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segunda-feira, 31 de março de 2014

DEUS - O LADRÃO DE MÉRITOS

Pela escala de valores vigente, ninguém tem méritos. O mérito sempre é desse deus que inventaram. Quando se trata de uma grande descoberta científica, os cientistas não têm mérito porque simplesmente foi Ele que lhes deu a inteligência. E a estupidez e a burrice, quem a criou? Ele não é o criador de todas as coisas?
Quando as coisas dão errado, dizem que é obra do demônio. Então o demônio também é cultuado.
Somos politeístas ou pelo menos cultuam-se dois deuses; deus, o próprio, e o capeta. 
O cara se submete a todos os tratamentos inventados pelo homem para a cura do câncer: radioterapia, quimioterapia e o escambau e quando o cara é curado, foi deus que o curou. Pelo amor de deus! Ninguém merece uma sacanagem destas!
Quando é que vai acabar essa apelação? Quando vão ter coragem para encarar o que não faz sentido e curar essa obsessão ontológica?
Os nossos esforços, penas e sofrimentos, nunca são o bastante. Parece que temos que sofrer sempre um pouquinho mais para agradar a esse deus colério e mal humorado.
As pessoas realizam a proeza de encontrar Jesus que viveu há milênios na longínqua e improvável Galiléia e são absolutamente incapazes de se encontrar. Dá nisso. Quem ainda não se encontrou, quer encontrar alguém ou alguma coisa como tábua de salvação. Não existe salvação. Ficam negociando a salvação após a morte ao invés de se preocuparem com a vida que pulsa. Que loucura! Está salvo quem é feliz em vida. Por favor me poupem desses desvarios.
Obs- Os Cátaros que viveram no sul da França acreditavam que o mundo era obra do diabo. Segundo eles deus não poderia ter criado coisas tão perecíveis. Os Cátaros tinham uma concepção elevada de deus. Pesquise sobre Catarismo no pai Google de Aruanda. 

sábado, 29 de março de 2014

A VERDADE É UMA GROSSERIA

"Representamos o papel de herói porque somos covardes, o de santo porque somos maus. E o de assassino porque sempre existe alguém que gostaríamos de matar. Representamos, em suma, porque desde o momento que se nasce não se faz outra coisa senão mentir."  Jean Paul Sartre

Quanto mais nos aproximamos da verdade, menos os outros gostam de nós. Quanto mais denunciamos a animalidade do ser humano, mais gente nos olhará com desconfiança e raiva. Temos que compactuar desta mentiralhada toda para sermos bem quistos. Este planeta é um mentiródromo.
Toda a palavra que é considerada palavrão faz invariavelmente referência ao animal que teimam em esconder. O palavrão é o dedo-duro da nossa real condição. Por isso tantos têm verdadeira ojeriza ao palavrão. Não vou repetir os palavrões. Digam um palavrão e verifiquem se ele não se refere a sexo, defecação, micção, vomição e outras coisas que nos caracterizam. 
Quiseram me convencer durante décadas que todos eram quase anjos; anjos que cagam, naturalmente. Em última análise educar uma pessoa é ensiná-la a mentir.
Você é obrigado a mentir e se eventualmente você mente mal, é chamado de mentiroso. Quem mente e mente as mesmas mentiras de todo mundo é gente finíssima.
Parece que a mentira nos protege do pior. Todavia, a mentira também adia consideravelmente o nosso amadurecimento. Bem educado é quem aceita passivamente continuar a viver no mundo das criancinhas, onde tudo parece mas não é. Sentimo-mos bem assim fingindo que não sabemos das verdades mais elementares. Isso nos traz conforto e alguma serenidade.
Não gosto de criaturas muito finas. Por vezes, o véu de civilização camufla e boicota o melhor que há num ser humano.
Hoje mais do que nunca, diante de toda a hipocrisia de que sou vítima, diante do politicamente correto e outras merdas afins, tenho certeza absoluta que dizer a verdade é mesmo a pior das grosserias.

terça-feira, 25 de março de 2014

O DESENCANTO COM O OUTRO

"Como todos os sonhadores, confundi o desencanto com a verdade."
Jean-Paul SARTRE
A geração atual, a geração superficial, sonha com moderação porque é politicamente correta. A geração de Sartre e a minha geração sonhavam desbragada e indecentemente. Queríamos mudar o mundo. Grávidos de ilusões, parímos mais desencantos que quaisquer outras gerações.
Hoje quase ninguém tira os pés do solo. A minha geração Solar deu origem a esta gente sem graça nenhuma que só pensa em trabalhar, ganhar dinheiro e consumir. Ninguém acredita mais que o outro possa trazer elementos existenciais importantes para a redenção pessoal. Preservados do desencanto, privam-se também do encantamento. Temos que fazer o trajeto por inteiro. Não podemos começar pelo desencanto.
Vivi encantado décadas a fio e foi ótimo. Hoje vivo feliz o meu desencanto. Não comecei pelo fim. Sou um ser completo. Pobres dos que começam pelo desencantamento e pela descrença contumaz.
Acreditei no poder redentor do outro. Delirei com o amor e o afeto. Fiz do sonho uma profissão de fé. Toquei toda a epiderme aveludada da esperança e gordo de esperança, esparramei  os meus melhores trunfos em dias melhores.
Hoje sigo o curso do rio sem nunca negar as margens. Defronto-me com a verdade e o desencanto que são a mesma coisa. E sou puro contentamento porque apesar das evidências em contrário, fiz todo o percurso acreditando e colaborando sempre para um mundo melhor.

quarta-feira, 19 de março de 2014

OS REFÉNS DA MAIORIA

 BREVE ENSAIO SOBRE A LOUCURA E O PODER
Os acadêmicos que eu odeio, usam palavras, expressões e nomenclaturas muito rebuscadas para dizer o que eu vou dizer didaticamente em algumas frases. Uma minoria com muito poder controla uma maioria sem poder que por sua vez também controla uma minoria sem poder. Não existem apenas os três poderes de Montesquieu. Existem os três poderes de Montesquieu mais o quarto que são as mídias, mais o quinto que é a internet, mais o sexto que são as religiões, mais o sétimo que são os grandes Capitalistas, mais o oitavo que é o mais fraquinho(hoje) e que se chama família. Depois temos o poder dos poderes, o supra-sumo do poder que é a publicidade. Todos os poderes acima citados se servem da publicidade. Existem bilhões e bilhões dólares investidos em propaganda. A propaganda não só é a alma do negócio como é o que determina tudo. O inferno pós-moderno são os grandes conglomerados econômico-financeiros mancomunados com as agências de publicidade. O demônio habita entre nós.
Também existem os sub-poderes que são outorgados pelos poderes já referidos. A Escola é um poder e o academicismo um derivado. As Convenções sociais também constituem um sub-poder difuso e traiçoeiro. Esses sub-poderes se diluem no poder acachapante da maioria.
O ser humano é muito sensível à repetição e ao condicionamento. O grande injustiçado dos pensadores sem ser pensador, é o Fisiologista  Ivan Petrovich PAVLOV. Quando se referem a ele, falam de cachorros. Deveriam falar de seres humanos porque as susceptibilidades ao condicionamento são as mesmas.
A maldita publicidade lança moda, determina comportamentos e indiretamente promove muitas desgraças humanas. Como nos experimentos de Pavlov, ela é repetitiva  à exaustão. Quase ninguém resiste. Os que resistem têm a cabeça feita e são cobras criadas.

Aqui estamos nós, reféns desse encadeamento de poderes, sem poder fazer quase nada. Toda a forma de dominação é nojenta. E esses poderes pretendem apenas dominar, impor e vencer, nada mais.
Você que se considera parte integrante da minoria sem poder, não pode fazer grandes coisas. É um sistema sórdido e imbecil que nos domina e que pode nos conduzir ao grande infortúnio.
Nunca pensei, nunca reagi, nunca percebi, nunca intuí, nunca gostei de me comportar  como todo mundo. Nunca gostei das  músicas que todo  mundo gostava. Nunca gostei dos filmes que todo mundo adorava. Nunca comunguei das visões alucinadas da maioria. (E nem parece alucinação porque são bilhões alucinados.) Nunca me disse nada esta massa amorfa que me cerca. Nunca simpatizei com a multidão. 
E aí? Você acha que eu sou louco ou metido a besta? Nem uma coisa nem outra. Eu sou apenas um refém da maioria.

segunda-feira, 17 de março de 2014

O ROMANTISMO DAS CANTORAS

Domingo passado ficou muito claro pra mim que o amor entre homens e mulheres não passa de um delírio hormonal. Trata-se de uma elocubração sentimental feita de hormônios e químicas correlatas.
Ao escutar mais atentamente certas músicas americanas, descobri que as soi-disant cantoras dos Estados Unidos gemem mais do que cantam. O que é exportado como música romântica é na realidade, um gemedouro interminável. Um amor gemido assim, parece-me muito mais afeito à esfera puramente sexual  do que a esse bem querer sem penetração que as pessoas rotulam de amor romântico.
As pseudo-cantoras brasileiras gemem menos. É sempre assim, as americanas são sempre as campeãs. A efervescência e os esguiços dos hormônios produzem sensações muito próximas do afeto, mas não é afeto. É um interesse momentâneo para produzir as inadiáveis descargas orgânicas, elétricas e não só.
Compreendo muito bem as confusões mentais e emocionais que os hormônios criam nas mentes dos mais jovens. Afinal, os jovens são os maiores produtores de ereções e lubrificações.

Nada como envelhecer um pouco, refletir um pouco, para concluir definitivamente que somos todos enganados pela natureza para procriarmos e reproduzirmos o erro. 
É tudo muito mais tesão que outra coisa minha gente boa. É bom que o tesão não morra, mas esse tesão idiotizante, fissurado e avassalador que você sente agora também passará. O tempo se encarregará de te desintoxicar.
P.S. Como dizia o velho e desacreditado Sigmundo é tudo sexo. 

DO PERECÍVEL AO DESCARTÁVEL


Os mais lúcidos já estão mais ou menos acostumados com o perecível. O efêmero nos persegue e nos caracteriza desde tempos imemoriais. A convivência cotidiana com o tansitório é muito penosa. A grande maioria foge e finge que as coisas são eternas. O "para sempre" é irresístivel. É agradável supor que é para sempre. Adoro os "Para Sempre" Outra palavra que me seduz é "nunca." "Sempre e nunca", duas paixões adolescentes.
Como se pode deduzir, sou um ser feito para durar e amante do que dura. Por vezes, até o sofrimento deve durar. Não sou masoquista, mas acredito no poder transformador do sofrimento duradouro. Note-se que sofrimento só é válido para quem é bom aluno e por isso tem capacidade de aprender . Para os outros, sofrimento é a coisa mais cruel e inútil que existe. A vida é ótima professora. Quanto aos alunos, a grande maioria é relapsa e negligente. Não aprende porra nenhuma.
Há muito tempo que passamos também a conviver com o descartável. O descartável é muito pior que o perecível. Sou da geração do perecível e agora vejo-me um tanto atrapalhado com a massificação do descartável. Primeiro, descartavam-se coisas, hoje descartam-se coisas e pessoas. É uma delícia jogar fora e pegar um novo em folha... Com o advento da insana vida virtual e suas consequências lógicas, o deletar, o bloquear, o denunciar, o excluir, a coisificação das pessoas ficou muito mais óbvia. A coisificação virtual é a escravidão pós-moderna. Os escravos tecnológicos atualizam a doença mental.
Com a explosão demográfica e a péssima distribuição populacional, o ser humano perdeu muito do seu valor intrínseco. Se você não quiser, há milhões que querem. Com a hiper-concentração da riqueza, a coisificação hedionda ficou obscena.
Diante da saturação das opções, a qualquer momento você pode dançar. Esteja preparado. Se você não servir a certos interesses e às vezes são apenas interesses emocionais, súbitamente, você tá fora.
Neste ponto, eu alcanço o meu velho e puído discurso. Não espere ser coisificado. Faça as pazes consigo mesmo, vacine-se contra as mazelas do grupo, insista em continuar humano e exija ser tratado com dignidade. Viva o presencial e foda-se o virtual.

sexta-feira, 14 de março de 2014

OS PASTORES PATÉTICOS

Se existe um criador, que espetáculo degradante prepararam para se comunicar com ele! Em nome da liberdade de culto, os programas televisivos das igrejas neo-pentecostais são um circo ridículo que não faz minimamente jus ao possível criador do Multiverso. Se existisse um Tribunal Galático, essas igrejas deveriam sofrer  sucessivos processos metafísicos. Iriam à falência por injúria e difamação do nome de um provável deus. Que horror!
Será que o Ministério Público não vê isso? Liberdade de culto, tudo bem, mas extorsão é crime ou não é mais? Será que o artigo 158 do Código Penal Brasileiro não está mais em vigor? Eu devo ter enlouquecido ou loucos são todos os que me cercam.
Por favor, vejam esses programas que invadem as nossas casas nos mais variados horários. Todos sabem que o sofrimento fragiliza. Até aí tudo bem. Aproveitar-se da fragilidade de quem sofre demais para ganhar dinheiro, é crime hediondo na minha modesta opinião.
Essas igrejas que só visam dinheiro e poder, promovem cenas histriônicas dignas do circo dos horrores. Tenho pena de quem sofre e por sofrer tanto é incapaz de raciocinar. Coitados dos espoliados dessas igrejas de espertalhões que enriquecem às custas da desgraça alheia. 
É elementar. Que deus é esse que gosta tanto de dinheiro? Será que o dinheiro já é um valor cósmico? Será que este planetinha de merda já conseguiu influenciar toda a via láctea?
Será que o dólar e o real já são moedas de troca nas relações espirituais intergaláticas? As igrejas neo-pentecostais são a prova mais cabal de que deus não deve existir mesmo. Esses caras dão razão aos ateus. Se a concepção de deus está ligada a toda essa imundice, é melhor ser ateu.

quarta-feira, 12 de março de 2014

OS HEDONISTAS MISERÁVEIS

HEDONISMO DE UMA NOTA SÓ

Com  ampliação da abrangência do conceito de hedonismo, hoje, hedonismo não significa apenas prazer como bem supremo da vida, significa também o usufruto da própria felicidade. A conotação pejorativa do hedonismo dada pelo Iluminismo, entendido como a submissão a prazeres mundanos e egoístas, também é bastante vinculada.
Seja prazer, seja felicidade, seja mundano ou não, eu só vejo gente extraindo prazer do sexo e se mobilizando a qualquer preço e de qualquer maneira para acumular mais um orgasmo. E o resto que nos cerca, não dá mais prazer? Prazer é só foder? É o quanto basta, dirão o mais empobrecidos. Não é o bastante, dirão os mais enriquecidos pelas muitas experiências pedagógicas da vida.
Se você só encontar prazer no sexo, você é um troglodita pós-moderno globalizado. Se você só encontra prazer no sexo, você é um hedonista de araque para não dizer de merda. E o prazer estético-contemplativo? E o prazer auditivo, musical ou sonoro? E o prazer intelectual? O pessoal deve achar que pensar não dá prazer nenhum, só dá POBREMA. É muito difícil! E o prazer da verdadeira comunhão com o outro? E o prazer da solidão? E o prazer do altruísmo? E o prazer da criação artística? E o prazer do ócio? (Hoje as pessoas trabalham pra caramba, trepam para caramba também e dizem que têm uma vida boa.) Para os menos aquinhoados pelo léxico, ter uma vida boa, significa ser hedonista. Que hedonismo, hein?!
E o prazer da leitura? Não vou falar do prazer do trabalho porque isso é demasiado polêmico. E o prazer gastronômico? Falo da "bonne table", não me refiro apenas a churrasco, pão de alho e cerveja. A gastronomia extrapola as fronteiras gustativas do churrasquismo compulsivo e vulgar.
E então, prazer é só trepar?

sábado, 8 de março de 2014

POR UMA VISÃO DE MUNDO ALTERNATIVA

 ABAIXO OS ESTEREÓTIPOS
Quem vive de clichês nem suspeita que há vida fora do estereótipo. O pobre indivíduo em questão tem por hábito arraigado não refletir. E tudo conspira para a longevidade do estereótipo. Criam-se provérbios, ditados, máximas, aforismos, etc que corroboram a "sabedoria" dos clichês. O clichê tem DNA de vírus e contamina milhões de pessoas em pouco tempo. Quando você se dá conta já está o mundo inteiro repetindo e praticando a mesma estupidez ou uma nova estupidez.
Não vou fazer a lista de todos os clichês que andam por aí impunes. Vou citar apenas alguns: a família é a base da sociedade, sem família está tudo perdido, filho único é problemático, judeu é sovina, português é burro, francês é chique, deus é onipotente, as mulheres são muito sensíveis, os homens só pensam em sexo, a tatuagem é uma forma de expressão, cerveja dá barriga, a virgem Maria era virgem, só o amor constrói, a democracia é um sistema maravilhoso, o papa é infalível, crescei e multiplicai-vos, o nosso amor é para sempre, está escrito na bíblia, a bíblia diz, somos todos iguais, deus castiga, quem espera sempre alcança, as crianças são umas gracinhas, bandido bom é bandido morto, só transo por amor, sem você não sou ninguém, essa cara sou eu, deixa que eu resolvo, não tenho inimigos, adoro a natureza, salvem as baleias, venci na vida, como todas, toma este remedinho que passa, as coisas vão melhorar, a vida é bela, o inglês é uma língua muito fácil, o importante é a beleza interior, o Brasil é campeão, ele era fantástico, pena que já morreu, cuidado com o juízo final, eu te ligo, posta no face, é um festival de milagres, formamos uma bela equipe, o chefe é um filho da puta, o síndico é ladrão, um beijo no coração, Jesus está voltando, os sindicalistas são todos uns inúteis, não vamos trepar, vamos nos amar, eu amo todos vocês, você é o segundo homem a quem eu me entrego completamente, existem os políticos bons... Enfim, depois eu escrevo outra postagem para completar esta lista.
O lugar comum que mais me intriga no momento, é acharem e alardearem por aí que a decantada autoestima tem a ver com a aparência. Se a aparência for boa, a autoestima é elevada. Que babaquice! E há muita gente boa fazendo plásticas e mais plásticas para aumentar a autoestima. É mole? A aparência é a suprema obsessão deste século.
A autoestima nada tem a ver com a aparência. A autoestima tem muito mais a ver com o que pensamos de nós mesmos sem atenuantes e sem concessões.
O lamentável em relação aos estereótipos é a hiper repetição de padrões mentais e comportamentais caídos. O cara até suspeita que esse padrão tá podre porque fede, mas ele não tem coragem de mudar e a merda continua a mesma.

terça-feira, 4 de março de 2014

O QUE ENFIARAM NA TUA CABEÇA

É espantosa a quantidade de coisas que enfiaram na tua pobre cabeça e na minha. Enfiaram justamente, numa época em que as nossas cabeças eram porosas, esponjosas e não estavam imunizadas contra a babaquice planetária. Isso foi por volta da infância e adolescência. Esse é o período ideal para enfiar porcaria no teu cérebro. Se você não imunizar a sua cabeça, você vai continuar a ser penetrado durante a vida inteira pela sofisticada indústria da babaquice. Vacine-se. E neste caso, trata-se de uma auto-imunização. A iniciativa tem que partir de você.
A pior coisa que enfiaram na tua cabeça é que só o outro ou os outros podem te dar significação. E fazem isto, aproveitando-se do teu instinto gregário. Você repete este pensamento, somatiza esta bosta, condiciona-se a isto e se torna uma aberração submissa a alguém ou ao grupo. (Acho que os outros devem fazer parte da tua vida, mas nunca para te dar significação. Os outros são elementos imprescindíveis e fundamentais do cenário.)
É exatamente o contrário, só você pode se dar significação. Mas como? Sofra, viva, frustre-se experimente, compare, reflita, conclua e descubra. Se você continuar à espera da significação que as pessoas darão à sua existência, você tá frito.
Nem vou falar dos mitos, das crendices, das crenças, das falsas fontes de felicidade, de todo esse lixo que jogaram na tua e na minha cabeça. Eu, não só limpei a lixeira em que transformaram a minha cabeça, como a povoei de coisas mais originais, fruto da minha observação e experiência. Mesmo sendo homem, nunca subestime a sua intuição. A intuição do homem comparada à da mulher é precária, mas mesmo assim é digna de crédito.
Limpar a lixeira é a coisa mais dolorosa do mundo. Significa abandonar conceitos que aderiram às nossas almas como nódoas. Parece que sem essas nódoas, você não é nada. Tens que ter coragem. Tens que abandonar as avenidas estúpidas pavimentadas pelos babacas de plantão e começar a trilhar um caminho mais próprio e apropriado.
É muito improvável que todos sejam felizes andando pela mesma avenida e fazendo o que todos os outros fazem. Considerando a nossa impressão digital  que é única e todas as outras singularidades que nos caracterizam, é impossível ser feliz adotando o comportamento insano da maioria.
Arranje algo parecido com um Omo abstrato e limpe-se e lave-se. Aguente firme. Plante flores novas, pinte cores novas, use cores suas, coloque um verde próprio, fertilize o novo espaço e transforme a velha lixeira num  canteiro inovador para sentir e pensar diferente.

segunda-feira, 3 de março de 2014

OS REFÉNS DA FOLIA

A maioria decidiu, tá decidido. A isto chamam democracia, a ditadura da maioria. Tudo o que é feito por milhões de pessoas tem valor e credibilidade. Tudo o que é feito por meia dúzia de indivíduos se destoar do padrão-maioria, é suspeito.
E aqui estou eu mais uma vez, refém do comportamento geral. Eu não tenho culpa se as pessoas não têm vida interior. Eu não sou o culpado da maioria só conseguir bem-estar transitório em coisas exteriores. Eu não tenho que pagar o preço porque a maioria gosta de barulho e adora ensurdecer. Eu não sou o responsável pelo fato da maioria só aguentar a vida com uma cerveja na mão e um sexo na outra. Eu não tenho nada a ver com isso. E no entanto, me obrigam a participar desta insanidade institucionalizada e oficial.
Ninguém nem ousa dizer que não tem time de futebol e não gosta de carnaval. "Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça....."Ou seja quem não comunga da loucura coletiva é o maluco eleito pela maioria. Quem não se parece com a maioria é doido, no mínimo. Quem a maioria pensa que é? Esqueci. A maioria não pensa. 
O desejável é diluir-se na massa e perder a nossa identidade. O ideal para o Sistema é virar número de estatística. Afinal, o que é que eu e você significamos? Num planeta que banaliza e vulgariza a vida humana através da explosão demográfica, nós não representamos nada. Há sete bilhões de seres muito parecidos conosco. Procriar assim, diminue a qualidade.
Não está mais na moda, (e sempre tudo é uma questão de imitação, publicidade e modismo) defender as minorias. Não gosta de carnaval, foda-se. Vai ter que aturar essa batucada sem sentido, essa euforia com hora marcada, essa alegria manufaturada, essa aglomeração tribal e  primitiva, esse remelexo compulsivo, essa comemoração sem motivo. 
A única coisa boa que a maioria me proporciona são estes dias ma ra vi lho sos de ócio criativo. Sou favorável à interrupção do trabalho. Preferia interrompê-lo por ideologia e não porque o pessoal tem que pular. Pular não chega a ser uma ideologia. Ou será que já é?
Gostaria de sair de casa. Mas está tudo bloqueado. As ruas estão fechadas. Está tudo muito confuso. E  se ousar sair de casa, ainda aparece alguém que me obrigue a ser quem eu não sou, com spray, confetes, ovos podres e outras indecências.  
Poderia ter ido para Petrópolis, poderia ter ido para Nova York, poderia ter ido para Marte, mas eu adoro a minha casa. Será que eu não tenho mais o direito de ficar em casa?
Desejo a todos um feliz carnaval alternativo. 
P.S.- A palavra folia tem a sua origem etimológica ligada à palavra francesa "folie" que significa loucura. Deixem a sanidade passar.

sábado, 1 de março de 2014

NÃO ACREDITO EM MUDANÇAS DE ENDEREÇO

Para quem mora dentre de si, não acredito em mudança de endereço. Na busca da felicidade, na ânsia de serem felizes, as pessoas trocam os pés pelas mãos. Se você mora em você, pouco importa a geografia física. Aliás, esta é a prova dos nove. Se o mundo exterior é capaz de abalar tanto a sua estrutura pessoal, o seu eixo, a sua rotação, você está muito longe da felicidade. Não que o meio exterior não tenha importância, mas não pode ser capaz de inviabilizar a relação harmoniosa que você deve ter com você e apenas com você, visto que harmonia com os outros é quase impossível. Atenção, eu disse que a harmonia com os outros é quase impossível, não disse que o relacionamento com os outros é quase impossível.
Então faça o que você quiser. Gaste uma fortuna para mudar a sua solidão de cenário. Vá para onde você quiser sabendo de antemão que você não sai de dentro de você nem a pau Nicolau.
Não acredito em mudanças  de endereços, acredito no entanto em mudanças de comportamento. Neste caso, o buraco não é nem mais em baixo, é lateral. São poucos os que conseguem mudar o comportamento, a visão de mundo e as estratégias existenciais. Estamos todos viciados nas miseráveis sinapses que trouxemos da educação e que se sedimentam na sociedade J.C. Só falam em competência profissional. Ninguém fala em competência existencial. E é o que mais existe; incompetentes existenciais. Ninguém é culpado e todos são responsáveis. Numa sociedade em que só se fala de futilidades, de futebol, de beleza física, de sedução e trepada, o meu blog não tem nem classificação ou categoria. Tenho sempre que colocar na categoria OUTROS. E já me disseram que o meu blog é "fastidious". "Fastidious" e único. Sempre falo do que realmente é essencial. O bem- estar humano e/ou a felicidade. Felicidade deve ser um saco para gente que mora na rua dos seus próprios sentimentos e emoções. Mendigos existenciais, moradores de rua existenciais, existem aos bilhões.
Eu nunca mudo de endereço que é solução mais fácil e menos eficaz, eu procuro mudar de comportamento. Paris não será capaz por si só  de mudar a minha visão de mundo. É preciso muito mais que Paris. 
PS. - J.C. é judaico-cristã.

POR QUE O CARNAVAL É UM SUCESSO?

OS  PAPÉIS CULTURAIS
Não seria muito difícil ser mulher não fosse o papel cultural intrinsecamente associado a essa condição. O penoso não é a condição, sofrida é a representação. Ser homem é mole; o difícil é interpretar o papel cultural de homem estupidamente imposto pela sociedade. Isso é que é dureza. Ser professor é fácil, difícil é incorporar o papel imaginado pela sociedade para aquilo que supostamente deve ser um professor. Ser policial é uma beleza. Impossível é exercer o papel cultural ligado a esse ofício. Ser viado deve ser ótimo. Representar o papel de bicha na sociedade é uma merda.
A representação é automática. Foi-nos inculcada pelo processo educacional e é como se já fizesse parte da nossa segunda genética que é a cultura idiota. O médico tem um papel a desempenhar. Isso não é uma atitude de médico, dizem. A sociedade pré-determina o que ser para quem é o que quer que seja. É duro! Um professor não deve, não pode.... Um mulher não deve, não pode..... Em outras palavras, nunca podemos ser nós próprios. Temos que ser o que os outros reservaram para nós.
O carnaval é um sucesso porque ainda que muito temporariamente, o indivíduo tem a sensação de não mais ter que respeitar papéis culturais pré- estabelecidos. Ele é homem e se veste de mulher. Ele é socialmente enquadrado e se veste de pirata. Finge que não gosta de sexo e no carnaval derrama sem limites  toda a sua genitália. O carnaval oferece ao indivíduo, ainda que de mentirinha, o prazer inconfessável de transgredir.