
A vigilância que esses mecanismos promovem é avassaladora. A ingerência de todas essas plataformas eletrônicas na vida das pessoas chega a me causar indignação. E o pior que não sabemos quem nos controla. Os controladores não dão as caras e não se consegue falar com eles diretamente.
Esta crítica é também uma autocrítica, visto que eu participo das redes sociais e sirvo-me delas para me exprimir sempre com medo de ser censurado, bloqueado e até mesmo proibido.
Abdicamos do precioso direito ao anonimato para sermos conhecidos? Conhecidos para quê? Queremos ser famosos por alguns segundos. Para que serve exatamente essa celebridade meteórica? O anseio por fama e reconhecimento não passa de mera exposição gratuita e sem sentido. Não seria melhor preservarmos a nossa boa e sagrada privacidade?
Junte-se a este estado de coisas, o fichamento em prédios públicos e a miríade de câmeras que nos vigiam todos os dias. Pedem-nos para sorrir para disfarçar o que realmente está sendo feito: espionar, controlar, supervisionar e fiscalizar. É impossível sorrir nestas circunstâncias. Também dizem que as câmeras existem para a nossa segurança. Por acaso, os bandidos deixaram de agir intimidados pelas câmeras?
Não satisfeitos em nos ficharmos alegremente nas redes sociais, ainda estamos sujeitos a todas as formas de denuncismo barato, característica de todos os regimes de exceção, vide nazismo, fascismo, stalinismo, etc. O controle sistemático do Estado e do Grupo sobre o indivíduo, é sempre muito mais eficaz quando existe o mundo inteiro disposto a nos delatar.
Redes sociais, câmeras por todos os lados, apreensão, medo e denúncias de todos os tipos que na maioria dos casos não passam de calúnia e difamação, este é o estado do mundo em outubro de 2017.
P.S. - Em 1947/1948, George Orwell já pressentia tudo isto, Aldous Huxley, anos mais tarde confirmou a suspeita que agora é pura realidade.