As três citações mais populares e mal interpretadas da filosofia
Existem algumas citações do campo da filosofia que se
tornaram muito pop's. É bom que a filosofia se torne famosa,
entretanto, é ruim quando queremos entender a filosofia por frases soltas, na
base do "ouvi falar". Pior ainda é quando citamos essas frases sem
entendê-las. Aqui vão as três frases mais famosas e mal interpretadas da
filosofia, seguidas de uma tentativa de esclarecimento e contextualização para
que não fiquem tão soltas por aí.
“A religião é o ópio do povo” K. Marx – Essa citação de Marx, não raro, é interpretada de forma equivocada. Muitos a entendem com o sentido de que a religião manipula e ilude o povo, como a ilusão criada por se fumar ópio. Entretanto, essa não é uma interpretação coerente nem no contexto em que a frase foi posta, nem segundo o próprio pensamento de Marx. Para o Marxismo, tendo como base o materialismo histórico, não é a consciência que determina aquilo que é material, mas sim o que é material que determina a consciência. Aqui, o verbo determinar não deve ser entendido de forma rígida, determinista, afinal, apesar da predominância do material sobre a consciência, Marx concebe a relação entre o material e as ideias como dialética. Sendo assim, a religião, tida como ópio, faz parte do campo da consciência e não do campo material. Não é ela que cria a ilusão que determina a miséria do povo; ela, na realidade, é o resultado das miseráveis condições materiais pelas quais o povo sofre. Marx, aqui, talvez apontasse que a religião é antes uma consequência da exploração do trabalhador, do que sua causa. Oprimido materialmente, o povo busca dar conta de seu sofrimento através do alívio da consciência, com o ópio, ou seja, com a religião. Aqui vai a frase com um pouco mais de contexto: “A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo.”
“A religião é o ópio do povo” K. Marx – Essa citação de Marx, não raro, é interpretada de forma equivocada. Muitos a entendem com o sentido de que a religião manipula e ilude o povo, como a ilusão criada por se fumar ópio. Entretanto, essa não é uma interpretação coerente nem no contexto em que a frase foi posta, nem segundo o próprio pensamento de Marx. Para o Marxismo, tendo como base o materialismo histórico, não é a consciência que determina aquilo que é material, mas sim o que é material que determina a consciência. Aqui, o verbo determinar não deve ser entendido de forma rígida, determinista, afinal, apesar da predominância do material sobre a consciência, Marx concebe a relação entre o material e as ideias como dialética. Sendo assim, a religião, tida como ópio, faz parte do campo da consciência e não do campo material. Não é ela que cria a ilusão que determina a miséria do povo; ela, na realidade, é o resultado das miseráveis condições materiais pelas quais o povo sofre. Marx, aqui, talvez apontasse que a religião é antes uma consequência da exploração do trabalhador, do que sua causa. Oprimido materialmente, o povo busca dar conta de seu sofrimento através do alívio da consciência, com o ópio, ou seja, com a religião. Aqui vai a frase com um pouco mais de contexto: “A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo.”
“Deus está morto” F. Nietzsche – Essa talvez seja a
frase mais mal interpretada de toda a filosofia. Isso porque ela, como a frase
de Marx, cita algo que faz parte do campo da religião. Entretanto, de nada
adianta querer entender frases soltas. Nietzsche era um grande crítico da
metafísica, e consequentemente da metafísica de Platão e com essa frase, queria
mais constatar que as justificativas e fundamentos que damos para nossa
existência em um “além-mundo” estavam mortas, do que fazer propaganda do
ateísmo. Nietzsche estava atestando, no final das contas, que a
metafísica (Deus) morreu. E quem foi o assassino? O positivismo. Depois dele,
não poderíamos mais julgar nosso mundo segundo preceitos metafísicos e no
final das contas, sabendo disso, todos nós “matamos Deus”. “Deus está morto!
Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós!”
“O inferno são os outros” J. P. Sartre – Esta frase,
sozinha, sem o devido contexto da filosofia Sartriana, dá brecha para se pensar
que seria melhor se os “outros” não existissem para não me atrapalhar, para não atrapalhar o mundo
ou qualquer coisa do tipo. Entretanto, isso não se encaixa na filosofia de
Sartre. Ora, o existencialismo é a filosofia em que a existência precede a
essência. Em outras palavras, antes existimos para que depois possamos ser e nossa essência não
é pré-concebida. A essência de cada um de nós é o resultado da nossa existência, das
nossas escolhas durante a vida. Ou seja, eu, como ser humano, sou as escolhas
que faço durante a minha vida e no fim das contas, é isso que me difere das
outras coisas: a liberdade. “O ser humano está condenado à liberdade”, segundo
Sartre, porque não pode escapar à sua responsabilidade de decidir. Ao tomar
uma decisão, o ser humano deve sofrer a angústia da escolha e ser responsável
por si mesmo e por toda a humanidade. Se não for assim, não é verdadeiramente
livre. E como o ser humano pode ter acesso e experimentar a sua própria
essência? A partir do outro, da convivência. O inferno é esse. Além de estar
condenado à liberdade, tendo que fazer escolhas sob minha responsabilidade, os
outros me impedem de fazer tudo que quero, entretanto, é somente através dos
outros que posso vislumbrar minha essência; somente através do “inferno” da
convivência e da condenação à liberdade que os seres humanos podem ser.
Muito bom. Além de algumas mais, acho que a realmente mais usada equivocadamente, é "só sei que nada sei" que aliás, nunca foi escrita.
ResponderExcluirADOREI!
ResponderExcluirMerci Bianca.
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