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terça-feira, 7 de abril de 2015

MAS AFINAL, PARA QUE SERVEM OS OUTROS?

MIL E UMA UTILIDADES
Excetuando a meia dúzia de pessoas ou mais, com as quais temos verdadeiras relações humanas de respeito e afeto, para que servem todos os outros que nos cercam e com os quais mantemos um contrato social tácito? 
Servem para encher a fila de corpos e atrasar as nossas vidas,
Servem para nos exigir tudo e mais alguma coisa  e nunca nos dar absolutamente nada,
Servem para poluir o planeta de todas as formas, inclusive visualmente, 
Servem para nos desafiar e desrespeitar, 
Servem para  declarar a competição obrigatória,
Servem para abarrotar as ruas de carros, motorizar os Egos e impedir a nossa livre circulação,
Servem para nos impor modelos de comportamento frívolos e vazios,
Servem para nos transformar em número de estatística e em produtos a ser consumidos,
Servem para nos subjugar com os seus poderes forjados e nauseabundos,
Servem para nos tiranizar com visões de mundo completamente imbecis,
Servem para nos transmitir toda a sorte de microorganismos, vírus, bactérias, etc,
Servem para embebedar o povo com cerveja e cachaça e chamar isso de alegria,
Servem para meter descaradamente a mão nos nossos bolsos e chamar isso de dever de cidadão,
Servem para concentrar o capital de maneira obscena na mão de muitíssimo poucos e massacrar as alternativas,
Servem para nos tornar reféns de mitos milenares de puro delírio coletivo, 
Servem para nos chantagear com a ameaça sempre pronta de exclusão do grupo, 
Servem para nos enganar com falsas promessas de felicidade, 
Servem para nos humilhar quando destoamos das cores da moda, 
Servem para esmagar a nossa singularidade e a nossa diferença,
Servem para invadir os nossos cérebros sem autorização e jogar neles toneladas de lixo cultural,
Servem para apequenar a nossa grandeza, subestimando a nossa inteligência,
Servem para nos torturar e controlar o tempo todo com câmeras e padrões mentais espúrios,
Servem para nos converter à insanidade e queimar na fogueira toda e qualquer forma de lucidez,
Servem para fazer barulho e nos obrigar a viver em meio a um interminável zumbido diuturno,
Servem para discursar sobre o que não é essencial,
Servem para cometer as piores injustiças com equivocados juízos de valor,
Servem para propagar a mediocridade dinástica,
Servem para mentir  e nos aliciar a trilhar caminhos que só a eles interessam,
Servem para nos escravizar a certos conceitos velhos e ultrapassados,
Servem para assassinar inocentes nas esquinas da megalópole,
Servem para estimular a capacidade de imitar e inibir a necessidade de pensar,
Servem para travestir o egoísmo em altruísmo e nos golpearem com ingratidão e decepções,
Servem para discriminar, separar e classificar,
Servem para nos usar como muletas e vampirizar os nossos melhores sentimentos,
Servem para exalar os piores miasmas e posar de anjos celestiais,
Servem para dizer que somos todos ótimas pessoas no dia da nossa morte.
Que nunca mais ninguém diga que os outros não servem pra nada.
P.S.1.- Este banner não foi feito por mim. Foi feito pelos outros e o provérbio não é Lidiche, é Iídiche. Esqueci de colocar na lista que os outros também servem para promover a ignorância.
P.S.2.- " L'enfer c'est les autres"( O inferno são os outros.) Esse Sartre era mesmo um exagerado. Imagina, os outros serem associados a uma noção tão vasta e nefasta. O que o Jean-Paul não sabia é que os outros são apenas o capeta. Apenas. Só isso. Que injustiça existencialista!

quinta-feira, 2 de abril de 2015

ALTA COSTURA PRA GENTE PELADA

São inovações a mais. Atualizações a mais. Gente a mais. Esperanças a mais. Barulho a mais. Estupidez a mais. Ilusões a mais. Trabalho a mais. Velocidade a mais. Hipocrisia a mais. Capitalismo a mais. Mentira a mais. Futilidade a mais. Injustiça a mais. Doenças a mais. Arrogância a mais. Intolerância a mais. Vaidade a mais. Inveja a mais. Competição a mais. Shoppings a mais. Indiferença a mais. Confusão a mais. Chega! Já está demais.
É bom senso a menos. Honestidade  a menos. Respeito  a menos. Afeto a menos. Compreensão a menos. Solidariedade a menos. Inteligência a menos. Lucidez a menos. Tempo a menos. Ócio a menos. Verdade a menos. Poesia a menos. Amizade a menos. Tolerância a menos. Liberdade a menos. Cultura  a menos. Tranquilidade a menos. Menosprezo a mais. Chega! Já está demais.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

SOCIEDADE OBSESSIVA


Antes de qualquer outra coisa, não se pode chamar este campo de batalha em que vivo de sociedade. Sociedade (societas) é a associação amistosa com os outros. Infelizmente isto aqui não é nenhuma lavoura de amizades, muito pelo contrário.
Durante muitos séculos esta coisa que denominam sociedade, cagou e andou para os negros, para as crianças, para as mulheres e para os gays.  Agora querem resolver e compensar tudo por lei e decreto. O buraco é muito mais em baixo. 
Hoje,  de tanto se repetir compulsivamente esses assuntos, parece que todo o mundo é racista, pedófilo, misógino e homofóbico. E não é assim. A soi-disant sociedade foi assolada por esta obsessão múltipla. (A obsessão é uma das faces da insanidade.) Querem resolver todas essas graves questões cultivadas ao longo de séculos na base da porrada legalista, da canetada e de uma só vez. Seria ótimo se este método funcionasse e resolvesse. Verifica-se que não funciona nem resolve. Promove o medo e a perplexidade. No máximo essa enxurrada de leis e proibições é uma pseudo-solução encontrada por gente preguiçosa e arrogante. Podemos até considerar que é o começo atrapalhado de algo positivo.
Espero que todos estes preconceitos sejam mitigados, mas isto só acontecerá a muito longo prazo e passa necessariamente pela mudança de mentalidades. O conteúdo oculto das mentes não se muda com belas palavras e muito menos com leis draconianas. Seria muito fácil e é muito mais complexo. Que os governos invistam em educação e na formação digna de seres humanos. Que o combate ao preconceito não seja apenas mais um modismo numa sociedade extremamente norteada pela moda. Que haja uma tomada de consciências. Que a propaganda oficial não induza as pessoas à frivolidade e à estupidez e que a ignorância que é o melhor sinônimo para o mal, nos deixe um pouco em paz.

domingo, 29 de março de 2015

INDIGNADO E CALADO

OS BRANDOS COSTUMES
Herdamos muita coisa boa dos portugueses. Os brasileiros quase nunca conseguem ver isso. No Brasil pratica-se um preconceito criminoso contra os portugueses. Faz parte da crise nacional. Os brasileiros gostariam de ter sido colonizados por qualquer outro pais menos por Portugal. O menosprezo e o asco por Portugal e pelos portugueses no Brasil, deveria ser punido na forma da lei. Quem é português no Brasil sabe perfeitamente do que eu estou falando. Cadê o Ministério Público?
Entretanto, somos herdeiros infelizes dos "brandos costumes" que têm a sua origem na terrinha.( Os espanhóis e seus derivados não têm esta herança maldita e maligna.) Trata-se do seguinte: você pode ser sodomizado em público (e eu não ousei usar aqui a linguagem adequada para este caso sob pena de ferir a hipocrisia reinante) mas você não poderá jamais elevar o seu tom de voz para manifestar a sua indignação e revolta, sob pena de passar de vítima a algoz. Isto é inominável!
Pouco importa se as entranhas da sua alma, da sua razão e da sua dignidade estão sendo dilaceradas. Você tem que permanecer quieto, calado, bem educado, sorridente e sempre cordial. Esta é a forma mais sutil de controle social já elaborada.
Depois dizem que o câncer é uma doença idiopática. (de causa desconhecida.)

sábado, 28 de março de 2015

O KAMIKAZE PÓS-MODERNO

Tenho verdadeiro respeito pelos suicidas. Querer viver é tão respeitável quanto não querer viver. Nem sempre o suicídio é um ato tresloucado e absurdo. Por vezes, a vida que já não tem sentido, fica insustentável para algumas pessoas. Acho que o indivíduo tem o direito de encerrar a própria vida.
O suicídio vem sendo muito usado para defender os interesses do pessoal do Maomé; um horror com requintes de psicopatia religiosa. Já conhecemos estupefatos os novos kamikazes do onze de setembro; o suicídio a serviço de deus. Aliás, esse pessoal do Maomé, pisa na bola legal. E de tanto convivermos com a loucura do fanatismo religioso, já estamos anestesiados e exalamos um gigantesco bocejo de indiferença.
Agora, esse alemão que assassinou 149 pessoas, inaugura uma nova forma de homicídio inédito e inusitado. Trata-se do suicida mais canalha de que se tem notícia, o chamado deprimido filho da puta. A propósito, nada apaga a filhadaputice do caráter de determinados seres humanos, nem a morte. Estou convencido de que quando o cara não tem valores, pode estar doente, debilitado, canceroso que a filhadaputice não o abandona jamais. Há uma espécie de filhadaputice que tem um gene específico no DNA. Creio piamente no mau caratismo genético.
Pela idade do energúmeno, ele faz parte da geração Y, uma geração cuja educação se baseou numa completa frouxidão de valores éticos e morais. Evidentemente que nem todos os que pertencem à geração Y são deste modo. Parido num mundo em que impera o show do eu e assaltado pelos paroxismos do narcisismo globalizado, o babaca alemão, fez do seu suicídio um espetáculo horripilante, degradante e sem precedentes. Estamos diante de um kamikaze heterodoxo cuja única causa que defendia era o seu patológico ego de merda. É o egocentrismo exponencial que chega às raias da hiper-monstruosidade e redunda num ato gratuito e odioso causador de grande sofrimento.
O deprimidinho do cacete que brigou com a namoradinha, resolveu matar 149 inocentes. E tudo isto sob os auspício da negligente Lufthansa. Para oferecer passagens mais baratas, diminuiu o nível de exigências em relação a pilotos e copilotos e mais uma vez por causa do maldito dinheiro, o único grande valor que nos restou, a Lufthansa patrocinou uma chacina. 
A carência afetiva é um dos maiores problemas da espécie. Neste blog sempre falei da construção de um poder pessoal que possa minimamente nos preservar da influência nefasta do grupo. Ando pregando no deserto, mas o deserto é o meu habitat natural por opção.
Todos esses babacas que vemos por aí se movimentando com agressividade, violência, cagando regra, criando encrenca e se exibindo o tempo todo, são grandes carentes afetivos. Os carentes afetivos necessitam imperiosamente impressionar o grupo ou alguns elementos do grupo, com sofreguidão e loucura. Mas o que eles precisam mesmo é de muitos beijinhos e  muitos abraços apertados, coisa que ninguém nunca lhes deu.
Tenho muita pena dessa gente que é capaz de tudo, até de morrer e matar, só para chamar a nossa atenção.

quinta-feira, 26 de março de 2015

O EVANGELHO SEGUNDO O CAPITALISMO

 A INDÚSTRIA DO DESESPERO
"O homem feliz não reza." 
Por onde anda o Ministério Público? Deve estar muito ocupado com a gatunagem que assola o país. Talvez por isso os vendedores de milagres ainda não estejam na cadeia. O charlatanismo é praticado a céu aberto e ninguém é indiciado.
No Brasil o charlatanismo é um tipo criminal, assim consagrado pelo artigo 283 do Código Penal Brasileiro, tratando a matéria no capítulo dos Crimes contra a incolumidade pública e não naquele referente às fraudes.
Pela legislação brasileira o charlatanismo é conduta de "Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível". Na exegese do artigo, tem-se a prática como o objetivo doloso - onde há a intenção clara de praticar-se o delito. Inculcar tem o sentido de fazer-se de bom, insinuante; anunciar pode ser feito tanto nos meios de divulgação escritos e verbais, mesmo um simples pregão; secreto quer dizer que os princípios contidos no mecanismo de cura não são explicitados, tal como preconizam os organismos regulamentadores mundiais.
Nota-se que o efeito "cura" não importa: quer a vítima tenha ou não se curado, o charlatão continua incurso no tipo criminal.
O que as igrejas evangélicas praticam no Brasil, não é charlatanismo? Curar câncer, aids, pneumonia dupla, prisão de ventre e qualquer outra doença, com água mineral Minalba, não é charlatanismo? Como se chama isso, então?
É uma ignomínia valer- se do desespero de milhões de pessoas sofridas para ganhar dinheiro. Todos sabem que no desespero não há racionalidade nem bom senso. O desesperado à beira da morte agarra-se instintivamente a qualquer coisa, até ao bispo Macedo para não perecer. O bispo Macedo é a prova inconteste que este planeta é mesmo uma merda. É ele que faz muito sucesso e tem muito dinheiro. A sociedade premia os fora da lei.
Esta prática é uma das maiores excrescências do capitalismo; locupletar-se às custas do desespero alheio. E o pior é que esta conduta hedionda tem o apoio das instituições. Com certeza a bancada evangélica em Brasília impede qualquer ação contra esses criminosos espirituais.
Fico por aqui fechado na minha indignação solitária e morrendo de raiva por não poder mudar o mundo. 

OS BOTÕES FALANTES

 OS ESCRAVOS DO WINDOWS
Lembro-me das roupas da minha infância e das fileiras de botões. Revejo o mundo de então e não reconheço mais este planeta em que fui obrigado a viver. Multiplicaram-se as inovações inúteis. Trocaram seis por meia dúzia e no essencial não saímos do lugar e pioramos.
Na época dos botões, os botões falavam e ouviam; era possível manter longos diálogos consigo próprio. Havia tempo para isso. O abotoar e o desabotoar, era tempo de reflexão. A expressão "cá com os meus botões" é desse tempo.
Neste mundo fast de fecho éclair, não há tempo pra mais nada; só para o delírio da velocidade inútil.
Os escravos do Windows e os filhos bastardos da Microsoft usam o idioma da liberdade e da pretensão para se iludir e para tentar enganar  quem conhece muito bem a linguagem sofisticada dos botões.

segunda-feira, 23 de março de 2015

VOCÊ NÃO É IMPORTANTE

-"Você não é importante!"
Esta frase pronunciada com rispidez e fúria pela filha do protagonista do filme Birdman - A Inesperada Virtude da Ignorância, chamou muito a minha atenção. O ator decadente, personagem de Michael Keaton, sofria e aprofundava a sua insuportável infelicidade ao delirar com a sua importância.
Esta postagem não pretende de modo nenhum deprimir ninguém ou rebaixar a autoestima de quem quer que seja, muito ao contrário. O meu objetivo será sempre o de promover a felicidade. Sei, no entanto, que uso métodos muito pouco ortodoxos para alcançá-la. Mas eu sou a prova irrefutável e inconteste da eficácia dos meus métodos.
No dia maravilhoso e inspirador em que você conseguir descobrir e incorporar a ideia de que você não é importante, terá dado o primeiríssimo passo na longa e íngreme subida da montanha. Há pessoas que nem sabem da existência da montanha. Acham que o mundo é apenas isto que vemos e vivemos aqui em baixo.
Você não é importante mesmo. Se você não é capaz de perceber que quase ninguém nota, percebe, valoriza e reconhece a sua presença, tenho muita pena de você. Você é digno da minha misericórdia. Se você ainda não assimilou que os seus coleguinhas de espécie estão muito ocupados com as suas vidinhas medíocres e que por isso não têm nem tempo, nem condições de enxergar a sua vaga e nebulosa presença, você ainda tem um longo e inóspito percurso de desilusão, desencanto e infelicidade a percorrer.
Você não é importante.
Você foi adestrado para pensar que tem que ser importante para alguém e para os outros e nunca ninguém te disse que a única pessoa que de fato pode reconhecer a importância do teu ser, é você. E é o quanto basta. Quantos fracos idiotas acabam morrendo muito precocemente em busca de reconhecimento e afeto? Quantos são os que fazem qualquer coisa só para ter a sensação de que são amados e estimados? Quantos? Quase todos. Quantos imploram pelo amor dos outros porque não se amam nem um pouquinho? Quantos sacrifícios são feitos, quanto tempo é perdido e quantas energias preciosas são gastas só para ter um sinal de aprovação na cara dos outros? Chega a ser deprimente esta busca da solução existencial através dos outros.
Não estou escrevendo um tratado de egoísmo e mesquinhez, estou te oferecendo óculos de graça. Se você não aceitar a minha oferta, eu entendo. A miopía deve ter alguma grande vantagem oculta. Viver na névoa, além de ser uma preferência mundial, além de estar na moda, deve ser mesmo o maior barato.
E você não é importante.

sexta-feira, 20 de março de 2015

PROFESSOR EXPULSO DE SALA DE AULA

IMERSO NA LOUCURA
REVERSO DA CULTURA


 UMA HISTÓRIA VERÍDICA
O caso que eu vou narrar era perfeitamente previsível. Num mundo em que a educação foi rebaixada à categoria ordinária de mercadoria, num país em que Saúde, Educação e Transportes Públicos se tornaram uma fonte inesgotável de enriquecimento e numa época em que tudo virou produto a ser consumido, inclusive as pessoas, tudo pode acontecer. 
Conheço Luiz Antônio há mais de vinte anos. Trata-se de um professor competentíssimo, honesto e totalmente dedicado àquilo que faz. Tem mais de trinta anos de carreira. Conhece como poucos o seu ofício. Luiz é polêmico e gosta de polêmica. Tem uma vasta cultura geral por isso pode e deve ser polêmico. E não foi ele que inventou a polêmica. A polêmica brota espontaneamente no solo fértil de quem tem espírito crítico. A crítica não frutifica na aura de espíritos miseráveis. Vivemos num deserto de consciências. Hoje, a reflexão está catalogada como chata e pornográfica por alguns mecanismos de pesquisa e pela mentalidade vigente. Estimular a reflexão, questionar e tentar desenvolver a visão crítica é uma ofensa gravíssima para gente completamente alienada e estúpida. A ignorância e a imbecilidade são patrocinadas pelo Sistema com propaganda diária, massiva e exaustiva. Os governos não investem em educação, humilham os professores com salários aviltantes e isso não é nem um pouco por acaso; é absolutamente intencional.
Luiz Antônio é um abridor de olhos. Sempre foi assim. Sabe que da polêmica nasce a luz. E também sabe que são muito poucos os que gostam de luz neste planeta de trevas. Luiz Antônio abomina a Idade Média porque sabe que ela nunca deixou de existir. Afirma categoricamente que vivemos uma nova etapa do obscurantismo: a escuridão do politicamente correto, do estado islâmico, das câmeras de vigilância, do workaholicismo, do facebook e do smartfone. Só mudaram e se sofisticaram as formas de controle e de tortura. Por vezes, acho-o exagerado. 
Sempre me disse com muita convicção que o terceiro milênio era o período mais obscuro de que se tem notícia para quem pensa e faz sinapses com regularidade. Detesta gente sentada sobre a própria vida, cochilando, fingindo que vive e soltando flatulências. Não suporta mais esbarrar com os personagens do "Ensaio sobre a cegueira."
Tenho muita coisa a dizer sobre Luiz. Mas vamos aos fatos. Certo dia, Luiz chega para trabalhar como sempre fez. Na secretaria foi informado que o diretor-geral queria falar com ele. Ficou muito surpreso pois a sua aula começava dali a quinze minutos. Perplexo dirigiu-se à sala do diretor onde foi informado que não daria mais aula naquela turma porque tinha havido uma queixa contra ele. Ficou sabendo que se tratava de uma aluna de 18 anos chamada Ângela. A aluna estava muito enraivecida pois Luiz  ousara discordar da sua opinião sobre certas posturas islâmicas e ameaçava cancelar a sua inscrição. Segundo o diretor, Luiz também foi acusado de não ser neutro e o diretor pediu-lhe neutralidade se quisesse continuar no emprego. Todos sabemos menos o referido diretor que neutralidade não existe.
O diretor não estava muito interessado na versão de Luiz. Queria apenas livrar Ângela e a sua turma maravilhosa e muito poderosa da presença nefasta de um professor polêmico. Luiz nem teve tempo de apresentar a sua versão. O diretor mostrou-se muito preocupado e nervoso com a perda de alunos e foi enfático ao dizer que a instituição não podia perder nem mais uma aluna. Aluna? Aluna é apenas uma palavra do português arcaico que nos faz lembrar um passado relativamente recente. Não existem mais alunos; existem clientes. E não existem mais professores, mas vendedores de conhecimento obrigatório e às vezes inútil. Nem sei por que ainda chamam Luiz de professor. Essa condição já lhe foi roubada há muito tempo. O dinheiro é um genocida de valores fundamentais à dignidade humana.
Luiz tornou-se sem querer, um pastiche anacrônico de Sócrates acusado injustamente de perverter a jovem e ilibada clientela carioca. Não sei se vai chegar ao suicídio. A cicuta, ele acha fácil. Mas para que matar, quem já foi fuzilado pela truculência do status quo? 

domingo, 15 de março de 2015

O VAREJO DAS ALMAS

"O DESTINO DE QUEM NÃO SE ENCONTROU É ANDAR ATRÁS DOS OUTROS."
Joaquim ESTEVES
A palavra "alma" nesta postagem não tem a mínima conotação religiosa ou espiritual; utilizo-a apenas para fazer o contraponto do corpo. Num mundo que só parece ter corpo, vejo-me obrigado a denunciar a alma.
O que vejo e o que vi a minha vida toda, é a lástima das lástimas. Bilhões de pessoas negociando e vendendo as suas almas em troca da aprovação dos outros. Eu mesmo já fiz isso, confesso. Mas hoje, ao subir a montanha, descubro o quanto isso é inútil, alienante e ridículo. Aprovação que em alguns casos assumiu o nome pomposo de amor. Na maioria das vezes, o decantado amor não passa de uma invenção dos hormônios temperada com toneladas de lixo cultural.
Você com certeza vai ser amado se fizer o que os outros esperam  e se não atrapalhar muito os interesses e ambições dos seus colegas de espécie.
Para evitar esse comércio nocivo, você que só foi educado para se relacionar com o que está fora de você, tente pelo menos uma vez, olhar para dentro de você e descobrir quem mora em você. Se você conseguir essa façanha, comece uma relação com essa coisa aparentemente vaga que habita o seu corpo porco e traidor. O corpo que você tanto cultua é a  sua maior fonte de sofrimento e infelicidade. Abandone a sua promissora carreira de babaca e pare de imitar os outros. Não fique fazendo propaganda  da sua alma para ser aceito. Se os outros não te aceitarem é um ótimo sinal; sinal que você está no caminho certo, no encalço da sua alma.
Este blog faz parte da relação que tenho com a minha alma. Sei que você odeia filosofia, psicologia, metafísica e coisas afins. Sei que você prefere o espetáculo romano-americano de sexo, sangue, violência e morte. Mas eu insisto.
Eu sou dono da minha alma e não a negocio. Este blog não é o shopping da minha alma; sou contra todo capitalismo anímico. Apenas ofereço gratuitamente a este mundo insano, algumas gotas do perfume da minha alma.