.

.

.

.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A CERVEJA E A LIBIDO

La Muse Verte - Albert Maigan - 1895
"A musa verde" era o nome poético que se dava
ao absinto consumido na época 
Nunca consegui entender muito bem o que é que tantas mulheres semi-nuas fazem nas propagandas  de cerveja. A Ambev, esse gigante capitalista sem muitos escrúpulos, pretende insinuar que a cerveja aguça o apetite sexual. Não aguça não. Álcool não aumenta a libido. Pelo contrário, álcool acaba com a libido. Um pouco de álcool descontrai, relaxa e favorece a aproximação sexual e só, acabou. Um pouco. Então viciados em orgasmos de plantão, é melhor  parar de beber. (O orgasmo é o maior vício mais ou menos secreto da humanidade.)
O cúmulo do cinismo é que depois de feita a propaganda extremamente enganosa, dizem:- " Beba com moderação." Nestes tempos  de EXCESSO e de exagero, quem bebe com moderação? Quem? Quem? Hoje, beber é motivo de orgulho para essa gurizada que anda por aí. Nos anos 60,70 e 80, a moda era fumar. Hoje é beber muito até cair. Ouço alguns idiotas dizerem:-" Bebi muiittto!"
Uma maneira de coibir a auto-destruição hepática é falar de impotência e de baixa libido. Nas campanhas anti-tabaco, funcionou. Eu não sou moralista. Muito pelo contrário. Façam dos vossos fígados, dos vossos cérebros e das vossas genitálias e periferias, o que quiserem. O que eu não suporto é a Ambev enganando os incautos.
Cerveja que é uma bebida alcoólica, por incrível que pareça, não combina com mulheres nuas e sexo. Sexo vicia, mas álcool vicia mais ainda e é muito mais deletério. A mensagem das marcas de cerveja que se multiplicam a cada dia que passa, é absolutamente falsa. Nunca vimos tanta marca de cerveja. Nos anos setenta e oitenta criava-se uma nova marca de cigarros por mês. Daqui a duas décadas vão fazer campanhas terroristas contra o álcool como agora fazem contra o cigarro. Sou contra o cigarro e também sou contra o terrorismo que é feito contra os fumantes. Terrorismo, nunca. Parafraseando Che," Hay que combatir, pero terrorismo jamás."
Se vocês acham que eu sou um chato e sou do contra, leiam o artigo a seguir e concluam vocês mesmos que querem acabar com o tesão e promover os brochas à categoria de garanhões.

Álcool, drogas e função sexual: uma revisão. Alcohol, drugs and sexual function: a review.

Jordon Peugh
Steven Belenko
National Center on Addiction and Substance Abuse ~ Columbia University (New York)

Journal of Psychoactive Drugs 2001; 33(3): 223-33.

A visão das drogas como afrodisíacos sempre esteve presente no imaginário popular. No entanto, as conexões entre álcool, drogas e função sexual são mais complexas. As substâncias psicoativas podem afetar a função sexual a partir da alteração de neurotransmissores (especialmente a serotonina, noradrenalina e dopamina); pela ação direta ou indireta na liberação de hormônios capazes de aumentar a libido (testosterona, progesterona e estrógeno); ou por atuarem diretamente sobre o fluxo sanguíneo ou outros mecanismos fisiológicos dos órgãos sexuais.
Por outro lado, as reações humanas a tais alterações são complexas e influenciadas por fatores psicológicos e sociais. Isso torna difícil a quantificação do papel específico das substâncias sobre a função sexual. No presente artigo, os autores revisaram a literatura trabalhos acerca do tema e os apresentaram seus achados divididos por substância psicoativa, levando em consideração seus efeitos agudos e crônicos.
Álcool
O consumo difundido do álcool em nosso meio fez deste a substância mais estudada quanto a sua ação no desempenho sexual. Seu consumo sempre esteve associado à facilitação do comportamento e do desejo sexual. Simultaneamente, é considerado prejudicial à potência e ao desempenho sexual. Já foi sugerida que a ação depressora do sistema nervoso central causada pelo álcool contribui, direta ou indiretamente, para a disfunção da ereção, redução da secreção vaginal, redução do desempenho sexual e outras disfunções sexuais.

Homens
Em doses diminutas, o álcool possui discreta ou nenhuma ação sobre a função sexual masculina. O desejo sexual pode aumentar quando se utilizam baixas doses da substância. Doses elevadas, no entanto, prejudicam a ereção, interferem na ejaculação e causam redução do desejo sexual (libido). Além disso, as expectativas, os estímulos externos e as relações interpessoais também afetam a função sexual e interferem nos resultados observados.

O consumo crônico e prolongado, no entanto, prejudica todos os aspectos da função sexual masculina, em especial a ereção (quadro 1). Disfunções sexuais chegam a atingir mais de 80% dos dependentes de álcool.

Quadro 1: Principais complicações sexuais entre os usuários crônicos de álcool do sexo masculino.
·  Piora da ereção (tempo e intensidade)
·  Redução dos níveis de testosterona
·  Redução no número de espermatozóides
·  Piora nos testes de desempenho


Apesar de tais alterações mostrarem-se em parte reversíveis após a abstinência, queixas de disfunção sexuais podem persistir. Pode haver piora da função erétil, em decorrência de lesões neurológicas, prejudicando-a definitivamente. Além disso, o surgimento de complicações, tais como depressão ou a piora do relacionamento conjugal ao longo dos anos, também afetam diretamente a função sexual masculina, tornando difícil isolar o papel exclusivo do álcool sobre esse assunto.
Mulheres
Muitas mulheres afirmam que o álcool aumenta seu prazer sexual. Por outro lado, estudos com marcadores fisiológicos apontam para o sentido aposto, isto é, quanto maior a quantidade de álcool, menor o prazer sexual e a capacidade de atingir o orgasmo.

Há algumas explicações para tal contradição: [1] o impacto da desinibição desencadeada pelo consumo, [2] a interpretação das modificações corporais induzidas pelo álcool como aumento do prazer sexual, [3] a influência das expectativas acerca dos efeitos do álcool, [4] mensuração inadequada dos marcadores fisiológicos do prazer sexual.

O consumo crônico de álcool traz às mulheres disfunções sexuais e problemas ginecológicos. A disfunção sexual, por seu turno, também pode ser uma possível causa de alcoolismo entre elas. Dado a noção cultural de que o álcool aumenta o prazer, mulheres com disfunção sexual freqüentemente buscam no álcool uma forma de sanar tais deficiências.

Quadro 2: Principais complicações sexuais entre os usuários crônicos de álcool do sexo feminino.
·  Inexistência de orgasmo
·  Piora da lubrificação vaginal
·  Intercurso sexual doloroso



2 comentários:

  1. Uma coisa é certa: depois de algumas doses o cérebro fica tão entorpecido que algumas pessoas começam a ficar interessantes e outras até bonitas. A distorção da realidade causa este efeito. Conheço algumas pessoas que acordam no dia seguinte ao de uma bebedeira sem ter a mínima noção de como foram parar na cama onde se encontram e juram não conhecer quem está dormindo ao lado ...

    ResponderExcluir
  2. Você é o cara das percepções!
    Sensacional!
    Abraço!

    ResponderExcluir


Não diga besteira