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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

PAGANDO PARA SER TORTURADO

Humilhando o Torquemada
Tomás de Torquemada (Valladolid, 1420Ávila, 16 de setembro de 1498) ou o O Grande Inquisidor foi o inquisidor-geral dos reinos de Castela e Aragão no século XV e confessor da rainha Isabel a Católica. Ele foi famosamente descrito pelo cronista espanhol Sebastián de Olmedo como "O martelo dos hereges, a luz de Espanha, o salvador do seu país, a honra do seu fim". Torquemada é conhecido por sua campanha contra os judeus e muçulmanos convertidos da Espanha. O número de autos-de-fé durante o mandato de Torquemada como inquisidor é muito controverso, mas o número mais aceito é normalmente 2 200. 
Os otimistas são uns tolos. A tortura está muito longe de acabar. O ser humano só muda o design, a essência é sempre igual. Quem leu os autores da cultura grego-romana, já sabe de tudo. O pior é essa cambada de cegos que não quer ver de jeito nenhum. O ser humano é como um carro que altera tudo menos o motor, o motor é sempre de Fusca. Altas aparências, altos papos, grandes leros, altas tecnologias e motor de Fusca. Somos seres pretensiosos com motorzinho de Fusca.
Quem já precisou das empresas de serviços no Brasil tem a certeza absoluta que a tortura não acabou. Coloquei a Oi em primeiro lugar. Para mim, é a que mais tortura. Tem vários instrumentos de tortura à sua disposição: Oi Velox, Oi Fixo, Oi Móvel e agora Oi Tv.  Por isso, talvez, as doenças mentais, ou transtornos mentais, como preferem os malucos do politicamente correto, recrudescem em progressão geométrica. É muita tortura sofisticada em vigor na nossa mísera existência. 
Eu sou torturado pela Oi desde o tempo em que ela ainda se chamava Telerj. Fui torturado pela extinta Cetel, passei pela Telemar e agora sofro uma desumana tortura mental e emocional das Desorganizações Oi.
Na Idade Média a tortura era horripilante, física e gratuita. Hoje, na idade Mídia, temos que pagar para sermos torturados. Com o advento da psicopatia em larga escala, perdeu-se o sentimento da vergonha. São poucos os que ainda têm vergonha na cara.
As empresas  prestadoras de serviços no Brasil, em geral pertencem a multinacionais que nos países de origem não fazem dez por cento da merda que fazem aqui nesta terra onde canta o sabiá. A sofreguidão da Ganância invade as consciências e anestesia a correção e a ética.
Essas empresas brincam com a nossa indignação porque ninguém as pune e a decantada concorrência não existe visto que o Brasil é o campeão mundial do Cartel, do Lobby e do Monopólio.
As Agências Reguladoras parecem mancomunadas com as referidas empresas. Não lhes acontece absolutamente nada. De vez em quando, soltam uma multinha.
Somos marionetes nas mãos de gente muito poderosa que ganha muito dinheiro com as nossas necessidades básicas. Ninguém respeita o pobre usuário honesto pagador fiel das suas contas. A inversão da Escala de Valores nunca foi tão óbvia.  Vivemos numa sociedade que estimula e premia os filhos da puta.
Pergunto-me com muita frequência o que eu posso fazer. Já fiz de tudo. Já denunciei, já reclamei, já processei, já ganhei umas merrecas com as minhas ações judiciais, mas nada se alterou substancialmente. Nada. Falam tanto em mudanças, mas o pior é que as coisas não mudam ou se mudam, só mudam a casca.
Tenho a sensação que o mundo já acabou e já está tudo em franca decomposição há muitas décadas. Fede pra tudo que é lado  e só vejo pessoas desprovidas de olfato, de nariz empinado, falar em perfumes inefáveis. É até anacrônico falar em vergonha, acho que  não se trata mais disso. Hoje precisamos ter coragem para revirar a podridão.
Mas eu até já conheço esta velha história, no final, eu ainda serei considerado culpado porque tenho problemas nas minhas narinas e preciso urgentemente operar o nariz para sentir esses perfumes maravilhosos que as pessoas alardeam por aí.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

HOMO DECEPTIONANTIS

O latim é por minha conta e risco.
"Il n'y a pas de jour où, rêvant à ce que j'ai été, je ne revoie en pensée le rocher sur lequel je suis né, la chambre où ma mère m'infligea la vie, la tempête dont le bruit berça mon premier...."  "O rochedo sobre o qual eu nasci, o quarto onde minha mãe me infligiu a vida."
François-René de Chateaubriand - Mémoires d'Outre-Tombe
Tem que haver alguém que diga as coisas. Ter liberdade de expressão e não se exprimir é um crime. Hoje são poucos os que dizem alguma coisa. A maioria é indiferente ou os que não são indiferentes se refugiam na hipocrisia confortável e repugnante do politicamente correto. Na minha entourage, eu sou um dos poucos que diz alguma coisa. 
Ninguém diz nada. Escondem-se nas futilidades, debatem o óbvio e escavam o cotidiano em busca de records, curiosidade e informações inúteis. Impera solene a mais absoluta falta de criatividade. Exageram no cuidado da carcaça que se deforma apesar dos ferros das academias e dos  retoques das plásticas. Repetem milhares de vezes, milhares de frases feitas, velhas e sem sentido. O que era muito velho agora está tatuado e usa piercings. Enganam-se e querem enganar contestando o incontestável, falando de perfume onde fede a merda.
Digam a verdade. Não conheci até hoje, depois de mais de meio século  de permanência no planetinha maluco, ninguém que não estivesse decepcionado com esta espécie. Todos sem exceção têm críticas e muitas reservas em relação aos doidinhos da via láctea. Então digam. Não tentem camuflar esta evidência com meias palavras, eufemismos ou mentiras descaradas.
A parafernália cultural montada para encobrir o que todo mundo finge que não vê e que não sabe, cada vez se sofistica mais. A publicidade é uma praga maquiavélica que cada dia faz mais vítimas. E quanto mais inventam aparatos tecnológicos, mais continuamos na mesma ou até em situação pior.
Vamos ao essencial. Chega de farfalhar as coxinhas dos problemas. Detesto quem tergiversa. Odeio quem tapa o sol com a peneira. 
Eu tive um gigantesco azar metafísico. Nasci humano e sujeito a esta espécie suicida, fraca, frágil, perdida, assassina, ladra, má, corrupta, torturadora, cruel e muito filha da puta. Isso para não falar das ameaças que sempre rondam os mais arrogantes da criação. Vírus, bactérias, moléstias e desastres sem fim. Lamento profundamente o fracasso da camisinha, da pílula, do diafragma e de todo o arsenal anticoncepcional.
Sempre tive esta opinião muito desfavorável em relação à minha espécie e infelizmente nunca pude mudar de ideia. Sempre esperei que me ajudassem a mudar de ideia. Ninguém me ajudou verdadeiramente, por enquanto. Os que tentaram me ajudar acabaram por me decepcionar.
Sou Cátaro, Albigense e Valdense, por isso acho que este mundo é de fato, obra do demônio. Se este mundo foi mesmo criado por um deus, acho que nenhum deus digno desse nome, seria capaz de tamanha trapalhada cósmica.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

NARCISOS EM CATIVEIRO

"[...]
Quando eu te encarei
Frente a frente
Não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto o mau gosto
É que Narciso acha feio
o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda
Não é mesmo velho
Nada do que não era antes
quando não somos mutantes
[...]"
Caetano Veloso 
 Breve história da vaidade
O narcisismo tem o seu nome derivado de Narciso e ambos derivam da palavra Grega narke, "entorpecido" de onde também vem a palavra narcótico. Assim, para os gregos, Narciso simbolizava a vaidade e a insensibilidade, visto que ele era emocionalmente entorpecido pelas solicitações daqueles que se apaixonavam pela sua beleza.
O percurso narcísico é  cronológicamente longo mas muito pobre em etapas. O orgulho, pior pecado mortal, em vigor durante a maior austeridade da moral católica, foi gradualmente sendo substituído pela auto-estima que coincide com o advento da psicologia barata dos livros de auto-ajuda. Quando a religião, a família, os amigos e os valores da sociedade tradicional se revelaram muito precários para promover o sempre intrincado bem-estar dos humanos, a auto-ajuda, vulgarização e banalização das conquistas da psicologia moderna, veio socorrer os infelizes. A auto-estima sinônimo de arrogância, falsa auto-suficiência, pretensão desmedida e desprezo absoluto pelo outro, por si só, já seria uma catástrofe para as relações humanas. 
Desgraçadamente, não ficamos por aí. A sagrada auto-estima cultuada como um credo, involui e pariu bilhões de narcisos. A prosaica auto-estima transformou-se e gerou uma espécie de animal gregário transgênico e entorpecido, o narciso.
No Facebook, no Instagram, no Google Plus e no Twitter, podemos apreciar com riqueza de detalhes, a movimentação emproada dos narcisos no seu habitat mais natural. As chamadas redes sociais são viveiros tecnológicos de narcisos empanturrados. 
Habitamos um planeta de narcisos. São bilhões de narcisos que vibram e se deslocam como girinos em poças d'água.
Como havemos de chamar doravante, as relações que os narcisos estabelecem uns com os outros por ato reflexo e condicionamento grupal? Com o assalto dos narcisos, os conceitos mudaram sobremaneira. O conceito da amizade é obsceno, na medida em que um único narciso pode ter milhares de amigos. O conceito de proximidade, sofreu uma facada mortal. O conceito da criação artística, arrasta-se pelos meandros desertos da esterilidade intelectual ou do mais profundo mau gosto. O conceito da solidariedade confunde-se com muitos outros de caráter pejorativo. Os conceitos da saciedade e da razoabilidade foram engolidos pelas práticas do exagero e do excesso. Os conceitos de amor e afeto estão sendo reformados e revistos, porque são sentimentos em extinção. (Não salvem apenas os micos e as baleias, salvem também os sentimentos nobres.) 
Vivemos o fim do futuro e quem tiver coragem para estancar esta indecente e desatada egolatria que quebre em definitivo e com convicção o seu próprio espelho.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O TERRORISTA ATEU

Deus - Uma invenção muito perigosa
Sou absolutamente contra qualquer forma de terror. Odeio esses malucos. Isso está muito claro para mim.
Não se trata propriamente de nostalgia, mas os terroristas ateus conseguiam ser menos violentos que os terroristas de matiz religiosa. O terrorismo ideológico, o terrorismo marxista, ainda que muito nefasto e deletério, era menos obsessivo e louco que o terrorismo made in Corão. Parece que deus dá uma ferocidade desumana a essa gente. Parece que a crença em deus turbina a estupidez e a crueldade desse pessoal. Como isso é possível, se deus é só amor?
E não venham afirmar levianamente que Josef Stalin assassinou 35 milhões de soviéticos e era ateu. Stalin era assassino mas não era terrorista. Josef Stalin representava o Estado. Não concebo isso como terrorismo no sentido comum do termo. Terrorismo é o uso de violência, física ou psicológica, através de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada, de modo a incutir medo, terror, etc
Então, o elemento deus, piorou considerávelmente a situação. Nem todos os que acreditam em deus são terroristas, muito longe disso, mas os piores terroristas de que se tem notícia na história da humanidade, acreditam piamente em deus. E durma-se com uma constatação destas.
* Deus, sirva-se com moderação.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

OS FALSOS SABERES

A julgar pelo nível de ensino praticado nas nossas melhores universidades, temos que ter muita cautela em relação aos saberes outorgados por essas instituições. A universidade ao oficializar certos saberes, sacraliza-os. Investidos do poder que a sociedade "organizada" lhes confere, os ungidos pelo saber institucional, podem tornar-se verdadeiros assassinos com carta branca para matar. O saber institucional também pode ferir, prejudicar, enganar, extorquir, roubar e traumatizar.
Quem ousa contestar o saber afiançado pelo canudo. Quem? No entanto, amiúde, deparamo-nos com verdadeiras cavalgaduras intituladas de engenheiros, advogados, médicos, professores, doutores, pós-doutores e etc.
Já questionei certos médicos a respeito de conhecimentos básicos em Sintomatologia e o que obtive foi uma elaborada enrolação eivada de palavras difíceis. O jargão também serve para isso, para disfarçar a profunda ignorância. Nem vou me alongar falando dos psi ( psicólogos, psiquiatras e psicanalistas). Aí a coisa fica afrodescendente. É muito delírio e pouca ciência.
E quando o cara diz ter intimidades com o Além? Esses saberes esotéricos ou coisa que o valha, são os mais hilários e tão perigosos quanto os saberes acadêmicos. Em geral, é apenas uma estratégia ridícula para conquistar poder e atrair o vil metal.
Uma das piores coisas que existem na vida é a mitificação. Quindar certas pessoas à categoria de mitos e considerar certas instituições intocáveis é um erro grasso e covarde. Por trás de tudo, sempre estará a criatura mais aberrativa e estranha que eu já conheci: o ser humano. Muito poucos são dignos de ser mitificados. Gandhi, Nelson Mandela e Che, são algumas das exceções. Não mitifiquem, constatem que os bastidores dos chamados ídolos são feios e indignos da nossa admiração.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

PELA CRIMINALIZAÇÃO DO ERRO GRAMATICAL

Sei exatamente qual é a diferença entre erro gramatical e erro ortográfico, embora muitas vezes os dois se deem as mãos. Num momento em se ouvem milhões de vozes histéricas favoráveis à criminalização de quase tudo, que se criminalize também o erro gramatical. O crime está tão banalizado que criminalizar virou modismo. Aliás, esqueceram de fazer um projeto de lei para criminalizar a psicofobia. Quem me chamar de louco vai em cana. Psicofobia também pode ser considerada crime, ou não? Preconceito contra a loucura ou qualquer outro transtorno mental é fato gravíssimo. Sobretudo se levarmos em conta os atos de sanidade muitíssimo questionável praticados pelos que são denominados normais.
Considero o erro gramatical uma agressão inafiançável aos tímpanos e à querida língua portuguesa. Como podem viver impunes indivíduos que passam a vida inteira dizendo:
*Comprei dois quilos de mortandela. (mortadela)
*Os partidos vivem a degladiar entre si. (digladiar)
*O garoto foi pego roubando salchichas.( salsichas)
*As lâmpadas florescentes são mais econômicas. (fluorescentes)
*O criminoso foi pego em fragrante. (flagrante)
*O negro tem sido muito descriminado neste país. (discriminado)
*As rúbricas dos documentos eram falsas. (rubrica – paroxítona)
*Comprei este lindo relógio para mim usar no casamento. (para eu usar)
*Comprei este lindo relógio para eu. (para mim)
*Não estou certa de que essa decisão satisfaz a todos. (satisfaça)
*Os dois paras-choques dos carros foram atingidos na colisão. (pára – verbo parar – não vai para o plural. O correto seria “para-choques”)
*Mandei Larissa comprar uma guaraná no botequim. (um guaraná – palavra masculina)  *As madeireiras estão visando o mercado externo. (visar, no sentido de ter em vista, pretender, ter como objetivo, pede preposição “a”. O correto seria “visando ao mercado”)
*As crianças assistiam o desenho na televisão. (Assistir, no sentido de ver, presenciar, pede preposição “a”. O correto seria “assistiam ao desenho”)
* Enviaremos até a próxima semana os pedidos que encomendaram-nos. (nos encomendaram)
*A gente se encontra ao meio-dia e meio.( meio-dia e meia hora)
*Eu só vou dar uma telefonema.(um telefonema) 
*Você quer que eu faço.( faça) 
*Já fazem cinco anos.(faz) 
*Ele matou ela. ( Ele a matou.)
Agora, o pior que eu já ouvi nos últimos dias foi:- "Já são meia-noite"  e ainda por cima em tom de ameaça. Como alguém ousa defender a lei do silêncio, se estupra e mata com requintes de crueldade a indefesa língua portuguesa. "Já são meia-noite", deveria ser passível de prisão perpétua. E a criatura monstruosa que produziu este grunhido inominável, continua solta pelas ruas da cidade e se achando. O Brasil é mesmo o país da impunidade.
P.S.- Os menos aquinhoados pela inteligência e pela capacidade de abstração, interpretaram esta postagem ao pé da letra. A onda de criminalização é tão avassaladora que certas pessoas até já criminalizaram as figuras de linguagem. Risos.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O BATE-PAPO COM OS AUSENTES

Sinal dos tempos. Você diante de uma pessoa que não fala com você. Prefere mandar palavras escritas e imagens para outra pessoa que não está ali. Nos anos oitenta, isso seria considerado birutice, mas hoje é assim; super maneiro e mega normal.
Por três vezes consecutivas tentei dizer "bonsoir" a uma ex-aluna e não consegui. Eu descendo as escadas e ela subindo, completamente, totalmente e absolutamente conectada. Nem me viu. O negócio dela é falar com os ausentes. Hoje, falar com quem está diante de nós, perdeu a graça. Por que razão eu vou falar com a pessoa presente se eu posso falar  com um montão de gente que eu NUNCA vou ver na vida. Essa é a curtição da pós-modernidade, uma super intimidade com os desconhecidos. Até parece um kardecismo 4G, terreno, cotidiano e banal; uma espécie de espiritismo banda larga. É "sinistro" teclar com as almas penadas não desencarnadas e super conectadas.
Eu acho que o pessoal pirou de vez. Mas quem sou eu? Eu não sou psiquiatra. A minha opinião é desprovida de poder. E mais, é o primado da quantidade. Beijei muito, teclei muito, postei muito. Tudo tem que ser muito. E não adianta muito porque depois de tudo isso, tem que tomar Rivotril.
Teclam muitcho, postam muitcho e sentem-se sós. Ficam às voltas com as agruras da solidão que ainda não aprenderam a aceitar porque são animais de grupo.
Se você acha que está se relacionando com alguém na nefasta conexão internet, você enlouqueceu. Aliás você não é o único. Este é um comportamento da maioria. Então você não enlouqueceu. Todos enlouqueceram, enlouquecemos. E quando a loucura é geral, o pessoal chama isso de normalidade. E eu sou normal porque não quero e não posso lutar sózinho contra a falência geral das faculdades mentais.

MERGULHO EM APNÉIA

Estas frases para mim, valem por  muitos livros.

Fiódor Dostoiévski
Aldous Huxley
Chico Buarque de Holanda
Ariano Suassuna
Anônimo

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

NÃO TOQUE NO MEU TOC

" O homem é tão necessáriamente louco que não ser louco seria outra forma de loucura."
Blaise Pascal
Em 1952, primeira edição do DSM, sigla em inglês para o Manual Diagnóstico e Estatístico  de Transtornos Mentais, a Associação Americana de Psiquiatria catalogou 106 Transtornos Mentais. Na quinta edição, a atual, a mesma Associação identificou 300 transtornos. O psiquiatra americano Allen Frances que colaborou com a quarta edição do Manual, escreveu um livro intitulado "Saving Normal" sem tradução em português, para denunciar esse excesso de maluquices. Pelo vistos somos todos loucos. Concordo em gênero, número e grau. O planeta terra é o hospício da via láctea. Só falta adicionar à lista dos loucos, os membros da Associação Americana de Psiquiatria; todos loucos de pedra sem exceção. Não se esqueçam nunca de Simão Bacamarte protagonista de " O Alienista" de Machado de Assis. Normais, há muitos. Aliás, são a esmagadora maioria. Basta seguir o comportamento da maioria que você é considerado normal. Eu quero saber é quem é SÃO. Quem? Apresentem-me a sanidade porque eu  a desconheço.
Quem é asseado, organizado e tem noções elementares de simetria e harmonia tem T.O.C - Transtorno Obsessivo Compulsivo. E quem é porco, bangunceiro e desleixado, tem o quê? Como se chama esse transtorno que acomete a grande maioria da população mundial? Como a Associação Americana de Psiquiatria denomina esse pessoal negligente, imundo que coleciona teias de aranha no próprio domicílio? Como se chama esse pessoal fétido e  cagado até à alma? Quero uma nomenclatura pejorativa para eles também. Quero que eles também sejam passíveis de terapia. Que porra é essa? 
O T.O.C. moderado nunca deve ser tratado. A eventual terapia privaria o indivíduo das suas melhores qualidades. O T.O.C. moderado é tão positivo e abrangente que até gere com eficácia as finanças do falso paciente. O T.O.C. grave que impede o indivíduo de levar uma vida convencional, é digno de atenção. Como sempre, perpetra-se mais uma injustiça. Sobrecarregam de preconceito e desprezo quem tem qualidades inegáveis de organização e higiene. 
Conheço muita gente acima de qualquer suspeita que é um verdadeiro cocô ambulante porque por onde passa deixa um rastro de sujeira e desordem. Tenho nojo dessa gente sem T.O.C.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

AS ALMAS OBESAS

Existem pessoas medrosas ancoradas em tantas coisas que ficam pesadas. Não avançam porque são almas com obesidade mórbida. Estão apoiadas na família, na religião, na procriação, na balada de sábado à noite, no carro preto do ano, na casa de praia, no capital, no partido político, no clube de futebol e até no cachorro, no piriquito e no papagaio. Para emagrecer, a alma obesa precisa de algumas doses de solidão. Recomendo solidão sem álcool; é melhor para o metabolismo anímico. Só  a solidão termogênica pode livrar essas almas do excesso de peso. Solidão também é saúde mental e existencial. Aliás, pouca saúde há em almas com fobia a si próprias. 
Se você quiser ter uma alma com barriga tanquinho, tome solidão pelo menos duas vezes por semana. E solidão não se compra nas abomináveis Drogarias Pacheco, solidão é você na sua condição mais original. Então tome-se de vez em quando.