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segunda-feira, 3 de março de 2014

OS REFÉNS DA FOLIA

A maioria decidiu, tá decidido. A isto chamam democracia, a ditadura da maioria. Tudo o que é feito por milhões de pessoas tem valor e credibilidade. Tudo o que é feito por meia dúzia de indivíduos se destoar do padrão-maioria, é suspeito.
E aqui estou eu mais uma vez, refém do comportamento geral. Eu não tenho culpa se as pessoas não têm vida interior. Eu não sou o culpado da maioria só conseguir bem-estar transitório em coisas exteriores. Eu não tenho que pagar o preço porque a maioria gosta de barulho e adora ensurdecer. Eu não sou o responsável pelo fato da maioria só aguentar a vida com uma cerveja na mão e um sexo na outra. Eu não tenho nada a ver com isso. E no entanto, me obrigam a participar desta insanidade institucionalizada e oficial.
Ninguém nem ousa dizer que não tem time de futebol e não gosta de carnaval. "Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça....."Ou seja quem não comunga da loucura coletiva é o maluco eleito pela maioria. Quem não se parece com a maioria é doido, no mínimo. Quem a maioria pensa que é? Esqueci. A maioria não pensa. 
O desejável é diluir-se na massa e perder a nossa identidade. O ideal para o Sistema é virar número de estatística. Afinal, o que é que eu e você significamos? Num planeta que banaliza e vulgariza a vida humana através da explosão demográfica, nós não representamos nada. Há sete bilhões de seres muito parecidos conosco. Procriar assim, diminue a qualidade.
Não está mais na moda, (e sempre tudo é uma questão de imitação, publicidade e modismo) defender as minorias. Não gosta de carnaval, foda-se. Vai ter que aturar essa batucada sem sentido, essa euforia com hora marcada, essa alegria manufaturada, essa aglomeração tribal e  primitiva, esse remelexo compulsivo, essa comemoração sem motivo. 
A única coisa boa que a maioria me proporciona são estes dias ma ra vi lho sos de ócio criativo. Sou favorável à interrupção do trabalho. Preferia interrompê-lo por ideologia e não porque o pessoal tem que pular. Pular não chega a ser uma ideologia. Ou será que já é?
Gostaria de sair de casa. Mas está tudo bloqueado. As ruas estão fechadas. Está tudo muito confuso. E  se ousar sair de casa, ainda aparece alguém que me obrigue a ser quem eu não sou, com spray, confetes, ovos podres e outras indecências.  
Poderia ter ido para Petrópolis, poderia ter ido para Nova York, poderia ter ido para Marte, mas eu adoro a minha casa. Será que eu não tenho mais o direito de ficar em casa?
Desejo a todos um feliz carnaval alternativo. 
P.S.- A palavra folia tem a sua origem etimológica ligada à palavra francesa "folie" que significa loucura. Deixem a sanidade passar.

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