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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

EGOS EMBRIAGADOS

Já se foi a época em que  se falava de Egos inflados. Convivi quase harmoniosamente com gente arrogante durante décadas. O Ego inflado, agora, não está apenas inflado, está completamente bêbado. Um Ego inflado já perde o seu senso de orientação. Imagina um Ego totalmente mamado! É dose, Véio!
Vivemos a era dos Egos ébrios, ébrios de si mesmos e entropecidos por si próprios. Nunca vi tanta gente tão susceptível e orgulhosa. Acontece que a bebebeira do Ego também não é uma boa solução existencial para se chegar à felicidade. Sempre falo em felicidade. Não é repetição. Felicidade é a ÚNICA coisa que me interessa verdadeiramente. O resto é acessório e correlado e eu não valorizo. E garanto-lhes que é possível ser feliz no inferno. Há pessoas que dizem que a vida é bela e que tudo é lindo e são extremamente infelizes. Pessoas com visões romantizadas do mundo nunca serão felizes. Eu, é o contrário, acho que a vida é uma agressão estúpida, desnecessária e perfeitamente evitável e sou feliz.
Voltando aos do Ego bêbado, eles inauguram uma nova forma de autismo; um autismo sofisticado mas que no final das contas compromete a visão da realidade e o relacionamento social tanto quanto o Transtorno de Espectro Autista. É duro relacionar-se com uma pessoa que não te vê. E não faltam neste mundo pessoas que não nos veem. Este mundo está repleto de pessoas que só veem o que lhes interessa ver; o que contribui para a manutenção da sua loucura muito pessoal e do seu autismo. É deprimente falar com uma pessoa que não presta atenção na tua presença, na tua existência, na tua pessoa. Com essas novas tecnologias este mundo virou o paraíso de autistas. Ou as pessoas te respeitam minimamente notando a importância da tua presença ou prefere a solidão que não é tão ruim quanto dizem por aí.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

SÓ PARA QUEM QUER SER FELIZ

POR ONDE A FELICIDADE PODE TRANSITAR
Nesta digressão sobre a Felicidade baseio-me em três pensamentos de diferentes autores. Tenha a paciência de ler.
1- "As pessoas se esquecem sempre que a felicidade humana é uma disposição da mente e não uma condição das circunstâncias".
John Locke

2-
3-

John Locke é um filósofo inglês que morreu no início do século dezoito. Jung, todo mundo conhece, eu suponho e Albert Guinon é um dramaturgo francês falecido em 1923. Guinon é muito conhecido pelos seus aforismos.
Seguindo a ordem, a felicidade é uma construção mental, é uma maneira de pensar. Pouco tem a ver com as coisas exteriores. Estou falando em Felicidade como aquisição definitiva. Não estou falando em excitação, contentamento, alegria, tesão, nada disso. Aliás, 75 por cento da população mundial é muito infeliz. Claro que esta estatística não é oficial. Este dado é fruto da minha observação de cerca de meio século. As estatísticas oficiais apenas reproduzem o que as pessoas dizem e as pessoas mentem ou dizem que são felizes porque seria muito complicado dizer que se é infeliz. Dizer que se é feliz é mais ou menos como dizer: -"Tudo bem." 
Mas se o cara estiver na miséria pode ser feliz?  O que está comprovado pela O.N.U. é que o indivíduo precisa de um mínimo material para ter bem-estar. Eles nem ousam utilizar a palavra felicidade, mas bem-estar. Então o mínimo são 10 mil dólares anuais. O que não significa que o cara que ganhe 11 mil dólares anuais seja mais feliz que o que ganha 10 mil. Trata-se do mínimo. ( Dez mil dólares é uma estimativa muito imprecisa que pode variar muito de país para país.) 
Locke desloca o foco para o interior quando sabemos que a maioria das pessoas fica esperando que a felicidade aconteça por razões exteriores. Essa postura mental não favorece nem o pouco a felicidade. Então a felicidade é construída por você, por mais ninguém. É obra sua. Não delegue responsabilidades, não seja infantil e preguiçoso. E para resolver o seu instinto gregário que é genético, basta-te uma pessoa. Você não precisa de uma multidão.
A frase de Jung é genial. Não tenho muito a comentar. Ela é excessivamente eloquente. A frase de Jung abraça a frase de Locke na medida em que remete e concentra a felicidade no interior da pessoa. Ao ler este texto, tente vivenciar e interiorizar o que eu estou dizendo. Caso contrário, não vale a pena. Procure sentir o que eu estou dizendo. Acabe com o vício da repetição. Repetição de frases, comportamentos e atitudes. Pare com isso. Você não é um orangotango.
O maior problema da humanidade é que as pessoas estão dormindo. E não querem ser despertadas. Eu por exemplo, faço muito barulho no intuito de despertar as pessoas. Se muitas pessoas estiverem despertas, eu terei muitos amigos. O difícil para mim é estabelecer uma relacão humana com alguém que dorme indecentemente na minha frente. Os valores confusos da sociedade baseados na religião e na tradição e os milhões de mitos que povoam os cérebros, fazem as pessoas roncar vergonhosamente. Aqui cabe uma frase do Che Guevara: " Quien abrio los ojos, no volvera a dormir tranquilo." Che abraça Locke e Jung e ainda há um outro que beija os anteriores, é José Saramago em " Ensaio sobre a Cegueira."
Por último, temos o Guinon que também traz a responsabilidade da felicidade à pessoa. Com certeza absoluta que a felicidade não vem dos outros. Você ainda não percebeu que as pessoas não estão nem aí p'ra você? Não? Preste mais atenção. Você só é interessante para o outro quando o outro pode extraír de você alguma coisa nem que seja o seu sêmen
A grande maioria das pessoas que conheço, vive tentando compensar a completa infelicidade tendo crises de alegria que como é óbvio não duram. Compram, casam-se, procuram pessoas como quem caça porque ainda não aceitaram que são sós, viajam com muita frequência, mudam de cidade, frequentam baladas e mais baladas, acumulam muito dinheiro, buscam desesperadamente promoções no trabalho, rendem-se aos ditames da vida familiar e nada disso as faz felizes. A perspectiva está incorreta a meu ver.
Se você não tiver coragem de mudar e a palavra chave é coragem, você não passa daí onde você já está. Covardes que repetem a vida inteira a mesma visão de mundo nunca serão felizes. O aparente conforto de pensar como todo mundo não faz com que você trilhe o caminho da felicidade. A coragem para suportar o preconceito que existe contra quem vê as coisas de maneira diferente é o segredo.
Então, tente seguir  esta prosaica sugestão de atalho e seja feliz.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

COMO FOI DE NATAL?

Como se não bastasse o circo armado nos cinco continentes para comemorar não sei o quê, ainda temos que tentar responder a esta pergunta estranha e irrespondível. Como foi de Natal? Em geral, eu respondo: - Eu fui de Ônibus. Eu não fui de Natal. 
É duro ouvir esta humanidade que nem sabe falar a sua própria língua. Conhecer a língua materna é obrigação inarredável, apesar do sistema educacional de merda e dos linguistas permissivos e desvairados.
O Natal só é bom porque a gente não trabalha e pode meditar em casa no ar condicionado. No mais, é uma presepada gastrônomica fora do contexto geográfico. É uma palhaçada mística que só agrava as compulsividades consumistas. É a exaltação de uma espiritualidade de araque que não convence nem mesmo o babaca mais fanático.
O Natal dos trópicos vale pelo feriadão, pela ausência de neve e de geada e pelas temperaturas acima de zero. No mais...
Aliás, como passou o Natal? Se perguntarem assim, eu aindo posso responder com um monossílabo.  Mas, como foi de Natal? Além de ser um atentado terrorista à frase, é sádico e ofensivo. Há mais de cinquenta anos que escuto esta pergunta e até hoje não sei em que língua ela é formulada. A propósito, o nível das perguntas que os outros nos fazem é de sentar e chorar à beira do mesmo rio em que Paulo Coelho chorou um dia. É cada pergunta! Por que não fazem perguntas mais relevantes do tipo:
-  Está pensando em se suicidar?
- Como está conseguindo suportar a humanidade nesta sexta-feira?
- Em que patamar se encontra a sua indignação diante dos ladrões que roubam tudo em todo este país?
- E o teu chefe também está roubando?
- Você não acha que o Lula deveria operar as cataratas?
- Que soluções encontrou para a desgraça da condição humana?
- E a tua namorada ejacula ou tem orgasmos múltiplos?
- Como você acha que está se sentindo Che Guevara na sua tumba marxista e revolucionária diante desta amizade absconsa entre Cuba e os imperialistas?
É muito melhor que: - Você acha mesmo que vai chover hoje? ou - Papai Noel já visitou você neste Natal? ou - Tu viu aquele pênalti? P.Q.P.!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O OUTRO LADO DA NOITE FELIZ

  
Está comprovado que o "salvador do mundo" não nasceu dia 25 de Dezembro. (Leia link http://www.jugularesblogspot.com.br/2013/12/o-lindo-espirito-de-natal.html É mais uma das muitas armações da cristandade, aniversário sem aniversariante. Mas o importante não é isso. Essas considerações de caráter astronômico e histórico não fazem a mínima diferença.
O  importante é o espírito de natal que nos invade e nos traz a paz, a concórdia e o amor, esse não poderia faltar. Não é mesmo? Todo mundo fazendo compras estressadíssimo, todo mundo muito bêbado e arrotando peru com bacalhau, engarrafamentos por todos os lados, os acidentes automobilísticos triplicados, gente nervosa no trânsito, gente apostando expectativas estúpidas nesta data maravilhosa e se frustrando, gente mal humorada por falta de sono, a família finalmente reunida para lavar quilos de roupa  muito suja, as emergências dos hospitais cheias de gente que levou porrada porque o natal é tranquilo e maravilhoso, gente que aproveita a verdade trazida pelo álcool (In vino veritas) para dar um pé na bunda do parceiro(a), gente que acha o nascimento do messias tão fundamental para a humanidade, que aproveita o ensejo e se suicida, gente que chora copiosamente porque se lembra de muitas merdas nesta data tão sublime e falaz, gente que toma uma cartela de antidepressivos para aguentar a beleza da noite feliz.


Na verdade, é uma data muito espiritual. Todo mundo no shopping rezando a Nossa Senhora do Bom Crediário. Milhões de pessoas se endividando para darem satisfações a uma data fake. E o Papai Noel suando em bicas, neocolonialista, obeso mórbido e sem a menor noção de geografia. Coitado! Ho, Ho, Ho!


O Natal só é bom mesmo para as crianças. Falo de crianças que ainda não sofreram as sevícias do processo civilizatório. Para elas é legal. Ganhar presentes, rir e brincar. É um engano profícuo.

O pior é que também querem infantilizar gente adulta. Isso é grave. E quando fingimos que acreditamos no carnaval armado com luzinhas made in China e presépios tecnológicos, somos bem vistos pela sociedade. Mas quando, sabendo que se trata de uma descomunal farsa comercial, participamos dela com reservas, somos chatos. Eu sou chato pra cacete!


Então para todos os que me leem e nunca se identificam (Têm receio de serem associados a um blog tão heterodoxo) e especialmente para os meus amigos da Malásia e dos Estados Unidos, um "Feliz Natal" sob protestos.


Espero que o Natal passe logo, para poder voltar à realidade. Não gosto de histórias para boi dormir e muito menos de alegria com hora marcada, prefiro todos os inconvenientes da realidade. Feliz Realidade para você.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

DE CARA LIMPA

Raras vezes consegui encontrar pessoas de cara limpa. Todo mundo Chapadão. Em outros termos, ninguém fica em pé sobre as próprias pernas. É um mundo de aleijados. Quase todo o mundo tem a sua muleta ou muletas.
Não sou capaz de admirar gente chapada ou cheia de muletas. Neste caso, o chapado é o consumidor de drogas lícidas recomendadas. Trata-se do chapadão civilizado com cara de normalóide. Nunca na história deste país e na história deste planeta se viveu tamanha crise de originalidade.
Para ficar em pé sobre as próprias pernas evitando assim as drogas culturais oferecidas, há que ter culhão. Já vivi num mundo de gente com culhões. Hoje, infelizmente, estão quase todos(as) emasculados(as).
Não estou falando de Rivotril nem da Skol que descia redondo, estou falando de ideias, conceitos, ritos e crendices estúpidas que deixam as pessoas em delírio constante. Uma das drogas mais vendidas e consumidas é Jesus, o Cristo. O papa é o maior traficante oficial com alvará e tudo. Edir Macedo não fica atrás. Ele, seus falsos bispos e pastores dominam a maior FAVELA ESPIRITUAL de que se tem notícia na história da Desumanidade. (Temos que criar uma U.P.P. na Igreja Universal.) Casamento e procriação são dois estupefacientes muito utilizados como panacéia para a solidão.  A acumulação e o materialismo também povoam as bocas de fumo civilizatórias. A hipocrisia é apreciadíssima porque deixa todo mundo com cara   de pastel. O Orgulho e o Preconceito são capazes de deixar o pessoal completamente bêbado. Vivemos uma grande crise de sobriedade.
E vou parar por aqui porque a leitura que não é nenhuma droga, muito pelo contrário, não é muito cheirada nem fumada por estas plagas.
P.S.- Só admiro quem tem a coragem de enfrentar o absurdo e a crueldade da condição humana de Cara Limpa.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

AS DONAS DO PEDAÇO

A história das mulheres ao longo dos séculos é a própria calamidade social. Vítimas de toda a sorte de preconceitos, humilhadas, injustiçadas, preteridas, agredidas, enfim, é um percurso sórdido para ser esquecido ou reparado. Ainda hoje, no mundo oriental, as mulheres são vítimas das piores velhacarias. Clitoredectomia, amputações e discriminações de toda a ordem. Tenho muita pena de todas as mulheres  que vivem em países muçulmanos. É inominável o que se faz com as mulheres.
Atualmente no mundo ocidental, vários paradoxos sobrevivem. No século vinte um,  pode-se dizer que a época mais tenebrosa para as mulheres já passou. Subsistem aqui e ali, algumas injustiças. Não se esqueçam que o Brasil é quase uma Ginecocracia.
Ao longo dos tempos, a mulher sempre usou o seu sexo como arma para controlar o macho. O que se compreende perfeitamente pois era a única coisa que lhe restava. Sempre manteve o homem refém da sua genitália de maneira muito sutil. Fez greves de sexo e aprendeu através do seu hemisfério cerebral direito muito desenvolvido e do seu rico Corpo Caloso, a ter bem mais domínio sobre os seus desejos sexuais. Some-se a isso todos os dispositivos culturais colocados a serviço da repressão sexual da mulher.
O hemisfério direito do cérebro é o setor da arte, da imaginação e da criatividade. Contraditóriamente, não considero as mulheres muito afeitas à atividade artística; isso é coisa de homem que misteriosamente não tem o seu hemisfério direito muito desenvolvido. (A repressão acabou  e nem por isso vejo surgir grandes escritoras, grandes compositoras, grandes pintoras, no horizonte artístico pós-moderno.) Deixo para vossa reflexão. Tenho uma pista, no entanto. O hemisfério que poderia ser usado para artes, sempre esteve a serviço de estratégias vivenciais para fazer face à sua desvantagem em relação ao macho humano. Sempre se disse que as mulheres eram e são muito manhosas. A manha vem sem dúvida nenhuma do hemisfério direito.O ardil e a manha salvaram as mulheres da estupidez masculina.
Apesar de todas as conquistas das mulheres, elas ainda continuam a usar as velhas armas do passado. Basta observar uma mulher caminhando pela rua para se perceber que para ela, a vagina ainda é uma arma. A maneira de olhar, de andar, de se comportar, a sua apropriação exagerada do ato sedutório, o seu compromisso extremado com a beleza física, dizem o seguinte para os mais intuitivos e mais sensíveis:- "Eu tenho aqui uma coisa que pode te levar ao êxtase, mas eu é que mando. Eu é que determino se libero ou não para você a porta estreita do paraíso."
A mulher continua apesar de todos os avanços, a ser o que chamo de Arrogante Genital. Que arrogância! Como é metida a besta! Achar que o Êxtase é uma vagina. E anacrônicamente, o homem continua a ser esfaqueado por essa arma na sua lamentável infantilidade. O homem continua sendo o que eu chamo de Pré-Babaca Genital. É a arrogância contra a pré-babaquice. Conclamo os homens no sentido de suplantar essa pré-babaquice genital elementar. Assim, ficaremos em pé de igualdade com as donas da sexualidade humana, sem os traços da nossa previsibilidade primária.
Está na hora de abandonar essa velha arma e lutar com armas mais convencionais e modernas nestes tempos muito igualitários.
Para mim, é um enigma. Como é que alguém que foi premiada pela natureza com a sexualidade mais exuberante e forte de que se tem notícia, usa essa mesma sexualidade para obter vantagens não sexuais? ( Por exemplo, a prostituição feminina em todos os níveis e situações, é uma mina de ouro; a masculina é um fracasso retumbante. Só funciona para gays.) Por que não usufruir dessa máquina sexual maravilhosa pura e simplesmente? Não se esqueçam que isso é perfeitamente possível graças aos métodos anticoncepcionais disponíveis. Só um estudo muito minucioso do passado histórico das mulheres pode elucidar mais adequadamente esse quebra-cabeças.

sábado, 13 de dezembro de 2014

INCOMODANDO OS INFELIZES


Tudo pode ferir um infeliz. A tua voz, a tua maneira de andar, o teu sorriso, o teu senso de humor que ele nem consegue detectar,( o infeliz está tão absorto na sua miséria existencial que ele não faz nem entende mais as metáforas) a tua cultura geral, (que quase ninguém mais possui nestes tempos bicudos e muito especializados) a tua competência, a tua contundência no trato da psicose líquida da pós-modernidade, a tua autenticidade, a tua espontaneidade, enfim, tudo pode ferir um infeliz. O infeliz é a pessoa mais suscetível do planeta. O infeliz não entende nada; vive por imitação e comparação. Herdou posturas e comportamentos e não questiona nada porque pensa muito superficialmente e por isso não consegue realizar as melhores sinapses. Refugia-se em figuras míticas como Jesus, Maomé, Buda e se confunde com elas num imbróglio existencial sem precedentes. Os infelizes deixam os outros atônitos e confusos.
O infeliz  adota inconscientemente uma agressividade gratuita ou recorre à difamação que não considera crime, mas uma forma legítima de expressão. O número de infelizes tem aumentado consideravelmente. Não se fazem mais infelizes como antigamente. Agora a infelicidade é um misto de perdição e loucura.
Quem vive em sociedade acompanha de forma inevitável os movimentos existenciais dos outros. É impressionante como existe gente perdida aos 40, 50, 60 e até 70 anos. Espero e admito perdição na juventude. Loucura e perdição caduca, eu não aguento mais.
Em muitos casos a infelicidade crônica entremeada por alguma crises ridículas de alegria, é caso para a psiquiatria. O tratamento psiquiátrico também não é garantia de felicidade, considerando que a felicidade é um estado de espírito único, criado pelo próprio indivíduo no interior de si mesmo.
O que mais está associado à infelicidade crônica é a inveja. Todo o invejoso é infeliz. Certas e determinadas pessoas cultivam esse sentimento mórbido como se fosse um credo. Ao contrário do que dizem e imaginam, a inveja não é deletéria para o invejado. A inveja prejudica e devasta o invejoso.
Como não incomodar os infelizes se eles integram a maioria da população? A maioria das pessoas que conheço não são felizes. Apoiam-se em coisas exteriores para se manterem excitadas, entusiasmadas, alegres e até parecem felizes, mas quebram com facilidade. Compram, casam-se, viajam excessivamente, arranjam um(a) novo(a) namorado(a), ganham dinheiro, consomem exageradamente, bebem, trepam compulsivamente e disso depende o que elas chamam de felicidade. Estou careca de dar pistas de felicidade no meu blog. Mas, Na Jugular é um Blog Maldito porque não repete as veleidades que todo mundo vomita todos os dias e que não servem para nada. Na Jugular não posta um montão de flores de todas as formas e cores porque quem se cobre só de flores com certeza está morto ou muito desesperado. Por isso, Na Jugular é chato, pretensioso e insuportável.
Outra característica dos infelizes são as penosas e constantes variações de humor. Coitados! Mas o que esperar desta civilização que induz as pessoas à infelicidade? Valores truncados, falsas expectativas, apostas furadas, contos de fadas, superficialidade compulsória, mentiras e mais mentiras, hipervalorização do dinheiro, disputas risíveis por nada,  depuração das maldades em ascensão, campeonatos mundiais de futilidades, visões cataráticas de mundo, etc, etc.
Concluo que é inevitável incomodar os infelizes, a não ser que  cresçam e sejam finalmente felizes. Aliás, esses são os meus mais sinceros votos; que  todos sejam felizes. Não queria incomodar.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

VOCÊ TAMBÉM PODE TER UMA SUPERVAGINA

 PARA HOMENS E MULHERES

Não fazia nenhuma pesquisa na internet. Saí do meu e-mail e invadiu o meu campo visual míope a seguinte manchete: "Tenha uma Super  Vagina."  Pensei imediatamente que esse artigo não era para mim, claro. Mas fiquei curioso. Como seria ter uma super vagina? Coitado de mim, eu que só conheci vaginas. Li o artigo e gostei do estilo da articulista;  muito objetivo, vigoroso, feroz e sem meias palavras. Adorei  a autora do texto que se intitulava Professora de Ginástica Íntima. Que beleza! Afinal tudo era mesmo passível de malhação, inclusive a própria. Certamente, ela era detentora de uma Super VA GI NA. Uma razão a mais, para admirá-la, pasmar e babar desbragadamente..
Depois desse artigo, carimbei precocemente o meu passaporte para a terceira idade. Estou ficando caduco. O que haveria de fazer, eu que não tenho mais o viço e o verdor da juventude, diante de uma Super Vagina? Chega a ser assustador.
A professora de ginástica heterodoxa dava quinze conselhos para turbinar o mecanismo. Usar espelho para poder vê-la, trocar de calcinhas, (evitar calcinhas muito usadas), trabalhar a elasticidade com um bom vibrador, fazer com que os homens  conhecessem a vagina em todas as suas minúcias e idiossincracias, encontrar logo o ponto G, masturbar-se com alguma frequência, trabalhar os músculos pubococcígeos e circinvaginais para manter a libido em alta. Falava em feromônios e dizia também que a vulva única, é como uma impressão digital (neste ponto, pensei besteira, pensei em substituir a velha e surrada biometria pela vulvometria, desculpem. Foi sem querer.) Falava em lubrificação, em aparência, em beleza vaginal, nos multiorgasmos, enfim, li até ficar quase tonto. Parecia uma operação de guerra para se chegar à Super Vagina.
Apesar do choque que tive com a leitura da Super Vagina, acho que já está mais do que na hora de popularizar a super vagina. Há séculos que falam no super pênis e passam a vida inteira ocupados em espetaculizar o pinto, por que não promover também o show da perereca?
Atualmente não basta mais ter um reles orgão sexual. Isso é muito pouco. Temos que turbinar, bombar, aumentar, anabolizar tudo o que temos. Vivemos um período de "déjà vu." Todo mundo exala um fastio bocejante de tudo. Está todo mundo de saco cheio. São poucas as coisas que comovem verdadeiramente. Sobra tédio e repugnância pelo que já somos. Nada parece ter mais graça. Fabricam-se novidades para manter um certo nível de entusiasmo e evitar a famigerada depressão. Tudo tem que ser Super e Mega, com certeza, para disfarçar a pequenez das almas perdidas e inseguras.
O simples, o prosaico, o comum é repudiado e excluído. Cá pra nós, que ninguém nos leia. Então, não basta ter uma vagina? Não chega? Tem que ser Super? Para que serve tanto malabarismo? Se pelo menos as pessoas conseguissem ser felizes com os seus super pênis e suas super vaginas! Mas nem isso!
O que está acontecendo, hein?!

sábado, 6 de dezembro de 2014

OS SUPLÍCIOS DO AMOR ROMÂNTICO

Se você estiver apaixonado(a), por favor não leia este texto. Você ainda não está em juízo perfeito para ler textos deste gênero. Espere um pouco. O efeito dessa droga também vai passar. Eu garanto.
 A ANTOLOGIA POÉTICA DO TESÃO
Quem já se desintoxicou dessa droga perigosa chamada amor romântico, vai poder entender o que eu vou dizer. Quem ainda está viciadão nessa maconha emocional, não vai entender nada. Eu não me preocupo. Estou acostumado a não ser entendido. Aliás, não ser compreendido é o meu verdadeiro ofício.
Será que o encantamento ou estado hipnótico recíproco provocado pela química dos hormônios é razão suficiente para que dois seres vivam juntos? Será que o complexo impulso sexual pode ser chamado de amor? Amor? O que mais se observa é competição e disputa para ver quem consegue tirar mais do outro. Os verbos que mais caracterizam o amor romântico são: usufruir, subtrair, esconder, chantagear, mentir, trapacear, aproveitar, beneficiar-se e trepar. O último verbo é geralmente usado para apagar todos os ressentimentos e toda a raiva acumulada. É uma contenda inglória de dominadores e dominados.
O que se observa, salvaguardadas as exceções de praxe, é uma guerra emocional nojenta com todos os ingredientes da guerra suja que inclui principalmente por parte da mulher toda a sorte de estratégias sexuais. As mulheres são hábeis negociadoras genitais. Apesar de algumas evidências em contrário, a vagina continua superfaturada e o pênis, reles legume enrugado de fim de feira.
A química hormonal associada a vícios culturais herdados por homens e mulheres ao longo de séculos promovem essa coisa tediosa que é o amor romântico. Quanta literatura, quanta música, quanta pseudo-arte monocórdia já se rendeu a essa falácia impropriamente chamada de amor. E virou epidemia. Tudo responde pelo nome de amor. Tudo é amor, quando na verdade tudo é apenas tesão. Sugiro a consulta regular do dicionário no sentido de se achar as palavras adequadas para o que eu chamo agora de "tesão florido." Quantos jardins já foram plantados na genitália dos, ia dizer amantes, mas a expressão certa é "dos sequestrados pelo tesão."
Poderíamos respeitar um pouco mais o amor. Não coloquemos esse sentimento raríssimo da espécie em lugares tão inadequados. O amor não cabe nas partes baixas.
Só se fala em amor romântico quando há sexo. Conclui-se que é um fenômeno estreitamente ligado  à atividade sexual. Por consequinte, amor é uma palavra muito impertinente neste contexto.
Reivindico mais objetividade, clareza e maturidade ao abordar a questão sexual humana. Abomino  as derivações alucinadas do instinto sexual a que são submetidas as pessoas pois isto traz muito conflito e sofrimento inútil. E nem vou me aprofundar nas canções fastidiosas, grandes causadoras de estafa mental  e na miríade de filmes temperados na mais pura babaquice que têm o amor romântico como único tema. E basta.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

INFANTILIZAR PARA DOMINAR

Na sociedade perduram as histórias da carochinha.  Jesus te ama, a vida é bela, o bem sempre vence, Deus está vendo, só o amor constrói, sempre vale a pena, etc, etc. Coisas deste naipe, mergulham certas criaturas numa produção em série de esperanças absolutamente vãs. E esses contos de fadas são tão importantes que as pessoas são capazes de se matar para tentar assegurar de alguma forma a veracidade dessas falácias. Um banho de realidade levaria essas pessoas covardes ao suicídio. É melhor, não. Matenhamo-nas assim na mais preguiçosa alienação.
Com a onda insana do politicamente correto, as coisas pioraram. As palavras usadas pelos malucos do Politicamente Correto, supõem que todo mundo tem no máximo 5 anos de idade. Até parece que não estamos neste planetinha há várias décadas e que não sabemos como a banda toca por estas plagas.
Subestimam a nossa prodigiosa inteligência e tentam e conseguem por vezes, manipular os adoradores de Papai Noel.
Tudo vai bem menos os nossos ânus. Com esses discursos eufemísticos quem sofre o nosso cu. Quanto mais eufemismos mais o reto padece.
Insistem em fazer publicidade de um mundo que não existe mais ou que nunca existiu. Querem nos convencer a qualquer custo que a vida é uma grande dádiva e que viver é um privilégio único. Eu entendo a estratégia. Se não fosse assim, sem essa propaganda massiva e oficial do Sistema gritando e berrando as vantagens do existir, essa merda toda acabava. Mantendo o pessoal com crenças de primeira dentição, não há questionamentos e a dominação esfacela como dentes de leoa. O curioso é que apesar desta insuportável propaganda, esta merda vai acabar mesmo. Não só para os que morrem. Um dia esta bola desrespeitada e maltratada vai explodir e vai ser um espanto atrasado e autista pra todo o lado.
Os bons meninos e as boas meninas não ganham nada com as suas posturas exemplares. Eu já cansei há muitas décadas de ser bonzinho e de me foder. Felizmente ainda não consegui me juntar aos vários bandos podres que empesteiam a galáxia.
Conto com os avanços da ciência para que me avisem com uma hora de antecedência pelo menos  que vai tudo pelos ares. Vou gozar olhando para os cornos dos otimistas tolos e alegres e pedir desculpas sinceras a todos os gênios desprezados e aviltados pelo planetinha dos chimpanzés monoteístas.
Entschuldigung, Mozart.
Será um prazer inefável comemorar com Moët & Chandon o fim de um caso perdido.