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sábado, 3 de maio de 2014

ABRIR OS OLHOS

" Quién abrio los ojos no volvera a dormir tranquilo."
CHE GUEVARA

O RELACIONAMENTO COM AS NOVAS ASSOMBRAÇÕES

OS QUASE-VIVOS OU OS FANTASMAS PÓSMODERNOS

SOCIALIZAR - O CONTATO COM OS ESPECTROS
Atualmente,  as relações humanas situam-se noutro patamar. As pessoas quase não se veem e estão em contato permanente. É um paradoxo psicótico. Para mim, oriundo de uma outra época com outros valores e paradigmas, o relacionamento humano beira as raias do sobrenatural.
Sabem da presença do outro através de fotos e mensagens escritas. A presença física é dispensável visto que quase ninguém tem mais tempo para nada;apenas para trabalhar e consumir.
O contato físico com exceção do sexual é perfeitamente prescindível. O indivíduo tem a falsa sensação de vida social quando na realidade está só. Não creio que fantasmas virtuais possam ser uma boa companhia. E ao que tudo indica, as pessoas estão viciadas em contatos com fantasmas e se recusam ao contato "tête- à-tête".
A expectativa social se reduz a trocar fotos e expôr apenas o que enaltece a pessoa. É uma ficção relacional. As verdadeiras relações humanas correm o risco de se tornarem cafonas e até de serem extintas. Por que razão vou me encontrar com fulano se ele está aqui no meu computador? Este é o raciocínio dos  fantasmas.
Vivemos um mundo assombrado por seres que vivem nos computadores e que têm uma existência tecnológica. Parece que está tudo bem porque ninguém se arrisca a ser sincero.
As relações são massificadas e abrangentes na medida em que uma mensagem serve para milhares de pessoas conectadas. Com esta explosão demográfica, as relações são no atacado. Que saudades da bossa nova, de Vinícius e da época em que a relação humana era ímpar, íntima e particularíssima.
Detesto ser nostálgico e saudosista, mas onde mais posso me refugiar? No futuro?

CONDOMÍNIO - UM CONVITE AO CONFLITO

"Vita Communis paenitentia maxima."
O condomínio (em latim: condominium) ocorre quando existe um domínio de mais de uma pessoa simultaneamente de um determinado bem, ou partes de um bem.
Dificilmente o condomínio é um lugar para se fazer amigos. O amor e a amizade não frutificam quando desgastados pelo contato diário. Se você gostar de alguém, por favor não veja essa pessoa todos os dias. A convivência provoca atritos por vezes irremediáveis. Esta é uma verdade irrefutável.
Para os que precisam de bengalas para estar de pé, o contato permanente com o outro é o preço da debilidade existencial.
Num condomínio, corpos e mentes frequentam os mesmos espaços e geram conflitos que podem chegar às Delegacias de Polícia. Um exemplo significativo do amor condominial são as Assembléias. Quanto ódio é destilado nessas reuniões! E o Síndico? O síndico é o culpado de tudo o que acontece no cosmos e ainda por cima é ladrão. Como alguém pode ser tão ruim?! Um Síndico deveria ganhar tanto quanto um Senador da República. E no entanto ganha uma merreca para enlouquecer pobre.
Creio que não fomos feitos para viver amontoados em condominios. O que as pessoas não sabem é que a explosão demográfica vai acabar com espécie humana. Mas enquanto continuarmos viciados em ocitocina* e não resistirmos aos encantos de um bebê, vamos continuar fazendo vítimas.
* Ocitocina - Se fosse possível fazer uma droga do afeto, a ocitocina seria sem dúvida o principal ingrediente. A ocitocina é um hormônio produzido principalmente pelo hipotálamo (uma região do cérebro do tamanho de uma amêndoa localizada perto do tronco cerebral, que liga o sistema nervoso ao sistema endócrino através da glândula pituitária). A ocitocina é liberada diretamente no sangue através da glândula pituitária, ou para outras partes do cérebro e da medula espinhal. Embora provavelmente mais conhecida por seu papel no parto e amamentação, a pesquisa mostrou que a ocitocina pode ter muitos efeitos de longo alcance para homens e mulheres em muitas áreas de suas vidas, particularmente quando se trata de relacionamentos e envolvimento emocional.

sábado, 26 de abril de 2014

ESTOU CALVO DE SABER


A INSANA CENSURA DA LINGUAGEM
De repente, todo o mundo ficou suscetível. Subitamente e sutilmente, todos ficaram melindráveis. Tudo magoa, tudo ofende, tudo é inadequado, impróprio e indecente. Não sei mais o que é permitido. Façam um Código de Decência Pública, mas por favor, não coloquem apenas as palavras proibidas, coloquem também as práticas e posturas inadmissíveis. 
A continuar assim, o registro da língua coloquial tende a desaparecer. Nada do que outrora era espontâneo e autêntico é tolerado. Nova indumentária para velhas hipocrisias.
Vivem-se tempos esdrúxulos. O politicamente correto tomou conta do pedaço. "Tomou conta do pedaço". Será que esta expressão ainda é autorizada ou será que já foi banida por ofender o puríssimo decoro da multidão? Paradoxalmente, com toda esta pureza idiomática, nunca se fez tanta merda neste planeta. Eu sei que merda, não pode. Não pode o vocábulo, mas pode a atitude nojenta, o comportamento hediondo, isso pode.
Os macacos de imitação estão imitando o país errado. O desejável seria ser original, mas já que isso é de todo impossível, parem de imitar os americanos puritanos que não têm nada a ver conosco. A cópia já conseguiu introduzir no Brasil essa coisa infame e deletéria chamada silicone. Isso para não falar dos piercings, dos alargadores de rosto, dos alargadores de orelha e da muito questionável "body art".
Já que fazem tanta questão de copiar e colar, copiem a Europa que tem muito mais a ver com as nossas raízes culturais e históricas. Parem de imitar americano maluco, obeso, acumulador, superficial e edipiano. Imitem outros menos enfermos. Querem reproduzir  no Brasil todas as moléstias e mazelas da América do Norte. Nós somos culturalmente muito ricos para nos sujeitarmos a cópias tão estúpidas. 
Agora que tanto falam em democracia, proíbem escritores, conspurcam a literatura de Machado de Assis, mudam letras de músicas infantis, alteram criminosamente as nossas características mais telúricas e o Estado-babysiter não para de intervir indecorosamente na nossa vida privada.
Está sendo perpetrado no Brasil e no mundo um crime de lesa-humanidade que impõe a todos uma única forma de expressão. Por isso nunca vivemos uma época com tamanha falta de criatividade. Escutem as músicas do momento. São um atentado auditivo, bárbaro, primitivo e violento. Leiam os blogs e constatem vocês mesmos. É tudo cópia. Cópia da cópia. É de chorar sentado e com as duas mãos no rosto. É de soluçar alto.
Exatamente no momento em que falam de direitos humanos e de outras mentiras mais. E a liberdade de expressão? Cadê a minha liberdade se sou vítima de gente louca que acha que vai mudar o mundo através de eufemismos e sinônimos?
Estou calvo de saber que este movimento planetário do "me engana que eu gosto" só vai produzir mais neuróticos, frustrados, violentos e infelizes. Calvo de saber, pode. Entendeu?!

sexta-feira, 25 de abril de 2014

POR ONDE ANDAM OS CANALHAS?

Todos têm um discurso pronto e decorado para se promoverem à categoria das melhores pessoas do mundo. A população mundial tem aumentado consideravelmente,( a super população vai acabar por nos extinguir) por conseguinte o número de canalhas também. Claro que não é proporcional. O índice de canalhas é sempre muito maior que as taxas de aumento demográfico. Mas afinal, onde estão os canalhas?
A prova irrefutável do aumento dos canalhas é o estado do planeta. O planeta tem piorado sobremaneira desde a minha concepção. Ninguém se assume como canalha. O canalha deveria pelo menos ter a quase dignidade de se assumir como tal. Dizem que Brasília tem a maior concentração de canalhas por metro quadrado, mas nem parece. Um manto gigantesco de hipocrisia cobre toda essa gente.
Nunca na história deste planeta os malefícios dos canalhas foram tão evidentes. E já que está tudo tão escancarado e visível, por que os canalhas insistem em se esconder? Canalhas, apareçam! Gostaria muito de conhecer um canalha que saiu do armário.
Os viados já se assumiram, os sapatões também, os comunistas não comem mais criancinhas mas tornaram-se execráveis ditadores, a guerra fria acabou, embora sempre haja uma ameaça iminente para humanidade, o real é uma utopia porque é tudo virtual, as crianças mandam nos pais, o trabalho é assediado, deus está moribundo e o capeta assumiu, vive-se mal  e excessivamente, já se descobriu quase tudo, menos as tocas dos canalhas.
E aí canalhas? Cadê vocês? Tutti buena gente, não cola mais.


sexta-feira, 18 de abril de 2014

COMEMORANDO AS PERDAS

"A pétala da flor queixava-se desolada à aurora por ter perdido a sua gota de orvalho, mas esta radiante, mostrou-lhe que havia perdido todas as suas estrelas."
Autor Desconhecido
O que chamamos perdas não passam de recomeços. Nunca entendi por que não se comemora o divórcio. Para o senso comum, só o casamento significa uma nova vida. Na minha opinião, o divórcio, esse sim é uma maravilhosa nova vida. O pós-divórcio tem elementos existencialmente ricos que o casamento nunca sonhou em possuir. Comemoremos  pois o divórcio.
A maioria das perdas da minha vida, racionalmente analisadas, não passaram de grandes alívios. Sou imensamente grato a todos as mulheres que me deram um pé na bunda. Pés benditos que me conduziram a esta felicidade sem fim que agora sinto. Todos os que não quiseram a minha companhia, facultaram-me o direito e privilégio de ter a minha própria companhia. Obrigado ex-amigos. Muito obrigado mesmo. É muito emocionado que lhes agradeço.
Os que rejeitei, rejeitei muito bem. Estou feliz por terem ido embora. A maioria das pessoas que aparece nas nossas vidas não serve para nós. Vamos nos acomodando e ficando com elas por carência afetiva braba. O pior problema da humanidade é a carência afetiva. Resolva-se essa carência visceral e tudo o mais estará resolvido. Enquanto procurarmos significação nos outros, corremos para o abismo. Você não precisa tanto assim dos outros. Veja que planeta fantástico você tem à sua disposição. Que planeta lindo! Temos as flores, os frutos, os oceanos, o vento, a chuva, os animais selvagens, o céu azul, o sol, a cores do horizonte e os espaços abertos. Descubra a miríade de coisas prazerosas que você pode fazer sem os outros. E você procura justamente o que há de pior no planeta: o ser humano. Coitado de você! Você que repete o credo coletivo e nunca chegará à felicidade. No máximo, você sempre será um colecionador de alegrias. No máximo, você apenas terá crises de entusiasmo vão.
Gostaria muito que soubessem todos quantos têm capacidade de aprender com a vida e a vida é uma excelente professora que as perdas podem tornar-se ganhos valiosos. Até a perda de entes queridos é uma excelente possibilidade para refletir sobre a transitoriedade da vida. Entristecemo-nos, como dizia Albert Camus, porque ignoramos e esperamos. Não ignore nada. Não ignore a sua finitude e a sua fragilidade.
Ao contrário do que dizem, a ignorância não é um bom caminho para a felicidade. A ignorância é um atalho muito perigoso e mesquinho para a verdadeira felicidade na terra. Não ignore. Procure ver todas as possibilidades. E não espere, faça acontecer.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

FAÇA SEU PLANO DE FUGA

"Só é possível ser feliz quando se nada contra a corrente da mediocridade."
Roberto Piva 
"Tudo o que escrevo é o meu plano de fuga da civilização de vocês."
Roberto Piva 
"A felicidade é sempre individual, nunca é coletiva."
Roberto Piva

Se você ainda não descobriu que a sua existência é uma arapuca, talvez precise sofrer mais um pouquinho. Se já descobriu que foi vítima de uma grande armadilha, faça seu plano de fuga.
Carl Gustav Jung falava em individuação. Eu sou um partidário entusiasta da individuação. Como ele, acho que a melhor saída existencial é a individual. Das saídas existenciais coletivas propostas, nenhuma me agradou. Durante décadas intuitivamente fui elaborando o meu plano de fuga pessoal e hoje estou fora da arapuca, embora pareça que  também estou preso e chafurdando na mediocridade.
As saídas existenciais proposta pelos mentores da arapuca - se é que há mentores - são: casamento, procriação, família, propriedade, religião, partido político, clube de futebol, amor romântico, vida social e outras drogas. Essas bobagens pelas quais muita gente dá a vida, não me dizem nada. Não adianta muito fugir com a manada porque ninguém sabe para onde vai. Com frequência se libertam de uma arapuca para cair noutra.
A fuga nem sempre é premeditada. Ela vai se configurando com o passar do tempo. É uma delícia fugir para lugares onde quase ninguém  está.(Eu por exemplo fugi para dentro de mim mesmo. Sou o único fugitivo nestas bandas. Este é o melhor lugar para uma fuga duradoura.) Fugir da manada para integrar outra manada, não é nada agradável.
A sociedade sabe que é uma arapuga por isso permite as fugas já citadas. Além disso, o ser humano tem um erro gravíssimo de fabricação: produz angústia. Para fugir da angústia de Kierkegaard faz-se qualquer coisa. Não há mãos a medir. 
Falta coragem para contrariar a força avassaladora da maioria insana e trilhar caminhos próprios.

sábado, 12 de abril de 2014

A METADE DA LARANJA

Como animais de bando, aprendemos muito cedo a procurar nos outros reconhecimento e significação. Começa pela dependência humilhante a que somos submetidos quando crianças. Dependemos de tudo e de todos. Ficamos condicionados a essa dependência sistemática e viciante no outro. Dizem que não se deve comparar ser humanos com animais, mas as programações químicas são muito parecidas, somos diferentes pela consciência que alguns têm e pela sociedade que criamos. Os outros animais gregários quando jovens são muito mais independentes que os humanos. Um bebê humano é quase que um prolongamento da mãe. É que não tem autonomia absolutamente nenhuma. Que lástima! Acho que essa dependência da mãe nos marca para todo sempre.
Na busca de significação no outro, só nos ferimos. Grande parte da infelicidade humana deriva disso. O grupo sabe intuitivamente o quanto o indivíduo depende dele e abusa da sua importância.
No relacionamente a dois a dependência e a desvantagem são tão assombrossas que o indivíduo nem é ele; é apenas uma parte dele próprio. No máximo cinquenta por cento. Há os que entram no negócio a dois com quarenta por cento ou menos.
Quem dominar a relação, sacrifica o outro. Esse negócio de negociação em relacionamento é o maior purgante que existe. Ninguém aguenta negociar o tempo todo . Há uma hora em que se estabelece um dominador e um dominado. Com muita frequência,  a dominação não é óbvia, mas há sempre um dominador e um dominado. Dois não podem dominar ao mesmo tempo. Da mesma forma, que dois não podem ser dominados ao mesmo tempo. Logo, há um dominador e um dominado seja ele qual for, homem ou mulher. Os dominadores alteram-se no poder conjugal.
A minha proposta é a seguinte: vasculhe-se, procure-se e ache significação em você mesmo e use o grupo para outras coisas, ganhar dinheiro e divertir-se, por exemplo. Não procure felicidade no grupo ou no outro. Essa é a maior furada da galáxia.
Isso não impede em absoluto que você tenha os seus eleitos prediletos com os quais haverá uma relação humana privilegiada, mas nunca nos moldes tradicionais do bando ou seja aplicando a velha fórmula: eu sou um incompetente existencial por isso faça-me feliz por favor.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

A ANÓDINA VISTORIA DO DETRAN

Chega a ser ridícula o que eles chamam de vistoria. O nome está  muito bem escolhido. Trata-se realmente de uma vista d'olhos. Se o poder estabelecido pretende com essa palhaçada controlar, coibir ou prevenir alguma coisa, está muito enganado. Não sou nem um pouco deslumbrado pela europa, mas na Europa, a vistoria chama-se Inspeção Técnica. Só pela nomenclatura já vislumbramos uma grande diferença. Não são os olhos que determinam, é a técnica.
Na maioria dos países europeus, o carro fica estacionado num fosso. Um técnico especializado entra debaixo do carro e entre outras coisas fundamentais, avalia os freios. A maioria dos acidentes acontece por falha humana e por falha nos freios.
Vocês realmente acham que  a seta da direita mais a seta da esquerda junto com a  água no parabrisas evitam acidentes? É ridículo! A única coisa relevante que é inspecionada são os gazes. Apenas os gazes e olha lá! Não sei se aquelas geringonças velhas são confiáveis.
Os detetives de porra nenhuma submetem os pobres cidadãos a incontáveis horas de espera exaustiva para avaliar o exatamente o quê? É a ditadura da burocracia estéril. E nem quero falar muito de corrupção senão iria muito longe. A maioria daqueles seres uniformizados e com cara de grandes profissionais são subornáveis. Tudo depende muito do humor do jovem funcionário imberbe. Tudo ali é extremamente pessoal. Não tem absolutamente nada de técnico. Nada. É o que o cara decidir. E se ele quiser te ferrar te ferra. E na maioria das vezes ele te ferra para cavar propina. É só um teste.
Há muita gente que cai em exigência injustamente. Já chegaram a me dizer que o pneu do meu carro estava descalibrado e que por isso caía em exigência. Chega a ser nojento. E ninguém se rebela contra essa estupidez. E ninguém vai às ruas para contestar a autoridade pífia do Detran R.J.
Vejo pessoas dignas desrespeitadas e humilhadas pelo senhor Detran R.J. De tanto esperar as pessoas ficam embrutecidas como animais. Nós que somos trabalhadores muito honestos e fiéis pagadores dos nossos tributos não merecemos ser tratados como coisas. Merecemos respeito. As ações judiciais contra a administração pública são muito intrincadas e na grande maioria das vezes fracassam. Sinto-me refém com os pés e as mãos atadas.
Em nome de todas as vítimas silenciosas do Detran R.J., peço reparação moral e material.

terça-feira, 8 de abril de 2014

EU NUNCA CHEGAREI À INDIFERENÇA

Apesar de Isaac Asimov afirmar que o preço da liberdade é a indiferença, eu nunca chegarei à indiferença e me considero livre.(Não essa liberdade panfletária e improvável.) Ainda que ele diga com muita convicção e ênfase que o Universo é extremamente indiferente, eu nunca chegarei à indiferença.
Nunca fui indiferente a nada. Estou completamente conectado com tudo que se passa à minha volta e não só, e a minha reação nunca é a indiferença.
Ao contrário de Raul Seixas, eu tenho opinião formada sobre quase tudo, afinal já tive tempo hábil para tanto. A minha opinião não é velha, adapta-se mas não se metamorfoseia. Recuso-me a ser uma metamorfose ambulante. O que Raul sugere é impraticável embora pareça poético e revolucionário. Metamorfose ambulante? Que porra é essa? Transformar-me o tempo todo? Isto é mais uma das milhares de tolices da música popular brasileira com todo o respeito que possa merecer Raúl Seixas.
Os indiferentes se não são mortos-vivos, vivem o torpor do adormecimento em vigília mediante doses cavalares de anestesia intra-anímica. A ordem normal das coisas encaminha-se para a indiferença, para uma solene indiferença. Poucas vezes pressenti tanta indiferença. Os que acham que eventualmente representam alguma coisa para os outros de uma forma geral, não representam porra nenhuma. Correm nas veias rios tranquilos de indiferença.
Se o infortúnio não atingiu o cidadão de jeito, ele nem reage. Tudo o que transcorre fora dele, só provoca uma reação da parte dele, se lhe trespassar as entranhas endurecidas pela familiaridade com a indiferença. Ouso dizer que todo o indiferente tem traços visíveis de psicopatia.
As palavras que menos se escutam são as que mais são ditas no discurso íntimo e oculto longe do grande teatro social: - Foda-se! O que é que eu tenho a ver com isso?
Tem tudo a ver. Mas a covardia, a ignorância, a acomodação e preguiça refinam as performances da indiferença. Se o seu vizinho foi assaltado não comemore o fato, achando que você está livre dos bandidos. Você com certeza será o próximo.(O Brasil não tem tecido social.)
A despeito dos conselhos em contrário, que me enchem de raiva e indignação, vou continuar me demarcando para que todos saibam de maneira muito clara qual é a minha posição. Eu não só me posiciono como me demarco. É fácil saber quem eu sou. O que dizer de um indiferente contumaz? Que troço é esse que até parece humano?
Se você acha que está arrasando porque nada mais te toca, porque a sua sensibilidade já é uma múmia embalsamada e o seu coração um depósito de "deixa pra lá", você não passa de um monstrinho asqueroso. Você já teve morte cerebral. Chame o rabecão para te enterrar morto-vivo de merda.