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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A TATUAGEM COMO FORMA DE EXPRESSÃO

Subitamente, surgiu no planeta inteiro um desejo incoercível de auto-expressão. É o que sempre me dizem as pessoas todas rabiscadas às quais eu pergunto a razão de tantos desenhos pelo corpo: a vontade de se exprimir. São unânimes em responder que a tatuagem é uma forma belíssima de expressão. Que coisa bizarra!
De repente não mais do que repente, todo mundo resolveu se render à arte. Que coisa sublime! Na minha opinião, essa onda avassaladora de tatuagens  não passa de um reflexo primata ancestral. Os grandes primatas, os gorilas, os chimpanzés, os orangotangos, têm por hábito imitar os gestos dos seus congêneres. É muito comum ver um chimpanzé se coçando e  constatar que o chimpanzé do lado faz exatamente a mesma coisa. Até existe uma expressão deliciosa em português castiço que é "macaco de imitação".
A tatuagem pandêmica obedece ao mesmo princípio atávico, resquício enigmático do nosso DNA. Aliás, como tudo na sociedade humana.  Alguém concebe e executa algo  e através de mecanismos complexos de difusão, o ato pioneiro do primata número um, contamina como um vírus irresistível e fatal todo o bando à sua volta. Essa fenômeno é conhecido como moda ou modismo.( O modismo passa, mas a tatuagem não sai nunca mais.)
Eu estou absolutamente perplexo como tanta manifestação artística. Na minha época, A ÉPOCA BOA, os humanos se exprimiam artisticamente de outra forma. O corpo era usado como meio de expressão na dança e no teatro, mas jamais era maltratado e ultrajado como nestes dias estranhos que me espantam e me assustam.
O animal de grupo faz qualquer coisa para ser aceito pela manada. Ser rejeitado pelo coletivo significa morrer. No mundo dos soi-disant selvagens, a morte é física e certa. Entre os humanos, a morte é psicológica e emocional. Por que vocês acham que nós fazemos tantas concessões ao grupo? Exatamente para que não sejamos abandonados por ele. 
Temos a sensação difusa e genética de que não somos nada sem o grupo. Achamos que é o grupo que nos dá significação. Discordo veementemente dessas percepções deveras perigosas e irracionais.
Essa reverência e submissão ao grupo faz de nós, animais tontos e perdidos que não sabem o que fazer longe do clã, da família, da sociedade e da multidão. 
Reivindico portanto, porque sempre reivindiquei, maior e verdadeira autonomia individual mediante a construção de um poder pessoal, para que não sejamos presas fáceis dos maneirismos e posturas impostas pelo grupo cruel, impiedoso, implacável, intolerante e tirano.
P.S.- Se a veia artística pulsa tão forte assim, seria o caso de se pensar em outras manifestações artísticas como a literatura, a pintura, a escultura, a música, etc. Precisamos de arte. Nunca vivemos um período de tanta esterilidade e/ou mediocridade artística.

O pescoço coroado
Carregando a cruz nas costas

sábado, 7 de fevereiro de 2015

NA JUGULAR - CENSURADO NO BING

RETIRADO DAS PESQUISAS BING E YAHOO
Há muito tempo que o meu Blog NA JUGULAR aparece em primeiro lugar na primeira página do GOOGLE, do BING e do YAHOO. Para minha surpresa, esta semana que passou, o meu BLOG foi retirado das pesquisas BING e YAHOO. 
Ao pesquisar nesses buscadores só aparece o que é relativo à palavra JUGULAR. O meu BLOG não é JUGULAR, é NA JUGULAR.
A questão que se coloca é a seguinte: se o blog constou das pesquisas de Bing e Yahoo em primeiro lugar, durante muito tempo, por que razão desapareceu?
O meu blog não é politicamente correto. Detesto essa maluquice contemporânea. Aliás, a referida maluquice vem dos Estados Unidos que reutilizaram inadequadamente uma expressão que tem a sua origem na China comunista de Mao Tse Tung. Ser politicamente correto durante a revolução cultural de "MAU", era estar de acordo com os princípios do partido comunista chinês. Nos anos setenta, essa expressão foi resgatada pelos americanos para  significar algumas décadas depois o que significa atualmente.
O Politicamente Correto é uma praga que atingiu o mundo globalizado e pretende institucionalizar a mentira e principalmente a hipocrisia. A hipocrisia era condenável e condenada na antiga escala de valores. Nos nossos tristes dias, como não há mais escala e muito menos valores, impõem essa  estupidez inominável a todo o mundo dito civilizado. Que civilização é essa que privilegia a inverdade e esmaga cruelmente a espontaneidade e a autenticidade? Por que razão estamos todos condenados a ser hipócritas? E a decantada liberdade de expressão? Desgraçadamente, vivemos sob a censura insidiosa do politicamente correto. Quando será que esses malucos vão parar de torturar e reprimir as pessoas?
Não se diz mais pornografia, a nova nomenclatura é conteúdo adulto. Que coisa mais imprópria! Conteúdo adulto? O meu Blog tem muito conteúdo adulto pois não escrevo para crianças, mas está muito longe de qualquer forma de pornografia porque trabalho com texto autoral, coisa rara na Web onde quase todo mundo copia, cola e compartilha. 
O BING compara o meu BLOG a um blog pornô. Colocou-o na mesma categoria reservada à pornografia. A reflexão sobre os meandros intrincados da vida humana virou pornografia no entender dos que seguindo os preceitos de um  falso moralismo asqueroso, comandam os destinos do BING. Vivemos uma época em que é proibido refletir. Trata-se da reflexofobia.
O que é que um Blog como NA JUGULAR tem de tão excepcional e de tão reprovável, para que se proibida a sua difusão pelo BING e pelo YAHOO?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

QUATROCENTAS POSTAGENS


O MEU PARAÍSO MUITO PESSOAL

UMA VISÃO POSSÍVEL E HETERODOXA DE PARAÍSO
No Paraíso só cabe uma pessoa. O resto é Céu, Inferno, Purgatório, Vida Familiar, Vida Profissional, Vida Conjugal, Vida Social e outras Topônimos igualmente inevitáveis, igualmente belicosos e igualmente deletérios.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A REPRESENTAÇÃO CULTURAL DA MULHER

Representar tem como sinônimos verbos muito esclarecedores quanto ao sentido que pretendo imprimir a esta palavra. Senão vejamos: aparentar, afetar, afigurar, fingir, representar, simular, arremedar, imitar, macaquear, parecer, parodiar, configurar, desempenhar, preencher, encarnar, personificar, simbolizar, encenar, exibir, ostentar, figurar, imaginar, interpretar, conceber, decifrar, traduzir, transladar, verter, ajustar, armar,   apresentar, declarar, descerrar, descortinar, desembuçar, desenterrar, desmascarar, evidenciar, frisar, manifestar, revelar, personalizar, significar, denotar e emblemar.
Vou escrever sobre a representação cultural da mulher, mas poderia escrever sobre a representação cultural do homem. Toda a representação cultural fica muito longe da verdade. E ao contrario do que se diz por aí, às vezes só há uma verdade, não há duas nem três. Em certas ocasiões, a verdade não passa pelo filtro da interpretação pessoal; a verdade é.
Resolvi escrever sobre este tema porque o teatro e a mentira a céu aberto sempre me incomodaram. Amante da verdade, sempre fui muito maltratado por esta sociedade hipócrita.
No que diz respeito aos comportamentos e atitudes da mulher em sociedade, chega a ser revoltante. Detentora e dona da sexualidade mais rica e exuberante de que se tem notícia na história do planeta terra, desde o neolítico superior, ela posa de romântica e amorosa. É difícil de aturar. Como é que alguém que tem zonas erógenas em todas as partes do seu corpo, como é que alguém que tem um corpo que sempre pode responder sexualmente, posa de "só por amor"? Não dá para engolir tamanha encenação. A mulher representa o papel de alguém que está muito ligada aos sentimentos e aos sentimentos nobres. E os homens? Só pensam em sexo? Será? A exigência de sentimentos por parte da mulher é a senha a ser decorada para  se ter acesso ao ato sexual. É uma espécie de pedágio cultural.
A mulher é o ser sexual por excelência. Só ela pode ter orgasmos múltiplos, só ela pode ter orgasmos mais intensos e prolongados, só ela tem o célebre e controverso ponto G e só ela pode ejacular um líquido incolor e inodoro. Só ela tem duas estruturas semelhantes ao pênis que se inflam durante a excitação e promovem o intumescimento do clitóris que adentra o canal vaginal e não é aquele coisa minúscula que se pode ver. Só ela não tem o famoso e embaraçoso período refratário. Só ela investe no ato sexual como mais ninguém.  Com todo esse arsenal sexual, o homem é que o bicho excessivamente sexualizado?
Toda a indústria estética e cosmética está a serviço da mulher para que ela a reutilize com objetivos puramente sexuais. O investimento sexual da mulher é descumunal. E isso não está muito claro na cabeça de nenhuma mulher. A mulher nasceu para seduzir. Ela seduz sempre e a qualquer momento. É inexorável e intrínseco.
Só conheço e ouço falar de sexólogAS. Raramente aparece um sexólogo. Elas são especialistas no tema sexo.
Diante dos fatos que acabei de relatar, não acho que a mulher seja esse poço de sentimentos que todo mundo alardeia por aí sem refeltir. E afinal, o que é que atração sexual tem a ver com afeto e amor? Nada a ver.
Apesar do massivo investimento em sexo, a mulher é mais seletiva. Neste ponto, surge uma outra questão. Ela é mais seletiva por razões genéticas ou por razões culturais? O macho não é nem um pouco seletivo. O seu código genético o induz a disseminar os seus genes. E a testosterona produzida nas quantidades em que é produzida no macho humano, não permite uma escolha mais apurada. Além disso, ele é estimulado culturalmente até a exaustão a exercer a sua sexualidade ao contrário da mulher que ainda hoje é reprimida. Se o homem for sensível é considerado viado e se a mulher exercer dignamente a sua sexualidade é puta. Dá para respeitar uma sociedade como a nossa?
Suponho que a genética da mulher a encaminhe para uma seleção de genes. Isso faz sentido. Mas até que ponto a cultura também não colabora para essa postura seletiva e de poder faça com que  ela dê a palavra final em questões sexuais?

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

VIVA O SUBÚRBIO CARIOCA

A FALSA SUPERIORIDADE DOS MERIDIONAIS
O início da maluquice é determinar o valor de alguém pela sua situação geográfica. Isso é só o começo. É uma espécie de síndrome de G.P.S. Estou cansado de apresentar provas da loucura humana. Estou ficando exausto, principalmente porque o pessoal caga e anda pra mim.
Convencionaram que quem mora na Zona Sul do Rio de Janeiro é bacana ou para atualizar a gíria, é maneiro. De onde as pessoas tiraram tamanho disparate? Qual terá sido a origem de tão desmedida sandice? A localização geográfica não é tão determinante assim. Dezesseis por cento da população do Rio de Janeiro mora na Zona Sul. Esse pessoal da Zona Sul não tem representatividade. É uma minoria metida a besta que ainda por cima, tem todos os privilégios  oferecidos pela prefeitura.
Morar na sul é legal porque as pessoas da Zona Sul são mais ricas, tomam banho de mar, acumulam mais iodo e têm melhor nível cultural. Ledíssimo engano. As maiores fortunas do Rio de Janeiro moram no subúrbio. E nível cultural elevado, hoje, ninguém tem mais. Acabou esse negócio de nível cultural. Isso é coisa do passado. Atualmente é uma calamidade cultural em todas as latitudes. E quanto ao banho de mar e ao iodo, as águas da Zona Sul são um caldo de merda.
Eu gosto do subúrbio. O subúrbio ainda preserva valores que me são muito caros e datam dos anos oitenta e noventa. Não vejo na Zona Sul do Rio,  a cordialidade, a humanidade e  a generosidade que encontro no subúrbio. A Zona Sul sofre de complexos formidáveis de inferioridade. Insistem em se parecer com uma espécie híbrida, algo entre os europeus e os americanos.
Como acham que são ricos, não precisam de ninguém. Exibem os seus egos e os seus cachorros nos meridionais calçadões  chiquerézimos. Quanta veleidade e pretensão!
No subúrbio sinto-me mais à vontade. Posso ser brasileiro, posso não me parecer com o estereótipo estúpido da globalização. No subúrbio encontro o Brasil no que ele tem de melhor. A miscigenação, a presença redentora da África com a sua alegria e as melhores relações com a vida. Dia desses, até gente ingênua eu achei no subúrbio. A ingenuidade é uma relíquia que deve ser valorizada nestes tempos de gente esperta e arrogante demais.
Suburbano toma menos anti-depressivos que gente rica da Zona Sul. Concluo que o sul não traz felicidade. E são esses infelizes que desprezam quem está em outra longitude. A geografia como critério é uma bosta desprovida coerência e lógica. Se vocês querem julgar, julguem, mas adotem outro juízo de valor. Toda a minha vida, ouvi essa babaquice  de que Zona Sul é uma maravilha. Estou de saco cheio dessa parvoíce. 
Gente fina, chega de preconceito.

domingo, 25 de janeiro de 2015

NA JUGULAR - SEGUNDO ANIVERSÁRIO

Visualizações/Estatísticas -  Janeiro de 2014

















Estados Unidos  9994
Malásia 6162
Brasil 6089
Rússia 1498
Alemanha 418
Sérvia 155
Ucrânia 139
França 76
Reino Unido 51
Portugal 47














Visualizações/ Estatísticas - Janeiro 2015

   Brasil
189095
   Estados Unidos
16657
   Malásia
6162
   Portugal
3090
   Rússia
1755
   Índia
1273
   França
1088
   Alemanha
1032
   Indonésia
768
   Espanha
433

Em um ano, quase decupliquei o número de visualizações. (1000% a mais) Passei de 24.590 a 233.581 visualizações, com 396 postagens. Quanto aos meus leitores, continuo sem saber quem me lê. Os meus leitores são anônimos, invisíveis e valiosos. Em dois anos, tive apenas 163 comentários. Para um blog que só aborda temas polêmicos, é irrisório. Outra coisa: quase ninguém me indica com + no Google +. No Google+, a grande maioria não lê as minhas postagens e muitos dos que as leem, detestam. Preferem várias imagens com UMA única frase. 
As pessoas também se recusam a seguir o meu blog. Muitas vezes, a pessoa me adiciona e logo depois me desadiciona. Tentei adicionar vários colegas de trabalho. Só três, tiveram a coragem de ver os seus nomes impolutos, maravilhosos e politicamente corretos, associados às minhas postagens terríveis e nauseabundas.
Considerando a "modernidade líquida" e os tempos bicudíssimos em que vivemos, massacrados por  um excesso torturante de imagens e por frivolidades dolorosas, tantas visualizações deste blog, quando amargamos a crise da boa palavra escrita e a absoluta fobia à reflexão, fazem de NA JUGULAR, um sucesso silencioso e tranquilo para uma minoria muito seleta.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

SOLIDÃO E LIBERDADE

" Quem não ama a solidão também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre."
Arthur Schopenhauer
É isso mesmo. E ainda há pessoas que não gostam de Schopenhauer. Não gostam porque não o conhecem. Baseiam-se nas falsas reputações. Aliás, todas as reputações são falsas.
Para a maioria que foi educada para depender, esta frase é indeglutível. No culto à dependência, não há lugar para a liberdade, muito menos para a felicidade. "Independência ou morte" não é uma boa frase para a nação brasileira, mas é uma excelente frase para qualquer pessoa.
Jesus impressiona pela sua retórica. Uma frase que me impressiona do Jesus é:" Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará." A verdade do Cristo não me interessa, mas a verdade é sempre libertadora, nisso ele tem razão.
Para quem foi treinado para olhar sempre pra fora, esta frase não faz sentido. A grande maioria espera  que tudo venha de fora. Só estão atentos aos movimentos exteriores. Nunca foram educados para introjetar, para se ensimesmar. A cultura oriental favorece muito mais a introjeção. Esta frase dita por um ocidental destoa do padrão de pensamento em vigor há séculos. A humanidade só quer fugir de si mesma e da sua condição e isso não traz bem-estar nenhum. É um caminho perverso e estúpido. Quase todos são fugitivos de si mesmos.
Procuram refúgio na família, na religião, nos amigos, nos negócios, no poder, nas drogas lícitas e ilícitas, nos amores e não conseguem porra nenhuma. Continuam infelizes. Esse folclore cultural de amigos e amores e coisas que tais é uma mentira do cacete.
A verdade é assim: aceite que você é só e se vire da melhor maneira. Continue sorrindo para os outros. Mantenha a convivência mas saiba que eles não passam de moscas sobre a sua angústia. Eles não servem para promover a sua felicidade. Eu não estou realizando um exercício de egocentrismo, eu estou lhe apresentando a única solução existencial segura, confiável e duradoura. Procure refúgio em si mesmo. Para isso, faça-se forte.
Eu não quero fugir de mim mesmo apostando em coisas exógenas. Eu quero ficar cada vez mais concentrado em mim, na minha história, nas minhas experiências e no meu aprendizado. Não me interesso mais pelo que os outros dizem e fazem; é irrelevante pra caralho. Eu quero é saber de mim. E não é por ser um grande egoísta que ajo assim. Eu porque cansei de blá blá blá e lero lero.

sábado, 17 de janeiro de 2015

COMER OU NÃO COMER, EIS A QUESTÃO


"Os romanos agregaram o prefixo "com-" (juntos), por entender que comer é um ato que se pratica preferentemente junto com outras pessoas e a desinência verbal, que no infinitivo era "edere". Formou-se assim o vocábulo "comedere", que nas línguas romances ibéricas foi perdendo a raiz indoeuropéia "ed" e converteu-se primeiro em "comere" e logo em "comer", não só em português como também em castelhano, em galego e em catalão." ( Hoje, contrariamos a origem da palavra. A maioria come só e apressadamente. Não sabemos mais comer ou o Sistema não nos deixa nem comer em paz.)
 O NOVO HAMLET
Há teóricos americanos (e esta tese só poderia ser americana; os mais problemáticos comedores) que defendem a tese segundo a qual o grande objetivo da vida de qualquer ser vivo, inclusive dos humanos, é comer. Para eles, trabalhamos, criamos e vivemos para comer. Comer é a grande razão de viver.
Atualmente comer é um dos maiores tormentos da humanidade. Comer tornou-se um problema muito complexo com múltiplas variáveis. A quantidade de transtornos ligados ao ato de comer, assusta. (Nem vou falar do sobrepeso que atinge bilhões de pessoas.) A obesidade mórbida, a anorexia nervosa, a  bulimia, a ortorexia e a  ebriorexia são alguns dos transtornos já catalogados pela controversa DSM5.
Talvez você nunca tenha ouvido falar de Ortorexia e Ebriorexia. A Ortorexia, caracteriza-se por uma excessiva seleção de alimentos, o que leva a pessoa vítima deste transtorno a não comer quase nada. Já a Ebriorexia, comum entre adolescentes, é a primazia do álcool em detrimento da alimentação. A adolescente, a grande maioria é de mulheres, bebe sem controle e não se alimenta. O objetivo final é ficar magra. 
Os transtornos alimentares que atingem principalmente mulheres estão intimamente ligados à aceitação sexual e social. Comer tornou-se um ato complexíssimo  que não cumpre mais a função nutricional. O comer está a serviço da beleza física, do poder de sedução e é fruto do excessivo culto ao corpo.
Comer é uma forma corriqueira de compensação emocional e busca de prazer fácil, pois trata-se de uma sociedade autômata que só sabe trepar, comer, comprar, trabalhar, acumular, se drogar, dormir mal e se exibir no Face.
Os mais novos esqueceram que isto aqui não é nenhum Shangri-lá. Acham que podem gozar sem limites negando o sofrimento que por vezes é essencial. Falta disciplina e respeito.
Na busca pela aceitação dos outros, muita gente morre por não comer ou por comer demais. Os adolescentes e os adultos jovens são as vítimas preferidas da publicidade e da visão de mundo imposta pela maioria. O que você ainda não assimilou é que os Outros podem te matar. Para tanto, basta que você siga as práticas culturais que estão na moda. O cigarro matou bilhões de pessoas porque estava na moda e era bonito. Milhões de pessoas morreram porque o bronzeado é lindo e sensual. A publicidade fomentadora de modismos é genocida em potencial. Na medida do possível, livre-se dos outros. Com certeza que há gente a mais na sua rede social.
Quando ouço certos diálogos que só valorizam a estampa e a carcaça, tenho vontade de intervir, mas acabo ficando apenas à beira da náusea. Resigno-me com as gargalhadas que vou dar quando a tatuagem sair de moda e as gordurinhas localizadas forem consideradas imprescindíveis à boa saúde por essa medicina suspeita que nos domina.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

OS RESTOS

São muito poucos os que aprenderam a nutrir-se emocionalmente por conta própria. Na inóspita vida gregária, contentamo-nos com os restos dos sentimentos e das emoções que os outros nos concedem a duras penas e chamamos isso de amor e amizade. Recuso-me a chamar de amor e amizade essa troca sórdida de interesses que passa pela chantagem, pela ameaça, pela trapaça e pela dependência
Quando mais jovens até chegamos a pensar que temos uma importância real para os outros, próximos ou distantes, mas é pura ingenuidade.
Quem teve a coragem de amadurecer, já descobriu que os outros, próximos ou distantes, primeiro se empanturram de si próprios, depois, jogam no chão as migalhas do melhor dos seus íntimos para que nós como hienas civilizadas, recolhamos às lambidas, o que sobrou do fausto banquete egocêntrico. E ainda creditamos esta miséria grupal  a uma certa grandeza d'alma. Não faltam adjetivos e substantivos para qualificar e nomear esta desgraça: amor, amizade, generosidade, solidariedade, etc. Vivemos das sobras, pobres hienas tecnológicas!
Eu quero muito mais. Se é para doar que se doe de verdade.