.

.

.

.

terça-feira, 3 de junho de 2014

EU NÃO GOSTO DE MULHER

Sem a menor cerimônia, já ouvi centenas de vezes durante a minha existência as seguintes frases: "Eu não gosto de mulher. Eu gosto mesmo é de boceta." Este é o discurso de homens viris, casados, namorados e inquestionávelmente heteros.
O desejo vai se renovando considerando que não é a esperança  a última que morre, mas a libido e o indivíduo vai dormindo e comendo a inimiga até que a morte os separe. É uma linda história de amor.
Sei o quanto é difícil suportar o comportamento cíclico, estranho e absurdo da mulherada, mas daí a ficar com ela apenas por causa da Dopamina e da testosterona, além de caracterizar uma dependência, a chamada vagino-dependência, é um descalabro.
Na realidade, o cara que se comporta desta forma é antes de tudo um misógino. A misandria também existe por aí, mas nunca ouvi uma mulher dizer que só está com o cara por causa do pirú. Será que entre elas rola esse papo? As mulheres não seriam capazes de tamanha abertura cênica. Mulher representa pra cacete.(Literal e metafóricamente.) E representa porque é obrigada a fazê-lo pela sociedade que nos sevicía.
Então, fica aqui a minha estranheza diante de milhões de homens que não gostam de mulher, mas apenas de dar vazão aos seus instintos. Eu os entendo, mulher é um saco mesmo, mas neste caso deixem bem claro que é só para trepar. Não criem laços afetivos confusos, truncados e esquizóides. (O problema é que por motivos culturais são raríssimas as mulheres que topam hormônio por hormônio.) 
Esta postura dúbia dos homens faz do romantismo a coisa mais delirante e decadente que conheço. Será possível gostar de boceta e da mulher que a carrega ao mesmo tempo? Será possível gostar da pessoa e do acessório precioso que a ornamenta?

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Não diga besteira