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terça-feira, 26 de maio de 2015

NOVE HORAS DE ORGASMO

 15 CURIOSIDADES SOBRE O USO DO TEMPO NA VIDA

Considera-se um tempo médio de vida de 75 anos

 
Onze meses olhando mulheres
Uma pesquisa da Kodak demonstrou que homens passam em média 43 minutos por dia (cerca de 11 meses ao longo da vida) observando integrantes do sexo oposto. A pesquisa também apontou supermercados como os lugares em que isso mais acontece.



Nove horas de orgasmo  
Uma pesquisa alemã apontou como 12,4 segundos o tempo de duração do orgasmo feminino, o que coloca seu prazer sexual com duração média de nove horas durante a vida.
Noventa minutos de orgasmo
O mesmo estudo situou o clímax sexual masculino dura em média de 1,7 segundos. Se você multiplica isso pela média de relações sexuais que o homem tem na vida, isso dá menos de 90 minutos de orgasmo na vida.
OBS: - Esta comparação entre os tempos de orgasmo masculino e feminino, comprova que tudo o que escrevi neste Blog em relação à sexualidade de homens de mulheres, está correto. A conclusão é irrefutável e uma só: quem deveria gostar mesmo de sexo é  a mulher. A cultura atrapalha pra caramba a vida sexual das mulheres e indiretamente a dos homens.
O homem é um deficiente sexual. As mulheres, compelidas pelo papel cultural que são obrigadas a desempenhar, precisam disfarçar  essa sexualidade exuberante e avassaladora com flores, romantismos arruinados, decadentes e coisas que tais. A mulher é o ser sexual por excelência. O homem é uma fraude sexual. A mulher, uma fraude sentimental. Ressalvadas estão, todas as exceções.

Cem sms por dia
Segundo um estudo de 2010 do Centro de Pesquisas Pew de Washington DC, um em cada três adolescentes manda 100 sms ao dia.

Um ano decidindo roupa
Uma pesquisa da confecção Matalan descobriu que as mulheres passam quase um ano (287 dias úteis) decidindo o que vai vestir melhor no seu corpo.
Mulheres: 136 dias se arrumando
Segundo estudo da firma Skinbliss, as mulheres passam 136 dias se arrumando, seja fazendo maquiagem, tomando banho ou experimentando roupas. 

Vinte e sete dias esperando por transporte público
Ficar esperando por trens e ônibus toma ao final de uma vida 27 dias. (Parece mais, não parece?)

Dois anos de reunião
Um empregado de empresa passa, em média, dois anos de sua vida em reunião.

Um ano e meio arrumando o cabelo
Uma mulher passa, ao longo de toda uma vida, 14 mil horas — ou 1,5 ano — escovando, penteando, lavando, secando, alisando, cortando e fazendo permanente no cabelo.

Dezessete anos fazendo dieta
Pesquisa de Kevin Dorren, fundador e cozinheiro-chefe do Diet Chef, revelou que mulheres passaram 17 anos de suas vidas de dieta. 

Oito anos e meio comprando
A empresa de pesquisa em marketing OnePoll.com analisou os hábitos de compras de cerca de 2 mil mulheres e estimou em 8,5 anos o tempo que passam fazendo "comproterapia"

93% da vida em ambiente fechado
Há muito do mundo que o americano médio precisa ver. A agência de proteção ambiental dos EUA estimou que um americano passe 93% de sua vida em ambiente fechado, seja dentro de um imóvel ou um carro.

Quatro anos comendo
Em média uma pessoa passa 38 mil horas, ou cerca de 4,4 anos da vida, comendo

Sete dias deitado acordado
Especialistas em saúde canadenses estimaram em sete dias o tempo total que uma pessoa passa deitada na cama acordada, esperando o sono.

Quatro meses se barbeando
Segundo pesquisa da Reader's Digest, os homens passam 3 mil horas, ou quatro meses da vida, fazendo a barba.



A ROSA COMO FANTASIA E DISFARCE

As rosas seduzem a humanidade há mais de cinco mil anos. Há rosas de todas as cores e fascinam pelo perfume e pela beleza. Até as de plástico que são muito cafonas e Made in China, guardam algum encanto sintético. 
Não tenho uma personalidade anti-rosácea, mas colocar rosas onde certamente elas não crescem nem vigoram, perturba a minha paciência ocidental.
Apesar das evidências em contrário, há gente empenhada em confundir minha visão com falsas rosas.
Não é apenas no jardim que a vida é possível com amor, paz e felicidade. A vida também floresce impetuosa e linda  nas frinchas da terra seca.
Tire as suas rosas da minha realidade porque eu não preciso de rosas para sonhar. Tantas rosas assim infectam os meus passos nos caminhos duros da minha segunda-feira. Deixe-me fazer um mundo melhor sem o patrocínio dos seus"bouquets."
Eu não sou viciado em rosas. As minhas flores têm o cheiro do real. Não quero que o perfume das rosas me cause delírios e alucinações. 
Sinto-me confortável sentado no velho canapê do dia a dia. Ainda consigo ver poesia nestes canteiros maltratados pelos loucos da minha espécie.
Então, afaste essas rosas de mim e deixe-me respirar o ar podre do meu planeta. Aliás, você, obsesssiva-compulsiva por rosas, ao invés de me alegrar, está me cravando no peito os espinhos de saudade dos que hoje já são o adubo racional das rosas mais frescas.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

O SOFRIMENTO ÚTIL

¡Ay mísero de mí...!
[Soliloquio: Fragmento de La vida es sueño]

Pedro Calderón de la Barca
¡Ay mísero de mí, y ay, infelice!  Apurar, cielos, pretendo,
ya que me tratáis así
qué delito cometí
contra vosotros naciendo;
aunque si nací, ya entiendo
qué delito he cometido.
Bastante causa ha tenido
vuestra justicia y rigor;
pues el delito mayor
del hombre es haber nacido. 

Arthur Shopenhauer cita a parte final desta estrofe em "O mundo como vontade e representação."

O sofrimento só serve para te mostrar que a vida não é uma dádiva. A despeito da propaganda muito falaciosa que se faz da vida, quem já teve o seu tempo de sofrimento útil, constatou que a vida é muito parecida com "O processo" de Kafka. Os seus pais é que gozaram e você é que se fodeu.
Quem não mudar a premissa, altenará crises de alegria com crises de angústia e não passará disso até morrer. É necessário mudar a premissa: definitivamente a vida não é um dom, um presente ou coisa que o valha. A vida está muito mais próxima de uma punição sem delito transitado e julgado. 
O sofrimento só é Útil para te levar a esta conclusão. Todo e qualquer outro sofrimento é estéril, estúpido e cancerígeno.
Na grande maioria da vezes, a pessoa sofre e não muda a premissa. Continua sempre a achar que foi premiada com a vida e um dia chegará então ao decantado Shangri-lá.
Eu não preciso sofrer mais. Eu já aprendi. E aprendi demais. Aprendi que também posso ser  feliz a milhares de léguas do paraíso e a alguns centímetros do inferno.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

PEDALANDO PARA NÃO MORRER

Jaime Gold fazia parte do grupo de cardiologistas não sedentários. Sessenta por cento dos cardiologistas são sedentários. Não conheço Jaime Gold, mas com certeza era alguém que buscava coerência entre o pessoal e o profissional. Fazia o que dizia que deveria ser feito. Só isso já é admirável.
O que chama a minha atenção neste caso hediondo, além da completa ausência de tudo, Sáude, Educação, Segurança e Vergonha na cara, é o paradoxo de Jaime Gold. Cuidava da sua forma física para não ter problemas de saúde porque os conhecia melhor que ninguém. Programava a sua permanência no planeta. Pensava em ser longevo. No entanto, a estupidez e a bárbarie que se apossou do Brasil e do mundo, interrompeu criminosamente a sua trajetória de homem coerente.
Qualquer um de nós, por mais honrados, honestos e idôneos que sejamos, estamos sujeitos às facas dos monstros que compartilham conosco a mesma cidade MARAVILHOSA. Falta tudo e sobra desrespeito pela vida humana. Falta tudo e sobra indiferença e descaso pelos que sofrem perdas como esta. E os "menores" já deixaram de ser "menores" há muitas décadas.  O mundo mudou muitíssimo. Já acabou a época dos "menores". Isso é coisa do passado.
Denuncio o absurdo da condição humana e a invasão sutil dos bárbaros que queimam os nossos sonhos mais secretos e nos condenam à perplexidade e à revolta. Malditos sejam para sempre, todos os que detêm o poder e não fazem nada pelo bem comum. Malditos sejam para sempre, os que cospem e mijam nos princípios morais que edificaram esta civilização estranha. Malditos sejam para todo o sempre, os que perderam a noção do valor absoluto de uma vida humana. E você, Jaime, continue pedalando em nome da sua responsabilidade e da sua coerência. 

A TOXICIDADE DAS RELAÇÕES HUMANAS

Existem as duas formas: Toxicidade e toxidade.
A toxicidade da vida gregária não é coisa recente.  Ao termos que viver em comunidade, sujeitamo-nos a toda a sorte de venenos que a coletividade exala. Quem levar muito a sério a sua vida social, ficará alucinado com os gazes da atmosfera grupal.
Faz-se a apologia da vida em comum, estimulando as pessoas a cometer o pior erro de suas vidas: considerar a solidão como moléstia abominável. Aí é que mora o perigo. Nunca passa pela cabeça da maioria que a vida social é uma espécie de suruba psico-emocional com graves efeitos colaterais.
Ao respirar as substâncias tóxicas e ao participar por instinto ou aculturamento da suruba, o indivíduo submete-se ao flagelo das D.S.Ts. (Doenças Socialmente Transmissíveis). A consequência de ser infectado, não é a morte, é a infelicidade crônica.
Não sei por que razão não são capazes de dizer que o lugar mais limpo e oxigenado da existência na terra, é a solidão. Não prego a abstinência social. Jamais faria uma coisa dessas. Muito menos a masturbação social compulsiva praticada abertamente no Facebook. Todavia, faça um detox, relacione-se socialmente só de camisinha, por favor.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

OS NOVOS TAGARELAS

AS CONVERSAS DA PÓS-MODERNIDADE













O DESESPERO ONTOLÓGICO

Para mim, está muito claro que não se sabe de NADA, absolutamente NADA.
Sei que hoje é quase impossível não ferir susceptibilidades. Estamos todos muito susceptíveis.
Se uma opinião causa feridas é com certeza uma opinião que se tornou importante demais. E se alguém se deixou ferir por uma simples opinião é por que faltam alicerces sólidos às convicções dos feridos.
Não se sabe nada de muito revelador e definitivo sobre a origem da nossa espécie e muito menos ainda sobre o além-túmulo. 
O Criacionismo equipara-se em delírio a qualquer conto de fadas com direito a Papai Noel de Shopping Center. É de uma puerilidade estonteante. Tem a mesma textura narrativa de qualquer história infantil e exagera pelo maniqueísmo e pela ênfase dada ao castigo, ao sofrimento e à humilhação. Só quem estava deveras desesperado em busca de um sentido para a existência, inventaria uma Criação tão capciosa e freudiana. Entretanto, o pior desta fábula é a apologia feita à obediência cega. Obedecer cegamente leva o ser humano à ignorância e à escuridão. Acho que desobedecer é fundamental.
Se Deus existe, sofre de mau humor crônico. Vide todo o antigo testamento. Sempre chateado, zangado e de cara feia. Parece-se com qualquer Chefe de Vendas ou gerente de Recursos Humanos. Recuso ter sido concebido e criado por um ser assim. E a ideia de ter sido banido de Éden, deixa-me com um forte sentimento de rejeição e me deprime. Sinto-me um exilado do paraíso, uma espécie de apátrida cósmico, um orfão metafísico. Poderia continuar a falar de Adão e Eva, mas ficaria muito chato. Então é isso. Expulsos do paraíso pelo Criador por causa de um pseudofruto sob os auspícios de uma cobra falante para sobreviver no país da Petrobrás.
Por outro lado, o evolucionismo de Darwin tem muitas lacunas e deixa muitas dúvidas e interrogações. A evolução das espécies não me convence completamente. Como foi possível, apenas por obra e arte do "gene egoísta" chegarmos a este nível de sofisticação intelectual? A evolução não explica tudo. Há muitos enigmas não resolvidos na história para adultos escrita pelo Charles. 
Só os arrogantes  e estúpidos de carteirinha, ousariam afirmar que a escatologia está decifrada.
Eu acho que somos um acidente da matéria. Falta sentido e sobra perplexidade. Não estou mais à procura de sentidos mirabolantes para a minha vida. Não tenho mais o desespero dos monoteístas que se matam para tentar provar que o sentido deles é melhor que o dos outros. Aceito perfeitamente patinar no non-sens.
Vivo o mistério de respirar com a tranquilidade de que não posso furar o enigma. Procuro criar alguma coisa ou a mim mesmo e faço da minha vida uma oferenda generosa a tudo aquilo que não consigo entender.
P.S. - E a propósito, quando será que as pessoas não vão achar tão divertido e coerente "fazer enigmas"? Quando será que esta irresponsável festa procriativa vai acabar?

sexta-feira, 15 de maio de 2015

A FRIA TERAPIA DA VINGANÇA

Não vejo a hora de me curar do mal que me fizeram.  E o mal já vem de muito longe. Data da minha primeira dentição. Agora que já tenho os quatro sisos, é chegado o grande momento. A cura do mal é a vingança.
Adoro escutar a doce canção do perdão. É uma das mais lindas canções da nossa espécie. É bela, sublime e perigosa pois estimula a repetição do erro e da maldade. 
Quando escuto a doce canção do perdão, fico triste e deprimido. Vem-me à mente a civilização crucificada, ensanguentada, piegas, alienada, cheia de pecados e de gente que geme e sofre.
Só um compositor seria capaz de compor a canção da vingança, Richard Wagner. Quando posso me vingar, alegro-me e sinto os acordes de Wagner no meu velho Mp3. 
A vingança lava as nódoas mais difíceis do meu pericárdio e nem preciso esfregar muito a indumentária do meu coração. A vingança é a marca de OMO ideal para quem já tem no íntimo um cesto de roupa suja e muita sede de justiça.
Para quem é incapaz  de esquecer e não conhece os mistérios e as sutilezas do perdão, vingar-se é um atalho maravilhoso e seguro. Cure-se.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

OLHARES SUJOS

Tantos olhos postos sobre mim.
Olhares doentes contaminados pelos fungos  dos milênios e pela perversidão da genética.
Olhares pessoais, vistas parciais.
Julgamentos visuais, sentenças culturais.
Todos parecem  saber quem eu sou.
E eu sou o que não me permitem parecer.
Tantos olhos postos sobre mim.
Olhos cataráticos,
Cristalinos comidos pelo preconceito,
Retinas viciadas em mitos e lugares comuns,
Olhos atentos e esbugalhados, óculos caros para paisagens baratas.
Olhos pintados para um mundo em preto e branco.
Tantas câmeras postas sobre mim,
Olhares podres e desumanos do controle e do poder.
Tantos filmes feitos sobre mim. 

Tantos olhos postos sobre mim.
Eles é que me olham e eu é que me vejo.
Vivo o pesadelo do braille e das bengalas.
Estou em plena crise do laser e dos colírios.
Sou a névoa de um espectro na multidão.
Sou o que não interessa mais ver.
Não estou mais ao alcance dos olhos.
Estou no escuro e sou a minha própria luz.
Mais um homem invisível.
E tantos olhos postos sobre mim...

terça-feira, 12 de maio de 2015

O VIAGRA E A MORTE SÚBITA

Os médicos nos quais eu não confio nem um pouco, dizem que o Viagra pode matar como qualquer outro medicamento. Confesso que tenho muita dificuldade em lidar com esta medicina que pode matar e mata. Desaconselham todavia o uso de Viagra para quem faça uso regular de medicamentos da classe dos Nitratos (Isordil, Sustrate, Monocordil, Isossorbida, etc.), utilizados para quem  tem doença coronariana, particularmente angina de peito. Os nitratos que são potentes vasodilatadores combinados com o Viagra que também é vasodilatador podem levar o indivíduo à morte por hipotensão arterial.
Há casos conhecidos de morte súbita em que o homem tinha 68 anos de idade e a sua parceira 27. Não quero citar nomes. É óbvio que o libidinoso inveterado tomava Viagra ou coisa que o valha. Para mim, são casos de morte anunciada.
Acho deplorável que um homem de 70 anos não tenha descoberto outras fontes de prazer a não ser  o que provem dos genitais e arredores. Creio que a partir de uma certa idade é muito mais elegante e confortável colecionar orgasmos ao invés de acumulá-los como um adolescente idiota escravo da testosterona.
Uma das grandes vantagens do envelhecer é receber das mãos tiranas e cruéis da testosterona, a carta de alforria. Isso não significa abandonar a atividade sexual, mas praticá-la, harmonizando-a com a nossa cronologia. É ridículo e por vezes fatal, praticar atletismo sexual aos 60 anos. Como é possível para esses viagrentos-viagrosos não terem outra maneira de obter prazer? São os eternos adolescentes da artrite,  da artrose e da barba branca. 
Como é possível que certos homens não tenham dado um único passo que fosse, no terreno pantanoso das suas almas e acabem as suas vidas literalmente de pau na mão?
Se tiverem tempo, leiam este artigo de O GLOBO.

RISCO DE ALTA POTÊNCIA

Há relatos de morte súbita em motéis em que entre os pertences da vítima havia medicamentos com a substância sildenafil.

Será que estamos assistindo a um surto silencioso de morte súbita de homens associada ao uso de sildenafil, medicamento usado para disfunção erétil?
Há relatos isolados de profissionais que atendem casos de morte súbita em motéis que encontram, entre os pertences da vítima, embalagens de produtos farmacêuticos indicados para disfunção erétil, contendo a substância sildenafil. Desconhecemos registros das equipes de emergência (sejam órgãos da Defesa Civil, do Samu ou do Corpo de Bombeiros) que poderiam ajudar a esclarecer a dimensão do problema. Desconhecemos relatos de parceiros, amigos e familiares dos que morreram. Tampouco médicos ou outros profissionais de saúde têm se pronunciado sobre o assunto. Desconhecemos alertas públicos das autoridades sanitárias para prover a população de informações sobre o produto ou seus riscos.
A aparente ocorrência de aumento de casos de morte súbita de homens em uso do sildenafil — paralelo ao extraordinário crescimento das vendas no país, de dois milhões de unidades/ano para 30 milhões, com o fim da vigência de sua patente — merece investigação de caráter público.
O sinal de alerta tem a ver com a saúde da nossa coletividade. O sildenafil é fármaco usado para duas indicações terapêuticas diferentes: hipertensão pulmonar e disfunção erétil. Recomendações técnicas preconizam comprimidos de 5mg ou 20mg no primeiro caso e de 25 a 100mg no segundo. Recente episódio relacionando o Ministério da Saúde, o laboratório do Ministério da Marinha e o laboratório Labogen, do doleiro Alberto Youssef, resultou em grande confusão e desinformação sobre as duas condições.
A hipertensão pulmonar reflete estados patológicos e a disfunção erétil associa-se a mudanças relacionadas ao envelhecimento, embora haja notícias de uso recreativo em adultos jovens. Assim como outras condições de saúde com importantes componentes culturais, tais como a anorexia, as cirurgias plásticas estéticas, o uso abusivo de tranquilizantes, antidepressivos e outros, a disfunção erétil é tema silenciado. Seja o silêncio resultado do eventual constrangimento pela perda funcional, ou do forte machismo da nossa sociedade, que associa desempenho sexual a vigor e poder.
Nunca é demais lembrar que o capítulo da lei 8080/90 que trata da Vigilância Sanitária determina ser de responsabilidade das autoridades sanitárias eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde, além de intervir nos problemas sanitários decorrentes da circulação de produtos. E que houve episódios trágicos envolvendo o uso de medicamentos. Só para citar alguns, muitas vidas foram perdidas após o uso do mercúrio contra a febre amarela, no século XIX. E, no século XX, registraram-se mortes de crianças com insuficiência renal, após o uso de xaropes com dietilenoglicol, e de asmáticos por uso de aerossóis com isoproterenol. Na década de 1960, ocorreram mais de 15 mil casos de malformação congênita em crianças cujas mães usaram talidomida.
A falta de conhecimento completo em relação ao uso de fármacos trouxe à tona, de forma trágica, o que a ciência sustenta há décadas: não há substância farmacologicamente ativa isenta de riscos e nem todos os riscos são conhecidos antes de o produto estar no mercado.
Para que se tenha ideia da magnitude do problema, há contraindicação para o uso do sildenafil concomitante ao uso de nitratos usados para tratar doença cardiovascular, e para os indivíduos com hipotensão, derrame recente ou infarto do miocárdio. Vale perguntar: quantos brasileiros que estão consumindo as 30 milhões de unidades por ano de sildenafil sabem disso?
As consequências do uso de produtos para disfunção erétil são tema que não vem sendo tratado com responsabilidade pelos gestores do nosso sistema de saúde. Medidas reguladoras do Ministério da Saúde — tais como submeter a compra nas farmácias a controle rigoroso do receituário — são importantes para estancar os possíveis efeitos adversos. Investigar a ocorrência de complicações e mortes associadas ao uso do produto, e divulgar os resultados, permitirá prover e não privar os indivíduos da informação necessária para decidir de forma consciente e informada se desejam, ou não, correr os riscos inerentes aos fármacos. Seja ele constrangedor, obsequioso ou cúmplice, até quando aceitaremos o silêncio?
Suely Rozenfeld e Álvaro Nascimento - pesquisadores da Fiocruz