Na realidade, esta expressão "multidão de solitários" é uma expressão de Zygmunt Bauman. Estou sempre em contato com essa multidão no meu cotidiano. Observo centenas de pessoas debruçadas sobre os seus celulares se relacionando de forma bizarra com outras pessoas que estão igualmente sós. Há até os que sofrem de um Transtorno Pós-Moderno muito recente chamado FOMO (Fear of Missing Out) ou seja "o medo de perder alguma coisa importante", por isso estão SEMPRE conectados. Um vício tão nefasto quanto qualquer outro. Para quem é gregário, as agruras da solidão só cessam quando há um vínculo afetivo compromissado. Ora, compromisso é tudo o que se evita na "modernidade líquida".
A solidão em casos mais raros, também não existe como dor existencial para quem se elegeu e seleciona com muito critério aquilo que chamam de outros.
O pior é se perder no próprio umbigo. Todavia, para quem não teve um encontro com Jesus Cristo, mas teve um encontro real consigo próprio, o umbigo é um ótimo itinerário. A premissa básica do encontro pessoal é começar de si próprio e não dos outros. Quase todo mundo faz o percurso incorreto; procura bem estar fora de si. Voltados para o exterior, produz-se muita adrenalina e por acaso a adrenalina não é o hormônio da felicidade. Leia o artigo abaixo. Muito interessante.
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A solidão em casos mais raros, também não existe como dor existencial para quem se elegeu e seleciona com muito critério aquilo que chamam de outros.
O pior é se perder no próprio umbigo. Todavia, para quem não teve um encontro com Jesus Cristo, mas teve um encontro real consigo próprio, o umbigo é um ótimo itinerário. A premissa básica do encontro pessoal é começar de si próprio e não dos outros. Quase todo mundo faz o percurso incorreto; procura bem estar fora de si. Voltados para o exterior, produz-se muita adrenalina e por acaso a adrenalina não é o hormônio da felicidade. Leia o artigo abaixo. Muito interessante.
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Comportamento - Multidão
de solitários
Um milhão de jovens japoneses
vivem trancados em seu quarto
Ariel Kostman
vivem trancados em seu quarto
Ariel Kostman
Para
os jovens que moram com a família, o quarto costuma ser uma extensão
da personalidade, o "esconderijo" que lhes permite ficar horas isolados, falando
ao telefone, ouvindo música, vendo TV, surfando na internet ou simplesmente
sonhando. No Japão, esse hábito tão comum produziu uma variante
perversa – um contingente que permanece recluso no casulo doméstico
não apenas por algumas horas, mas por meses e até anos a fio. Estima-se
que mais de 1 milhão de japoneses entre 16 e 30 anos, 80% deles do sexo
masculino, vivam nessa situação, já classificada como doença
pela literatura médica japonesa. Eles são chamados de hikikomori,
palavra que significa "recluso" ou "isolado da sociedade".
Sustentados pelos pais, os hikikomoris dormem a maior parte do dia e ficam acordados
à noite para evitar contato com as outras pessoas da casa. Passam o tempo
vendo TV, jogando games ou navegando na internet. Aproveitam a madrugada para
rápidas visitas a lojas de conveniência para comprar comida e revistas.
O contato social quase sempre se resume a relacionamentos virtuais com pessoas
que não conhecem. É fato que alguns sofrem de doenças como
depressão e esquizofrenia, mas a grande maioria não demonstra sinais
de desordem psíquica ou neurológica. Eles simplesmente querem se
isolar do mundo.
Na opinião de psiquiatras japoneses, esses eremitas modernos são
vítimas dos próprios costumes do país. No Japão, os
jovens sofrem imensa pressão para obter sucesso nos estudos e para se moldar
às normas no trabalho e na sociedade. Os hikikomoris são aqueles
que não agüentam a pressão e preferem retirar-se da comunidade
a competir com os outros. Como expressar os sentimentos é um comportamento
malvisto entre os japoneses, eles também preferem guardar para si suas
angústias. Aos olhos de um brasileiro causa espanto o fato de os pais desses
jovens compactuarem com eles no isolamento. Mais uma vez, pesam aí os costumes.
Numa sociedade que prega a homogeneidade, os pais acham melhor esconder os filhos
em casa do que expor publicamente sua incapacidade de adaptação.
"Se você
tem um filho que destoa da média, isso é motivo de grande vergonha",
diz a psicóloga japonesa Kyoko Nakagawa. "Por isso, os pais preferem ocultar
o problema e não tomar nenhuma atitude para não se sentir humilhados."
Por enquanto, a tarefa de ajudar os solitários tem sido realizada por redes
de voluntários, muitos deles pais de hikikomoris. Para o psiquiatra japonês
Tamaki Saito, é preciso mais do que isso para solucionar a epidemia de
reclusão social. "Uma sociedade que abandona os fracos e só valoriza
os fortes não é uma sociedade de verdade.
Fonte:Veja online