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sábado, 28 de novembro de 2020

Uma fração de afeto

Andamos todos empinando ilusões como quem manobra pipas. Nesta época de corações safenados e com válvulas de porcos, corremos como loucos olímpicos atrás de todas as necessidades que nos inventaram.
Na modernidade inafetiva tomamos porres de amores contaminados e doentes. Vocês não sabem como eu odeio que chamem de amor a esses sentimentos rasteiros e confusos que escorrem dos compulsórios  coquetéis  hormonais! Detesto esse amor circulante e banal completamente xoxotizado e totalmente bráulico.
E o que precisamos é de um amor sóbrio, sensato, discreto, delicado e básico como quase tudo o que é verdadeiro e bom.

sábado, 21 de novembro de 2020

Para todxs xs idiotxs dementxs e insolentxs

Vocxs só pensam em sexx. Viciadxs e obcecadxs por esse prazerzinhx de merdx. Vocxs ousam modificar a venerável e idolatrada língua portuguesa para atender a caprichos baixos e vis. Nojentxs!
O mundo não começou na vossa maldita genitália. A vida não se esgota nos vossos torpes desejos sexuais patológicos.
Os problemxs não se resolvem colocando x  em todas as palavras. É muito mais complexo que isso. Ridículos! Ridículxs!
Vocxs deveriam envergonhar-se de propor esta aloprada revolução do X.
O futuro será implacável com birutas como vocxs. Vocxs são os bufões pretensiosos e bizarros do século XXI. 
Saibam senhorxs que esta língua é a língua de Camões. A vossa ciclópica ignorância, já ouviu falar dele? Esta é a língua de Machado de Assis e de Fernando Pessoa. Esta é a língua de Cecília Meirelles e José Saramago e nunca precisou de X para ser bela e digna de muitas homenagens. Iletradxs insanxs!
A última flor do Lácio ferida com tantos X, agoniza.
Vocxs têm a suprema sorte de terem sido paridos para vegetar em um mundo em que não se respeita nada, nem o idioma.
Vocxs deveriam ser presxs ou internadoxs em regime perpétuo e a vossa empáfia deveria lamber os pés de quem ainda não enlouqueceu.

sábado, 7 de novembro de 2020

Contemplando a roupa suja

Atualmente, com as máquinas de lavar ultra modernas da marca Facebook, Instagram, Twitter e outras, temos a impressão que estamos lavando toda a roupa suja acumulada pela humanidade ao longo de séculos.
Com efeito, toda a roupa suja continua suja diante de tantos observadores nervosos e tagarelas. Falar de roupa suja não a torna mais limpa.
Quando eu nasci essa roupa imunda já existia. É irrefutável que falar de roupa suja tem lá os seus méritos: agora o fedor é mais intenso e ninguém pode mais dizer que roupa suja é uma louca invenção dos mais lúcidos.
Continuemos pois a vigiar a roupa suja, certos de que falta sabão para tantas máquinas e tantas lavadeiras. Continuemos pois a espreitar a roupa suja, sem nunca ignorar que roupa limpa talvez seja  a maior das utopias.