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quinta-feira, 19 de junho de 2014

A NULIDADE DAS RELAÇÕES HUMANAS

As relações humanas nunca foram lá essas coisas. Sempre imperou a confusão de sentimentos  e a troca descarada de interesses por vezes escusos. Salvaguardadas as exceções de praxe, as relações humanas foram e  são uma autêntica merda.
Palavras como amizade, afeto e amor são na maioria das vezes utilizadas inadequadamente. Aconselho aos pobres de espírito e de vocabulário a consultar o Aurélio e a consciência. Com frequência as relações passam muito longe da amizade, do afeto e do amor. É um imenso cabo de guerra em que cada um defende com denodo e veemência os seus interesses. Os interesses são legítimos mas numa relação humana que se preze, devemos pelo menos tentar ver a pertinência dos interesses dos outros. Isso quase nunca acontece. É um desfile emproado de interesses os mais diversos, objetivos e subjetivos.
As pessoas se usam mutuamente porque ainda não conseguiram a proeza de estar sozinhas e felizes. É um vergonhoso usufruto escancarado do outro com o rótulo falso de amizade, amor, etc. É um obsceno vampirismo emocional a céu aberto. As pessoas se sugam para serem capazes de permanecer de pé com a seiva dos outros. (Por favor, não estou falando de felação.) Peço discernimento e dignidade ou então qualifiquem as relações com outros vocábulos. Há muitas palavras nos dicionários.
Chamar certas e determinadas relações de amizade ou de amor, é revoltante e nojento. Hoje então os conceitos de amizade e amor beiram as raias do mais perfeito absurdo. Nas redes anti-sociais, todos são amigos de todos e paradoxalmente ninguém é amigo de ninguém. 
A vida é dura por isso precisamos de alguns aliados para sobreviver. Não são necessários muitos. O importante aqui é mesmo a qualidade dos aliados. Vamos parar de delirar com a importância fake e enganadora da quantidade. Um bom e verdadeiro aliado já faz a diferença. O aliado tem que fazer jus a esse nome. Ele existe para te ajudar, para te apoiar, para te compreender, para estar sempre do teu lado, não para competir com você. E  tudo isso é totalmente recíproco. Este é o sentido da sólida e verdadeira aliança com o outro. Quem entra em concorrência direta com o soi-disant amigo não é amigo; é inimigo. Definitivamente uma relação de amizade, de amor ou de afeto não pode nem deve ser nunca uma relação de poder e quase sempre só é para ver quem domina. Tenha peito e expulse da sua vida todos esses falsos amigos e esses amores de araque. Você sabe que eles só trazem estresse, conflito e um prazer mirradinho.
Não desperdice as suas esperanças em coisas vãs. Aposte as suas melhores esperanças na possibilidade de encontrar um aliado.
Quanto a mim, diante desta zona total de valores e princípios, face a este caos na convivência humana, acho que a fauna e a flora sempre constituem uma excelente opção.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

FUTEBOL - UMA RELIGIÃO HETERODOXA

O culto à bola não faz parte das teo-dependências clássicas. Nós, animais de bando programados quimicamente para isso, sentimos uma vontade e necessidade incoercíveis de procurar tudo fora de nós. Somos instados a fazer parte de alguma coisa. Temos que ter pátria, família, religião, comunidades, amigos, associações, partido político e time de futebol. Se você não fizer parte de alguns destes núcleos de adesão, ninguém vai te reconhecer. E ao não ser reconhecido pelos outros, você corre o risco de não ser nada para eles. Como é possível alguém ousar existir sem time de futebol? Desgraçadamente, nunca na história do mundo, houve um movimento planetário que incentivasse as pessoas à introspecção. A frivolidade sempre foi a grande avenida por onde quase todos transitam. 
Desde muito cedo, somos levados a pensar erroneamente que tudo que pode nos proporcionar prazer, satisfação e bem-estar está fora de nós.  A vida se resume numa procura desenfreada e irracional por coisas exteriores. E a grande maioria, nesse empreendimento imitatório  só dá com os burros n'água.
O futebol se insere nessa busca insana e infrutífera. No futebol como nas religiões há adoração e idolatria. O ser humano precisa de ídolos porque não sabe que ele mesmo é o seu maior ídolo. Há uma tendência à mitomania e à mitificação. O deus do futebol é o time. Para completá-lo e dar significação a essa entidade ambígua, temos os jogadores de futebol, uma espécie de Santos ou Orixás que fazem milagres com os pés. Como todas as buscas imprudentes que fazemos fora de nós mesmos, a busca pela vitória do time campeão, também pode nos levar à alienação.
Os "Bolicistas" deliram nos campeonatos e atingem o máximo do delírio na vitória do campeão. Sem ter dado um único toque na bola, o evangélico da religião-futebol, também se considera campeão e ensurdece o mundo com o seu grito histérico. 
A prova irrefutável de que os "Bolicistas" constituem uma seita numerosa ou mesmo uma religião é que quem não tiver se convertido ao Bolicismo não entende nada do que eles dizem. Como nas religiões, têm expressões que só os iniciados podem compreender. São capazes de passar horas intermináveis a recitar mantras que incluem palavras místicas como Pênalti, Impedido, Escanteio, Zagueiro, Pequena Área, Falta e é claro, a mais sonora e orgástica de todas: GOL. Aliás, a língua do futebol é a mais falada no Brasil. Os homens elegeram o futebol como tema favorito para qualquer ocasião. Haja paciência para aturá-los. É preferível ouvir mulheres falarem das técnicas mirabolantes  para se livrarem das olheiras.
Quando ficam viciados em futebol, ocorre o mesmo que acontece nas religiões, o indivíduo fica irredutível, brutalizado e ainda mais estúpido; é o que responde comumente pelo nome de fanatismo. Até o povo na sua proverbial e famosíssima ignorância detecta anomalias no futebol ao dizer por exemplo: -Ele é Flamengo doente.
Como tudo o que vicia, o futebol também é deletério, vide as guerras religiosas da bola que eles chamam de violência das torcidas organizadas. Tirando as drogas, as religiões e a tradição, poucas coisas embrutecem mais que o futebol. O cidadão torna-se monocórdio e só fala de futebol exatamente como os religiosos e  os tóxico-dependentes. O primitivismo do discurso único é o que há de mais insuportável na face da terra.
Várias substâncias endógenas contribuem para a imbecilização. Primeiro nos êxtases do futebol, há uma grande descarga de Dopamina e de Adrenalina, para não falar da testosterona. Podemos combater a heroína e a cocaína com muito mais eficácia do que os vícios fisiológicos pessoais. Há gente absolutamente viciada em Dopamina, em endorfinas, em vasopressina, em testosterona, etc. Não há tratamento para tais dependências.
Deveríamos prestar mais atenção às  substâncias que nós mesmos produzimos e que podem nos levar à "fissura". Não precisamos de drogas externas; já existe um prévio tráfico interno e orgânico de drogas.
Em suma, não creio que a loucura quase mística do futebol possa levar alguém à felicidade. O futebol é mais uma invenção humana para escapar transitoriamente do tédio e da angústia. Existem formas mais eficientes de lidar com esses corolários da condição humana. Ao invés de tentar sempre fugir da sua angústia, adote-a cordialmente.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

A PRECE DOS ATEUS

"(Senhor, dá-me a faculdade de jamais rezar, poupa-me a insanidade de toda adoração, afasta de mim essa tentação de amor que me entregaria para sempre a Ti. Que o vazio se estenda entre meu coração e o céu! Não desejo ver meus desertos povoados com Tua presença, minhas noites tiranizadas por Tua luz, minhas Sibérias fundidas sob Teu sol. Mais solitário do que Tu, quero minhas mãos puras, ao contrário das Tuas que sujaram-se para sempre ao modelar a terra e ao misturar-se nos assuntos do mundo. Só peço à Tua estúpida onipotência respeito para minha solidão e meus tormentos. Não tenho nada a fazer com Tuas palavras. Concede-me o milagre recolhido antes do primeiro instante, a paz que Tu não pudeste tolerar e que Te incitou a abrir uma brecha no nada para inaugurar esta feira dos tempos, e para condenar-me assim ao universo, à humilhação e à vergonha de existir.)"
EMIL M. CIORAN
  • Tradução: José Thomaz Brum
  • Fonte: Breviário de Decomposição
Os monoteístas são muito estressadinhos. Se alguém ameaçar a sua ilusão num deus único, ficam confusos e querem logo brigar. Os politeístas eram uma gente mais relaxada e bem resolvida. Tinham deuses pra caramba e nem esquentavam a cabeça. A qualquer  momento, podia ser inventado um novo deus. Gregos e Romanos nunca brigaram por causa dos seus deuses. Já os monoteístas só brigaram e continuam brigando e matando pra cacete. Mas que deus é esse que leva as pessoas ao assassinato? Assassinato é crime, sabiam? E quando assassinam não matam só um, são capazes de matar milhões.
Esse deus que vocês inventaram deveria trazer mais paz aos corações. Mas é só porrada. Quem não pensa como vocês, tá ferrado. Não há a mínima tolerância porque também não existe a verdadeira convicção num deus único. Por isso precisam evangelizar para que uma grande quantidade de crentes os convença da veracidade do delírio religioso. Se só um crê, a sua crença pode ser questionada, mas se milhões creem então é tudo super verdadeiro. É assim que funciona. É uma sugestão em cadeia exercida desde a mais tenra idade. 
Os ateus são mais discretos e maneiros. Nunca vi um ateu pregando em praça pública para convencer a multidão de que deus não existe. O ateu é um cara tranquilo. Acho até que os ateus já fizeram mais pela humanidade do que esse pessoal cheio das parafernálias, dos simbolismo, das imensas chantagens e das ameaças. Quem mudou realmente o mundo foram os cientistas e 95% dos cientistas são ateus. As grandes descobertas que melhoraram o mundo foram feitas por ateus convictos. 
Esse pessoal que tem um aparato estrutural voltado para o espetáculo, é cheio da grana e muito bem organizado para impor aos outros o que pensam e o que sentem é chamado de religioso. Não deixa de ser uma ditadura. Ainda vivemos uma inquisição branda, heterodoxa e abstrata.
E nem vou falar dos adoradores do Alá porque aí é barra pesadíssima. Vamos ficar por aqui com os outros que já são bastante encrenqueiros.
No que me concerne, caríssimos irmãos, jamais impedirei ninguém de curtir o seu barato. Estejam à vontade. Eu sou muito pacífico e gosto de ver todo usufruindo feliz da sua própria ilusão.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

A HIPERSEXUALIZAÇÃO DE CRIANÇAS

Senadora francesa quer proibir hipersexualização de crianças

Projeto é contrário a concursos de misses mirins e propagandas com menores de 16 anos

 
Uma das polêmicas fotos da super produção da ‘Vogue’ francesa - Reprodução/Vogue

Mais de um ano após a edição francesa da revista “Vogue” dividir opiniões ao publicar um ensaio sensual com crianças em poses provocantes, a senadora parisiense Chantal Jouanno (do partido União por um Movimento Popular) reacendeu a questão da hipersexualização infantil ao publicar nesta semana um denso relatório com sugestões de medidas para frear o problema.
No relatório de mais de 160 páginas, a ex-ministra dos Esportes da França recomenda o fim da presença de crianças menores que 16 anos em propagandas de moda. Ela também quer que os concursos de beleza para meninas sejam proibidos. O documento elaborado pela senadora não tem valor legal. Contudo, uma articulação política já começou a ser desenhada para transformar suas ideias em leis. Uma das primeiras etapas é a elaboração de um texto por representantes dos setores econômicos envolvidos, famílias, juristas, autoridades e representantes educacionais, o que deve acontecer em breve.
Os pais dizem que as filhas que participam dos concursos de mini miss querem brincar de ser princesa por um dia. Eles não entendem que essa competição pode ser muito prejudicial, levando a consequências como a anorexia, que aumenta cada vez mais entre as meninas da França.
A senadora, aliada do presidente Nicolas Sarkozy, argumenta que o abuso de roupas sensuais e atitudes sexuais pode afetar as crianças de maneira irreversível, provocando futuros danos psicológicos. Para ela, a grande vilã é a indústria da moda, que bombardeia as crianças e as incentiva a se comportar como mini adultos. Os pais que permitem esses hábitos também devem rever a maneira como lidam com as filhas, principais alvos desse fenômeno, defende Chantal.
Os pais não conhecem os efeitos psicológicos que esses eventos terão no futuro das crianças e, por isso, não sabem porque dizer “não” é realmente importante quando suas filhas querem usar maquiagem. As crianças têm que entender que todas as imagens que elas veem em revistas, filmes, clipes de música são construídas e tratadas, não são imagens reais — afirmou Chantal ao GLOBO, por telefone. — Os pais precisam entender que as cicatrizes psicológicas de uma criança pequena querer ser a mais bonita podem ser muito perigosas.
Para combater essa vontade de se destacar cada vez mais, Chantal sugere também a implementação de regras comuns para as roupas usadas nos colégios franceses.
Não se trata de uniforme, mas sim de regras para todos. Muitos países têm uniformes e mesmo assim têm problemas com a hiper sexualização. Os uniformes podem ser úteis apenas para alguns aspectos, como, por exemplo, evitar que as crianças disputem quem tem a roupa mais cara. Os professores também teriam que ensinar sobre as fotos de publicidade: como são feitas, por que são falsas, além de melhorar a educação sobre sexualidade e o respeito entre meninos e meninas.
A igualdade entre gênero, aliás, é um dos pilares de seus argumentos na luta contra a sexualização precoce. Ela acredita que o uso da sensualidade torna as meninas objeto de desejo sexual, o que além de incentivar a pedofilia, retrocede quanto às relações estabelecidas entre gêneros.
Acho que a maneira de apresentar as meninas como apenas bonitas, ensinando como ser uma estrela, como se vestir, como se maquiar, como agir, não passa a mensagem que queremos sobre a igualdade. O mais importante é que as crianças se tornem inteligentes, fortes e se tornem, como dizer, aventureiras. Não que se tornem apenas garotas bonitas — disse Chantal Jouanno, defendendo que o crescimento intelectual é o principal aspecto a ser trabalhado em crianças com menos de 12 anos.
Ensaio sensual resultou na saída de diretora da ‘Vogue’
As fotos de três meninas com cerca de 6 anos de idade na edição de dezembro de 2010 da “Vogue” francesa causou rebuliço. Com roupas de marcas famosas, sapatos de saltos altíssimos, penteados, muita maquiagem e fazendo cara de femme fatale, as garotas deixaram a posição de crianças e posaram como mulherões.
Por causa da repercussão negativa do ensaio, a diretora da “Vogue”, Carine Roitfeld, deixou o cargo que ocupava há mais de uma década. Não houve tipo algum de punição à publicação.
O pior castigo para a “Vogue” foi a má repercussão que o ensaio gerou. Além disso, as maiores vítimas são as modelos infantis que fizeram as fotos. Elas podem ter problemas psicológicos graves, porque foram usadas por todos como exemplo da hiper sexualização.
Novamente, Chantal aponta a condescendência dos pais como um agravante da situação:
— É uma vergonha. As mães estavam na sessão. Acho que os pais não se deram conta do problema na hora, do quão chocante e provocador era, acharam que estava bonito. Só se tocaram do que tinham feito com as filhas depois da repercussão.
Fonte: O Globo

sexta-feira, 6 de junho de 2014

OS VOYEURS DA CATÁSTROFE

O TESÃO TRÁGICO OU A PARAFILIA MORAL
Todos já viram e sentiram o êxtase translúcido de que muitíssimas pessoas são capazes ao vislumbrarem uma trágédia. É um paradoxo sado-ético. Acho que a Mídia existe principalmente para explorar essa vertente. Passe um dia inteiro na mídia e verifique se eu tenho ou não razão. O pessoal goza e ejacula ao ver todas essas desgraças do cotidiano.
Como todos os que gozam a tendência é ficar inerte. Ninguém se mexe. A merda acontecendo e o pessoal gemendo de prazer. Definitivamente, não temos vocação para a harmonia, para a paz, para a tranquilidade, para a calma, para felicidade e para a AÇÃO.
Já estamos tão familiarizados com o trágico que o trágico nos diverte. Como quase sempre na sociedade, a hipocrisia vence. As palavras são de desconsolo e desolação mas a sensação interna é boa. O pessoal se amarra numa desgraça. Ouvimos mentiras do tipo:
- Que coisa horrível! Coitados!
Mas a pessoa em questão, continua vidrada na cena. A palavra ideal é vidrada.
O mais grave deste comportamento é que ele nos conduz ao imobilismo e ao conformismo. Ninguém faz porra nenhuma para minorar a tragédia e isso resvala para os atos mínimos do dia a dia.
A lâmpada da garagem está fundida. Ninguém reclama. Preferem ficar na escuridão a ter o "imenso" trabalho de procurar o síndico. Aliás, a opção pela escuridão já está feita há muitos séculos.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

MISANTROPIA EM ALTA

Misantropia é a aversão ao ser humano e à natureza humana no geral. Também engloba uma posição de desconfiança e tendência para antipatizar com outras pessoas. Um misantropo é alguém que desconfia da humanidade de uma forma generalizada. A palavra vem do grego misanthropía, a junção dos termos μίσος (ódio) e άνθρωπος (homem, ser humano). O termo também é aplicável a todos aqueles que se tornam solitários por causa dos sentimentos acima mencionados (de destacar o elevado grau de desconfiança que detêm pelas outras pessoas em geral).
"Todos vigiam e controlam todos para que ninguém faça o que todos querem fazer."
José Angelo Gaiarsa
A misantropia está na rua. As conversas públicas nos celulares divulgam os conflitos humanos sem nenhum cuidado ou vergonha. A propaganda oficial tem mesmo que falar de amor, afeto e coisas parecidas. Precisamos abafar o ódio que nos vai na alma e substituí-lo pelo tocante "amor de magarina".
Este blog sempre teve como objetivo principal denunciar a péssima qualidade do ser humano e a sua deterioração progressiva e assustadora.
Vão muito longe as manifestações de filantropia. Não há mais espaço para filantropos. Diante da ingratidão do demônio humano, entendo perfeitamente a extinção da filantropia. Misantropos que desconhecem a sua condição se multiplicam em escala jamais vista. Ainda bem que os misantropos são todos enrustidos e recalcados. No dia em que os misantropos saírem do armário, teremos uma visão mais realista dos fatos.
Eu os pressinto e percebo nos mínimos gestos de ressentimento, rancor e raiva. Não acredito no som das bocas. Não me diga que você  gosta de pessoas se você as trata tão mal.
Pare de divagar e encontre-se, você que é um poço de perdição e primitivismo. Assuma. Você detesta toda essa gente estúpida a quem você tem sempre que dar todas as satisfações e mais algumas. Assuma. O preço que você paga aos outros para continuar vivo é exorbitante e profundamente injusto. Tenha coragem e admita que ninguém te dá porra nenhuma e que só existe um exército de cobradores. Todos cobram de todos. Isso para não falar dos odores nauseabundos que a espécie exala. É uma merda.
Chega de tapar o sol com a peneira. Pare de fingir que você é o único que não tira meleca do nariz. Seja verdadeiro uma vez na vida e não edite a sua exposição pública. Estou farto desse facebuquismo.
Reflita e seja sincero com você próprio. Desde que você nasceu  até agora, quantos foram os que valeram realmente a pena. Só tentaram te ferir ou te feriram com todos os requintes da tortura psicológica de que só o ser humano é capaz. Claro que você pode ser uma exceção, mas nas minhas teses a exceção nunca é levada em consideração. Interessa-me o comportamento da maioria que determina os padrões da chamada normalidade pública. E por falar em exceções, eu só me relaciono com exceções. Odeio esse " me engana que eu gosto" que cobre a civilização como um véu hediondo e que mancha e destrói as relações humanas.
Então é isso. Se você ainda não sabia que era  misantropo, seja bem vindo. Vem pra caixa você também.  Se você ama os judaico-cristãos, você não perde por esperar. Quando você se ferrar bem ferrado, eu estarei sempre aqui no meu blog para te confortar querido delirante. E no que me diz respeito, da humanidade não levo saudades.
P.S.- E não me venha com esse papo de que eu sou amargo porque doçura nunca foi sinônimo de felicidade e sou feliz cara pálida.

terça-feira, 3 de junho de 2014

EU NÃO GOSTO DE MULHER

Sem a menor cerimônia, já ouvi centenas de vezes durante a minha existência as seguintes frases: "Eu não gosto de mulher. Eu gosto mesmo é de boceta." Este é o discurso de homens viris, casados, namorados e inquestionávelmente heteros.
O desejo vai se renovando considerando que não é a esperança  a última que morre, mas a libido e o indivíduo vai dormindo e comendo a inimiga até que a morte os separe. É uma linda história de amor.
Sei o quanto é difícil suportar o comportamento cíclico, estranho e absurdo da mulherada, mas daí a ficar com ela apenas por causa da Dopamina e da testosterona, além de caracterizar uma dependência, a chamada vagino-dependência, é um descalabro.
Na realidade, o cara que se comporta desta forma é antes de tudo um misógino. A misandria também existe por aí, mas nunca ouvi uma mulher dizer que só está com o cara por causa do pirú. Será que entre elas rola esse papo? As mulheres não seriam capazes de tamanha abertura cênica. Mulher representa pra cacete.(Literal e metafóricamente.) E representa porque é obrigada a fazê-lo pela sociedade que nos sevicía.
Então, fica aqui a minha estranheza diante de milhões de homens que não gostam de mulher, mas apenas de dar vazão aos seus instintos. Eu os entendo, mulher é um saco mesmo, mas neste caso deixem bem claro que é só para trepar. Não criem laços afetivos confusos, truncados e esquizóides. (O problema é que por motivos culturais são raríssimas as mulheres que topam hormônio por hormônio.) 
Esta postura dúbia dos homens faz do romantismo a coisa mais delirante e decadente que conheço. Será possível gostar de boceta e da mulher que a carrega ao mesmo tempo? Será possível gostar da pessoa e do acessório precioso que a ornamenta?

quinta-feira, 29 de maio de 2014

BAIXE A CALÇA E A CUECA

ASO - ATESTADO DE SAÚDE OCUPACIONAL

ASSESSOR MED - Saúde e Segurança do Trabalho

Esta história é absolutamente verídica e aconteceu comigo na empresa supra-citada.

Chovia na Rio Branco. Já tinha adiado demais aquele exame. Tinha que ser. Com o meu guarda-chuva chinês de cinco reais, enfrentei a chuva, o vento, os transeuntes e os esbarrões para cumprir essa burocracia idiota que não avalia porra nenhuma.
Cheguei ao meu destino. Felizmente não havia ninguém na minha frente. Os médicos viam televisão e as secretárias falavam ao telefone. Ainda contemporizei secretamente: - Mas que exame inútil! Mais inútil do que o exame médico ocupacional, só a vistoria do Detran. Enfim, o tempo precioso das nossas vidas é consumido pela estupidez dos primatas que estão no poder e inventam essas merdas.
Em meio às minhas divagações, fui encaminhado para o consultório do doutor Rafael. Consultório? Eu sou muito gentil. Aquilo parecia uma cela  de penitenciária limpa. Sentei-me no cubículo e ouvi a seguinte frase:
- Pode baixar a calça e a cueca.( Essa tendência à singularização que existe no Brasil me irrita. Não seriam calças e cuecas?)
O som dessa frase não encontrou significado no meu entendimento. Olhei para um cara com um guarda-pó branco e não consegui elaborar o que estava acontecendo. É guarda-pó que se chama aquele bagulho? Olhei de novo para a figuraça e estava escrito doutor Raphael Bezerra, com ph e tudo.
- Como é que é? - reagi
- Baixe a calça e a cueca - repetiu
- A cueca? Pra quê?
- Eu tenho que examiná-lo.
- Examinar sem cueca?
- Eu tenho que saber se você tem hérnia inguinal, umbilical ou escrotal.
- Hérnia? Mas pra quê isso? Isso nunca me foi pedido e eu já fiz dezenas destes exames.
- Faz parte do ASO (Atestatdo de saúde ocupacional)
- Mas eu não sou estivador do cais do porto. Pra quê saber se eu tenho hérnia? Eu não carrego pedra.
- Então você vai ter que fazer o exame em outro lugar.
- Tudo bem. Vou fazer em outro lugar.
Enquanto decorria este diálogo absconso, o Raphael das candongas continuava teclando.
Num dado momento disse: - Eu posso considerar que você está apto mas com a ressalva de que você não pode fazer esforço físico.
- Mas eu sou professor. Eu não arrasto armários. Eu não faço esforço físico no meu local de trabalho. O meu trabalho não afeta o meu saco escrotal.( Neste momento eu me equivoquei. O meu trabalho acaba com o meu saco escrotal.) Mas enfim.... Isto é assunto para outra postagem.
Continuou teclando, fez-me algumas perguntas vagas sobre a minha saúde, tirou o papel da impressora e disse: - Assine aqui.
Assinei e saí do cubículo com a pasta na mão e os genitais salvos daquelas mãos científicas.
O Rafael só queria saber como se encontrava o meu saco. Só isso. Não se interessou pelo meu coração, pulmão, pressão ou batimentos cardíacos. Nunca na minha vida encontrei ninguém tão interessado no meu saco. Definitivamente o Rafael é um sacófilo. Aliás, o que vocês acham do doutor Raphael?

quarta-feira, 28 de maio de 2014

O BIZARRO CORSET PIERCING

AQUI VAI UMA POSTAGEM À MODA DA BLOGOSFERA ATUAL. EM MUITOS DOS BLOGS QUE CONHEÇO, O PATÉTICO, O GROTESCO, O SENSACIONALISMO E O ESCÂNDALO CONVIVEM HARMONIOSAMENTE. DESFRUTEM. DEPOIS SE PUDEREM LEIAM OS MEUS TEXTOS.
A bizarra modificação corporal do Corset Piercing 

 
"A cada dia que passa não conseguimos parar de nos surpreender com as insanidades que o ser humano é capaz de fazer com o próprio corpo, uma das práticas que mais vem causando estardalhaço é o tal do Corset Piercing, uma espécie de modificação corporal onde anéis de metal são inseridos na pele e unidos por uma fita para dar um efeito similar ao do espartilho.
Conforme informações divulgadas no Daily Mail, a bizarrice custa em torno de R$ 700,00, podendo ser aplicado nas mais variadas áreas do corpo, de preferência em locais onde a pele seja frouxa a ponto de ser transpassada.
Contudo, apesar da popularização do Corset Piercing, alguns médicos alertam para os males que ele pode trazer, já que a cicatrização para o processo é terrível, segundo relatos de profissionais o efeito espartilho é temporário e passadas algumas semanas de uso os pontos furados acabam deixando cicatrizes terríveis no local."
Confira alguns:
  
  
  
  
Depois ainda dizem que eu exagero ao denunciar o surto psicótico geral da pós-modernidade.

NÃO FOI NECESSÁRIO TEXTO