.

.

.

.

sábado, 8 de março de 2014

POR UMA VISÃO DE MUNDO ALTERNATIVA

 ABAIXO OS ESTEREÓTIPOS
Quem vive de clichês nem suspeita que há vida fora do estereótipo. O pobre indivíduo em questão tem por hábito arraigado não refletir. E tudo conspira para a longevidade do estereótipo. Criam-se provérbios, ditados, máximas, aforismos, etc que corroboram a "sabedoria" dos clichês. O clichê tem DNA de vírus e contamina milhões de pessoas em pouco tempo. Quando você se dá conta já está o mundo inteiro repetindo e praticando a mesma estupidez ou uma nova estupidez.
Não vou fazer a lista de todos os clichês que andam por aí impunes. Vou citar apenas alguns: a família é a base da sociedade, sem família está tudo perdido, filho único é problemático, judeu é sovina, português é burro, francês é chique, deus é onipotente, as mulheres são muito sensíveis, os homens só pensam em sexo, a tatuagem é uma forma de expressão, cerveja dá barriga, a virgem Maria era virgem, só o amor constrói, a democracia é um sistema maravilhoso, o papa é infalível, crescei e multiplicai-vos, o nosso amor é para sempre, está escrito na bíblia, a bíblia diz, somos todos iguais, deus castiga, quem espera sempre alcança, as crianças são umas gracinhas, bandido bom é bandido morto, só transo por amor, sem você não sou ninguém, essa cara sou eu, deixa que eu resolvo, não tenho inimigos, adoro a natureza, salvem as baleias, venci na vida, como todas, toma este remedinho que passa, as coisas vão melhorar, a vida é bela, o inglês é uma língua muito fácil, o importante é a beleza interior, o Brasil é campeão, ele era fantástico, pena que já morreu, cuidado com o juízo final, eu te ligo, posta no face, é um festival de milagres, formamos uma bela equipe, o chefe é um filho da puta, o síndico é ladrão, um beijo no coração, Jesus está voltando, os sindicalistas são todos uns inúteis, não vamos trepar, vamos nos amar, eu amo todos vocês, você é o segundo homem a quem eu me entrego completamente, existem os políticos bons... Enfim, depois eu escrevo outra postagem para completar esta lista.
O lugar comum que mais me intriga no momento, é acharem e alardearem por aí que a decantada autoestima tem a ver com a aparência. Se a aparência for boa, a autoestima é elevada. Que babaquice! E há muita gente boa fazendo plásticas e mais plásticas para aumentar a autoestima. É mole? A aparência é a suprema obsessão deste século.
A autoestima nada tem a ver com a aparência. A autoestima tem muito mais a ver com o que pensamos de nós mesmos sem atenuantes e sem concessões.
O lamentável em relação aos estereótipos é a hiper repetição de padrões mentais e comportamentais caídos. O cara até suspeita que esse padrão tá podre porque fede, mas ele não tem coragem de mudar e a merda continua a mesma.

terça-feira, 4 de março de 2014

O QUE ENFIARAM NA TUA CABEÇA

É espantosa a quantidade de coisas que enfiaram na tua pobre cabeça e na minha. Enfiaram justamente, numa época em que as nossas cabeças eram porosas, esponjosas e não estavam imunizadas contra a babaquice planetária. Isso foi por volta da infância e adolescência. Esse é o período ideal para enfiar porcaria no teu cérebro. Se você não imunizar a sua cabeça, você vai continuar a ser penetrado durante a vida inteira pela sofisticada indústria da babaquice. Vacine-se. E neste caso, trata-se de uma auto-imunização. A iniciativa tem que partir de você.
A pior coisa que enfiaram na tua cabeça é que só o outro ou os outros podem te dar significação. E fazem isto, aproveitando-se do teu instinto gregário. Você repete este pensamento, somatiza esta bosta, condiciona-se a isto e se torna uma aberração submissa a alguém ou ao grupo. (Acho que os outros devem fazer parte da tua vida, mas nunca para te dar significação. Os outros são elementos imprescindíveis e fundamentais do cenário.)
É exatamente o contrário, só você pode se dar significação. Mas como? Sofra, viva, frustre-se experimente, compare, reflita, conclua e descubra. Se você continuar à espera da significação que as pessoas darão à sua existência, você tá frito.
Nem vou falar dos mitos, das crendices, das crenças, das falsas fontes de felicidade, de todo esse lixo que jogaram na tua e na minha cabeça. Eu, não só limpei a lixeira em que transformaram a minha cabeça, como a povoei de coisas mais originais, fruto da minha observação e experiência. Mesmo sendo homem, nunca subestime a sua intuição. A intuição do homem comparada à da mulher é precária, mas mesmo assim é digna de crédito.
Limpar a lixeira é a coisa mais dolorosa do mundo. Significa abandonar conceitos que aderiram às nossas almas como nódoas. Parece que sem essas nódoas, você não é nada. Tens que ter coragem. Tens que abandonar as avenidas estúpidas pavimentadas pelos babacas de plantão e começar a trilhar um caminho mais próprio e apropriado.
É muito improvável que todos sejam felizes andando pela mesma avenida e fazendo o que todos os outros fazem. Considerando a nossa impressão digital  que é única e todas as outras singularidades que nos caracterizam, é impossível ser feliz adotando o comportamento insano da maioria.
Arranje algo parecido com um Omo abstrato e limpe-se e lave-se. Aguente firme. Plante flores novas, pinte cores novas, use cores suas, coloque um verde próprio, fertilize o novo espaço e transforme a velha lixeira num  canteiro inovador para sentir e pensar diferente.

segunda-feira, 3 de março de 2014

OS REFÉNS DA FOLIA

A maioria decidiu, tá decidido. A isto chamam democracia, a ditadura da maioria. Tudo o que é feito por milhões de pessoas tem valor e credibilidade. Tudo o que é feito por meia dúzia de indivíduos se destoar do padrão-maioria, é suspeito.
E aqui estou eu mais uma vez, refém do comportamento geral. Eu não tenho culpa se as pessoas não têm vida interior. Eu não sou o culpado da maioria só conseguir bem-estar transitório em coisas exteriores. Eu não tenho que pagar o preço porque a maioria gosta de barulho e adora ensurdecer. Eu não sou o responsável pelo fato da maioria só aguentar a vida com uma cerveja na mão e um sexo na outra. Eu não tenho nada a ver com isso. E no entanto, me obrigam a participar desta insanidade institucionalizada e oficial.
Ninguém nem ousa dizer que não tem time de futebol e não gosta de carnaval. "Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça....."Ou seja quem não comunga da loucura coletiva é o maluco eleito pela maioria. Quem não se parece com a maioria é doido, no mínimo. Quem a maioria pensa que é? Esqueci. A maioria não pensa. 
O desejável é diluir-se na massa e perder a nossa identidade. O ideal para o Sistema é virar número de estatística. Afinal, o que é que eu e você significamos? Num planeta que banaliza e vulgariza a vida humana através da explosão demográfica, nós não representamos nada. Há sete bilhões de seres muito parecidos conosco. Procriar assim, diminue a qualidade.
Não está mais na moda, (e sempre tudo é uma questão de imitação, publicidade e modismo) defender as minorias. Não gosta de carnaval, foda-se. Vai ter que aturar essa batucada sem sentido, essa euforia com hora marcada, essa alegria manufaturada, essa aglomeração tribal e  primitiva, esse remelexo compulsivo, essa comemoração sem motivo. 
A única coisa boa que a maioria me proporciona são estes dias ma ra vi lho sos de ócio criativo. Sou favorável à interrupção do trabalho. Preferia interrompê-lo por ideologia e não porque o pessoal tem que pular. Pular não chega a ser uma ideologia. Ou será que já é?
Gostaria de sair de casa. Mas está tudo bloqueado. As ruas estão fechadas. Está tudo muito confuso. E  se ousar sair de casa, ainda aparece alguém que me obrigue a ser quem eu não sou, com spray, confetes, ovos podres e outras indecências.  
Poderia ter ido para Petrópolis, poderia ter ido para Nova York, poderia ter ido para Marte, mas eu adoro a minha casa. Será que eu não tenho mais o direito de ficar em casa?
Desejo a todos um feliz carnaval alternativo. 
P.S.- A palavra folia tem a sua origem etimológica ligada à palavra francesa "folie" que significa loucura. Deixem a sanidade passar.

sábado, 1 de março de 2014

NÃO ACREDITO EM MUDANÇAS DE ENDEREÇO

Para quem mora dentre de si, não acredito em mudança de endereço. Na busca da felicidade, na ânsia de serem felizes, as pessoas trocam os pés pelas mãos. Se você mora em você, pouco importa a geografia física. Aliás, esta é a prova dos nove. Se o mundo exterior é capaz de abalar tanto a sua estrutura pessoal, o seu eixo, a sua rotação, você está muito longe da felicidade. Não que o meio exterior não tenha importância, mas não pode ser capaz de inviabilizar a relação harmoniosa que você deve ter com você e apenas com você, visto que harmonia com os outros é quase impossível. Atenção, eu disse que a harmonia com os outros é quase impossível, não disse que o relacionamento com os outros é quase impossível.
Então faça o que você quiser. Gaste uma fortuna para mudar a sua solidão de cenário. Vá para onde você quiser sabendo de antemão que você não sai de dentro de você nem a pau Nicolau.
Não acredito em mudanças  de endereços, acredito no entanto em mudanças de comportamento. Neste caso, o buraco não é nem mais em baixo, é lateral. São poucos os que conseguem mudar o comportamento, a visão de mundo e as estratégias existenciais. Estamos todos viciados nas miseráveis sinapses que trouxemos da educação e que se sedimentam na sociedade J.C. Só falam em competência profissional. Ninguém fala em competência existencial. E é o que mais existe; incompetentes existenciais. Ninguém é culpado e todos são responsáveis. Numa sociedade em que só se fala de futilidades, de futebol, de beleza física, de sedução e trepada, o meu blog não tem nem classificação ou categoria. Tenho sempre que colocar na categoria OUTROS. E já me disseram que o meu blog é "fastidious". "Fastidious" e único. Sempre falo do que realmente é essencial. O bem- estar humano e/ou a felicidade. Felicidade deve ser um saco para gente que mora na rua dos seus próprios sentimentos e emoções. Mendigos existenciais, moradores de rua existenciais, existem aos bilhões.
Eu nunca mudo de endereço que é solução mais fácil e menos eficaz, eu procuro mudar de comportamento. Paris não será capaz por si só  de mudar a minha visão de mundo. É preciso muito mais que Paris. 
PS. - J.C. é judaico-cristã.

POR QUE O CARNAVAL É UM SUCESSO?

OS  PAPÉIS CULTURAIS
Não seria muito difícil ser mulher não fosse o papel cultural intrinsecamente associado a essa condição. O penoso não é a condição, sofrida é a representação. Ser homem é mole; o difícil é interpretar o papel cultural de homem estupidamente imposto pela sociedade. Isso é que é dureza. Ser professor é fácil, difícil é incorporar o papel imaginado pela sociedade para aquilo que supostamente deve ser um professor. Ser policial é uma beleza. Impossível é exercer o papel cultural ligado a esse ofício. Ser viado deve ser ótimo. Representar o papel de bicha na sociedade é uma merda.
A representação é automática. Foi-nos inculcada pelo processo educacional e é como se já fizesse parte da nossa segunda genética que é a cultura idiota. O médico tem um papel a desempenhar. Isso não é uma atitude de médico, dizem. A sociedade pré-determina o que ser para quem é o que quer que seja. É duro! Um professor não deve, não pode.... Um mulher não deve, não pode..... Em outras palavras, nunca podemos ser nós próprios. Temos que ser o que os outros reservaram para nós.
O carnaval é um sucesso porque ainda que muito temporariamente, o indivíduo tem a sensação de não mais ter que respeitar papéis culturais pré- estabelecidos. Ele é homem e se veste de mulher. Ele é socialmente enquadrado e se veste de pirata. Finge que não gosta de sexo e no carnaval derrama sem limites  toda a sua genitália. O carnaval oferece ao indivíduo, ainda que de mentirinha, o prazer inconfessável de transgredir.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

ALERGIAS SINÁPTICAS

O CULTO DA ALIENAÇÃO 
Nunca compreendi muito bem essa felicidade que é fruto da fuga de si mesmo. Sempre entendi felicidade como encontro. O people se diz feliz porque foi p'ra Paris, porque o time ganhou, porque a filha casou, porque o neto nasceu, porque o aumento chegou, porque a novela começou.... É tudo fora do indivíduo. Tudo acontece no exterior. No interior da criatura não acontece nada. Essa felicidade me soa a perdição, aventura e dependência. Esse sentimento para mim está mais próximo da paixão, da exaltação, da alegria e do entusiasmo. A felicidade é um sentimento muito mais determinado, autônomo e calmo.
É mais fácil dizer o que a felicidade não é. Felicidade não é alienação, felicidade não é delírio. Já surpreendi certa feita, um ser em pleno delírio gritando:- Mengo! Mengo! Mengo! Isso é felicidade? Delirar é ser feliz? Não me parece.
Quem foge da realidade ou a fantasia compulsivamente não pode ser feliz. Não acredito que se possa ser feliz através do esquecimento e da negação do que é real. E não vamos nos masturbar muito dizendo que a percepção do real depende de cada um. Sim, depende. Mas há coisas que são insofismáveis. Por exemplo, os políticos brasileiros são corruptos. É óbvio que numa afirmação como esta, falamos da maioria. Se fôssemos falar nominalmente precisaríamos de algumas horas para citar todos. Portanto, há facetas do Real que não dependem de interpretação, avaliação ou filtros pessoais. É o que é. Desmentir o calor que faz agora no Rio de Janeiro, seria uma prova irrefutável de demência grave.
Acho que não se pode chamar de felicidade coisas transitórias que ocorrem fora do indivíduo. O meu conceito de felicidade, passa obrigatoriamente por uma construção pessoal mais consistente. Aliás, nunca vivemos tempos tão avessos à introspecção e às sinapses ou seja, nunca vivemos tempos tão infelizes.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

DO OUTRO LADO DO SERENGUETI

EXERCÍCIO COMPARATIVO

SERENGUETI
O ecossistema Serengueti é uma região na África Oriental, no norte da Tanzânia e sudoeste do Quénia, entre as latitudes 1 S e 3 S e longitudes 34 E e 36 E, cobrindo cerca de 30000 km².

No Serengueti, todos sabem que vigora a lei do mais forte ou do mais apto. Vocês já devem ter visto no Animal Planet ou no Discovery Channel. No Serengueti, a vida é dura. Bobeou, dançou. Do alto da nossa civilização maravilhosa, ficamos chocados ao vermos animais devorando animais sem dó nem piedade. Como é selvagem o Serengueti!
Do outro lado, estamos nós, civilizados, superiores, milagres da criação e cheios de marra. Aqui, não é como no Serengueti, ninguém devora ninguém. Temos um Estado fabuloso que olha por nós, com uma polícia não menos fabulosa que nos dá toda a Segurança. Pagamos vultosos e obscenos impostos para vivermos num oásis de felicidade. Ninguém nos come, só sexualmente, é claro. Que doce deleite!
Reina a fraternidade e a solidariedade. Não existem predadores e muito menos presas. Somos todos irmãos. Tomamos um banho de civilização a cada despertar para sorrirmos de dentes clareados para os lindos dias de sol que nos esperam no horizonte. Não nos comemos, saudamo-nos com bons-dias entusiásticos e cheios de amor.  Do outro lado do Serengueti, não estamos sós. Vivemos sob os auspícios da super-proteção. É inefável, viver deste lado. Primeiro deus nos protege, que lindo! Depois, a família também nos protege, que sublime! E não fica por aí, contamos com a proteção da coesa e bela sociedade humana.
Do outro lado do Serengueti, não há carnificina, apenas umas guerras bobinhas que dizimam milhões de almas. Por aqui, não há grunhidos, temos apenas e tão somente cantores de funk. É indizível, a beleza que nos  farfalha e acaricia os tímpanos.
Não temos inimigos na noite, porque tudo é  às claras com centenas de amigos no  feérico e esplêndido Facebook. Por aqui, não há hienas para nos perturbar o silêncio, somente sambas-enredo para nos levar a um mirífico êxtase. Não estamos ao relento, sujeitos à chuva e ao sol, só temos umas insignificantes enchentes que nos dão direito ao aluguel social. É estupendo!
Por aqui, os filhotes não morrem como no Serengueti porque contamos com o SUS para salvar-lhes a vida. Por aqui, não precisamos caçar, apenas trabalhar dia e noite, suportar todos os assédios morais do chefe, para depois enfrentarmos alegres a fila do Mundial ou do Extra sem ar condicionado.
Enfim, queridos irmãos e irmãs, coitados dos habitantes do Serengueti. Que deus  se apiede dessas Bestas Selvagens, dessa Selva Cruel onde cada um é por si.

TROCANDO DE PROBLEMAS

" Ninguém é digno de inveja e tantos são dignos de lástima."
 Arthur Schopenhauer

Ainda existem pessoas visivelmente perturbadas emocionalmente que acham que os outros não têm problemas. Só elas são vítimas da crueldade do Sistema. Quanta ingenuidade e ilusão! O teatro social, sempre nos induz a erro. De longe e no Facebook, ficamos impressionados com a massacrante felicidade dos outros. Todos sorrindo para as dificuldades e festejando tudo e mais alguma coisa. Diante de tamanho êxtase, poderíamos até cogitar em trocar de problemas. Nós enterrados em problemas até o pescoço e os Feicebuquistas inveterados numa naice.
Ao invés de acalentar os problemas que têm, as pessoas os negam, os mascaram, os escondem e por isso trapaceiam no ato de existir e viver. Convivi anos a fio com gente muito trapaceira. Acabou. Sou um homem cheio de ex-amigos. Os sinceros ficaram para sempre.
Eu não gostaria de ter os problemas do Eduardo Paes. Cada situação tem os seus inevitáveis problemas. Existem os problemas da solidão e os problemas do casamento. Existem os problemas do anonimato e os problemas da celebridade. Quem não tem os problemas da pobreza, tem os problemas da riqueza que não são poucos.
O ser humano em contato com  esta atmosfera gera problemas. Parece que há uma incompatibilidade entre o planeta e a espécie humana. Acho que estamos no lugar errado. Este planeta não deveria ser para nós. Houve algum erro cósmico-metafísico. O planeta é mais apropriado para animais selvagens do Serengeti.
Como estratégia existencial, acho muito mais adequado fazer as pazes com a própria angústia do que elocubrar e achar que há seres humanos sem angústia. A inveja é o sentimento dos idiotas. Só quem é muito idiota pode nutrir o sentimento da inveja. O idiota não consegue perceber que outro mente e finge o tempo quase todo. Fomos todos treinados para isso através do que chamam de educação. Não somos inteiramente sinceros com ninguém, por vezes nem conosco.
Então é isso. Eu devo a minha felicidade e alegria atuais a todos os problemas que tive que enfrentar e superar. Vamos parar de querer achar chifre na cabeça de cavalo ou cabelo em casca de ovo. Estou ficando sem paciência para o delírio coletivo.
Será que esta frase é dele?

A ESCALA DAS CONCESSÕES II

O EPÍLOGO
Muitas concessões não significam nunca, mais afeto e mais amor. Muitas concessões significam menos ódio, menos raiva, menos indiferença e quiça muita ingratidão. Os cientistas falam em resquícios de um cérebro reptiliano para explicar as incongruências estúpidas e malsãs do comportamento humano.
Quanto mais você concede mais o outro desenvolve e aprimora a tendência cruel e imbecil de achar que você um Babaca. Pobre gente ordinária!
Para impor algum respeito aos excluídos do Serengeti, você é obrigado a doar menos. Você tem que quantificar e contabilizar as suas concessões ao outro. Temos que dosar o que podemos oferecer. É lamentável que as pessoas não consigam mais entender o abismo que existe entre doação e babaquice. 
Concluo que para sermos muito respeitados(e na realidade não se trata de respeito, mas de temor) temos que nos amesquinhar cada vez mais e dar aos outros os restos de nós mesmos, os despojos dos nossos seres, as secreções das nossas personalidades, as migalhas dormidas e escuras dos nossos espíritos exuberantes. E é com isto que todos se satisfazem e ainda têm o descalabro de chamar isto de afeto e de amor.
O amor é muito decantado porque quase ninguém o dá. Quem tem coragem de se desarmar primeiro? Se eu me desarmar primeiro é quase certo que serei emocionalmente assassinado pelos cérebros reptilianos dos outros.
Só os que pairam acima da podridão humana podem eventualmente se desarmar.
"Sede como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre ramos muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles sabem que possuem asas."
Victor Hugo

AS PROEZAS DO AMOR QUÍMICO

O AMOR SECRETADO

O amor é um sentimento possível, bastante improvável e o mais nobre de que a nossa espécie é capaz. Tendo em vista a nobreza desse sentimento sublime, temos que ser mais exigentes e ter mais respeito por esse sentimento. O amor é a palavra mais repetida pelos carentes de vocabulário. Tudo ou quase tudo responde por esse nome. O amor é o sentimento mais vilipendiado e confundido de que se tem notícia. Fica bem falar de amor. É socialmente correto falar de amor. E o amor, no final das contas é o maior desconhecido. Vide a realidade que nos cerca, nos sufoca e empobrece.
Homens e mulheres enchem-me a santa paciência forçando  a barra e  etiquetando qualquer intumescimento de amor. Será que não se dão conta da armadilha hormonal? O tesão faz maravilhas e engana os de baixa sensibilidade. Será que podemos chamar de amor as carícias que os elefantes trocam antes de acasalar? O tesão tem uma longa estrada. O percurso é sinuoso, nuanceado e cheio de sensações boas e enganadoras. O tesão não culmina imediatamente no ato sexual. Há todo um enredo patrocinado pela química dos hormônios(neste sentido as mulheres têm a química perfeita para nutrir e enfeitar esse enredo) que leva as pessoas a um perigoso estado de confusão mental. Será que existe expressão mais idiota do que "fazer amor"?
Para aperfeiçoar o engano sentimental, ainda temos a insidiosa indústria do amor romântico.(Por aceitarem facilmente o engodo, também acho que  todos românticos tem mais é que se foder.) São os que cantam o "amor" em verso e prosa e perturbam a minha serenidade com palavras viciadas, vazias, repetidas e que não me convencem nem um pouco. Até parece que estou de má vontade com os que dizem e julgam que se amam. Mas não é nada disso.
Façamos uma experiência "jugularizante". Emasculem-se os homens e histerectomizem-se as mulheres para ver se rola esse amor fantástico que anda por aí. Sem testículos e sem ovários não rola nada. Absolutamente nada parecido com esse arremedo de amor que fere os nossos tímpanos, substima a nossa inteligência e humilha os nossos corações.
Só acredito em amor não químico. Creio no poder dessa sensação suave e inexplicável que nos invade quando evocamos o nome ou a memória de quem amamos realmente. Neste caso, não é produzido nenhum hormônio para nos confundir o discernimento. É um bem querer sem limites que se multiplica como o universo, que te enche o peito de enigmas bons e que não quer receber nada, apenas ser dádiva e doação.
Qualquer coisa que eu sinta abaixo do que eu sinto pelo meu pai, é sub-sentimento e não merece o nome de amor. E tenho dito.