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sábado, 22 de janeiro de 2022

Com carinho e com sachê

Esta onda pet coincide com o maior desencanto pela espécie humana de que se tem notícia. Nunca vi tantos pets na casa das pessoas.
Na modernidade líquida, o ser humano que já era muito complicado e inviável, tornou-se insuportável e inviável.
Em todas as épocas, longitudes e latitudes, as relações humanas sempre foram e são relações de poder. Hoje, com os empoderamentos e coisas que tais, as arrogâncias desmedidas, os egocentrismos exacerbados e as masturbações em todos os níveis, vivemos o fim de uma vida social com o mínimo de sanidade.
A mim, por tudo isso e um pouco mais, coube-me a felicidade extrema de encontrar Felícia vagando triste pelas ruas da cidade.
Trouxe-a para casa e sem nenhum medo de lhe dar amor, delineei devagarinho um laço delicado de pura doçura e cuidado.
Passamos dias que deveriam ser monótonos, plenos de paz, meiguice e atenção. 
Deixei para trás a desconfiança e o temor que os humanos me produzem quando se trata de estimar e gostar.
Com Felícia vivo momentos de brandura e afeto contínuo porque em nós não há o sobressalto da dúvida, da covardia, do receio e da maldade pura e simples.
Felícia é feliz quando se esparrama no chão e me mostra a sua barriga linda e peluda e eu sou feliz, escrupuloso e sensato quando a acaricio e lhe dou mais um sachê.

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Não diga besteira