Prefiro a antipatia da Realidade à beleza do Sonho. Sonhar nesta geografia inóspita da "modernidade líquida" pode ser um salto irreversível no abismo. Sonhar pra quê?
Todos nascem com a dor incerta e difusa da condição humana. A maioria nem sabe porque se sente assim. É uma espécie de erro grave de fabricação. Se há um criador, ele errou feio, nos ingredientes e na preparação.
Todos procuram alívio para a existência. Cada um sabe de si e todos nós pagamos com a angústia o preço da nossa quase liberdade. Todos buscam Bálsamo. Todos, sem exceção. Procura-se bálsamo nas coisas mais esdrúxulas. A sensação de poder pode ser um bálsamo. As drogas, as religiões, o futebol, a novela, o casamento, a procriação, a arte, o dinheiro, o consumo, o trabalho, enfim , tudo isso pode parecer aliviar.
Ainda há os que acreditam que alguém possa estar muito preocupado e aflito com a dor da nossa condição. Todos estão muito preocupados consigo próprios. Isso é legítimo e assustador. Na verdade, o afeto é um intercâmbio de bálsamos. Sempre pleiteei um intercâmbio honesto, mas nem sempre é assim que acontece. Há muita trapaça neste campo.

Há quem consiga conceber que o bálsamo seja unilateral. Só se for o bálsamo da maternidade. E olha lá!
Na busca de bálsamo, que os outros não sejam a ampliação da dor, mas o acesso facilitado ao bálsamo. Ou será que eu estou sonhando de novo?
Bom dia nobre amigo poeta e escritor muito bem definido e interessante seu raciocínio uma belíssima explanação gostei tenha uma ótima quinta feira abcos
ResponderExcluirNão, não penso que está sonhando, Joaquim.
ResponderExcluirPenso que não há bálsamo que faça com que o ser humana reconheça individualmente a culpa e a vergonha que sente e deixando que a moral coletiva assuma a responsabilidade.
A responsabilidade por pensamentos e atos é única e exclusivamente do indivíduo. Enquanto assim não fizermos, estaremos sempre esbravejando contra Deus e o mundo; colocando a culpa sempre no outro, embora o mais comum seja dizer que a culpa é do diabo.
Diante do espelho deveríamos nos dizer: a culpa é minha, eu sou o único responsável pelo que penso e pelo que faço.
Quando coletivizamos a culpa e a vergonha (a moral coletiva), estamos nos isentando da responsabilidade moral enquanto indivíduo.
É claro que há muito mais a dizer, mas, eu fico por aqui.
Um grande e fraterno abraço, Joaquim!