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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O LADO POSITIVO DA FOFOCA

Novo estudo sugere que escutar fofocas boas ou ruins sobre os outros suscita autocrítica e pode revelar ameaças em potencial
A fofoca é difundida em nossa sociedade e a propensão para fofocar pode ser encontrada na esmagadora maioria das conversas cotidianas. Mas, por que as pessoas se interessam tanto em ouvir fofocas sobre as conquistas e os fracassos dos outros?
Pesquisadores da Universidade de Groningen, na Holanda, estudaram como fofocas positivas e negativas influenciam quem as escuta, especialmente em relação à avaliação que essas pessoas têm de si e dos outros. O estudo, publicado na revista científica Personality and Social Psychology Bulletin, apontou aspectos interessantes sobre essa característica tão marcante da interação social entre os seres humanos. Por exemplo: apesar de algumas consequências positivas, a fofoca é normalmente vista como destrutiva e negativa. No entanto, os resultados do estudo sugerem que ela pode ajudar as pessoas a se adaptarem a um determinado ambiente social, mostram, de maneira bem ilustrativa, como se tornar uma pessoa melhor e ainda revelam ameaças em potencial.
O estudo
O primeiro experimento conduzido pelos pesquisadores pediu aos participantes para lembrar um incidente em que escutaram uma fofoca positiva ou negativa sobre outra pessoa. Os participantes foram, então, solicitados a responder perguntas que mediam valores como aperfeiçoamento, autopromoção, e valor de autoproteção na informação recebida na fofoca. Os indivíduos que ouviram uma fofoca positiva tiveram escores altos no valor aperfeiçoamento. Os que escutaram uma fofoca negativa tiveram escores altos no valor de autopromoção. As fofocas negativas também aumentaram o valor de autoproteção.
"Por exemplo, ouvir fofocas positivas sobre os outros pode ser informativo, porque pode sugerir a quem escuta, formas de melhorar, de se tornar uma pessoa melhor", explicou a pesquisadora-chefe Elena Martinescu.
"Ouvir fofocas negativas pode ser lisonjeiro porque sugere que os outros (os alvos das fofocas) podem funcionar pior do que nós. No entanto, fofocas negativas também podem ser uma ameaça para o ego, porque sugerem um ambiente social maligno, em que qualquer um pode facilmente ser vítima de injustiças ou de tratamentos negativos."
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Os participantes de um segundo experimento foram solicitados a fingir que eram agentes de vendas e imaginar que escreviam a mão uma descrição do trabalho que lhes foi apresentado. Os participantes receberam fofocas negativas ou positivas sobre o desempenho de seus pares no trabalho. Este cenário incluía a manipulação de um objetivo a se conquistado com duas condições: na primeira a meta era cumprir a tarefa superando a performance dos outros e na segunda era dominar os conhecimentos e habilidades para cumprir a tarefa com maestria.
Resultados
Consistente com o primeiro estudo, a fofoca positiva suscitava mais auto-aperfeiçoamento em quem a escutava, ao passo que a fofoca negativa levantou preocupações relacionadas à autoproteção, gerando medo e ansiedade – as pessoas temiam se tornar alvos de fofocas negativas no futuro.
O segundo estudo mostrou que os indivíduos cujo objetivo era dominar a tarefa eram mais propensos a aprender com a fofoca positiva do que os que receberam como meta cumprir a tarefa superando o desempenho dos outros. O experimento apontou também que os indivíduos que perseguiram metas de desempenho se sentiram ameaçados pela fofoca positiva, pois o sucesso dos rivais se traduzia, para eles, em fracasso pessoal.
Também foram observadas diferenças de gênero entre homens e mulheres. "As mulheres que ouviram fofocas negativas experimentaram uma maior preocupação com a autoproteção, possivelmente por acreditarem que podem facilmente virar alvo de fofoca, enquanto os homens que escutaram fofocas positivas relataram sentir mais medo, talvez porque as comparações sociais com concorrentes soaram ameaçadoras e eles", disse Elena Martinescu.
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De acordo com os pesquisadores, a fofoca é crucial para a adaptação humana a seu meio social, pois fornece informações sobre comparações sociais indiretas, algo altamente valorizado por quem a escuta – fornece recursos essenciais para a auto-avaliação.
Em vez de eliminar a fofoca das interações sociais, Elena Martinescu e seus colegas sugerem que as pessoas devem “aceitá-la como uma parte natural da vida e recebê-la com uma atitude crítica em relação às consequências dela sobre nós mesmos e sobre os outros”.
“Escutar fofocas sobre os outros é uma valiosa fonte de conhecimento porque implicitamente nos obriga a fazer comparações entre nós mesmos, os autores e as pessoas sobre as quais se está fofocando. Isso é muito importante para o desenvolvimento humano”.

sábado, 25 de outubro de 2014

IMPRÓPRIO PARA CONSUMO

A SOLIDÃO IDEOLÓGICA
Penoso é aturar esse discurso viciado cheio de frases sem sentido que povoam as bocas e as mentes da maioria.
Nunca se consumiram tantas pessoas quanto agora. Os mesmos que inventaram os Shoppings Centers, criaram os Centros para consumo de humanos, Facebook, Instagram e outras Confusões Tecnológicas Organizadas. O consumo se faz por afinidades. Como no consumo de produtos e mercadorias, o descarte é frequente e rápido. Parece-me que as pessoas da modernidade líquida pretendem realizar o impossível, serem muito iguais e muito diferentes ao mesmo tempo. Piração muito braba! As visões de mundo são muito coincidentes. Teclar com um é quase como teclar com todos. Não há nada de muito novo sob o sol. Procura-se a felicidade exatamente onde ela não está. Mente-se para si e para os outros e na ilusão coletiva, são raros os que não acreditam nas mesmas baboseiras.
Se você destoa apresentando uma visão alternativa, é excluído. Se você não acreditar nesse deus inventado pelas religiões, se não acreditar no mito deletério do amor romântico, se não acreditar que a mulher é frágil, se se opuser à procriação como corolário e paradigma, se afirmar que o sexo masculino é sensível e muito sentimental, se constatar que as mulheres são muito sexualizadas e pragmáticas, se denunciar a ausência de valores, se discordar da excessiva importância atribuída ao físico e à aparência, se apontar os malefícios do gregarismo, se ousar achar que o ser humano é um projeto bioquímico e cultural desastroso e fracassado, se questionar comportamentos e posturas, você estará impróprio para o consumo e sujeito a uma solidão ideológica inevitável. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

ANOREXIA EMOCIONAL

Anorexia é o distúrbio alimentar que traz sérias complicações à saúde por causa da busca pela magreza excessiva. A palavra vem do grego "anorexia", que é formada por "A" - negativo - mais "orexis" - "apetite, desejo", o que significa a negação do desejo, do apetite.

Apesar de fazer referência à alimentação, a palavra vem sendo empregada também para definir um outro contexto: o das pessoas que têm extrema dificuldade de estabelecer vínculos afetivos, chegando a apresentar, inclusive, uma fobia social. E a classificação para isso, segundo especialistas, é "anorexia emocional".

As características desse tipo de problema costumam ser a extrema dificuldade da pessoa se envolver, dar e receber amor, afeto ou carinho. O termo anorexia emocional pode parecer bem estranho, a princípio, e não é uma doença reconhecida no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais. Mas especialistas de diferentes áreas a classificam como uma desordem compulsiva em dar e receber que, neste caso, é o do afeto. Segundo Lygia Merini, psiquiatra com extensão em Pesquisa Clínica pela Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, o problema não é reconhecido pela medicina, mas tem sido utilizado habitualmente em textos não técnicos. E isso pode ser notado especialmente quando há trabalhos ligados a grupos de autoajuda, conhecidos como D.A.S.A. (Dependentes de Amor e Sexo Anônimos).

"Quando falamos em anorexia emocional, falamos de indivíduos que se privam de forma patológica  das relações interpessoais, da formação de vínculos", ressalta Lygia. A anorexia emocional é como uma blindagem emocional. Ela evita criar vínculos afetivos, isolando-se em seus sentimentos por um medo paralisante de ser abandonado, criticado, não retribuído. Abster-se do prazer para evitar a dor. A nomenclatura anorexia emocional não é reconhecida como classificação diagnóstica pela psiquiatria, mas define bem uma desordem compulsiva em evitar o dar e receber.

No caso dos anoréxicos emocionais, a pessoa nega a nutrição social, emocional e sexual, analisa Triana Portal, psicoterapeuta e psicóloga clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Por sua vez, de acordo com o psicanalista especializado em relacionamentos amorosos e em mudança de hábitos, Sergio Savian, o termo é recente e vem sendo utilizado para definir pessoas que têm essa dificuldade para se relacionar amorosamente. "Alguns simplesmente se isolam, fugindo de qualquer contato. Já outros fazem um verdadeiro rodízio sexual e no final das contas, não estabelecem vínculo com ninguém.

Com o advento da internet e dos smartphones, a situação piora, pois muitas pessoas trocam o contato real pelo virtual. E isso nos coloca ainda mais afastados da emoção, analisa o psicanalista que também é autor dos livros "Manual do Êxtase e Amor" e "Sedução para a Mulher do Século XXI". As razões para essa anorexia emocional, aponta o psicólogo Thiago de Almeida, podem ser consequência de algum trauma sofrido na infância relacionado a sentimento, abandono ou mesmo ruptura. "Daí pode surgir essa insegurança, baixa autoestima, o medo de relacionar-se e não ser correspondido, ou ainda de ser abandonado", opina ele, que é especializado em dificuldades encontradas em relacionamentos amorosos como ciúme, infidelidade, timidez e sexualidade. "No entanto, é preciso, antes de mais nada, ressaltar o que diferencia um quadro de anorexia emocional de um caso de timidez quando o assunto são as relações amorosas. Isso porque a timidez é um padrão de comportamento no qual um indivíduo tem dificuldades de se expressar socialmente, mas acredita nas emoções e quer vivenciá-las. Muitas pessoas sentem-se atraídas por quem é tímido, existe até certo charme por trás da timidez. Já quem tem anorexia emocional também pode ser tímida, mas ao contrário dessas, não quer ou tem medo de se relacionar. Há de fato uma rejeição em demonstrar os sentimentos e evita-se vínculos emocionais", explica Thiago que também é autor dos livros "A arte da Paquera - Inspirações à realização afetiva", "Sexualidade, cinema e deficiência" e "Ciúme e suas consequências para os relacionamentos amorosos"
Adaptado do msn.com

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

PAGANDO PARA SER TORTURADO

Humilhando o Torquemada
Tomás de Torquemada (Valladolid, 1420Ávila, 16 de setembro de 1498) ou o O Grande Inquisidor foi o inquisidor-geral dos reinos de Castela e Aragão no século XV e confessor da rainha Isabel a Católica. Ele foi famosamente descrito pelo cronista espanhol Sebastián de Olmedo como "O martelo dos hereges, a luz de Espanha, o salvador do seu país, a honra do seu fim". Torquemada é conhecido por sua campanha contra os judeus e muçulmanos convertidos da Espanha. O número de autos-de-fé durante o mandato de Torquemada como inquisidor é muito controverso, mas o número mais aceito é normalmente 2 200. 
Os otimistas são uns tolos. A tortura está muito longe de acabar. O ser humano só muda o design, a essência é sempre igual. Quem leu os autores da cultura grego-romana, já sabe de tudo. O pior é essa cambada de cegos que não quer ver de jeito nenhum. O ser humano é como um carro que altera tudo menos o motor, o motor é sempre de Fusca. Altas aparências, altos papos, grandes leros, altas tecnologias e motor de Fusca. Somos seres pretensiosos com motorzinho de Fusca.
Quem já precisou das empresas de serviços no Brasil tem a certeza absoluta que a tortura não acabou. Coloquei a Oi em primeiro lugar. Para mim, é a que mais tortura. Tem vários instrumentos de tortura à sua disposição: Oi Velox, Oi Fixo, Oi Móvel e agora Oi Tv.  Por isso, talvez, as doenças mentais, ou transtornos mentais, como preferem os malucos do politicamente correto, recrudescem em progressão geométrica. É muita tortura sofisticada em vigor na nossa mísera existência. 
Eu sou torturado pela Oi desde o tempo em que ela ainda se chamava Telerj. Fui torturado pela extinta Cetel, passei pela Telemar e agora sofro uma desumana tortura mental e emocional das Desorganizações Oi.
Na Idade Média a tortura era horripilante, física e gratuita. Hoje, na idade Mídia, temos que pagar para sermos torturados. Com o advento da psicopatia em larga escala, perdeu-se o sentimento da vergonha. São poucos os que ainda têm vergonha na cara.
As empresas  prestadoras de serviços no Brasil, em geral pertencem a multinacionais que nos países de origem não fazem dez por cento da merda que fazem aqui nesta terra onde canta o sabiá. A sofreguidão da Ganância invade as consciências e anestesia a correção e a ética.
Essas empresas brincam com a nossa indignação porque ninguém as pune e a decantada concorrência não existe visto que o Brasil é o campeão mundial do Cartel, do Lobby e do Monopólio.
As Agências Reguladoras parecem mancomunadas com as referidas empresas. Não lhes acontece absolutamente nada. De vez em quando, soltam uma multinha.
Somos marionetes nas mãos de gente muito poderosa que ganha muito dinheiro com as nossas necessidades básicas. Ninguém respeita o pobre usuário honesto pagador fiel das suas contas. A inversão da Escala de Valores nunca foi tão óbvia.  Vivemos numa sociedade que estimula e premia os filhos da puta.
Pergunto-me com muita frequência o que eu posso fazer. Já fiz de tudo. Já denunciei, já reclamei, já processei, já ganhei umas merrecas com as minhas ações judiciais, mas nada se alterou substancialmente. Nada. Falam tanto em mudanças, mas o pior é que as coisas não mudam ou se mudam, só mudam a casca.
Tenho a sensação que o mundo já acabou e já está tudo em franca decomposição há muitas décadas. Fede pra tudo que é lado  e só vejo pessoas desprovidas de olfato, de nariz empinado, falar em perfumes inefáveis. É até anacrônico falar em vergonha, acho que  não se trata mais disso. Hoje precisamos ter coragem para revirar a podridão.
Mas eu até já conheço esta velha história, no final, eu ainda serei considerado culpado porque tenho problemas nas minhas narinas e preciso urgentemente operar o nariz para sentir esses perfumes maravilhosos que as pessoas alardeam por aí.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

HOMO DECEPTIONANTIS

O latim é por minha conta e risco.
"Il n'y a pas de jour où, rêvant à ce que j'ai été, je ne revoie en pensée le rocher sur lequel je suis né, la chambre où ma mère m'infligea la vie, la tempête dont le bruit berça mon premier...."  "O rochedo sobre o qual eu nasci, o quarto onde minha mãe me infligiu a vida."
François-René de Chateaubriand - Mémoires d'Outre-Tombe
Tem que haver alguém que diga as coisas. Ter liberdade de expressão e não se exprimir é um crime. Hoje são poucos os que dizem alguma coisa. A maioria é indiferente ou os que não são indiferentes se refugiam na hipocrisia confortável e repugnante do politicamente correto. Na minha entourage, eu sou um dos poucos que diz alguma coisa. 
Ninguém diz nada. Escondem-se nas futilidades, debatem o óbvio e escavam o cotidiano em busca de records, curiosidade e informações inúteis. Impera solene a mais absoluta falta de criatividade. Exageram no cuidado da carcaça que se deforma apesar dos ferros das academias e dos  retoques das plásticas. Repetem milhares de vezes, milhares de frases feitas, velhas e sem sentido. O que era muito velho agora está tatuado e usa piercings. Enganam-se e querem enganar contestando o incontestável, falando de perfume onde fede a merda.
Digam a verdade. Não conheci até hoje, depois de mais de meio século  de permanência no planetinha maluco, ninguém que não estivesse decepcionado com esta espécie. Todos sem exceção têm críticas e muitas reservas em relação aos doidinhos da via láctea. Então digam. Não tentem camuflar esta evidência com meias palavras, eufemismos ou mentiras descaradas.
A parafernália cultural montada para encobrir o que todo mundo finge que não vê e que não sabe, cada vez se sofistica mais. A publicidade é uma praga maquiavélica que cada dia faz mais vítimas. E quanto mais inventam aparatos tecnológicos, mais continuamos na mesma ou até em situação pior.
Vamos ao essencial. Chega de farfalhar as coxinhas dos problemas. Detesto quem tergiversa. Odeio quem tapa o sol com a peneira. 
Eu tive um gigantesco azar metafísico. Nasci humano e sujeito a esta espécie suicida, fraca, frágil, perdida, assassina, ladra, má, corrupta, torturadora, cruel e muito filha da puta. Isso para não falar das ameaças que sempre rondam os mais arrogantes da criação. Vírus, bactérias, moléstias e desastres sem fim. Lamento profundamente o fracasso da camisinha, da pílula, do diafragma e de todo o arsenal anticoncepcional.
Sempre tive esta opinião muito desfavorável em relação à minha espécie e infelizmente nunca pude mudar de ideia. Sempre esperei que me ajudassem a mudar de ideia. Ninguém me ajudou verdadeiramente, por enquanto. Os que tentaram me ajudar acabaram por me decepcionar.
Sou Cátaro, Albigense e Valdense, por isso acho que este mundo é de fato, obra do demônio. Se este mundo foi mesmo criado por um deus, acho que nenhum deus digno desse nome, seria capaz de tamanha trapalhada cósmica.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

NARCISOS EM CATIVEIRO

"[...]
Quando eu te encarei
Frente a frente
Não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto o mau gosto
É que Narciso acha feio
o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda
Não é mesmo velho
Nada do que não era antes
quando não somos mutantes
[...]"
Caetano Veloso 
 Breve história da vaidade
O narcisismo tem o seu nome derivado de Narciso e ambos derivam da palavra Grega narke, "entorpecido" de onde também vem a palavra narcótico. Assim, para os gregos, Narciso simbolizava a vaidade e a insensibilidade, visto que ele era emocionalmente entorpecido pelas solicitações daqueles que se apaixonavam pela sua beleza.
O percurso narcísico é  cronológicamente longo mas muito pobre em etapas. O orgulho, pior pecado mortal, em vigor durante a maior austeridade da moral católica, foi gradualmente sendo substituído pela auto-estima que coincide com o advento da psicologia barata dos livros de auto-ajuda. Quando a religião, a família, os amigos e os valores da sociedade tradicional se revelaram muito precários para promover o sempre intrincado bem-estar dos humanos, a auto-ajuda, vulgarização e banalização das conquistas da psicologia moderna, veio socorrer os infelizes. A auto-estima sinônimo de arrogância, falsa auto-suficiência, pretensão desmedida e desprezo absoluto pelo outro, por si só, já seria uma catástrofe para as relações humanas. 
Desgraçadamente, não ficamos por aí. A sagrada auto-estima cultuada como um credo, involui e pariu bilhões de narcisos. A prosaica auto-estima transformou-se e gerou uma espécie de animal gregário transgênico e entorpecido, o narciso.
No Facebook, no Instagram, no Google Plus e no Twitter, podemos apreciar com riqueza de detalhes, a movimentação emproada dos narcisos no seu habitat mais natural. As chamadas redes sociais são viveiros tecnológicos de narcisos empanturrados. 
Habitamos um planeta de narcisos. São bilhões de narcisos que vibram e se deslocam como girinos em poças d'água.
Como havemos de chamar doravante, as relações que os narcisos estabelecem uns com os outros por ato reflexo e condicionamento grupal? Com o assalto dos narcisos, os conceitos mudaram sobremaneira. O conceito da amizade é obsceno, na medida em que um único narciso pode ter milhares de amigos. O conceito de proximidade, sofreu uma facada mortal. O conceito da criação artística, arrasta-se pelos meandros desertos da esterilidade intelectual ou do mais profundo mau gosto. O conceito da solidariedade confunde-se com muitos outros de caráter pejorativo. Os conceitos da saciedade e da razoabilidade foram engolidos pelas práticas do exagero e do excesso. Os conceitos de amor e afeto estão sendo reformados e revistos, porque são sentimentos em extinção. (Não salvem apenas os micos e as baleias, salvem também os sentimentos nobres.) 
Vivemos o fim do futuro e quem tiver coragem para estancar esta indecente e desatada egolatria que quebre em definitivo e com convicção o seu próprio espelho.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O TERRORISTA ATEU

Deus - Uma invenção muito perigosa
Sou absolutamente contra qualquer forma de terror. Odeio esses malucos. Isso está muito claro para mim.
Não se trata propriamente de nostalgia, mas os terroristas ateus conseguiam ser menos violentos que os terroristas de matiz religiosa. O terrorismo ideológico, o terrorismo marxista, ainda que muito nefasto e deletério, era menos obsessivo e louco que o terrorismo made in Corão. Parece que deus dá uma ferocidade desumana a essa gente. Parece que a crença em deus turbina a estupidez e a crueldade desse pessoal. Como isso é possível, se deus é só amor?
E não venham afirmar levianamente que Josef Stalin assassinou 35 milhões de soviéticos e era ateu. Stalin era assassino mas não era terrorista. Josef Stalin representava o Estado. Não concebo isso como terrorismo no sentido comum do termo. Terrorismo é o uso de violência, física ou psicológica, através de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada, de modo a incutir medo, terror, etc
Então, o elemento deus, piorou considerávelmente a situação. Nem todos os que acreditam em deus são terroristas, muito longe disso, mas os piores terroristas de que se tem notícia na história da humanidade, acreditam piamente em deus. E durma-se com uma constatação destas.
* Deus, sirva-se com moderação.