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sábado, 15 de fevereiro de 2014

SABEDORIA A POSTERIORI

CONSELHOS À LA CARTE 
"Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo e isso é tudo"
Hermann Hesse
Passei a minha adolescência lendo Hermann Hesse  e é com prazer que o relembro no pensamento acima. Às vezes o que parece óbvio ululante escapa à nossa compreensão em função da força e do poder da maioria estúpida. A maioria massacra o nosso intelecto e nos paralisa emocionalmente ao ponto de não conseguirmos incorporar o mais simples e o mais evidente.
É claro que os conselhos são os discursos mais inúteis que conheço. Ninguém absolutamente ninguém aprende com as experiências dos outros simplesmente porque as experiências nunca são iguais e os espíritos são únicos. As experiências podem ser similares, mas não são iguais e os espíritos nunca se equivalem.
Os conselhos dos pais são ridículos pela disparidade de valores de geração para geração. Os filhos não entendem os pais e vice versa porque as décadas são distintas. Os valores sempre se alteram porque como o ser humano não consegue ser feliz nem a pau e por isso, vive mudando de valores e perspectivas. E só muda o que não é nem um pouco essencial. No máximo trocam a epiderme da cultura. É preciso cavar muito mais fundo para sermos felizes. Já perceberam que sou aristotélico desde criancinha, felicidade acima de qualquer outra coisa.
A sabedoria depende da capacidade de aprender com as experiências. Existem pessoas que não aprendem nada, são os eternos bebês. E não é uma questão de idade cronológica. Conheço muitos velhos completamente babacas. Entretanto, conheço pessoas de 40 ou 50 anos que já aprenderam alguma coisa, mas não o bastante.
Mas o pior, é o conselheiro a posteriori. Tenho ganas de mandá-los todos para o Paredon. Depois de consumado o ato, eles acertam na Mega-Sena. Depois de ocorrido o fato, todo mundo sabe o o que deveria ter sido feito. O difícil é raciocinar tão bem assim no calor das circunstâncias. Os sábios do futuro do pretérito, deveriam ser banidos da face da terra. Não suporto mais, você deveria, você poderia, você teria......Chega de sabedoria fácil, oportuna, pretensiosa e inócua.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

AS IMPROVÁVEIS ALMAS GÊMEAS

NOVAS PERSPECTIVAS

Quantos já sofreram, quantos já enlouqueceram e quantos já se mataram por causa deste Super Mito grego que sobreviveu ao mofo e à poeira dos milênios. Tudo é possível, mas a improbabilidade deste mito beira as raias do delírio incoercível.
Como podem ser gêmeas, almas que sofrem programações químicas e culturais totalmente díspares. É um disparate irresponsável. Aliás, a grande queixa de homens e mulheres é que eles não se reconhecem. Os homens são treinados através da educação para fazer coisas que não são facultadas às mulheres e vice-versa. As autorizações culturais ainda hoje são muito diferenciadas.
Concordo que é uma alucinação que contem a sua dose indisputável de beleza. Mas não passa disso; uma linda viagem na maionese Hellmann's com limão, a verdadeira. Só a propensão para uma fé irracional e inabalável em gnomos, pode nos fazer crer em mais  este ridículo conto de fadas.
A sociedade em que vivemos é a maior fabricante, incentivadora e propagandista de contos de fadas. Diante da realidade inclemente, a sociedade pretende refugiar todos e todas nos devaneios perigosíssimos dos contos de fadas.
Almas gêmeas em se tratando de homens e mulheres, é como compatibilizar água com óleo de peróba. O estranhamento de homens e mulheres se revela no casamento. Não no início, quando ainda há muita tesão para gastar, mas depois. Todos descobrem com o decorrer do casamento que tirando o sexo(testosterona e dopamina), não existem seres mais incompatíveis. Nada a ver. Os mitos estão aí mesmo para forçar num ato de heroísmo emocional, homens e mulheres a ficarem juntos durante muitos anos. É o poder hercúleo do Mito. Mais poderoso que um mito, só a verdade nua e crua.
Acredito no entanto, que existam almas gêmeas entre pessoas do mesmo sexo. Um homem, alma gêmea de outro homem e uma mulher alma gêmea de outra mulher. Isto sim é muito possível e extremamente provável. E por favor, tenhamos a dignidade de abstrair a sexualidade desta identidade lógica, fácil e de bom alvitre. São as intercorrências de caráter sexual que permeiam quase tudo o que vivemos no planeta, que impedem o encontro auspicioso de duas almas gêmeas do mesmo sexo. Por favor, esqueçam por alguns milésimos de segundo essa obsessão civilizatória chamada Sexo. Os estereótipos sexuais bloqueiam a fluidez dos encontros humanos superiores, eivados de candura, júbilo e regozijo.
Muitos homens e mulheres pressentem  a descoberta de uma alma gêmea do mesmo sexo e a descartam imediatamente para que não falem em homossexualidade. É triste e deplorável que tanta gente se prive dessa experiência sublime e maravilhosa por causa do esguicho selvagem e furioso  dos hormônios.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

THE DAY AFTER

O POLITICAMENTE CORRETO E O FUTURO

Somos uma programação química e cultural. No seio da programação cultural existe uma programação linguística. Embora conte com a minha criatividade e capacidade de evasão cultural, eu fui programado para dizer determinadas frases e palavras.
Agora, nesta altura do campeonato, depois de cinco décadas de permanência ininterrupta no manicômio da galáxia vêm me dizer que eu tenho que me reprogramar linguisticamente. Simplesmente não dá. O politicamente correto é uma reprogramação linguística arbitrária e estúpida na medida em que as pessoas da minha geração não conseguem alterar do dia pra noite o léxico original.
Existem milhões de processos abertos por causa do politicamente correto. Tudo pode ser ofensivo. De repente, todo mundo ficou muito sensível e susceptível e chato.
Querem acabar com a espontaneidade, com a autenticidade e transformar o bando num grupo de hipócritas com respaldo institucional.
Já escrevi sobre este assunto.Volto à carga porque o nível de imbecilidade, fantasia e representação está chegando a um extremo impensável.
Quando você diz o que você não sente, é bonito. Quando você diz o que sente e pensa é feio. Que negócio é esse? Querem que apenas palavras e expressões forjem o nossa personalidade? O manicômio da galáxia nunca teve tantos birutas.
A sorte é que tudo isto vai passar. Dentro de uma década vamos morrer de rir dessa gente manchada de tatuagens, cheia de celulares, com óculos esquisitos, com músculos a mais, com orelhas esburacadas, com ferros no rosto, com muita banha ou com muitos ossos, sempre conectada, dizendo o que não sente, falando o que não pensa. 
Tudo é assim. A história da humanidade é completamente cíclica. Esta fase será contestada por outra menos fingida. O futuro do politicamente correto é o palavrão aberto e verdadeiro. O futuro do politicamente correto são os nomes feios e sinceros.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

HOMO BLINDATUS

 AS ALMAS VIRGENS

"Sonho com um mundo aberto até rasgar."
Jean-Paul SARTRE
Existem pessoas muito pudicas em relação às suas almas e completamente despudoradas no que diz respeito à vida sexual. Transam com todos. Têm incontáveis experiências sexuais, conhecem todas as posições, vivem para fornicar, mas no que se refere ao espírito são praticamente virgens. Deram para o mundo inteiro e nunca se deram a ninguém. E eu não estou moralizando, por favor. Estou lamentando apenas.
Nas almas dessas pessoas ninguém penetra. São almas que vivem em segredo, reféns da blindagem que consciente ou inconscientemente criaram para elas próprias. São almas impenetráveis e impenetrantes, o que configura uma uma pobreza irrefutável de espírito. Realizam há décadas o mesmo percurso cerebral, são viciados nas sinapses de sempre. Jamais se envolveram profundamente com ninguém. Jamais tiveram coragem de entregar seus medos, seus fantasmas, suas inseguranças, suas tristezas, o seu afeto, seus fracassos, suas histórias inglórias, suas esperanças vãs, seus projetos imateriais e suas angústias. Têm uma alma obesa e em pânico. Estão presas a grades que elas mesmas edificaram. E assim vivem precariamente.
As almas aprisionadas em cavernas não são dignas de elogios, isso não é pureza d'alma. Pureza d'alma é abrir-se, expor-se, mostrar-se num nível de profundidade que escapa às aparências.
Sempre fui partidário de uma certa promiscuidade anímica. Entrar em contato com várias almas, beneficiar-se dessa experiência pedagógica e redentora e usufruir da beleza imensa que esses contatos proporcionam.
A completude a dois só é possível com intercursos anímicos bilaterais. Quem só penetra orifícios, não  penetra o essencial. Mas assim caminha a humanidade, avança no que vê, mas não dá meio passo em direção ao que sente e pressente. Quase ninguém se aventura na carícia do corpo interior.
Proponho mais obscenidades espirituais. Quanto ao resto, façam o que bem lhes aprouver.  
Homo Blindatus Foditus Est. - O latim é meu.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A ESCALA DAS CONCESSÕES

Pela minha experiência, o número de concessões à sociedade, às instituições e aos indivíduos vai diminuindo com a idade.
Quanto mais você espera dos outros, mais concessões você faz. Quem espera acha ou intui que a redenção está fora de si, que a redenção são os outros e toda a tralha que os cerca. Neste sentido, a esperança é uma merda.  
Quanto mais perdido você está, mais você sobrevaloriza o outro. A recíproca também é verdadeira. Quanto mais você está encontrado, quanto mais em sintonia com você próprio, menos bola você dá aos outros. (Sintonia consigo mesmo não é forçosamente egocentrismo.)
Conceder é tão perigoso que por vezes pode significar a indignidade, a estupidez e a vergonha de passarmos sobre nós próprios. Passar sobre nós é morrer em vida.
"Quando eu me perder, você vai me encontrar. Quando eu me encontrar, você vai me perder."

Em outros termos: Quando você descobrir que dos outros não vem quase nada, você vai se apressar em ser o artífice da sua felicidade. Nestas circunstâncias, você vai conseguir ser feliz de verdade finalmente. E quanto mais feliz você for, mais pessoas não vão gostar de você, mais inimigos você vai fazer. É óbvio. Por não contar mais com os outros e ser feliz às próprias custas, você fará menos concessões aos outros. Fazendo menos concessões, menos querido você será. É assim, feliz e detestado. Que maravilha!
Quanto mais cedo você conseguir descobrir e incorporar esta tese, mais cedo você será feliz. 
P.S.- Os amigos serão os de sempre, os verdadeiros. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O MITO DA FELICIDADE CONJUGAL

Acho no mínimo curioso que se tente ensinar felicidade. Mea Culpa. Eu por vezes também me surpreendo tentando explicar os mecanismos e os meandros inacessíveis da minha própria felicidade. No meu caso, trata-se de um surto didático pois passo a minha vida tentando fazer com que as pessoas aprendam. E aprender depende muito mais delas do que de mim que sou professor.
Cada história de vida, uma felicidade. Cada impressão digital, uma felicidade ou não. A felicidade, se acontecer se plasma à aura do indivíduo.
Diante do exposto, como podemos admitir e seguir o receituário coletivo e massificado para ser feliz. Segundo o famoso receituário, um dos pré-requisitos básicos é ter uma vida conjugal. Sem vida conjugal, a felicidade não desabrocha. Quanta bobagem!
Felicidade conjugal não é automática. Não é para quem quer, é para quem consegue. Felicidade conjugal exige uma predisposição para partilhar de verdade com espírito de fraternidade. Felicidade conjugal é uma questão de vocação para estar e viver com o outro. Eu, por exemplo, nunca tive a menor vocação matrimonial ou o que quer que o valha. Nunca. Por isso nunca me aventurei nessa empreitada.
Não casou, não teve filhos, é um coitado ou um viado. Não é nada disso, gente preconceituosa e idiota.
Descubra se tem complexo de Superbonder ou síndrome de Durepox. Se tiver, tudo bem. Meta as caras e não só, na vida conjugal. Se por outro lado, você não suportar cola, perseguição, ciúmes, delírio persecutório, instabilidade de humor, cobranças absurdas, diminuição da libido, perda e renovação de sentimentos, a sensação de estar em Bangu 2, a opressão da presença do outro, a disputa pelo poder, os incontáveis mal entendidos, as concessões de mão única, a trepada miraculosa que faz esquecer quase tudo, as chantagens na ordem do dia, a possibilidade nem sempre remota de ter alteradas as conformações planas ou arredondadas da sua testa, a sensação de estar vivendo uma vida que não é a sua, o contato indireto com secreções, excreções e enfermidades, fique quieto, não faça nada. Reflita muito. A vida conjugal pode ser muito promíscua para você que é mais asséptico e não gosta de mau hálito.
Se você acha que vida conjugal é uma coisa previsível e estanque, vá par um mosteiro. O horror  são as grandes expectativas falaciosas que se criam nos espíritos em relação à promessa de felicidade na vida conjugal. Casou, juntou, é feliz. Vida conjugal significa institucionalização do afeto, adequação do sexo à cultura e estratificação de papéis sociais ou seja é muito complicado. 
O pior é que a felicidade conjugal tem cronômetro. Tem uma hora  que acaba. Pode ser mais cedo, pode ser mais tarde, mas acaba. (O sentimento de que a felicidade  nunca vai acabar faz parte da dinâmica e do engodo do mito.) E aí você se separa e sofre de alguma forma, ou se acomoda numa vida conjugal com cara de caveira.
Então é isso. Descubra primeiro qual é a sua. Não pense que ereção e lubrificação vaginal são os melhores ingredientes para a felicidade conjugal. O buraco é muito mais  acima. E não receie o que os outros vão dizer e pensar, em 99% dos casos, trata-se de lixo mental orgânico.
P.S- Por que será que novela faz tanto sucesso? A novela é um gênero pitoresco, viciante e  de muito mau gosto, onde se mostra como as pessoas se ferram na busca da felicidade conjugal. O pessoal adora ver os outros se ferrarem e jura que não está sujeito a essas coisas da Globo. É o pretensioso que se coloca acima da novela e desafia o grande Manoel Carlos. Risos

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

VAIDADE, SEDUÇÃO E CONQUISTA

CARAS E BOCAS

"A vaidade (também chamada de orgulho ou soberba) é o desejo de atrair a admiração das outras pessoas. Uma pessoa vaidosa cria uma imagem pessoal para transmitir aos outros, com o objetivo de ser admirada.
Uma das abordagens da vaidade na literatura é feita por Oscar Wilde no livro O Retrato de Dorian Gray onde o principal tema é a vaidade do personagem Dorian, onde o jovem é ao mesmo tempo velho e o velho é ao mesmo tempo jovem."

Os trabalhadores da vaidade, labutam incansavelmente para criar uma imagem que nunca corresponde ao que de fato são. Ao perverter a sua imagem através da vaidade, os trabalhadores em questão sempre induzem os outros a erro - gato por lebre.
Estamos todos treinados pela nossa cultura ma ra vi lho sa  a "comprar" e consumir imagens falsas. O verdadeiro não nos apraz. Não fosse este planeta um arsenal de mentiras... Nadamos no caldo gosmento do que é FAKE. O falso nos alicia. O falso sempre é mais sedutor que o verdadeiro. Afinal, a verdade nunca foi muito sexy. 
A mulher que se submeteu a várias cirurgias plásticas, que alterou a carcaça, que já não se lembra muito da sua estampa genética original, é muito mais sedutora que a Maria sem Artifícios. Entretanto, Maria sem Avarias pode ser "la crème de la crème". A mulher que gasta horas preciosas do seu dia para cuidar dos cabelos, faz um investimento importante em exclamações, ah! ah!
Esse investimento custa muito caro e qual é a rentabilidade? Será que é só ah! ah!? Claro que não. Outras intercorrências se alevantam.
Considerando a babaquice testosterônica dos machos em cativeiro, esse investimento pode representar um belíssimo cartão de plástico ou uma vassalagem sem limites.
Só de ver a vaidade de certas pessoas, fico completamente exausto.  Vou me arrastando arfante por debilidade e ojeriza. Que canseira! Para estar apresentável socialmente não precisamos nos submeter à tortura medieval estético-cosmética. Nem vou falar da nova pele, da nova espécie do terceiro milênio. Os tatuadores são os novos capitalistas.
Horas e horas insuportáveis a serviço dos outros em busca de uma lisonja ou duas. E tirando as lisonjas, os cartões de plástico e os ah! ah!? Nem só de superficialidade vive o ser humano.
Todo esse ciclópico esforço poderia ser todo utilizado para a auto-realização. Não é autolatria, não. Toda essa energia da vaidade que tem por objetivo seduzir os outros, pode ser usada em proveito próprio porque é muito mais garantido.
O outro, seduzido pela sua roupagem de loja de shopping e clínica de beleza da zona sul, não vai demorar muito e vai se cansar da sua parafernália estética. Ter os Outros como único objetivo, é sempre  estúpido e cruel.
- Mas ela é tão linda! Como ela é linda!
- E o que é que eu vou fazer com essa beleza toda? Contemplar estátuas não é o meu forte. Não gosto mais de museus. Désolé!
O que dizer de um mundo que dá tudo para ter o prazer de seduzir os outros? Que estranho deleite primata e primitivo. Como você pode conviver com aquilo que o outro não é? Se eu não atraio pessoas como eu sou,( e neste caso é preciso saber quem se é, para não enganar o people) então foda-se. Não vou me produzir como dizem por aí. Eu não sou mais um produto racional. Nem permito que os outros admirem uma elaboração fantasmagórica de mim mesmo.
Da minha parte não consinto mais em ser seduzido e não seduzo tampouco, porque estou concentrado em outras formas de abordagem relacional.
A sedução é tão desonesta que até parece comercial das Casas Bahia. Cogito relacionamentos mais planos e menos ruidosos.
Jane explica bem
William também
P.S.- É preciso aprender a sobreviver risonho à pesada indiferença do mundo. Na maioria da vezes, temos diante de nós, uma humanidade cagante e andante. E é só. Agora temos uma novidade. A presidenta é cagante e pedalante.

domingo, 26 de janeiro de 2014

A SALVAÇÃO NÃO RELIGIOSA


SÓ PARA OS QUE AGUENTAM
 O RESUMO CRUEL


É só porque fomos criados por deuses insanos.
Só porque nos fizeram incapazes de suportar nossa solidão e abandono.
É que distribuímos  substantivos vãos que não têm nada de verdadeiro.
É amor, é amizade, é compaixão, é solidariedade, é afeto e não é nada, absolutamente nada.

Somos estacas uns dos outros e uns para os outros quando amparamos e quando golpeamos.
Que espécie é esta que não fica em pé sobre os próprios pés?
A promiscuidade da interdependência responde por vários nomes.
Inventamos palavras solenes e ocas para viver num repetido engodo.

Não há nada além da nossa solidão e abandono na imensidão do Cosmos.
Somos cobaias dos deuses.
Somos experiências galáticas malogradas e esquecidas.

Sofremos, mas o sofrimento não estava previsto na brincadeira dos deuses malucos.

Procuramos e inventamos sentidos onde não há nada.
Apenas um acidente da matéria.

Só está salvo quem conseguiu aceitar a solidão, o abandono e o non-sens.

sábado, 25 de janeiro de 2014

ANIVERSÁRIO DE NA JUGULAR

UM ANO
Há exatamente um ano, dia 25 de Janeiro de 2013 comecei a escrever este blog. Adoro escrever e como há sempre alguém que me lê, melhor ainda.  Tenho sido muito feliz porque como dizia Emil Cioran: "não escrevo porque tenho algo a dizer mas porque tenho que dizer algo." Não escrevo por carência, mas por transbordamento.
Tenho uma curiosidade. Os habitantes dos Estados Unidos são os que mais me leem. Obrigado pelo prestígio. Mas como vocês fazem? Vocês traduzem ou entendem português? E os Malaios? Como fazem? Traduzem? E os Russos? E todos os outros com exceção dos brasileiros e dos portugueses? Escrevam algum comentário a este respeito. Gostaria que se manifestassem. Eu leio bem inglês e escrevo mais ou menos, domino o francês e entendo muito bem espanhol. Obrigado.

Visualizações/Estatísticas

















Estados Unidos  9994
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Brasil 6089
Rússia 1498
Alemanha 418
Sérvia 155
Ucrânia 139
França 76
Reino Unido 51
Portugal 47














sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A MANIPULAÇÃO DO SUCESSO


" Vincent queixava-se amargamente a Wil a Theo que um punhado de colecionadores endinheirados controlava o gosto artístico do público. No topo da lista vinha o tzar da Rússia, Alexandre III. cuja tendência estética - como a da maioria dos colecionadores da aristocracia europeia - era largamente inspirada pelo esnobismo. Ao lado dos grandes mestres italianos, como Leonardo da Vinci e Rafael, as obras de Courbet, Corot e Millet haviam se tornado colecionáveis logo após a morte desses artistas. Na base da pirâmide  dos colecionadores estavam os novos ricos."
AS MULHERES DE VAN GOGH-Página 112
DEREK FELL
E foi assim que Vincent dançou e muitos outros dotados de um talento inquestionável. Que humanidade é esta que só gosta de nós mortos, enterrados e em decomposição? O sucesso pós-morte é uma espécie de fetiche cruel e injusto. 
Quantas pessoas de grande valor são ignoradas pela grande mídia, pela massacrante multidão e pela história?
São cartas marcadas. É um desfile pomposo de injustiças. Foi assim com todos os gênios do planeta com honrosas exceções. Nem vou me dar ao trabalho de citar todos quantos foram vítimas da manipulação de grupos poderosos.
É assim que funciona: de repente, um cara ou dois caras ou um grupinho de merda que têm muita influência nos meios de comunicação de massa, decidem e determinam que Joaquim das Couves tem grande capacidade, talento, é bonito e é útil. Não dá outra: pode até levar um mês, mas Joaquim das Couves será um sucesso arrebatador. 
Por incrível que pareça, não são as pessoas que escolhem. Elas já não têm mais esse direito. O público, é sugestionado e até induzido pela força da propaganda(que por natureza é extremamente repetitiva e se presta perfeitamente à lavagem cerebral) que Joaquim das Couves é o máximo. E ai de quem tentar refutar esta obviedade!
Estamos carecas de tantos exemplos como o de Joaquim das Couves. Subitamente nasce um um ídolo. Pela qualidade dos ídolos podemos julgar sem medo de errar, o nível dos idólatras.