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sexta-feira, 1 de maio de 2015

O ANIVERSÁRIO DE UM ASSASSINATO

Dia primeiro de maio de 2005, morria assassinado no Hospital do Porto o meu pai, Joaquim Esteves Coelho. Tenho debaixo da minha cama pilhas de relatórios sobre o caso. Fiz correr muita tinta. Denunciei o assassinato perpetrado por médicos à imprensa (Televisão e Jornais) e ao Ministério Público. Todos foram considerados inocentes e o meu pai pagou com a própria vida pela negligência, imperícia e ignorância de uma classe que mata impunemente. E continuará matando.
Um número considerável de pessoas, morre do tratamento e não da doença. A doença é sempre considerada a causa da morte. Como não são feitas autópsias, nunca se descobre que muitos tratamentos são fatais.
O meu pai não foi para o céu nem para o inferno. Não me dou a esses luxos  e devaneios. O meu pai está aqui na minha imensa memória. E daqui ele nunca mais sai para ir ao médico.
Enfim.... Fiz dois blogs para o meu pai porque ainda não sei fazer sites. Um dia ele terá um site.
1- http://erromedicochaves.blogs.sapo.pt/
2- http://medicosassassinos.blogspot.com.br/
Para homenageá-lo escrevi um poema no ônibus vindo do meu trabalho enquanto o sol se punha.
E um dia
Sob os auspícios de um sol bizarro
Entardeceu para Sempre.
E nesse dia Expulso da luz  
Em exílio inédito  
Pousou os seus olhinhos alegres na paisagem infame de uma Escuridão INÍQUA.
É um poeminha muito curto e modesto. Para mim que navego como poucos no oceano das palavras, sou prolixo e já escrevi seis livros que nunca ninguém leu, diante da dor de perder o meu pai, fiquei lacônico e fui sucinto.

A MULHER-ABACAXI

O FEMINISMO XIITA
AS FEMINAZI
Ainda hoje tive pesadelos com a mulher-abacaxi. A mulher-abacaxi traumatiza qualquer ser testiculado.
A mulher-abacaxi é feminista fundamentalista-militante, está sempre de clitóris em riste e quer mandar em todos para tentar vingar todo o mal que fizeram aos seres ovarianos. Tem um vocabulário precário e para ela tudo é machismo. Não tem religião convencional, todavia considera a Delegacia de Mulheres um templo e é devota de Maria da Penha.
Ela quer determinar tudo. Desde a maneira como deve ser paquerada até as nuances milimétricas do comportamento masculino. O demônio para ela são todas as pessoas que nasceram de pênis. E o pior é que ela deseja sexualmente o demônio. Ela odeia o que ela também adora. Que situação melindrosa e corrosiva!
A mulher-abacaxi é muito culta, conhece toda a legislação em vigor, estudou em várias faculdades e flerta com o poder político e religioso. Ela quer igualdade a qualquer preço, mas não abre mão de certos privilégios arcaicos como receber flores, ostentar uma falsa fragilidade e não pagar o motel.  Já vem com a coroa na cabeça, a couraça no corpo e quase não tem celulite porque vive em tratamento estético-cosmético. A mulher-abacaxi parece um homem que menstrua.
A mulher-abacaxi ganha muito dinheiro e tem muito dinheiro. Diante da possibilidade de ameaça real ou imaginada, ela saca o cartão de crédito. A vingança tardou, mas chegou com o Mastercard. (Isso não tem preço.) E o Visa que ela também possui, avisa que agora as coisas mudaram. É a vingança do terceiro milênio que chegou junto com o Apocalipse. E neste fim de futuro, salve-se quem puder porque a uterocracia está em todos o lugares. 
Eu não tenho nada a ver com isso. O meu pênis não é culpa minha, eu juro. Apareceu por acaso na minha anatomia. Nunca maltratei nenhum ser que gesta. Eu sou inocente. Aliás, pela minha visão de mundo, pelos meus gostos e pelas críticas que faço ao meu caldo de cultura, nunca ninguém acreditou muito no poder do meu falo.
Peço misericórdia. Não me queimem na fogueira. A minha voz grave é apenas um detalhe. Acreditem. No auge da guerra dos sexos, eu desertei. Pronto. Agora todo mundo já sabe que eu sou um desertor.
P.S.- A mulher-melancia, a mulher-melão, a mulher-pera e todas as outras mulheres do pomar, são caricaturas que ofendem a dignidade feminina, mas para mim, são muito mais saudáveis e descontraídas e me agridem muito menos.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

MINHA ALMA GÊMEA É O TIÃO

À PROCURA DO POSSÍVEL
 
Manuel Soares percorreu léguas e consumiu décadas, preso nas teias do romantismo. Um belo dia, num rasgo de coragem e despreendimento, encontrou uma brecha no delírio.
O romantismo stricto senso ou seja o romantismo hormonal - homem x mulher, é uma espécie de religião planetária que promete salvação e felicidade aos seus fiéis seguidores. Em geral, esse sectarismo redunda em fracasso. O romantismo também uma questão de fé.
Encontrar a alma gêmea num produto cultural díspare, é impossível. Homens e mulheres, além de naturezas muito diferentes, são produtos culturais dissonantes. O folclore e o festival de publicidade que assola a "Bola Louca" e gira em torno do mito romântico, faz com que até pareça possível a um homem achar a sua alma gêmea numa mulher e vice versa. Aliás, eu nem acredito em almas gêmeas. Estou repetindo o que a insanidade coletiva gerou. 
Para não dizerem que sou insuportável, posso até admitir a existência de eventuais almas primas de segundo grau. Todavia, estou farto da apelação que fazem ao músculo cardíaco afogado em testosterona e estrogênio. É o que se poderia chamar de amor infartado. Esse amor fajuto regado a hormônios já está me dando nojo.
Manuel  Soares, dia desses, surpreendeu-me um pouco dizendo-me que a sua alma gêmea era o Sebastião. Manuel é um homem casado com filhos e lúcido. Sebastião, também é casado, tem uma filha e é síndico do prédio de Manuel. Qualquer insinuação sexual entre Tião e Manuel neste caso, é absolutamente descabida, desnecessária e estúpida. Estou escrevendo sério. Não brinco em web sites.
Manuel admira Sebastião porque reconhece nele os seus próprios princípios, valores, pensamentos, ideias, atitudes e comportamentos. A mulher com quem é casado há décadas ainda é para ele um ser esquisito. E a recíproca também deve ser verdadeira.
E é assim com muita gente. Com muita frequência, homens e mulheres embora tenham uma inelutável e inexorável atração sexual, não se reconhecem como seres humanos compatíveis.
Muitas das bodas que comemoram por aí, são bodas  de bijuteria barata sub-paraguaia.

terça-feira, 28 de abril de 2015

DÊ UM SUSTO NO SEU MEDO

Em primeiríssimo lugar, livre-se dos cagões. Os fóbicos e os medrosos têm que tomar remedinho psiquiátrico. Vivemos sob o signo do medo que nos enfraquece e paralisa. Isso pode se tornar uma pandemia. Medo do vizinho, medo do patrão, medo do governo, medo do colega, medo de gato preto, medo de perder, medo da solidão, medo de envelhecer, medo da polícia, medo dos ladrões, medo do desemprego, medo de ganhar, medo de estar muito bem, etc,etc.
Existem medos inatos e medos aprendidos. Certos e determinados medos até podem ser úteis para nos perservar de acessos de coragem intempestiva e prejudicial. O que não dá para tolerar é a proliferação dos cagões. Não aguento mais tanta gente gagada por tudo e por nada. Eles acham que estão se protegendo, eu acho que eles estão me atrapalhando e enfraquecendo a coletividade.
Conheço cagões que acreditam em eternidade. Já pensaram o que é chegar cagado à eternidade? Sim, existem pessoas que morrem do próprio peido. Causa Mortis: o próprio peido - peidou e morreu. Morrer de medo é uma das formas mais indignas de morrer.
Mas afinal pra que serve todo esse medo? Talvez para dar muito poder a quem nos assusta. Sei que a "Bola Louca" é superpovoada de monstros, monstrinhos e monstrões. É chegada a hora de enfrentá-los.
O que é que você tem tanto assim a perder? O bem mais precioso que temos, dizem que é a vida. Há controvérsias. Mas então, considerando que a única coisa realmente fundamental que você parece possuir é  a sua vida, em algumas situações, é melhor perder a vida.  Em certos contextos de extrema humilhação, de grande injustiça e indignidade, a morte é uma enorme recompensa. Quem conseguir deixar de temer a morte está a um passo do êxtase.
Sei que nos dominam pelo medo. Sempre foi assim e sempre será. Os que têm alguma forma de poder por mais ínfima que seja, estão viciadíssimos em usar o medo e o temor para nos chantagear, controlar e dominar. Essa estratégia nunca falhou, sempre funcionou.
Vamos contrariar um pouco a arrogância, a podridão e o abuso dos poderosos, adestrar os nossos esfíncteres e procurar comandar as nossas vidas.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

COM O RABO ENTRE AS PERNAS

 LUTAS MUITO DESIGUAIS
“Covarde” vem do Latim CODA, “cauda”. No Francês havia a palavra COUARD, “de cauda abaixada”. A imagem é muito clara: o animal (ou, metaforicamente, a pessoa) que tem o rabo entre as pernas sinaliza que está desistindo da luta, está com medo, que não tem coragem para enfrentar a situação.
A palavra covarde é uma prova de que não faltam histórias pitorescas no mundo da etimologia séria, o que torna um tanto supérflua a insistência, compartilhada por tantos divulgadores do tema, em espalhar lendas etimológicas por aí.
O vocábulo chegou ao português ainda no século 13, vindo do francês antigo cuard (hoje couard), um termo surgido em torno do ano 1100 com o mesmo sentido. Cuard era derivado de cüe ou coue (atualmente queue), isto é, “cauda, rabo”.
A ideia inicial era, literalmente, a de um animal que, dominado pelo medo, traz a cauda baixa. Ou como se diz ainda hoje em português, numa expressão popular: o covarde é aquele que tem “o rabo entre as pernas”. 
O medo ainda tem alguma utilidade. Se não for exagerado ao ponto de provocar uma profusa diarréia na vítima infeliz, ele ainda pode protegê-la de arroubos intempestivos de coragem suicida. A covardia entretanto, é o outro nome da absoluta falta de dignidade. O covarde é indigno do nosso olhar.  
A covardia é a mãe da crueldade porque o covarde testa a sua força e poder nos fracos e desamparados. Diante dos que estão à sua altura transforma-se num cão encolhido e começa a ganir. O medo é uma questão de imaginação, mas a covardia é uma questão de caráter.
Os covardes são os donos do mundo. Humilham quem não pode enfrentá-los e nem é por falta de coragem dos oprimidos; é pela absoluta impossibilidade de lutar contra monstros gigantes.  Conhecem alguém mais covarde que o poder institucionalizado? Pois então, contra esse covarde não há força nem coragem individual capaz de derrotá-lo. Só o coletivo.
Considero-me refém dos covardes porque a minha coragem ao invés de me libertar pode eventualmente me suicidar.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A SOLIDÃO TABU

PAREM DE FALAR MAL DA SOLIDÃO
Começo com Galeano nesta frase-síntese absolutamente genial.
" Só quem está só pode eventualmente se encontrar."
Joaquim ESTEVES
Comecei com Galeano e continuo comigo. Não chego a ser genial, mas tenho a coragem e a vontade de propalar para o mundo inteiro que solidão  não é coisa ruim.
No ocidente somos doutrinados e condicionados para achar que tudo o que há de muito bom e precioso está fora de nós. Todo o árduo e injusto processo educacional consiste em roubar o indivíduo de si próprio. As pessoas não se dão conta, mas vagam por aí afora sem se pertenceram, perdidas e muito longe das suas essências. 
Numa sociedade viciada em falsos conceitos e que se alimenta de mitos, a solidão é difamada. Enaltece-se a vida em grupo como ideal de felicidade infalível e não é nada disso. Para um animal gregário, a solidão é vista como uma aberração e não é. É aqui que quase todos se enganam e se fodem. Ai de quem não tomou conta de si e desliza bêbado pelas ladeiras traiçoeiras da assim chamada vida social! 
A felicidade não está na dispersão e na pulverização do seu ser, mas na sua concentração em seu íntimo. É possível ser feliz sozinho. O que é muito improvável é ser feliz dependendo da presença do outro. 
Dê um jeito na sua vida. Afaste-se um pouco do bando para pensar, meditar e recuperar as energias que o grupo te furta. O grupo pratica abertamente a extorsão da sua sanidade e das suas energias. Nunca haverá harmonia fora de você. Dentro de você, a harmonia é possível e eu nunca falei com Buda.
Descubra urgentemente quem mora dentro de você e não aceite opiniões alheias, muito menos dos psicanalistas e dos soi-disant líderes espirituais. Ninguém sabe nada de você. Os outros só julgam o que você pode mostrar e você é muitíssimo mais do que a sociedade permite que você mostre. 
Vá com calma, vá com segurança e tenha o prazer inédito de abraçar essa pessoa desprezada que aguarda há muito tempo pelo tom da sua voz e pelo seu reconhecimento. A solidão é a sua festa. Reconcilie-se com a sua criança, com a sua história, com as superações e descubra que os outros dos quais você pensa depender não passam de um sopro breve de grande ilusão. 
E para o seu deleite ou não, segue o que já foi dito sobre solidão.









terça-feira, 21 de abril de 2015

ILUSÕES EM PÓ

 ILUSÕES EM PÓ E ESPERANÇAS A GOSTO
A esperança é a proteína da alma. Para mim que já tive a alma obesa de tanta ilusão, cortei os carboidratos que engordavam vergonhosamente o meu âmago. As ilusões são os carboidratos da alma.
Há ilusões sólidas, raladas, líquidas, fatiadas, em barra e em pó.
Hoje, depois que a vida se encarregou de reduzi-las a pó, só consumo ilusões em pó. Agradeço e louvo a vida pela sua competência em moer ilusões. Ainda há os comedores de enganos que insistem em ingerir ilusões em postas e depois reclamam da azia, da náusea e da infelicidade. Almas fermentadas e flatulentas nunca despertaram o meu interesse. Desprezo-as.
Se a vida ainda não reduziu as suas ilusões a pó, você anda vivendo às avessas ou pela metade. Preste atenção. Bonitas são as esperanças, até as mais tênues, frágeis e vãs, que dão beleza e graça à tragédia da condição humana.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

PROGRAMADOS PARA FERIR

Estão todos armados. Todos os que foram domesticados por esta sociedade de araque, estão armados até os dentes. Temos medo uns dos outros porque suspeitamos do arsenal de cada um.
Só os bebês estão desarmados porque acabaram de chegar ao FRONT. O "status quo" se encarregará de armá-los oportunamente. Com pouquíssimos anos de vida no planetinha já todo mundo está armado
Abraçamos e beijamos os bebês pois sabemos de antemão que eles ainda não foram armados para nos ferir. Todos os outros estão armados e a qualquer momento podem disparar uma bomba em forma de palavras. Por isso não beijamos nem abraçamos qualquer um. Abraçamos e beijamos apenas aqueles que se dispuseram a baixar as armas. E mesmo assim, há muito desencanto. São pouquíssimos os que se desarmam para gostar, amar e ajudar.
Quem está disposto a depor as armas? Ninguém. Se você se desarmar numa sociedade extremamente competitiva e beligerante, você será deglutido por aqueles que erroneamente você chama de semelhantes. 
As armas que constituem o nosso arsenal particular são palavras, preconceitos, ignorância, expressões, posturas e comportamentos que  rasgam sem piedade os véus do nosso íntimo.
Então, diante dos fatos e das evidências, às armas cidadãos!

terça-feira, 7 de abril de 2015

MAS AFINAL, PARA QUE SERVEM OS OUTROS?

MIL E UMA UTILIDADES
Excetuando a meia dúzia de pessoas ou mais, com as quais temos verdadeiras relações humanas de respeito e afeto, para que servem todos os outros que nos cercam e com os quais mantemos um contrato social tácito? 
Servem para encher a fila de corpos e atrasar as nossas vidas,
Servem para nos exigir tudo e mais alguma coisa  e nunca nos dar absolutamente nada,
Servem para poluir o planeta de todas as formas, inclusive visualmente, 
Servem para nos desafiar e desrespeitar, 
Servem para  declarar a competição obrigatória,
Servem para abarrotar as ruas de carros, motorizar os Egos e impedir a nossa livre circulação,
Servem para nos impor modelos de comportamento frívolos e vazios,
Servem para nos transformar em número de estatística e em produtos a ser consumidos,
Servem para nos subjugar com os seus poderes forjados e nauseabundos,
Servem para nos tiranizar com visões de mundo completamente imbecis,
Servem para nos transmitir toda a sorte de microorganismos, vírus, bactérias, etc,
Servem para embebedar o povo com cerveja e cachaça e chamar isso de alegria,
Servem para meter descaradamente a mão nos nossos bolsos e chamar isso de dever de cidadão,
Servem para concentrar o capital de maneira obscena na mão de muitíssimo poucos e massacrar as alternativas,
Servem para nos tornar reféns de mitos milenares de puro delírio coletivo, 
Servem para nos chantagear com a ameaça sempre pronta de exclusão do grupo, 
Servem para nos enganar com falsas promessas de felicidade, 
Servem para nos humilhar quando destoamos das cores da moda, 
Servem para esmagar a nossa singularidade e a nossa diferença,
Servem para invadir os nossos cérebros sem autorização e jogar neles toneladas de lixo cultural,
Servem para apequenar a nossa grandeza, subestimando a nossa inteligência,
Servem para nos torturar e controlar o tempo todo com câmeras e padrões mentais espúrios,
Servem para nos converter à insanidade e queimar na fogueira toda e qualquer forma de lucidez,
Servem para fazer barulho e nos obrigar a viver em meio a um interminável zumbido diuturno,
Servem para discursar sobre o que não é essencial,
Servem para cometer as piores injustiças com equivocados juízos de valor,
Servem para propagar a mediocridade dinástica,
Servem para mentir  e nos aliciar a trilhar caminhos que só a eles interessam,
Servem para nos escravizar a certos conceitos velhos e ultrapassados,
Servem para assassinar inocentes nas esquinas da megalópole,
Servem para estimular a capacidade de imitar e inibir a necessidade de pensar,
Servem para travestir o egoísmo em altruísmo e nos golpearem com ingratidão e decepções,
Servem para discriminar, separar e classificar,
Servem para nos usar como muletas e vampirizar os nossos melhores sentimentos,
Servem para exalar os piores miasmas e posar de anjos celestiais,
Servem para dizer que somos todos ótimas pessoas no dia da nossa morte.
Que nunca mais ninguém diga que os outros não servem pra nada.
P.S.1.- Este banner não foi feito por mim. Foi feito pelos outros e o provérbio não é Lidiche, é Iídiche. Esqueci de colocar na lista que os outros também servem para promover a ignorância.
P.S.2.- " L'enfer c'est les autres"( O inferno são os outros.) Esse Sartre era mesmo um exagerado. Imagina, os outros serem associados a uma noção tão vasta e nefasta. O que o Jean-Paul não sabia é que os outros são apenas o capeta. Apenas. Só isso. Que injustiça existencialista!

quinta-feira, 2 de abril de 2015

ALTA COSTURA PRA GENTE PELADA

São inovações a mais. Atualizações a mais. Gente a mais. Esperanças a mais. Barulho a mais. Estupidez a mais. Ilusões a mais. Trabalho a mais. Velocidade a mais. Hipocrisia a mais. Capitalismo a mais. Mentira a mais. Futilidade a mais. Injustiça a mais. Doenças a mais. Arrogância a mais. Intolerância a mais. Vaidade a mais. Inveja a mais. Competição a mais. Shoppings a mais. Indiferença a mais. Confusão a mais. Chega! Já está demais.
É bom senso a menos. Honestidade  a menos. Respeito  a menos. Afeto a menos. Compreensão a menos. Solidariedade a menos. Inteligência a menos. Lucidez a menos. Tempo a menos. Ócio a menos. Verdade a menos. Poesia a menos. Amizade a menos. Tolerância a menos. Liberdade a menos. Cultura  a menos. Tranquilidade a menos. Menosprezo a mais. Chega! Já está demais.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

SOCIEDADE OBSESSIVA


Antes de qualquer outra coisa, não se pode chamar este campo de batalha em que vivo de sociedade. Sociedade (societas) é a associação amistosa com os outros. Infelizmente isto aqui não é nenhuma lavoura de amizades, muito pelo contrário.
Durante muitos séculos esta coisa que denominam sociedade, cagou e andou para os negros, para as crianças, para as mulheres e para os gays.  Agora querem resolver e compensar tudo por lei e decreto. O buraco é muito mais em baixo. 
Hoje,  de tanto se repetir compulsivamente esses assuntos, parece que todo o mundo é racista, pedófilo, misógino e homofóbico. E não é assim. A soi-disant sociedade foi assolada por esta obsessão múltipla. (A obsessão é uma das faces da insanidade.) Querem resolver todas essas graves questões cultivadas ao longo de séculos na base da porrada legalista, da canetada e de uma só vez. Seria ótimo se este método funcionasse e resolvesse. Verifica-se que não funciona nem resolve. Promove o medo e a perplexidade. No máximo essa enxurrada de leis e proibições é uma pseudo-solução encontrada por gente preguiçosa e arrogante. Podemos até considerar que é o começo atrapalhado de algo positivo.
Espero que todos estes preconceitos sejam mitigados, mas isto só acontecerá a muito longo prazo e passa necessariamente pela mudança de mentalidades. O conteúdo oculto das mentes não se muda com belas palavras e muito menos com leis draconianas. Seria muito fácil e é muito mais complexo. Que os governos invistam em educação e na formação digna de seres humanos. Que o combate ao preconceito não seja apenas mais um modismo numa sociedade extremamente norteada pela moda. Que haja uma tomada de consciências. Que a propaganda oficial não induza as pessoas à frivolidade e à estupidez e que a ignorância que é o melhor sinônimo para o mal, nos deixe um pouco em paz.

domingo, 29 de março de 2015

INDIGNADO E CALADO

OS BRANDOS COSTUMES
Herdamos muita coisa boa dos portugueses. Os brasileiros quase nunca conseguem ver isso. No Brasil pratica-se um preconceito criminoso contra os portugueses. Faz parte da crise nacional. Os brasileiros gostariam de ter sido colonizados por qualquer outro pais menos por Portugal. O menosprezo e o asco por Portugal e pelos portugueses no Brasil, deveria ser punido na forma da lei. Quem é português no Brasil sabe perfeitamente do que eu estou falando. Cadê o Ministério Público?
Entretanto, somos herdeiros infelizes dos "brandos costumes" que têm a sua origem na terrinha.( Os espanhóis e seus derivados não têm esta herança maldita e maligna.) Trata-se do seguinte: você pode ser sodomizado em público (e eu não ousei usar aqui a linguagem adequada para este caso sob pena de ferir a hipocrisia reinante) mas você não poderá jamais elevar o seu tom de voz para manifestar a sua indignação e revolta, sob pena de passar de vítima a algoz. Isto é inominável!
Pouco importa se as entranhas da sua alma, da sua razão e da sua dignidade estão sendo dilaceradas. Você tem que permanecer quieto, calado, bem educado, sorridente e sempre cordial. Esta é a forma mais sutil de controle social já elaborada.
Depois dizem que o câncer é uma doença idiopática. (de causa desconhecida.)

sábado, 28 de março de 2015

O KAMIKAZE PÓS-MODERNO

Tenho verdadeiro respeito pelos suicidas. Querer viver é tão respeitável quanto não querer viver. Nem sempre o suicídio é um ato tresloucado e absurdo. Por vezes, a vida que já não tem sentido, fica insustentável para algumas pessoas. Acho que o indivíduo tem o direito de encerrar a própria vida.
O suicídio vem sendo muito usado para defender os interesses do pessoal do Maomé; um horror com requintes de psicopatia religiosa. Já conhecemos estupefatos os novos kamikazes do onze de setembro; o suicídio a serviço de deus. Aliás, esse pessoal do Maomé, pisa na bola legal. E de tanto convivermos com a loucura do fanatismo religioso, já estamos anestesiados e exalamos um gigantesco bocejo de indiferença.
Agora, esse alemão que assassinou 149 pessoas, inaugura uma nova forma de homicídio inédito e inusitado. Trata-se do suicida mais canalha de que se tem notícia, o chamado deprimido filho da puta. A propósito, nada apaga a filhadaputice do caráter de determinados seres humanos, nem a morte. Estou convencido de que quando o cara não tem valores, pode estar doente, debilitado, canceroso que a filhadaputice não o abandona jamais. Há uma espécie de filhadaputice que tem um gene específico no DNA. Creio piamente no mau caratismo genético.
Pela idade do energúmeno, ele faz parte da geração Y, uma geração cuja educação se baseou numa completa frouxidão de valores éticos e morais. Evidentemente que nem todos os que pertencem à geração Y são deste modo. Parido num mundo em que impera o show do eu e assaltado pelos paroxismos do narcisismo globalizado, o babaca alemão, fez do seu suicídio um espetáculo horripilante, degradante e sem precedentes. Estamos diante de um kamikaze heterodoxo cuja única causa que defendia era o seu patológico ego de merda. É o egocentrismo exponencial que chega às raias da hiper-monstruosidade e redunda num ato gratuito e odioso causador de grande sofrimento.
O deprimidinho do cacete que brigou com a namoradinha, resolveu matar 149 inocentes. E tudo isto sob os auspício da negligente Lufthansa. Para oferecer passagens mais baratas, diminuiu o nível de exigências em relação a pilotos e copilotos e mais uma vez por causa do maldito dinheiro, o único grande valor que nos restou, a Lufthansa patrocinou uma chacina. 
A carência afetiva é um dos maiores problemas da espécie. Neste blog sempre falei da construção de um poder pessoal que possa minimamente nos preservar da influência nefasta do grupo. Ando pregando no deserto, mas o deserto é o meu habitat natural por opção.
Todos esses babacas que vemos por aí se movimentando com agressividade, violência, cagando regra, criando encrenca e se exibindo o tempo todo, são grandes carentes afetivos. Os carentes afetivos necessitam imperiosamente impressionar o grupo ou alguns elementos do grupo, com sofreguidão e loucura. Mas o que eles precisam mesmo é de muitos beijinhos e  muitos abraços apertados, coisa que ninguém nunca lhes deu.
Tenho muita pena dessa gente que é capaz de tudo, até de morrer e matar, só para chamar a nossa atenção.

quinta-feira, 26 de março de 2015

O EVANGELHO SEGUNDO O CAPITALISMO

 A INDÚSTRIA DO DESESPERO
"O homem feliz não reza." 
Por onde anda o Ministério Público? Deve estar muito ocupado com a gatunagem que assola o país. Talvez por isso os vendedores de milagres ainda não estejam na cadeia. O charlatanismo é praticado a céu aberto e ninguém é indiciado.
No Brasil o charlatanismo é um tipo criminal, assim consagrado pelo artigo 283 do Código Penal Brasileiro, tratando a matéria no capítulo dos Crimes contra a incolumidade pública e não naquele referente às fraudes.
Pela legislação brasileira o charlatanismo é conduta de "Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível". Na exegese do artigo, tem-se a prática como o objetivo doloso - onde há a intenção clara de praticar-se o delito. Inculcar tem o sentido de fazer-se de bom, insinuante; anunciar pode ser feito tanto nos meios de divulgação escritos e verbais, mesmo um simples pregão; secreto quer dizer que os princípios contidos no mecanismo de cura não são explicitados, tal como preconizam os organismos regulamentadores mundiais.
Nota-se que o efeito "cura" não importa: quer a vítima tenha ou não se curado, o charlatão continua incurso no tipo criminal.
O que as igrejas evangélicas praticam no Brasil, não é charlatanismo? Curar câncer, aids, pneumonia dupla, prisão de ventre e qualquer outra doença, com água mineral Minalba, não é charlatanismo? Como se chama isso, então?
É uma ignomínia valer- se do desespero de milhões de pessoas sofridas para ganhar dinheiro. Todos sabem que no desespero não há racionalidade nem bom senso. O desesperado à beira da morte agarra-se instintivamente a qualquer coisa, até ao bispo Macedo para não perecer. O bispo Macedo é a prova inconteste que este planeta é mesmo uma merda. É ele que faz muito sucesso e tem muito dinheiro. A sociedade premia os fora da lei.
Esta prática é uma das maiores excrescências do capitalismo; locupletar-se às custas do desespero alheio. E o pior é que esta conduta hedionda tem o apoio das instituições. Com certeza a bancada evangélica em Brasília impede qualquer ação contra esses criminosos espirituais.
Fico por aqui fechado na minha indignação solitária e morrendo de raiva por não poder mudar o mundo. 

OS BOTÕES FALANTES

 OS ESCRAVOS DO WINDOWS
Lembro-me das roupas da minha infância e das fileiras de botões. Revejo o mundo de então e não reconheço mais este planeta em que fui obrigado a viver. Multiplicaram-se as inovações inúteis. Trocaram seis por meia dúzia e no essencial não saímos do lugar e pioramos.
Na época dos botões, os botões falavam e ouviam; era possível manter longos diálogos consigo próprio. Havia tempo para isso. O abotoar e o desabotoar, era tempo de reflexão. A expressão "cá com os meus botões" é desse tempo.
Neste mundo fast de fecho éclair, não há tempo pra mais nada; só para o delírio da velocidade inútil.
Os escravos do Windows e os filhos bastardos da Microsoft usam o idioma da liberdade e da pretensão para se iludir e para tentar enganar  quem conhece muito bem a linguagem sofisticada dos botões.

segunda-feira, 23 de março de 2015

VOCÊ NÃO É IMPORTANTE

-"Você não é importante!"
Esta frase pronunciada com rispidez e fúria pela filha do protagonista do filme Birdman - A Inesperada Virtude da Ignorância, chamou muito a minha atenção. O ator decadente, personagem de Michael Keaton, sofria e aprofundava a sua insuportável infelicidade ao delirar com a sua importância.
Esta postagem não pretende de modo nenhum deprimir ninguém ou rebaixar a autoestima de quem quer que seja, muito ao contrário. O meu objetivo será sempre o de promover a felicidade. Sei, no entanto, que uso métodos muito pouco ortodoxos para alcançá-la. Mas eu sou a prova irrefutável e inconteste da eficácia dos meus métodos.
No dia maravilhoso e inspirador em que você conseguir descobrir e incorporar a ideia de que você não é importante, terá dado o primeiríssimo passo na longa e íngreme subida da montanha. Há pessoas que nem sabem da existência da montanha. Acham que o mundo é apenas isto que vemos e vivemos aqui em baixo.
Você não é importante mesmo. Se você não é capaz de perceber que quase ninguém nota, percebe, valoriza e reconhece a sua presença, tenho muita pena de você. Você é digno da minha misericórdia. Se você ainda não assimilou que os seus coleguinhas de espécie estão muito ocupados com as suas vidinhas medíocres e que por isso não têm nem tempo, nem condições de enxergar a sua vaga e nebulosa presença, você ainda tem um longo e inóspito percurso de desilusão, desencanto e infelicidade a percorrer.
Você não é importante.
Você foi adestrado para pensar que tem que ser importante para alguém e para os outros e nunca ninguém te disse que a única pessoa que de fato pode reconhecer a importância do teu ser, é você. E é o quanto basta. Quantos fracos idiotas acabam morrendo muito precocemente em busca de reconhecimento e afeto? Quantos são os que fazem qualquer coisa só para ter a sensação de que são amados e estimados? Quantos? Quase todos. Quantos imploram pelo amor dos outros porque não se amam nem um pouquinho? Quantos sacrifícios são feitos, quanto tempo é perdido e quantas energias preciosas são gastas só para ter um sinal de aprovação na cara dos outros? Chega a ser deprimente esta busca da solução existencial através dos outros.
Não estou escrevendo um tratado de egoísmo e mesquinhez, estou te oferecendo óculos de graça. Se você não aceitar a minha oferta, eu entendo. A miopía deve ter alguma grande vantagem oculta. Viver na névoa, além de ser uma preferência mundial, além de estar na moda, deve ser mesmo o maior barato.
E você não é importante.

sexta-feira, 20 de março de 2015

PROFESSOR EXPULSO DE SALA DE AULA

IMERSO NA LOUCURA
REVERSO DA CULTURA


 UMA HISTÓRIA VERÍDICA
O caso que eu vou narrar era perfeitamente previsível. Num mundo em que a educação foi rebaixada à categoria ordinária de mercadoria, num país em que Saúde, Educação e Transportes Públicos se tornaram uma fonte inesgotável de enriquecimento e numa época em que tudo virou produto a ser consumido, inclusive as pessoas, tudo pode acontecer. 
Conheço Luiz Antônio há mais de vinte anos. Trata-se de um professor competentíssimo, honesto e totalmente dedicado àquilo que faz. Tem mais de trinta anos de carreira. Conhece como poucos o seu ofício. Luiz é polêmico e gosta de polêmica. Tem uma vasta cultura geral por isso pode e deve ser polêmico. E não foi ele que inventou a polêmica. A polêmica brota espontaneamente no solo fértil de quem tem espírito crítico. A crítica não frutifica na aura de espíritos miseráveis. Vivemos num deserto de consciências. Hoje, a reflexão está catalogada como chata e pornográfica por alguns mecanismos de pesquisa e pela mentalidade vigente. Estimular a reflexão, questionar e tentar desenvolver a visão crítica é uma ofensa gravíssima para gente completamente alienada e estúpida. A ignorância e a imbecilidade são patrocinadas pelo Sistema com propaganda diária, massiva e exaustiva. Os governos não investem em educação, humilham os professores com salários aviltantes e isso não é nem um pouco por acaso; é absolutamente intencional.
Luiz Antônio é um abridor de olhos. Sempre foi assim. Sabe que da polêmica nasce a luz. E também sabe que são muito poucos os que gostam de luz neste planeta de trevas. Luiz Antônio abomina a Idade Média porque sabe que ela nunca deixou de existir. Afirma categoricamente que vivemos uma nova etapa do obscurantismo: a escuridão do politicamente correto, do estado islâmico, das câmeras de vigilância, do workaholicismo, do facebook e do smartfone. Só mudaram e se sofisticaram as formas de controle e de tortura. Por vezes, acho-o exagerado. 
Sempre me disse com muita convicção que o terceiro milênio era o período mais obscuro de que se tem notícia para quem pensa e faz sinapses com regularidade. Detesta gente sentada sobre a própria vida, cochilando, fingindo que vive e soltando flatulências. Não suporta mais esbarrar com os personagens do "Ensaio sobre a cegueira."
Tenho muita coisa a dizer sobre Luiz. Mas vamos aos fatos. Certo dia, Luiz chega para trabalhar como sempre fez. Na secretaria foi informado que o diretor-geral queria falar com ele. Ficou muito surpreso pois a sua aula começava dali a quinze minutos. Perplexo dirigiu-se à sala do diretor onde foi informado que não daria mais aula naquela turma porque tinha havido uma queixa contra ele. Ficou sabendo que se tratava de uma aluna de 18 anos chamada Ângela. A aluna estava muito enraivecida pois Luiz  ousara discordar da sua opinião sobre certas posturas islâmicas e ameaçava cancelar a sua inscrição. Segundo o diretor, Luiz também foi acusado de não ser neutro e o diretor pediu-lhe neutralidade se quisesse continuar no emprego. Todos sabemos menos o referido diretor que neutralidade não existe.
O diretor não estava muito interessado na versão de Luiz. Queria apenas livrar Ângela e a sua turma maravilhosa e muito poderosa da presença nefasta de um professor polêmico. Luiz nem teve tempo de apresentar a sua versão. O diretor mostrou-se muito preocupado e nervoso com a perda de alunos e foi enfático ao dizer que a instituição não podia perder nem mais uma aluna. Aluna? Aluna é apenas uma palavra do português arcaico que nos faz lembrar um passado relativamente recente. Não existem mais alunos; existem clientes. E não existem mais professores, mas vendedores de conhecimento obrigatório e às vezes inútil. Nem sei por que ainda chamam Luiz de professor. Essa condição já lhe foi roubada há muito tempo. O dinheiro é um genocida de valores fundamentais à dignidade humana.
Luiz tornou-se sem querer, um pastiche anacrônico de Sócrates acusado injustamente de perverter a jovem e ilibada clientela carioca. Não sei se vai chegar ao suicídio. A cicuta, ele acha fácil. Mas para que matar, quem já foi fuzilado pela truculência do status quo? 

domingo, 15 de março de 2015

O VAREJO DAS ALMAS

"O DESTINO DE QUEM NÃO SE ENCONTROU É ANDAR ATRÁS DOS OUTROS."
Joaquim ESTEVES
A palavra "alma" nesta postagem não tem a mínima conotação religiosa ou espiritual; utilizo-a apenas para fazer o contraponto do corpo. Num mundo que só parece ter corpo, vejo-me obrigado a denunciar a alma.
O que vejo e o que vi a minha vida toda, é a lástima das lástimas. Bilhões de pessoas negociando e vendendo as suas almas em troca da aprovação dos outros. Eu mesmo já fiz isso, confesso. Mas hoje, ao subir a montanha, descubro o quanto isso é inútil, alienante e ridículo. Aprovação que em alguns casos assumiu o nome pomposo de amor. Na maioria das vezes, o decantado amor não passa de uma invenção dos hormônios temperada com toneladas de lixo cultural.
Você com certeza vai ser amado se fizer o que os outros esperam  e se não atrapalhar muito os interesses e ambições dos seus colegas de espécie.
Para evitar esse comércio nocivo, você que só foi educado para se relacionar com o que está fora de você, tente pelo menos uma vez, olhar para dentro de você e descobrir quem mora em você. Se você conseguir essa façanha, comece uma relação com essa coisa aparentemente vaga que habita o seu corpo porco e traidor. O corpo que você tanto cultua é a  sua maior fonte de sofrimento e infelicidade. Abandone a sua promissora carreira de babaca e pare de imitar os outros. Não fique fazendo propaganda  da sua alma para ser aceito. Se os outros não te aceitarem é um ótimo sinal; sinal que você está no caminho certo, no encalço da sua alma.
Este blog faz parte da relação que tenho com a minha alma. Sei que você odeia filosofia, psicologia, metafísica e coisas afins. Sei que você prefere o espetáculo romano-americano de sexo, sangue, violência e morte. Mas eu insisto.
Eu sou dono da minha alma e não a negocio. Este blog não é o shopping da minha alma; sou contra todo capitalismo anímico. Apenas ofereço gratuitamente a este mundo insano, algumas gotas do perfume da minha alma.

sábado, 7 de março de 2015

A CRIAÇÃO DE MONSTROS

TEENAGER POWER
"Enfant Gâté" - Criança mimada. Tradução ao pé da letra: Criança estragada.
Vivo tempos bicudos. A geração X da qual eu faço parte, cansada das repressões, das proibições e da escala de valores tradicionais, desgraçadamente tornou-se uma criadora de monstros em larga escala.
A transmissão dos princípios e valores quase sagrados da minha geração foi feita de maneira irresponsável e frouxa. Valores se transmitem com veemência, convicção e firmeza como se fora uma profissão de fé.
As consequências dessa negligência educacional grave, estão por aí escancaradas para quem tiver condições de ver, ouvir e sentir. Passamos de um extremo ao outro; muito rigor para rigor nenhum. Os adolescentes do mundo tomaram o planeta de assalto. O fenômeno não é brasileiro; é global.
Já fui vítima de adolescentes completamente loucos que quiseram me dar lições  de moral e me ensinar a viver. Ora, eu sou um senhor radicado compulsoriamente neste planetinha há mais de meio século. Como se tornou possível a um fedelho recém saído da amamentação e cheirando a talco, tentar doutrinar um senhor absolutamente respeitável como eu? É simples, o respeito morreu com os avós dessas estranhas criaturas. E dos valores que eu tanto venero, não sobrou quase nada.
Primeiro cria-se o narciso. Para tanto cumula-se o candidato a monstro de elogios sucessivos e extenuantes. Você é lindo! Você é muito inteligente! Você é maravilhoso, meu filho! Você é um gênio, etc, etc. O pirralho, o rapazote, o muchacho, passa a acreditar nisso piamente pois tais exclamações emanam das grandes referências que ele tem no mundo: papai e mamãe. Neste ponto, acho por razões óbvias que as mamães são as grandes responsáveis por mais esta calamidade.
Criado o narciso que é uma espécie de pré-monstro, fica fácil. Basta que se execre e se elimine peremptoriamente do meio familiar a palavra NÃO. Um narciso perfeito que quase nunca escuta não, começa a reinar. Com o passar célere dos anos, os narcisos que só têm ouvidos para os aplausos e para o sim, edificam nos seus ambientes familiares feudos de poder e tirania. Os petizes não temem perder o amor dos pais. Eles estão acima disso e conhecem exatamente as fraquezas de todos os babacas que resolveram procriar para dar sentido às próprias vidas. Para os procriadores contumazes, os filhos são a maior e talvez a única razão de suas vidas. A criançola já assimilou totalmente essa característica e faz uma coleção de chantagens em torno dessa desesperada escolha existencial.
É um regalo ouvir um rapazola falar. Ele sabe de tudo porque viu no Google. Está sempre conectado porque já nasceu doente e velho. Queimou a etapa mais interessante e enriquecedora da sua vida que é fase poética das descobertas. Quando nasceu, já estava tudo descoberto. E para quem descobre logo tudo, sobra velhice, violência e tédio; falta um pouquinho de inocência. E tudo isto embalado e empacotado com o hipócrita papel de presente do politicamente correto. Sem falar do Estatuto da Criança e do Adolescente, o famosíssimo E.C.A que reprime com a letra e a forma da lei qualquer tentativa educacional não padronizada.
O guri conhece como ninguém o valor do dinheiro. Afinal, todos eles nasceram no shopping. E aí, realizam a maior proeza de todos os tempos: no regime capitalista, sem dinheiro nenhum conseguem ter todo o poder familiar nas mãos. Isso é prodigioso. Sem dinheiro, eles decidem que carro papai vai comprar. Sem dinheiro, eles é que traçam o itinerário da viagem do papai e da mamãe para os States. 
O mundo se encaminha a passos muito largos para que o dinheiro seja o único valor da sociedade humana. E quando este dia chegar e parece que está bem próximo, está na hora de ir embora deste planeta nefasto e diabólico. E numa boa!
P.S.- Ressalvo todas as exceções a esta deplorável regra geral. 

quinta-feira, 5 de março de 2015

MULHERES QUE DELIRAM DEMAIS

O SHORTINHO BRANCO DA AVENIDA RIO BRANCO
 UMA HISTÓRIA REAL
Hoje, vocês vão conhecer a quase mais linda mulher do mundo. A natureza foi pródiga em dons para Roberta Fonseca. No  rosto, o primor dos traços harmônicos. Tudo simétrico. O nariz formava um ângulo perfeito com o lábio superior. Os cabelos castanhos e volumosos davam-lhe novas nuances fisionômicas cada vez que mexia neles. Bom, para ser uma obra-prima só lhe faltava um pouquinho mais de curvas e uma bunda menos precária. No meu ponto de vista, é claro. Para os menos exigentes, era a própria miss Catumbi.
Conhecia Roberta há pouco tempo. Além do invólucro, meia dúzia de ois e muitas palavras ôcas, pouco sabia de Roberta. Sabia apenas que era advogada.
Certo dia, tão rotineiro como tudo que é bom, fui surpreendido pela indignação de Roberta. Vociferava:- Esses homens! Tudo tarado! Que machismo!
- O que houve?- perguntei
- Todo mundo me olhando. Que saco! Cada olhar! Me senti estuprada.
- Coitadinha! Que homens maus!- disse
- Ainda bem que existe a lei Maria da Penha e agora tem o feminicídio.
- Graças a Deus. A mulher tem que ser protegida. É uma vítima da sociedade. Coitadas das mulheres!- disse em tom irônico que ela não percebeu.
- Você precisava ver. Todos aqueles homens me comendo com os olhos!
- Roberta. Você já se deu conta da maneira como você está vestida?
- Eu sou livre. Me visto como quiser. Se bobear ando de biquini na Rio Branco.
-  Ah, agora, você tocou no problema. Você reparou que hoje é quarta-feira e o pessoal que anda na Rio Branco está vestido de maneira formal para trabalhar e  você destoa da vestimenta da maioria?
- Não tem nada a ver. Eu não sou objeto sexual.
Roberta tem 26 aninhos de pura formosura e refinada estupidez. O short de Robertinha era tão sumário que se não estivesse convenientemente depilada, poderiam eventualmente, muito eventualmente, ser expostos alguns dos seus lindos pentelhinhos. Sentiram a gravidade da situação?
- Por que é que homem é assim? Só pensa em sexo!- exclamou.
- E o que você gostaria de despertar nos homens com esse shortinho? Amor, afeto, admiração intelectual, solidariedade, carinho, espírito ecumênico, fraternidade?
- Claro que não. Mas não precisa me olhar daquele jeito.
- Roberta. Isso não depende tanto assim deles. Não é um negócio muito racional. Acredito que se a maioria dos homens pudesse refletir e racionalizar, nem se relacionaria com as mulheres.
- Você é gay?
- Gay? Não. Não. Sou lúcido. Acho que lucidez também é uma orientação sexual.
-  Não tou entendendo.
- Olha só. Os caras sem querer, produzem um montão de testosterona e sem querer também têm a sua sexualidade estimulada, testada e exigida o tempo todo. Ao contrário de você que tem as emoções estimuladas, mas a sexualidade ainda hoje é reprimida. Entendeu? Não estou justificando nada. Estou apenas tentando entender e explicar. Só. Apenas isso. Não me interprete mal.
Diante de fatos como este, peço humildemente em tom de oração, a todos os enigmas não desvendados do Multiverso que a minha produção de testosterona seja cada vez menor. Quem sabe um dia, eu serei finalmente agraciado com a verdadeira liberdade sexual.

A DECEPÇÃO REDENTORA

UM HINO À DECEPÇÃO
Uma das coisas mais formidáveis que existe na face da terra é a decepção. Para quem tiver o mínimo de lucidez, não existe sentimento mais poderoso e eficaz. É evidente que sempre existirão os que se recusam a ver. Doses massivas de realidade deveriam fazer parte de qualquer programa de saúde pública.
Por vezes, a decepção não é o suficiente para que as pessoas abram os seus olhos que foram cerrados para sempre. Há um prazer mórbido no deleite das ilusões. O monumento da felicidade não se constrói com os tijolos da ilusão. Quem acha que a felicidade está na alienação e no engodo, está rendondamente ou quadrilateramente enganado.
A felicidade só se constrói com os elementos palpáveis da realidade e com o que é provável ou possível. Neste sentido, a decepção é uma peça preciosa para corrigirmos a nossa visão do mundo. Se você ainda consegue se decepcionar é porque a sua visão de mundo está muito desajustada. Use cada decepção para ajustar sempre a sua visão de mundo. Se você se decepcionou, certamente ainda estava muito iludido. Não era nada do que te levaram a crer ou imaginar; era muito pior.
No que me diz respeito, quase todo o caminho da minha felicidade é pavimentado porque imensas placas de decepção. A equação é simples. Quanto mais você estiver iludido, mais decepções você terá.
Tente livrar-se desse sentimento doloroso da decepção injetando em você, todos os dias, altas doses de realidade e esqueça o botox e o hidrogel.

terça-feira, 3 de março de 2015

VOO SOLO

Quando será que você vai deixar de ser um substantivo coletivo para ser um nome próprio? Quando? Você ainda não se cansou de sempre fazer parte de alguma coisa ou de alguém? Vê-se que não conhece as delícias da liberdade. Viciado em prisões, você nasceu para viver e morrer no cárcere. Lamentável.
Alcatéia, cáfila, manada, corja, quadrilha, cambada, récua, matilha e bando. Você sabia que bando é o coletivo de aves e também é o coletivo de malfeitores? Os gorjeios, os pios e o chilrear dos bípedes não te entediam? Mas é sempre a mesma coisa. O mesmo voo para o mesmo lugar, com os mesmos barulhos, na mesma atmosfera poluída.
Nunca entendi muito bem o prazer que existe em seguir o percurso do bando alucinado. Se você gosta tanto assim de alucinações, crie as suas. Viva às custas de uma loucura peculiar. Não pague aluguel na loucura dos outros.
Usufrua da beleza e da autonomia do seu voo singular. O seu voo nunca o impedirá de dar um pio ou um gorjeio para o pessoal do substantivo coletivo. Nenhum grupo consegue ser bonito e saudável. Toda aglomeração é horrível. Esqueça as asas dos outros e comece já a bater as suas. Não sabe voar sozinho? Treine, empenhe-se e aprenda. Tudo leva a crer que ninguém está tão interessado assim no seu voo. Não se engane demais.
Eu garanto a felicidade do seu voo solitário. Há muito mais felicidade fora do que dentro do bando. Tenha coragem de mudar os seus condicionamentos.
Saia do armário e assuma. Assuma que voar só é o seu estado mais relaxado e natural.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

A SINA DOS PERDIDOS

IMPRESSÕES SOBRE O CAMINHAR
Quem nos ensina a caminhar nem sempre nos mostra o melhor caminho. A tendência geral é seguir os passos dos outros. Se eu tenho uma digital única, como é que o meu melhor caminho é o caminho de todos?
Caminhar só vale a pena para se chegar a ser feliz. Andar por andar é bom para o colesterol, emagrece, mas não serve para mais nada.
Os perdidos até encontram quem não existe e até acham que acharam, mas a perdição só acaba quando conhecemos quem mora em nós. A sina dos perdidos é sofrer e depender.
Sempre odiei caminhos superpovoados. Foram precisas décadas para reunir a coragem de não mais perseguir as avenidas dos outros como um cão vadio. As estradas, as ruas e as alamedas são muito sedutoras. Quase todos estão hipnotizados pelas luzes dos caminhos onde transita a multidão.
O condicionamento pavloviano sempre traiu a minha intuição. Frequentei muitos labirintos apinhados de gente. Dei muitos bons dias, recebi muitos beijos e nem por isso a caminhada me satisfez. 
Ao contrário do que diz Cazuza não são só as mães que são felizes. As mães serão felizes se forem corajosas. A coragem é o atalho mais curto e eficaz para a felicidade. Só os corajosos são felizes.
Olhe pra beira do caminho. A trilha quase apagada, imperceptível e desprezada pela multidão, pode ser o seu caminho perfeito e ideal. Tenha coragem de dar os primeiros passos nessa senda esquecida e proscrita. Nem todos os que vagam estão perdidos.
Não tenha vergonha de andar por onde ninguém anda. Não tenha medo do que todos temem. Felicidade não precisa de banda de música, de burburinho, de alarido, de propaganda e nem de cerveja. A felicidade tem  o ritmo e o som do seu coração.