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sábado, 30 de julho de 2016

Miméticos e proféticos

Os miméticos engrossam as estatísticas da maioria. Deve haver um grande prazer e conforto em imitar. Imitar para usufruir da recompensa enganosa de ser igual. Raros são os proféticos. São poucos os que se contentam com a mudança de cascas e indumentárias.
As massas se comprazem em arremedar e repetir. As massas fazem muito barulho e o barulho da multidão pode iludir os menos sensíveis.
Está tudo na mesma. No essencial, nada mudou. Para seres de superfície, qualquer movimento é sinônimo de mudança. Para quem  se diverte no fundo do poço, não há nada de novo sob o sol. 
Apesar de tudo o que fizemos, ainda somos como os moradores dessa Roma que não nos abandona. Somos Romanos tecnológicos e conectados. 
A verdadeira revolução redentora nunca aconteceu. O que pode mudar o mundo está no coração dos homens. Revolução digna desse nome, é de dentro para fora. Fora de nós acontece muita coisa; dentro de nós, está tudo praticamento intacto.
Os sentimentos têm a idade do homo sapiens. A inveja, o ódio, o egoísmo, a soberba, o orgulho, a vaidade, a ganância, a injustiça e a estupidez remontam à destruição do jardim do Éden.

terça-feira, 19 de julho de 2016

A cultura do silêncio

A hipocrisia emocional
Há muitos séculos que vigora a lei do silêncio. Existem assuntos-tabu como a morte, a fragilidade do humano, o non-sens do existir, a inveja e a felicidade, para citar apenas alguns. A espécie fugitiva sempre opta pelo que é frívolo. Prevalece a fobia fundamental a tudo que é essencial. Que bom que existe a metereologia e o futebol para evitar o silêncio e o mutismo das massas.
Atualmente, dentre os assuntos-tabu que sempre caracterisaram a falida civilização ocidental, está a felicidade. Supõe-se e é pura suposição, que está tudo bem e que o bem-estar impera. Hoje, problemas são sintomas de moléstia grave. Qualquer dificuldade emocional é trancada a sete chaves e proscrita.
Ao deduzirmos que todos são felizes, criamos uma profunda angústia em quem não é tão feliz assim. Nem todo mundo é capaz de atingir esse elevadíssimo padrão emocional. Eu não me surpreendo mais porque sei que a senha da convivência grupal é a mentira ou a omissão. E também sei que não há pior grosseria que a verdade.
Essa inócua felicidade facebuquiana provoca mais estragos do que se consegue imaginar. A felicidade teria que mudar de nome se fosse assim tão fácil.
Sugiro que parem com essa propaganda enganosa de felicidade absolutamente falsa. A felicidade gratuita dessa maioria mitômana, espalha muita infelicidade em quem vive por comparação e acredita nas balelas dos narcisos obscenos expostos indecentemente nessa pornografia contemporânea do sentimento.