.

.

.

.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

DOENÇAS PSICOLÓGICAS BIZARRAS

15. SÍNDROME DA REDUÇÃO GENITAL
Também conhecido como koro, esse distúrbio mental deixa a pessoa convencida de que seus genitais estão desaparecendo. A maioria dos casos até hoje foi relatada em países da Ásia ou da África, e em muitos deles a síndrome parece ter sido contagiosa! Um dos episódios mais estranhos ocorreu em Cingapura, em 1967, quando o serviço de saúde local registrou centenas de casos de homens que acreditavam que seu pênis estava sumindo. Um único caso da síndrome da redução genital foi registrado até hoje no Brasil, no Instituto de Psiquiatria da USP. Convencido de que seu pênis estava sumindo, o doente tentou se matar com duas facadas no abdômen!
14. SÍNDROME DE ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS
Doença que provoca distorções na percepção visual da vítima, fazendo com que alguns objetos próximos pareçam desproporcionalmente minúsculos. O distúrbio foi descrito pela primeira vez em 1955, pelo psiquiatra inglês John Todd, que o batizou em homenagem ao livro de Lewis Carroll. Na obra, a protagonista Alice enxerga coisas desproporcionais, como se estivesse numa “viagem” provocada por LSD. As vítimas da síndrome também vêem distorções no próprio corpo, acreditando que parte dele está mudando de forma ou de tamanho.
13. PICA
Esse nome também estranho não tem nada de pornográfico: pica é uma palavra latina derivada de pêga, um tipo de pombo que come qualquer coisa. E a pica a síndrome, é claro… faz exatamente isso: a pessoa sente um apetite compulsivo por coisas não comestíveis, como barro, pedras, tocos de cigarros, tinta, cabelo… O problema atinge mais grávidas e crianças. Após comerem muita porcaria involuntariamente, os glutões ficam com pedras calcificadas no estômago.Em 2004, médicos franceses atenderam um senhor de 62 anos que devorava moedas. Apesar dos esforços, ele morreu. Com cerca de 600 dólares no estômago…
12. MALDIÇÃO DE ONDINA
O nome bizarro é uma referência a Ondina, ninfa das águas na mitologia pagã européia. A doença, mais estranha ainda, faz com que as vítimas percam o controle da respiração. Se não ficar atento, o sujeito simplesmente esquece de respirar e acaba sufocado! A síndrome foi descoberta há 30 anos e já existem cerca de 400 casos no mundo. Pesquisadores do hospital Enfants Malades, de Paris, acreditam que a doença esteja relacionada com um gene chamado THOX2B. O sistema nervoso central se descuida da respiração durante o sono e o doente precisa dormir com um ventilador no rosto para não ficar sem ar!
11. SÍNDROME DE CAPGRAS
A Síndrome de Capgras (ou Delírio de Capgras) é um raro distúrbio no qual uma pessoa sofre de uma crença ilusória de que um conhecido, normalmente um cônjuge ou outro membro familiar próximo, foi substituído por um impostor idêntico. A síndrome de Capgras é classificada numa categoria de crenças ilusórias envolvendo erros de identificação a respeito de pessoas, lugares ou objetos. Pode ocorrer de forma aguda, passageira ou grave.
A ilusão é mais comum em pacientes com diagnóstico de esquizofrenia, embora possa ocorrer em variadas condições, como dano cerebral e demência.[1] Embora seja comumente chamada de síndrome por poder ocorrer com ou paralelamente a várias outras desordens e doenças, alguns pesquisadores argumentam que deveria ser considerada mais um sintoma de algo do que uma síndrome em si mesma.
10 TOC: TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO
Quem não tem a sua mania? O TOC atinge boa parte da população, entretanto em um nível moderado onde as manias não passam a interferir significativamente na vida das pessoas. Mas, o que é o TOC?
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) consiste na combinação de obsessões (pensamentos recorrentes e insistentes que se caracterizam por serem desagradáveis, repulsivos ou contrários à índole do paciente) e compulsões (comportamentos estereotipados, repetitivos, desagradáveis e inúteis).No Transtorno Obsessivo- Compulsivo as obsessões vêm acompanhadas de compulsões, pois as pessoas com TOC tentam afastar suas obsessões pondo em prática algumas compulsões, como por exemplo:
Lavar as mãos constantemente, a ponto de torná-las avermelhadas e inflamadas;
Verificar incessantemente se desligou o fogão ou o ferro, devido a um temor excessivo de incendiar a casa;
Contar certos objetos sem parar, por uma obsessão de vir a perdê-los.
Uma vez que sabe do absurdo ou exagero de seus comportamentos os pacientes podem tentar evitar os pensamentos intrusivos e as compulsões, o que causa uma tensão insuportável, motivo pelo qual acabam cedendo às compulsões.
Os sintomas do TOC provocam angústia, consomem tempo e podem interferir de maneira significativa no trabalho, na vida social e nos relacionamento pessoais do portador. Como não sabem o que está acontecendo, muitos temem estar enlouquecendo, sentem vergonha e por isso são discretos com relação aos seus sintomas obsessivos e compulsivos, preferindo ocultá-los a procurar ajuda especializada.
Existem diversos relatos de pessoas com essa doença na internet. Boa parte das pessoas tem vergonha de falar sobre esse transtorno e por isso a doença alcança o estágio avançado, como no caso da senhora que não dormia porque tinha que olhar embaixo dos móveis e atrás das portas ou do homem que se jogou do segundo andar do prédio porque tinha medo dos possíveis micróbios na fechadura da porta o que o impedia de sair de seu apartamento. Outro caso interessante foi o do sujeito conhecido como “Homem Lixo”, que tinha a mania de recolher todo o lixo que encontrava em seu caminho e levar para seu apartamento: depois de 2 anos, os moradores do prédio não agüentavam mais o “odor agradável” saindo do residência do individuo e conseguiram um mandato para invadir a mesma. Encontraram uma montanha de lixo por todas as repartições da casa e segundo os laudos da polícia, já fazia dois anos que o sujeito recolhia o lixo e trazia para seu lar.
9. Paramnésia Reduplicativa
A paramnésia reduplicativa é a crença de que um local foi duplicado, existindo simultaneamente em dois ou mais lugares, ou que foi movido para algum outro lugar. Por exemplo, uma pessoa pode não acreditar que está no hospital no qual foi internada, mas sim em um outro hospital, idêntico ao primeiro, mas localizado em outro lugar do país.
8. Síndrome da Explosão na Cabeça
Quem sofre da Síndrome da Explosão na Cabeça leva sustos avassaladores com ruídos que ninguém mais ouve. A Síndrome da Explosão na Cabeça geralmente é causada por estresse ou fadiga.
A pessoa, sem mais nem menos, passa a ouvir explosões que só ela escuta porque as explosões em questão só acontecem dentro da cabeça delas. Não existe dor no processo, mas que dá medo, dá.
Principalmente porque as crises têm a tendência a começar depois da segunda ou terceira hora de sono.
Imagina você acordar com a explosão de uma bomba que estourou só na sua cabeça?
7. Síndrome de Cotard
Quem sofre dessa doença tem o hábito de achar que é um morto-vivo. As pessoas que sofrem da síndrome do cadáver ambulante tem a peculiaridade de acharem que estão mortas. Eles também têm o hábito de achar que estão apodrecendo, acham que todo mau cheiro do mundo vem deles e que partes de seu corpo – internas ou externas – se perderam. Tirando isso, são gente boa. Claro: nas ocasiões em que eles admitem que existem, porque, na maioria das vezes, eles pensam que não existem não.
É conhecida como Síndrome de Cotard por causa de Jules Cotard, o neurologista francês esta é uma síndrome que é resultante de dano cerebral ou de distúrbio mental.
6. Síndrome da Excitação Sexual Persistente
Recentemente reconhecida como tal pela literatura médica, a Síndrome da Excitação Sexual Persistente é justamente isso: uma excitação que não acaba mais e que não tem absolutamente nada a ver com desejo sexual. Foi documentada em 2001 pela médica norte-americana Sandra Leiblum.
Como se não bastasse ela ser uma síndrome raríssima, as pessoas que sofrem com esse problema raramente procuram ajuda. Há dois anos, uma inglesa chamada Sarah Carmen, de 24 anos, declarou publicamente sofrer da Síndrome da Excitação Sexual Permamente e saiu em todos os jornais do mundo – ela diz ter 200 orgasmos por dia e que isso é chato.
Ela não pode beber, não pode ir a lugar onde toque música alta e, durante a entrevista que deu ao jornal News Of The World, ela diz ter tido oito orgasmos.
5. Sindrome da Mão alienígena
Por causa do filme de Stanley Kubrick, estrelado por Petter Sellers, esta síndrome também é conhecida como Síndrome do Doutor Strangelove. Parece brincadeira, mas a pessoa que sofre dessa desordem neurológica pode, do nada, começar um quebra pau contra uma de suas mãos. A coisa chega em um nível tão inacreditável que a tal mão alienígena pode, inclusive, tentar estrangular o seu dono. Ela pode ser causada por um derrame, por aneurisma ou trauma. Seus sintomas podem ser combatidos,mas o distúrbio, em si, não tem cura.
4. Delírio de Fregoli
A síndrome caracteriza-se como uma condição na qual a pessoa acredita que um ou mais pessoas que lhe são familiares (conhecidas), usualmente perseguidores, repetidamente modificam sua aparência e passam a ocupar outros postos, por exemplo: de médico, carteiro, vendedor, etc. Portanto, para o portador da síndrome justificando como é possível ao seu perseguidor estar nos diversos ambientes dele, disfarçado.
É claramente uma idéia delirante de perseguição. Portanto espera-se encontrá-la em pessoas que estejam psicóticas: transtorno delirante persistente e principalmente esquizofrenias.
A síndrome recebeu este nome em homenagem ao ator italiano Leopoldo Fregoli, (1867-1936) capaz de em suas apresentações encenar desde um monólogo até uma ópera, sendo ele o único ator e cantor do espetáculo. Deu origem ao transformismo no teatro, tamanha a sua habilidade para interpretar diversos personagens como ator e cantor.
É importante estabelecer um diagnóstico diferencial entre a Síndrome de Fregoli e a Intermetamorfose. Enquanto na primeira as pessoas modificariam apenas sua aparência física, seria um disfarce externo, na Intermetamorfose a transformação seria completa, isto é, também interna, transformando a personalidade também.
3. Prosopagnosia
Prosopagnosia é uma deficiência da percepção que afeta o sistema nervoso. Basicamente, as pessoas que sofrem com esse problema têm dificuldade em reconhecer os rostos de pessoas ao seu redor – já que essa tarefa seria responsabilidade de uma área específica do cérebro que, nos doentes, estaria danificada.
A doença foi estudada no século XVIII por vários cientistas, e o termo prosopagnosia foi criado em 1947 pelo neurologista alemão Joachim Bodamer. É a junção das palavras gregas prosopon (que significa lado) e agnosia (que significa conhecimento). Desde aquela época centenas de casos foram reportados.
Pessoas que sofrem com essa doença normalmente têm dificuldade em
reconhecer outros, mesmo que os tenham encontrado várias vezes. A maioria dos casos acontece depois de um trauma na cabeça, derrames ou doenças degenerativas.
“O homem que confundiu sua esposa com um chapéu” é o nome de um livro sobre a prosopagnosia escrito pelo neurologista Oliver Sacks. O caso mais trágico retratado no livro é sobre um músico que não sabia que possuía esse defeito. Ele realmente confundiu sua esposa com um chapéu e tentou colocá-la na cabeça (como, só é possível imaginar).
Também conhecida como cegueira facial, a prosopagnosia é, normalmente, acompanhada de outros tipos de dificuldade de reconhecimento (plantas, carros, expressões faciais e emoções). A doença pode criar vários problemas sociais e, em casos mais extremos, os pacientes têm dificuldades até para reconhecer a própria imagem em um espelho.
2. Sindrome de Korsakov
A síndrome de Korsakov (ou Korsakoff) é uma neuropatologia associada à carência de Vitamina B1 (tiamina), traumas cranianos,encefalite herpética, intoxicação pelo monóxido de carbono e indiretamente mas muito comumente ao alcoolismo agudo, pois o álcoolprejudica a capacidade do organismo de absorver a Vitamina B1. Essa vitamina está associada à transformação do ácido pirúvico, que por sua vez realiza transformações bioquímicas de proteínas, gorduras e especialmente hidratos de carbono, sendo que em sua ausência as células nervosas são as mais afetadas.
Os sintomas da Síndrome de Korsakov são a amnésia anterógrada, amnésia retrógrada e muito comumente a confabulação e uma desorientação temporoespacial. Acompanham esses sintomas uma severa apatia e desinteresse por parte do doente, que muitas vezes não é capaz de ter consciência de sua condição.
A amnésia anterógrada está relacionada com o comprometimento da memória de curto prazo, ou seja, o doente se torna incapaz de formar novas memórias a partir do momento em que desenvolve a doença, e a amnésia retrógrada está relacionada à memória de longo prazo, assim o doente perde grande parte da memória que havia se formado antes da doença. É baseado nessa severa condição que o neurologista Oliver Sacks (em “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu”) relaciona a síndrome de Korsakov à perda da identidade, pois vítima de uma amnésia retro-anterógrada o doente perde por inteiro sua linha biográfica, sua história, e permanece incapaz de construir outra, sendo obrigado a viver como uma pessoa sem história de vida. Essa linha seria fundamental para a formação do senso de identidade na consciência.
Como conseqüência desse severo quadro é que ocorre a confabulação, que seria uma tentativa do doente de preencher suas lacunas mnemônicas com imaginações e ficções aparentemente verossímeis, nas quais ele próprio poderia acreditar. Outra conseqüência seria a desorientação temporoespacial, claramente causada pela incapacidade da pessoa de marcar sua existência no tempo.
Há casos avançado, porém raros , onde o comportamento dessa doença se assemelha a doença fictícia “Sindrome de Goldfield” que é base do filme estrelado por Adam Sandler e Drew Barrymore, “Como se fosse a primeira vez”.
1. Coprolalia
Coprolalia é a tendência involuntária de proferir palavras obscenas ou fazer comentários geralmente considerados socialmente depreciativos e, portanto, inadequados. Coprolalia pode fazer referência a excremento, genitais ou atos sexuais.
Coprolalia é uma característica rara de pessoas afetadas pela síndrome de Tourette e pela síndrome de Lesch-Nyhan. Coprolalia é um termo emprestado do idioma grego (ou κόπρος) que significa “fezes” (dejetos fecais) e λαλία, que significa “tagarelas, conversa sem sentido”. Coprolalia comporta todas as palavras e frases que são consideradas tabus sociais ou que são tidas como inaceitáveis fora de certos contextos. O termo coprolalia não é utilizado para descrever xingamentos contextualizados. Coprolalia geralmente é expressada fora de contexto social e emocional. A cadência, o tom e o nível da voz podem ser mais diferentes do que ocorre normalmente na pessoa afetada por essa condição.
A verbalização de palavras tidas por obscenas em grande maioria dos casos tem que ver com o contexto psìquicoemocional a que o indivíduo acometido pelo distúrbio possa estar inserido.
Em certos casos a pessoa com coprolalia consegue repetir as palavras características de sua condição em sua mente. No entanto, essas subvocalizações podem ser extremamente angustiantes.

O AMOR JÁ TEM CURA

O Amor pode ter cura 

Cientistas propõem o uso de remédios e de outras intervenções para acabar com o sentimento quando ele traz mais sofrimento do que alegria

Cilene Pereira (cilene@istoe.com.br)

É difícil encontrar alguém que nunca sofreu por amor. E que no auge de sua dor não tenha imaginado como seria ótimo se existisse uma pílula, algo que pudesse ser comprado logo ali, na farmácia, para acabar com o sofrimento. Na opinião de um respeitado time de cientistas, esses remédios existem. Alguns já estão disponíveis, outros em estudo. Juntos, eles formam um arsenal capaz de curar amor – e devem começar a ser usados sempre que necessário. A proposta está sendo feita por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, uma das mais renomadas do mundo. Por seu teor polêmico, a proposição iniciou um grande debate entre os cientistas sobre a oportunidade de se recorrer a recursos para encerrar um amor – seria mesmo adequado tratar o sentimento como se lida com uma gripe, uma gastrite? – e as consequências éticas que podem advir do uso do que os estudiosos ingleses estão chamando de biotecnologia antiamor.
01.jpg
No olhar do grupo de Oxford, porém, trata-se de lidar com o tema sob uma perspectiva diferente da convencional. Existe o amor de Platão, de Shakespeare. Fala-se aqui do ideal, do sentimento arrebatador, que nasce sem muita explicação e gera histórias inesquecíveis. E existe o amor entendido pela ciência. Nesse caso, não há espaço para romantismo. A emoção seria produto de respostas fisiológicas desencadeadas no cérebro a partir de um estímulo. Sua geração faria parte do arcabouço de emoções que a espécie humana desenvolveu ao longo de sua evolução com o objetivo de garantir sua sobrevivência. O medo, por exemplo, nos ajudou a ter reações de fuga diante de predadores. O amor, por sua vez, foi o sentimento que garantiu a continuidade da reprodução da espécie. E hoje, defendem os cientistas, é possível interferir nas etapas desse processo com a finalidade de interrompê-lo. “A neurociência está nos apresentando um entendimento novo do amor”, disse à ISTOÉ o pesquisador Brian Earp, de Oxford, coordenador do grupo que estuda os tratamentos para o sentimento. “Portanto, se pensarmos que ele é algo que emerge da química cerebral, começa a fazer sentido falar em cura.”
AMOR-06-IE-2315.jpg
SEM LIGAÇÃO
Em suas pesquisas com cobaias, Young conseguiu impedir a criação de laço afetivo
O consenso científico sobre o amor é o de que ele é dividido em três fases. A primeira é chamada de luxúria e caracteriza-se pelo desejo sexual. A segunda é a atração. As duas fases formam a paixão. Elas são associadas aos hormônios estrogênio e testosterona – responsáveis, respectivamente, pelas características femininas e masculinas. Também há o foco no objeto da paixão, podendo ocorrer inclusive pensamentos obsessivos a seu respeito. “Os apaixonados e os pacientes que sofrem de Transtorno Obsessivo Compulsivo dividem um mesmo tipo de pensamento. Os primeiros são focados nos parceiros, e os segundos, em suas obsessões”, disse à ISTOÉ a pesquisadora italiana Donatella Marazziti, da Universidade de Piza, na Itália. Ela é autora de um trabalho exemplar sobre esse aspecto. Primeiro, Donatella selecionou 20 voluntários em pleno estado da paixão e 20 portadores do transtorno. Ela quantificou nos dois grupos a concentração de uma proteína envolvida no transporte da serotonina, substância cerebral relacionada à regulação do humor. Tanto apaixonados quanto pacientes tinham baixa quantidade da proteína, o que significa que havia pouca disposição de serotonina. Um ano depois, seu nível já havia subido entre os amantes. E eles não manifestavam mais obsessão pelo parceiro.
AMOR-05-IE-2315.jpg
CAUTELA
Marchant, da Universidade do Arizona, teme o uso abusivo das drogas antiamor
As estruturas cerebrais acionadas nessas duas fases são as que compõem o sistema de recompensa. Ele é ativado quando se vive algo que dá prazer. Ao entrar em ação, há a liberação de dopamina. O composto é a base química que está por trás da alegria que sentimos quando desfrutamos de uma situação prazerosa. Esse sistema é o mesmo acionado nos casos de dependência, como a de drogas ou de álcool. No caso do amor, a recompensa é o prazer proporcionado pelo parceiro. É por essa razão que há o entendimento de que o amor pode se tornar um vício. “Há teorias sobre adição que sugerem que qualquer substância, comportamento ou relacionamento que apresente potencial de recompensa pode desencadear dependência”, diz Earp.
03.jpg
No artigo que publicaram sobre o tema na revista científica “The American Journal of Bioethics”, os pesquisadores ingleses elencaram várias categorias de remédios que poderiam ser usadas para interromper a evolução da paixão. Os antidepressivos, por exemplo, reequilibram as concentrações de serotonina, reduzem pensamentos obsessivos, interferem na liberação de dopamina – portanto, haveria menos euforia diante do amado – e têm entre seus efeitos colaterais a queda da libido. Outras opções seriam as medicações que impedem a ação da testosterona, provocando diminuição do desejo. Apontam também a naltrexona, usada para tratar a dependência de opioides (receitados contra a dor) e contra o alcoolismo.
02.jpg
A terceira etapa do amor é a do vínculo. Trata-se aqui do sentimento a longo prazo, sem o impulso da paixão, marcado por sensação de segurança e de proteção ao parceiro. Nessa fase, agem duas substâncias: a ocitocina e a vasopressina. A primeira é um hormônio envolvido na formação de laços afetivos e de fidelidade. “Ele é liberado quando há contato íntimo, um toque carinhoso”, explicou à ISTOÉ o americano Larry Young, diretor da Divisão de Neurociência Comportamental do Centro de Pesquisa Yerkes, da Emory University (Eua). Já a vasopressina atua na formação de vínculos nos cérebros masculinos. “Em outras espécies, ela é responsável por um comportamento associado à proteção de território”, disse Young. “Mas em espécies monogâmicas está relacionada a vínculo, provavelmente porque o cérebro masculino considera a fêmea parte de seu território.” Nessa química, também opera uma molécula chamada CRF, que ajuda a manter a relação por longos períodos. “Quando os amantes estão separados, a CRF os faz ter sentimentos negativos, até depressão”, completou Young.
04.jpg
O americano é um dos mais proeminentes estudiosos da neurofisiologia do amor. Pesquisa o tema há 20 anos, usando como cobaias um tipo de ratazana cujo comportamento familiar se assemelha ao humano, mantendo longas relações com apenas um parceiro. Nas suas experiências, porém, ele provou que é possível manipular esse comportamento simplesmente agindo sobre as substâncias associadas ao vínculo. “Podemos bloquear qualquer um desses compostos e evitar que as cobaias construam laços ou se sintam mal quando um parceiro vai embora”, afirmou Young. Em um dos experimentos, ele usou um composto para impedir a ação da ocitocina nas fêmeas. Elas não criaram ligação com um parceiro e tornaram-se polígamas. “Teoricamente, drogas semelhantes poderão ser dadas às pessoas para manipular seu amor por seus companheiros”, disse o pesquisador.
O inglês Brian Earp, de Oxford, está otimista quanto à criação de mais recursos anti-amor. “Conforme o conhecimento do mecanismo cerebral por trás do sentimento se aprofundar, a tecnologia antiamor se tornará ainda mais poderosa”, acredita. Não se descarta, inclusive, a manipulação da memória por meio do emprego de técnicas adotadas hoje no tratamento de estresse pós-traumático. Nesse caso, o que se quer é apagar as lembranças ruins associadas ao evento que levou ao trauma. Um dos recursos é o uso do anti-hipertensivo propranolol. E mais opções estão em estudo, envolvendo treinamentos específicos e outras medicações. No caso do amor, os métodos seriam usados para fazê-lo desaparecer. “Pode-se imaginar terapia similar sendo usada para apagar a memória do amor”, afirmou a antropóloga Helen Fisher, da Rutgers University (Eua), também investigadora importante da área.
AMOR-03-IE-2315.jpg
MEMÓRIA
Estudiosa do amor no cérebro, Helen acha possível
apagar a lembrança do sentimento
Os pesquisadores defendem o uso de armas como essa para todos os casos nos quais a relação é claramente prejudicial e precisa ter um ponto final. “Imagine uma pessoa em um relacionamento violento. Ela sabe que precisa sair dessa situação, mas seu sentimento de vínculo é tão forte que não consegue”, disse Earp. “Se ela pudesse usar um remédio que possibilitasse uma separação emocional do parceiro, seria um uso possível.” O cientista cita outra circunstância. “Pense em alguém atraído por outra pessoa que não o seu parceiro, mas que quer continuar fiel”, exemplifica. “A tecnologia antiamor pode ajudá-lo a diminuir seus sentimentos de atração pelo outro.” Indivíduos com dificuldade para se recuperar de um rompimento e partir para outra experiência também se beneficiariam. Segundo Earp, em Israel já houve a adoção de uma das armas. Por determinação de rabinos, antidepressivos foram dados a jovens para aplacar sua libido de forma que ficasse mais fácil, no entendimento dos religiosos, seguir as normas da religião sobre o comportamento sexual.
A proposta de curar o amor desencadeou intensas reações na comunidade científica. Após a publicação do artigo do grupo inglês, pensadores de várias partes do mundo iniciaram um debate sobre as repercussões da proposta. A professora Kristina Gupta, da Universidade Georgetown (Eua), foi uma delas. Estudiosa da sexualidade humana, ela vê benefícios na aplicação de tecnologias para aplacar o sentimento. “Acho válido em alguns casos, como para alguém que quer terminar uma relação com um marido violento”, afirmou à ISTOÉ. “Mas é preciso se certificar de que os recursos não sejam usados para eliminar tipos de relacionamentos somente porque não são considerados aceitáveis pela sociedade. Um exemplo são as relações homossexuais”, completou.
05.jpg

quinta-feira, 3 de abril de 2014

A FRAGILIDADE E A ESTUPIDEZ DO INTERNAUTA

Punheteiras chinesas não existem
A seguinte notícia vem sendo veiculada com alguma insistência na Internet.

China regulamenta profissão de Punheteira e a classifica como grau de risco 4

Profissão: masturbação
Em algumas clínicas nos Estados Unidos, para coleta de material destinado a espermograma, eles dão aos pacientes umas revistas pornográficas. No Brasil é entregue um recipiente em uma sala isolada. Mas na China há um cargo profissional regulamentado exclusivamente para mulheres denominado Punheteira (coletora de esperma).
Benefícios
Os salários das Punheteiras são de R$3.700 (aqui já convertido em real). A classificação dessa função relativa à segurança no trabalho é Grau de Risco 4. Alguém pode estar se perguntando: que risco haveria em tal tarefa? Segundo a Norma Regulamentadora nº 32, na China, as funcionárias estão expostas a grandes riscos, podendo adquirir lesão por esforço repetitivo (LER).

A VERDADE SOBRE ESTA SACANAGEM

Profissionais colhendo sêmen de pacientes manualmente. A profissão intitulada Punheteira que é regulamentada na China? Será que é verdade ou mentira?

Profissão Punheteira - Verdade ou mentira?Profissão Punheteira - Verdade ou mentira?Profissão Punheteira - Verdade ou mentira?
No início deste ano o S1 Notícias, sites e vários outros veículos publicaram a história para lá de inusitada na China que há profissionais especializadas na coleta de sêmen. Na busca para obtermos autenticidade dos fatos encontramos menções a esse fato, com algumas imagens.
De acordo com a notícia, a profissional denominado Punheteira (coletora de sêmen) é uma profissão reconhecida na China com salário de cerca de R$ 3.700,00 mensais.
As fotos mostram algumas moças uniformizadas e usando luvas de látex para fazer o colhimento de material dos doadores através de masturbação.
Verdadeiro ou farsa?
A história é falsa!
O site chegou a uma conclusão; O história não surgiu só aqui no Brasil, mas também em diversos outros países, com pequenas modificações. Na versão em inglês, por exemplo, é citado até o nome de um hospital em Xangai onde estariam fazendo a coleta assistida.
O rumor foi tão forte que o banco de sêmen de Xangai teve que vir a público se pronunciar, avisando que tudo não passou de mais um boato da web.
Em entrevista ao China.org.cn, Li Jin – um funcionário do hospital Renji – afirmou que lá “no hospital” nunca houve enfermeiras para ajudar na coleta de esperma. E que isso é feito pelo próprio doador, sozinho em uma sala especial, “para proteger a privacidade do doador, não é permitido tirar fotos ou filmar no banco de esperma.”
De acordo com o China.org, o banco de sêmen de Xangai foi criado em 2003 e nos cinco anos de existência, havia ajudado cerca de 700 mulheres a engravidar.
As fotos
As imagens que acompanham a notícia falsa são trechos de um filme pornográfico produzido pela Soft On Demand, uma empresa japonesa de filmes. Sua divisão para filmes adultos, a SOD Create, faz e distribui filmes pornográficos desde 1999.
Conclusão
História falsa. Não existe a profissão Punheteira (coletora de sêmen) humano na China.
ESTE FATO EVIDENCIA VÁRIOS ASPECTOS E PROMOVE AS SEGUINTES REFLEXÕES: 

1- O quanto em pleno século vinte e um, depois de desmistificado o sexo, (sexo não é mais tabu) as pessoas ainda estão profundamente ligadas a qualquer referência alusiva ao assunto.

2- O caráter emburrecedor da Internet que altera consideravelmente os percursos sinápticos e faz com que as pessoas sejam incapazes de refletir. Pensar, todos pensam; refletir é para muitíssimo poucos.

3- Uma reflexão miserável desmentiria essa notícia ridícula. Num país que exporta gente para trabalhar na África, numa ditadura de proletariado onde as pessoas não têm direitos e tudo lhes é imposto, como o governo chinês se daria ao luxo de pagar um salário para extrair sêmen?

4- Como o esperma poderia ser coletado por enfermeiras se ele literalmente jorra? Muito inverossímel.

5- Num país onde  se pratica o controle da natalidade de forma sistemática e fascista, para que diabos serviriam os supostos bancos de esperma?

6- Como já afirmei em postagens anteriores, graças à riqueza e à diversidade pornográfica da internet, nunca na história deste planeta, se tocou tanta punheta e o seu correspondente feminino, a mítica e misteriosa siririca. Ao verem a palavra punheta, todos se sentiram atraídos e identificados com o que julgo tratar-se de uma excêntrica manifestação sexual.

7- Mea Culpa. Num primeiro momento, eu também caí na pegadinha dessa notícia esdrúxula. Esta é uma crítica com efusiva e entusiástica  autocrítica.

8- Eu poderia continuar enumerando, mas tenho que trabalhar amanhã porque infelizmente o regime é capitalista, cruel e desumano. Temos que dar um basta à punheta e revalorizar a phoda arcaica.

A TORTURA ELETRÔNICA

Não ecoam mais os gritos dos torturados da Idade Média. Já faz muito tempo. É inconcebível o que já se fez em nome de deus. Na época da Cruzadas corriam "rios de sangue" e isto não é uma metáfora.
A Igreja Católica continua fazendo merda. A Inquisição hoje chama-se Congregação para a Doutrina da Fé.
A Tortura só mudou os meios, mas nunca saiu de moda. Você com certeza absoluta, acha que eu sou uma hipérbole ambulante. Pois, não sou.
Vou provar que a Tortura continua na ordem do dia. Senão, faça o seguinte teste elementar: num mesmo dia, ligue para o Detran R.J. e escute 30 minutos de autopropaganda do tipo, "o Detran está sempre se reinventando para servir melhor", tudo mentira, depois no mesmo dia, tente cancelar o seu cartão de crédito, em seguida, ligue para 1746 e para finalizar este teste básico, rápido e frugal entre em contato com a Oi para consertar o seu velox.
Se você não tiver sido torturado mental e emocionalmente, eu faço haraquiri em sinal de penitência.
A crueldade e a tortura são as maiores especialidades do ser humano. Passe em revista a sua existência com honestidade e coragem de ver e renda-se às evidências.
Hoje, somos torturados eletronicamente todos os dias. A tortura eletrônica já faz parte dos nossos hábitos. Quase tudo o que é feito para nos servir não funciona. Nada funciona e quem detém o poder nos mais diversos setores tripudia da nossa santa paciência e da nossa dignidade. Depois ainda falam em vandalismo. Os Vândalos estão no poder, aqui e em qualquer parte do planeta. Quem não é vândalo, nem se habilita a exercer determinados cargos. Malgrado as obviedades em contrário, muitos ainda insistem em acreditar nesta espécie fracassada.
Mas afinal, o que funciona no Brasil? Parece que nada funciona. Os serviços públicos e privados são muito piores que uma calamidade. Entretanto, há coisas que funcionam muito bem no Brasil e no mundo. Quando se tratar de tirar o dinheiro do teu bolso para pagar essa coisa infeliz e inútil para os tributados (contribuinte é o cacete!) chamada imposto, tudo funciona às mil maravilhas. Por acaso, você conhece alguma instituição mais eficaz e refinadamente sádica que a receita federal. Deixa de colocar os centavos exatos para ver o que te acontece! És apanhado como um animal vadio na conhecidíssima "malha fina". Quando é para nos enrabar, funciona tudo muito bem. Quando é para nos prejudicar há muita competência. Quando é para ferrar o cidadão há alta tecnologia impecável.
Se você ainda acha que eu exagero. Posso te dar mais um teste simples para fazer. Faz o seguinte: deixa de pagar a tua conta de luz por uma semana. Vai dar até Serasa na tua porta. É foda, véio!

quarta-feira, 2 de abril de 2014

A TRICENTÉSIMA POSTAGEM

Mais de 100 mil Visualizações em Um ano e Dois Meses com Texto Autoral para um público que não gosta muito de ler e num mundo essencialmente feito de imagens.
Joaquim ESTEVES 
Estou prosa. Obrigado.




segunda-feira, 31 de março de 2014

DEUS - O LADRÃO DE MÉRITOS

Pela escala de valores vigente, ninguém tem méritos. O mérito sempre é desse deus que inventaram. Quando se trata de uma grande descoberta científica, os cientistas não têm mérito porque simplesmente foi Ele que lhes deu a inteligência. E a estupidez e a burrice, quem a criou? Ele não é o criador de todas as coisas?
Quando as coisas dão errado, dizem que é obra do demônio. Então o demônio também é cultuado.
Somos politeístas ou pelo menos cultuam-se dois deuses; deus, o próprio, e o capeta. 
O cara se submete a todos os tratamentos inventados pelo homem para a cura do câncer: radioterapia, quimioterapia e o escambau e quando o cara é curado, foi deus que o curou. Pelo amor de deus! Ninguém merece uma sacanagem destas!
Quando é que vai acabar essa apelação? Quando vão ter coragem para encarar o que não faz sentido e curar essa obsessão ontológica?
Os nossos esforços, penas e sofrimentos, nunca são o bastante. Parece que temos que sofrer sempre um pouquinho mais para agradar a esse deus colério e mal humorado.
As pessoas realizam a proeza de encontrar Jesus que viveu há milênios na longínqua e improvável Galiléia e são absolutamente incapazes de se encontrar. Dá nisso. Quem ainda não se encontrou, quer encontrar alguém ou alguma coisa como tábua de salvação. Não existe salvação. Ficam negociando a salvação após a morte ao invés de se preocuparem com a vida que pulsa. Que loucura! Está salvo quem é feliz em vida. Por favor me poupem desses desvarios.
Obs- Os Cátaros que viveram no sul da França acreditavam que o mundo era obra do diabo. Segundo eles deus não poderia ter criado coisas tão perecíveis. Os Cátaros tinham uma concepção elevada de deus. Pesquise sobre Catarismo no pai Google de Aruanda. 

sábado, 29 de março de 2014

A VERDADE É UMA GROSSERIA

"Representamos o papel de herói porque somos covardes, o de santo porque somos maus. E o de assassino porque sempre existe alguém que gostaríamos de matar. Representamos, em suma, porque desde o momento que se nasce não se faz outra coisa senão mentir."  Jean Paul Sartre

Quanto mais nos aproximamos da verdade, menos os outros gostam de nós. Quanto mais denunciamos a animalidade do ser humano, mais gente nos olhará com desconfiança e raiva. Temos que compactuar desta mentiralhada toda para sermos bem quistos. Este planeta é um mentiródromo.
Toda a palavra que é considerada palavrão faz invariavelmente referência ao animal que teimam em esconder. O palavrão é o dedo-duro da nossa real condição. Por isso tantos têm verdadeira ojeriza ao palavrão. Não vou repetir os palavrões. Digam um palavrão e verifiquem se ele não se refere a sexo, defecação, micção, vomição e outras coisas que nos caracterizam. 
Quiseram me convencer durante décadas que todos eram quase anjos; anjos que cagam, naturalmente. Em última análise educar uma pessoa é ensiná-la a mentir.
Você é obrigado a mentir e se eventualmente você mente mal, é chamado de mentiroso. Quem mente e mente as mesmas mentiras de todo mundo é gente finíssima.
Parece que a mentira nos protege do pior. Todavia, a mentira também adia consideravelmente o nosso amadurecimento. Bem educado é quem aceita passivamente continuar a viver no mundo das criancinhas, onde tudo parece mas não é. Sentimo-mos bem assim fingindo que não sabemos das verdades mais elementares. Isso nos traz conforto e alguma serenidade.
Não gosto de criaturas muito finas. Por vezes, o véu de civilização camufla e boicota o melhor que há num ser humano.
Hoje mais do que nunca, diante de toda a hipocrisia de que sou vítima, diante do politicamente correto e outras merdas afins, tenho certeza absoluta que dizer a verdade é mesmo a pior das grosserias.

terça-feira, 25 de março de 2014

O DESENCANTO COM O OUTRO

"Como todos os sonhadores, confundi o desencanto com a verdade."
Jean-Paul SARTRE
A geração atual, a geração superficial, sonha com moderação porque é politicamente correta. A geração de Sartre e a minha geração sonhavam desbragada e indecentemente. Queríamos mudar o mundo. Grávidos de ilusões, parímos mais desencantos que quaisquer outras gerações.
Hoje quase ninguém tira os pés do solo. A minha geração Solar deu origem a esta gente sem graça nenhuma que só pensa em trabalhar, ganhar dinheiro e consumir. Ninguém acredita mais que o outro possa trazer elementos existenciais importantes para a redenção pessoal. Preservados do desencanto, privam-se também do encantamento. Temos que fazer o trajeto por inteiro. Não podemos começar pelo desencanto.
Vivi encantado décadas a fio e foi ótimo. Hoje vivo feliz o meu desencanto. Não comecei pelo fim. Sou um ser completo. Pobres dos que começam pelo desencantamento e pela descrença contumaz.
Acreditei no poder redentor do outro. Delirei com o amor e o afeto. Fiz do sonho uma profissão de fé. Toquei toda a epiderme aveludada da esperança e gordo de esperança, esparramei  os meus melhores trunfos em dias melhores.
Hoje sigo o curso do rio sem nunca negar as margens. Defronto-me com a verdade e o desencanto que são a mesma coisa. E sou puro contentamento porque apesar das evidências em contrário, fiz todo o percurso acreditando e colaborando sempre para um mundo melhor.

quarta-feira, 19 de março de 2014

OS REFÉNS DA MAIORIA

 BREVE ENSAIO SOBRE A LOUCURA E O PODER
Os acadêmicos que eu odeio, usam palavras, expressões e nomenclaturas muito rebuscadas para dizer o que eu vou dizer didaticamente em algumas frases. Uma minoria com muito poder controla uma maioria sem poder que por sua vez também controla uma minoria sem poder. Não existem apenas os três poderes de Montesquieu. Existem os três poderes de Montesquieu mais o quarto que são as mídias, mais o quinto que é a internet, mais o sexto que são as religiões, mais o sétimo que são os grandes Capitalistas, mais o oitavo que é o mais fraquinho(hoje) e que se chama família. Depois temos o poder dos poderes, o supra-sumo do poder que é a publicidade. Todos os poderes acima citados se servem da publicidade. Existem bilhões e bilhões dólares investidos em propaganda. A propaganda não só é a alma do negócio como é o que determina tudo. O inferno pós-moderno são os grandes conglomerados econômico-financeiros mancomunados com as agências de publicidade. O demônio habita entre nós.
Também existem os sub-poderes que são outorgados pelos poderes já referidos. A Escola é um poder e o academicismo um derivado. As Convenções sociais também constituem um sub-poder difuso e traiçoeiro. Esses sub-poderes se diluem no poder acachapante da maioria.
O ser humano é muito sensível à repetição e ao condicionamento. O grande injustiçado dos pensadores sem ser pensador, é o Fisiologista  Ivan Petrovich PAVLOV. Quando se referem a ele, falam de cachorros. Deveriam falar de seres humanos porque as susceptibilidades ao condicionamento são as mesmas.
A maldita publicidade lança moda, determina comportamentos e indiretamente promove muitas desgraças humanas. Como nos experimentos de Pavlov, ela é repetitiva  à exaustão. Quase ninguém resiste. Os que resistem têm a cabeça feita e são cobras criadas.

Aqui estamos nós, reféns desse encadeamento de poderes, sem poder fazer quase nada. Toda a forma de dominação é nojenta. E esses poderes pretendem apenas dominar, impor e vencer, nada mais.
Você que se considera parte integrante da minoria sem poder, não pode fazer grandes coisas. É um sistema sórdido e imbecil que nos domina e que pode nos conduzir ao grande infortúnio.
Nunca pensei, nunca reagi, nunca percebi, nunca intuí, nunca gostei de me comportar  como todo mundo. Nunca gostei das  músicas que todo  mundo gostava. Nunca gostei dos filmes que todo mundo adorava. Nunca comunguei das visões alucinadas da maioria. (E nem parece alucinação porque são bilhões alucinados.) Nunca me disse nada esta massa amorfa que me cerca. Nunca simpatizei com a multidão. 
E aí? Você acha que eu sou louco ou metido a besta? Nem uma coisa nem outra. Eu sou apenas um refém da maioria.

segunda-feira, 17 de março de 2014

O ROMANTISMO DAS CANTORAS

Domingo passado ficou muito claro pra mim que o amor entre homens e mulheres não passa de um delírio hormonal. Trata-se de uma elocubração sentimental feita de hormônios e químicas correlatas.
Ao escutar mais atentamente certas músicas americanas, descobri que as soi-disant cantoras dos Estados Unidos gemem mais do que cantam. O que é exportado como música romântica é na realidade, um gemedouro interminável. Um amor gemido assim, parece-me muito mais afeito à esfera puramente sexual  do que a esse bem querer sem penetração que as pessoas rotulam de amor romântico.
As pseudo-cantoras brasileiras gemem menos. É sempre assim, as americanas são sempre as campeãs. A efervescência e os esguiços dos hormônios produzem sensações muito próximas do afeto, mas não é afeto. É um interesse momentâneo para produzir as inadiáveis descargas orgânicas, elétricas e não só.
Compreendo muito bem as confusões mentais e emocionais que os hormônios criam nas mentes dos mais jovens. Afinal, os jovens são os maiores produtores de ereções e lubrificações.

Nada como envelhecer um pouco, refletir um pouco, para concluir definitivamente que somos todos enganados pela natureza para procriarmos e reproduzirmos o erro. 
É tudo muito mais tesão que outra coisa minha gente boa. É bom que o tesão não morra, mas esse tesão idiotizante, fissurado e avassalador que você sente agora também passará. O tempo se encarregará de te desintoxicar.
P.S. Como dizia o velho e desacreditado Sigmundo é tudo sexo.