cair no conto do vigário

Conta a história que duas igrejas em Ouro Preto, Minas Gerais, receberam de presente a imagem de uma santa. Sem saber como definir qual das duas ficaria com ela, deixaram a vontade divina decidir: colocaram a imagem sobre o lombo de um burro no meio do caminho entre as duas paróquias e, para onde fosse o burro, estaria decidido quem ficava com a santa. Dito e feito, decidiram o vencedor. Depois, descobriram que o vigário da igreja vencedora tinha treinado o animal para voltar à sua congregação. Assim, até hoje a expressão é sinônimo de ser vítima de golpes e vigaristas.
Arroz de festa

Todo mundo tem aquele amigo que não perde uma festinha, que está em todo evento, o famoso “arroz de festa”. Esse dito vem do costume de jogar arroz nos noivos após a cerimônia, como símbolo do desejo de prosperidade para o novo casal. Também era comum, nos casamentos portugueses, ter vários pratos preparados com o grão.


De pequenino é que se torce o pepino

É normal que apareçam uns “olhinhos” (pequenas deformações) no pepino quando ele começa a crescer e, para dar melhor aspecto ao legume, os agricultores costumam cortar estas partes, que deixam a planta feia e podem alterar seu sabor. A expressão acabou sendo associada à educação das crianças, querendo dizer que, desde pequenos, temos que ensinar valores e ajudar a formar um bom caráter.

Elefante branco

Costumamos dizer que algo grande, sem utilidade e que atrapalha é um elefante branco. A ideia vem de um antigo hábito do rei de Sião (onde hoje é a Tailândia) que costumava dar um elefante branco aos súditos que tinham problemas, como uma forma de benção. Como o elefante é um animal sagrado em sua cultura, não podiam usar o animal para trabalhar e nem vender, já que era um presente do rei. Restava ao “felizardo”, cuidar e alimentar o animal, sem que este servisse para nada mais que ocupar espaço e dar trabalho.

 Casa da mãe Joana

Um lugar sem regras, onde se faz o que quiser, é para nós a “casa da mãe Joana”. Há duas versões para a origem da expressão. A primeira teria se passado na época do Segundo Império do Brasil. Os homens importantes se encontravam nos bordéis cariocas e um dos preferidos era de uma senhora chamada Joana. A segunda teria vindo da época do reinado de Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença (1326-1382). Ela teria autorizado o funcionamento dos prostíbulos em Avignon, que passou a se chamar “paço de mãe Joana”. No Brasil, ficou “casa da mãe Joana”.

domingo, 1 de novembro de 2015

O lamento feliz

Uma certa categoria de pessoas deveria trabalhar na Globo. A capacidade de representar é tão admirável quanto revoltante.
São precisos anos de experiência útil e produtiva para detectar e desmascarar essas numerosas excrecências que povoam nosso cotidiano sem  nossa permissão e amiúde sem a nossa percepção. Esses dejetos bípedes e ambulantes trapaceiam descaradamente no jogo da vida porque mentem, fingem e atropelam  regras tácitas e elementares da convivência humana.
Com frequência, lamentam os nossos fracassos com o coração em réveillon em profusa explosão de fogos de artifício.
E quando se regozijam com os nossos sucessos, choram copiosas lágrimas grossas no recôndito de  seus âmagos. 
Para eliminarmos essa praga de psicopatas livres, impunes e até idolatrados, teríamos que nos livrar  de uma boa parte da humanidade.