"No
hemisfério norte o solstício de
verão ocorre por volta do dia 21 de junho e o solstício de
inverno por volta do dia 21 de dezembro. Estas datas marcam o início das respectivas estações do ano neste
hemisfério. Já no
hemisfério sul, o fenômeno é simétrico: o solstício de verão ocorre em dezembro e o solstício de inverno ocorre em junho.
Em várias culturas ancestrais à volta do globo, o solstício de
inverno era festejado com comemorações que deram origem a vários costumes hoje relacionados com o
Natal
das religiões pagãs. O solstício de inverno, o menor dia do ano, a
partir de quando a duração do dia começa a crescer, simbolizava o início
da vitória da luz sobre a escuridão. Festas das
mitologias persa e
hindu referenciavam as divindades de
Mitra como um símbolo do "Sol Vencedor", marcada pelo solstício de inverno. A cultura do
Império Romano incorporou a comemoração dessa divindade através do
Sol Invictus.
Com o enfraquecimento das religiões pagãs, a data em que se comemoravam
as festas do "Sol Vencedor" passaram a referenciar o Natal, numa
apropriação destinada a incorporar as festividades de inúmeras
comunidades recém-convertidas ao cristianismo.
O OUTRO LADO DA NOITE FELIZ
Pelo exposto acima, fica comprovado que o salvador do mundo não nasceu dia 25 de Dezembro. É mais uma das muitas armações da cristandade, aniversário sem aniversariante.
Mas o importante não é isso. Essas considerações de caráter astronômico e histórico não fazem a mínima diferença. O importante é o espírito de natal que nos invade e nos traz a paz, a concórdia e o amor, esse não poderia faltar. Não é mesmo? Todo mundo fazendo compras estressadíssimo, todo mundo muito bêbado e arrotando peru com bacalhau, engarrafamentos por todos os lados, os acidentes automobilísticos triplicam, gente nervosa no trânsito, gente apostando expectativas estúpidas nesta data maravilhosa e se frustrando, gente mal humorada por falta de sono, a família finalmente reunida para lavar quilos de roupa muito suja, as emergências dos hospitais cheias de gente que levou porrada porque o natal é tranquilo e maravilhoso, gente que aproveita a verdade trazida pelo álcool (In vino veritas) para dar um pé na bunda do parceiro(a), gente que acha o nascimento do messias tão fundamental para a humanidade, que aproveita o ensejo e se suicida, gente que chora copiosamente porque se lembra de muitas merdas nesta data tão sublime e falaz, gente que toma uma cartela de antidepressivos para aguentar a beleza da noite feliz.
Na verdade, é uma data muito espiritual. Todo mundo no shopping rezando a Nossa Senhora do Bom Crediário. Milhões de pessoas se endividando para darem satisfações a uma data fake. E o Papai Noel suando em bicas, neocolonialista, obeso mórbido e sem a menor noção de geografia. Coitado! Ho, Ho, Ho!
O Natal só é bom mesmo para as crianças. Falo de crianças que ainda não sofreram as sevícias do processo civilizatório. Para elas é legal. Ganhar presentes, rir e brincar. É um engano profícuo.
O pior é que também querem infantilizar gente adulta. Isso é grave. E quando fingimos que acreditamos no carnaval armado com luzinhas made in China e presépios tecnológicos, somos bem vistos pela sociedade. Mas quando, sabendo que se trata de uma descomunal farsa comercial, participamos dela com reservas, somos chatos. Eu sou chato pra cacete!
Então para todos os que ainda têm saco para me ler e especialmente para os meus amigos da Malásia, um "Feliz Natal".
Espero que o Natal passe logo, para poder voltar à realidade. Não gosto de histórias para boi dormir e muito menos de alegria com hora marcada, prefiro todos os inconvenientes da realidade. Feliz Realidade.