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sábado, 26 de setembro de 2020

Os miseráveis do afeto

Nunca existiram almas saudáveis, contudo, almas com o mínimo de saúde espiritual, nutrem-se de solidariedade, gratidão, compaixão. ajuda, amparo, clemência, altruísmo, bondade e afeto.
Nem vou falar de amor. O amor, nos dias que correm é o caviar branco dos esturjões albinos.
A miséria afetiva chegou a um ponto que as pessoas não têm nem um bom dia para oferecer.
Nas redes sociais, imploram por uma curtida como famintos de África. A miséria afetiva é uma confissão de infelicidade.
Assisto indignado aos movimentos desesperados de almas mirradas que se batem para não fenecer. Almas que residem em corpos belos, musculosos e maquinais. Pobres almas condenadas a morrer à míngua por corações defuntos. Tristes corpos vítimas da indigência da estima e do bem querer.

sábado, 12 de setembro de 2020

A falsa misericórdia institucional

Era uma vez uma anã, perdoem, um ser humano acometido de nanismo que foi vítima de assédio sexual na infância. Chamava-se Lívia. Era parda de baixo extrato social e econômico. Na adolescência, descobriu-se lésbica o que não impediu de ser estuprada por um colega de escola.
A gravidez que resultou dessa violação, submeteu-a aos horrores de um aborto legal à luz da sacratíssima legislação vigente.
Os conflitos familiares, a expuseram à crueldade humana e aos 20 anos de idade ela se tornou mendiga, desculpem, sem-teto.
Poderia continuar a narrar a desdita deste ser desafortunado, mas vou encerrar aqui esta história comum. Já consegui o que queria: estar diante de um ser humano desprovido de toda a dignidade.
Desgraçadamente, é sobre pessoas como Lívia que se exerce compulsivamente a misericórdia profissional. Não resolvem nada e se comprazem em falar e dar publicidade a esta biografia infausta.
Apesar da militância do politicamente correto e dos pseudo-novos ares da modernidade, está tudo muito pior.
Lívia continua na merda e os seus propagandistas passam por bons moços nesta era de profundos enganos.
Nunca fedeu tanto a preconceito quanto nestes tempos hediondos.
O preconceito recrudesce e se multiplica. Os defensores da modernidade impoluta não solucionam nada, absolutamente nada. Apenas se promovem às custas da miséria alheia. É inominável o que acontece nestes frescos tempos de gente vadia.

sábado, 5 de setembro de 2020

O Pré-preconceito contra os portugueses no Brasil

Eu não valorizo muito quem ainda caga nas fraldas. Acabem de nascer e marquem uma entrevista comigo.
Informo aos lactentes existenciais que o mundo não começou agora. Cabelos brancos não produzem sabedoria, mas ajudam muito.
Eu fui extremamente humilhado pelos Brasileiros durante estas cinco décadas em que moro no Brasil. Eu sou de uma época em que Brasileiros não emigravam para Portugal. O preconceito que foi praticado contra mim, antecede a asquerosa modernidade líquida.
Nos anos 70 ser Português no Brasil era como ser pária na Índia. Joaquins e Manuéis sofriam agruras infinitas nas mãos de um povo ressentido contra os seus colonizadores. O colonialismo não é hereditário. Quando Cabral desembarcou na Baía, eu não estava lá.
Tudo deve ser visto no seu DEVIDO processo histórico. Atenção, idiotas do mundo inteiro, eu repito: tudo só pode ser visto no seu DEVIDO contexto histórico. Entenderam? Não me encham o saco com a vossa estupidez.
O preconceito, hoje, é recíproco porque os Brasileiros emigraram para Portugal. Os portugueses têm preconceito contra os Brasileiros e vice versa. A babaquice é transcontinental.
Na minha época, não era assim. O preconceito era unilateral. Os Brasileiros menosprezavam e maltratavam os Portugueses e os Portugueses admiravam os Brasileiros.
Sofri muito neste país infeliz. Cheguei muitas vezes em casa com lágrimas nos olhos implorando aos meus pais para nunca mais voltar à escola.
O preconceito contra os portugueses no Brasil é um preconceito tabu. Ninguém fala dele. Especializaram-se nos preconceitos raciais e de gênero.
Se pudesse processava este país, à luz do Direito Internacional Privado por todas as feridas emocionais que carrego. Tenho provas irrefutáveis do que digo.
O Brasil me obrigou a ter vergonha do meu próprio nome.
Cansei de ser rebaixado e vilipendiado neste país que tem graves problemas porque nunca aceitou os pais que teve. Este país sofre de uma grave doença ancestral. E é por isso que a maturidade nunca chegará. Quem nega os pais que teve, será sempre infantil e o Brasil, todos sabem, é dos países mais pueris que existem.
Curem-se das vossas origens e deixem-me em paz.