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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Tolerar não é respeitar

Comecemos pelas definições.
Respeito é um substantivo masculino oriundo do latim respectus que é um sentimento positivo e significa ação ou efeito de respeitar, apreço, consideração, deferência.
Na sua origem em latim, a palavra respeito significava "olhar outra vez". Assim, algo que merece um segundo olhar é algo digno de respeito.  Por esse motivo, respeito também pode ser uma forma de veneração, de prestar culto ou fazer uma homenagem a alguém, como indica a expressão "apresentar os seus respeitos". Ter respeito por alguém também pode implicar um comportamento de submissão e temor.
Tolerar - Verbo Transitivo - Permitir de forma tácita, deixar passar. Suportar,  admitir, consentir.
Há muita coisa que eu gostaria de respeitar, mas não consigo; eu só tolero. Raramente se respeita uma opinião dissonante. O máximo que as pessoas conseguem fazer, neste caso, é tolerar, embora, digam respeitar, por vício, imitação, convenção e falta de originalidade.
Apesar da palavra respeito, ser a primeira que vem à boca da grande maioria, com muita frequência, não passa de tolerância. Conseguir tolerar já é bom, mas respeitar é muito mais que tolerar.
Eu não consigo respeitar a virgindade de Maria, os que são induzidos ao suicídio para usufruírem  de 72 virgens no paraíso, (que coisa cansativa e grotesca!) a ressureição de Jesus, a reencarnação, as vidas passadas e as vidas futuras, a salvação existencial através do amor romântico, a noção pequena de pátria, a busca da felicidade pelo consumo, a superioridade intelectual dos acadêmicos, etc,etc.
Estas e muitas outras coisas, eu não respeito, eu apenas tolero. Então, que se use a palavra correta e que se continue a tolerar.

Egus monumentalis

O latim é por minha conta e risco. Ego, aqui, não tem nenhuma conotação psicanalítica. 
A competição nunca parou. Desde que se nasce não se faz outra coisa senão competir. A competição é intrínseca e inexorável. Entretanto, mudaram muito, as formas e os conteúdos da competição.
Eu já fui obrigado a competir no campeonato da humildade, da generosidade, da sinceridade, da autenticidade, da honestidade, da verdade, do altruísmo, da abnegação e do amor.  Não alcancei as primeiras posições nesse campeonato obsoleto, mas foi razoável. Egus inflatus, tudo bem. Egus monumentalis, eu não aguento. É demais.
Hoje, em face dos arquitetos profissionais do ego, ocupo as últimas posições. Hoje, o campeonato é outro. Compete-se em hipocrisia, orgulho, presunção, mentira, preconceito, frivolidade, irreflexão, superficialidade, estupidez e mediocridade. Neste campeonato, faço esforços hercúleos para não cair na zona de rebaixamento.
Os que nasceram por estes dias são peritos na construção de monumentos ao Ego. Todos são os melhores em tudo. Quem ouve um adolescente falar, pode ter a impressão que está diante de um especialista em quase tudo. Os consulentes de oráculos tecnológicos, assumem destaques de semi-deuses e não sabem porra nenhuma.
Nessa olimpíada de monumentos, não vou fazer o jogo da maioria porque desprezo a maioria, não vou construir um monumento, vou fazer um puxadinho e não vou valorizar nem um pouco essa empáfia ridícula.
Monumentos não se relacionam. Monumentos, se alisam, se lustram,  se enganam, se estranham e nada mais.
Egos monumentais nos condenam à solidão, à masturbação e ao delírio psicopata de que somos muito importantes quando não somos merda nenhuma.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Os 10 livros brasileiros mais lidos

Os livros brasileiros mais lidos de todos os tempos
O Menino Maluquinho 

O escritor, jornalista e ilustrador Ziraldo é muito querido pelas crianças e um dos mais importantes autores infantis, com uma série de livros publicados e premiados. Suas histórias são divertidas e mexem com a imaginação. Sua criação de maior sucesso é "O Menino Maluquinho", com mais de 100 edições e 3 milhões de exemplares vendidos. A história de um menino traquina que é muito amado e se torna um adulto feliz virou filme, material escolar, especial para a TV, jogos e originou novos livros.

O Alquimista

Paulo Coelho é o autor brasileiro mais lido no exterior. "O Alquimista", lançado em 1988, é seu maior sucesso e entrou para o Guinness Book (Livro dos Recordes), por ser o livro mais traduzido (em 69 idiomas). A obra conta a história de um jovem pastor e sua longa viagem da Espanha ao Egito à procura de um tesouro perdido, anunciado a ele através de um sonho. O percurso acaba sendo uma busca de respostas para mistérios existenciais. O livro incentiva a não desistir dos sonhos e a identificar os sinais que aparecem ao longo da vida.

Iracema

"Iracema", a "virgem dos lábios de mel", é o romance histórico-indianista do escritor brasileiro José de Alencar, publicado em 1865. O livro aborda o amor entre uma índia e o colonizador português Martim, que simboliza a origem do Ceará, terra natal do autor. Dessa união de raças nasce Moacir, que representa o primeiro cearense. A história se passa no início do século 17 e caracteriza a fase nacionalista de José de Alencar, que ainda lançou mais dois romances indianistas: "O Guarani" e "Ubirajara".

Memórias Póstumas de Brás Cubas

Outro clássico da literatura brasileira é "Memórias Póstumas de Brás Cubas", escrito pelo mais consagrado autor brasileiro de todos os tempos: Machado de Assis. A história foi publicada em capítulos, durante 10 meses em 1880, numa revista. No ano seguinte, Machado transformou a obra em livro, narrado em primeira pessoa pelo personagem Brás Cubas, um homem já falecido, mas que escreve suas memórias póstumas do túmulo. O autor usa da isenção de um personagem morto para fazer uma crítica à sociedade do século 19.

Dom Casmurro

Outro livro de autoria de Machado de Assis que continua atraindo inúmeros leitores é "Dom Casmurro". A primeira edição foi lançada em 1899, mas sua narrativa é tão instigante que até hoje se discute o grande enigma: Capitu traiu ou não Bentinho? O casal tem um filho que se parece mais com Escobar, melhor amigo de Bentinho, do que com o próprio pai. Na obra não fica claro se tudo não passa de imaginação do personagem ou se Capitu realmente cometeu adultério, já que o autor mantém essa interrogação até o final.

Gabriela, Cravo e Canela

Jorge Amado é um dos nossos escritores modernistas mais lidos, com várias obras adaptadas para o cinema e a televisão. Um de seus livros mais conhecidos é "Gabriela, Cravo e Canela", publicado em 1958. A história se passa nos anos 1920 e mostra a hipocrisia da sociedade da época e as disputas políticas dos coronéis do cacau. O personagem Nacib se encanta por Gabriela, uma retirante que chega a Ilhéus. Mas ela também atrai a atenção dos senhores influentes da cidade. Traição, machismo, opressão da mulher, amores proibidos e intolerância são aspectos abordados na narrativa.

Reinações de Narizinho

Monteiro Lobato criou através de suas obras um mundo onde as crianças podem viajar na imaginação. Durante as férias no sítio da avó (Sítio do Picapau Amarelo), Narizinho e Pedrinho vivem muitas aventuras, que incluem Emília, uma boneca falante, a Cuca, o Saci e outros personagens ligados à cultura brasileira, mesclados com princesas como Cinderela e Branca de Neve. As histórias são tão interessantes que foram transformadas em seriado na televisão. Um de seus livros mais lidos foi "Reinações de Narizinho" (1931), a menina do nariz arrebitado e neta de Dona Benta.

A Moreninha

Joaquim Manuel de Macedo escreveu o romance "A Moreninha" em 1844, e a repercussão foi tão grande que o fez abandonar a carreira de médico. O livro faz parte do Romantismo brasileiro e conta a história da visita de quatro estudantes de medicina à casa da avó de um deles (Felipe), na Ilha de Paquetá. O rapaz aposta com um dos amigos (Augusto), que se algum deles se apaixonasse durante a permanência em Paquetá, ele escreveria um livro contando a história. E justamente Carolina, sua irmã, despertará a paixão do colega.

Senhora


José de Alencar escreveu o romance urbano "Senhora", publicado pela primeira vez em 1875. Esse é um dos livros mais lidos da literatura brasileira e foi também adaptado para a televisão. Trata-se da história de Aurélia que após ser rejeitada por ser pobre, recebe uma herança e realiza uma transação comercial para "comprar" justamente o homem que a rejeitou. O livro mostra os costumes da Corte durante o Segundo Reinado no Rio de Janeiro e faz uma crítica à sociedade norteada pelo dinheiro.

Capitães da Areia


O escritor baiano Jorge Amado tem uma vasta obra de sucesso, que o faz ser o segundo autor brasileiro mais vendido de todos os tempos, ficando atrás apenas de Paulo Coelho. Em 1937, publicou "Capitães de Areia", seu sexto livro e um dos mais lidos. A história se passa em Salvador nos anos 1930 e retrata a vida dura de um grupo de menores abandonados conhecidos por "Capitães da Areia", que sobrevivem de furtos e trapaças. Jorge Amado mostra a realidade dessa população marginalizada, tecendo uma crítica social e política.
Fonte: eHOW - Brasil

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A oficialização do preconceito

"Quem não tem preconceitos não tem cuidados linguísticos."
Joaquim Esteves 
O preconceito já foi um sentimento privado e inconfesso. Hoje, com esta onda avassaladora e mundializada do "politicamente correto", o preconceito passou à esfera pública, oficial e quase institucional.
Se o caro leitor, não tiver nenhum preconceito em relação a uma determinada condição por que razão irá usar de tantos e tão variados melindres lexicais para se referir a ela?
A nossa civilização é um viveiro de preconceitos. Quem se diz sem preconceitos está mentindo vergonhosamente. O combate ao preconceito é um trabalho interior, cerebral, íntimo e racional. Fiscalizar as palavras não resolve nem atenua o problema. O que pode mitigar o problema é corrigir os pensamentos, os comportamentos e as atitudes. Atacaram o mais acessível e o mais fácil: as palavras. Este ataque só engrendrou uma caça às bruxas subliminar, com censura, cortes e sanções estúpidas. Falta coragem, sanidade, lucidez, bom-senso e muito esforço para atacar as visões estúpidas de mundo, a ignorância que é o melhor sinônimo para mal e um apurado senso de justiça. Que se eduquem os preconceituosos. Modular a expressão é elementar, ineficaz, ridículo e hipócrita.
No que diz respeito ao preconceito o buraco é muito mais acima.

À espera do espetáculo redentor

Está todo mundo "conectado" à espera do grande acontecimento que trará calma, tranquilidade, paz, conforto, segurança, sucesso e sobretudo muita felicidade. Isso é tão improvável quanto o fim da corrupção no Brasil.
Por grande acontecimento, entenda-se casamento, procriação, promoções no trabalho, grandes viagens, festas de arromba, imbatíveis performances sexuais, popularidade, aventuras, etc.
A minha experiência pessoal, aponta para outras realizações. O que realmente me fez feliz e mudou a minha vida, foram pequenos gestos, momentos de solidão, frases curtas, certas entonações, imperceptíveis reflexões e ligeiras alterações de rota; nada de muito espetacular. 
O espetáculo se consome a si próprio. É só para ver.  É só para matar o tempo e o tédio. Não tem substância e serve apenas para impressionar os incautos.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A história acabou

Quem ouve um jovem adulto ou um adolescente falar, tem a impressão que o mundo começou exatamente quando ele nasceu. Nada o precede. Ninguém o antecede. Ele é o marco indelével na história da espécie humana no planeta afável. 
Na nova criação do mundo, Adão mudou de nome e  se chama Bill Gates. E Eva? Não há notícias de Eva no Gênesis pós-moderno. Será que era o Steve Jobs?
As crianças produzem frases com inflexões de adultos. Discursam com autoridade e impressionam  toda a burguesia. Fico atônito com tantas certezas disseminadas no ar.
Eu, não sou quase nada. O que pode saber quem já viveu tantas décadas? O que pode saber quem já percorreu tantas léguas? E o que pode saber quem fez do sofrimento a sua melhor escola? Nada. Não sabe nada.
Os mancebos tomaram a sabedoria de assalto e realizam a proeza de pisar e dominar sem ter dinheiro, no reino do capitalismo indomável. É um feito digno da miracologia evangélica.
Antiguidade é posto, dizia-se no passado. Hoje, não há mais passado. A antiguidade é um estorvo e uma ignomínia. Só valem os músculos e a tez aveludada com Asepxia da Ultrafarma.
Só vale o que existe. Só interessa o que é. Poucas coisas preexistiram e o que foi, já era. "Deletaram" o percurso dos pioneiros e dos visionários "sinistros". "Deletaram" o respeito e a reverência. O poder são várias teclas ou uma só. A história acabou.

sábado, 26 de setembro de 2015

ELAS PENSAM MAIS EM SEXO

Pesquisas realizadas em vários países confirmam: as mulheres têm pensado e falado cada vez mais sobre sexo. O que mostra que esse assunto já não é mais um tabu, pelo contrário, elas estão compartilhando opiniões sobre o tema também com seus parceiros. Com isso, a ida ao sex shop, por exemplo, deixou de ser pecaminosa para ser uma visita agradável e divertida e que vai trazer novas experiências à rotina sexual. Aliás, elas compram muitos mais produtos eróticos e assistem, sim, a filmes com conteúdos eróticos. Tudo sem pudor. O direito ao prazer ninguém mais tira delas e pesquisas revelam bem o cenário. Mulheres já são maioria entre os assinantes de canal pornô.
Segundo uma pesquisa do canal Playboy TV, marca que controla seis canais de conteúdo erótico, as mulheres representam mais da metade dos assinantes dos canais da programadora. Divulgado em novembro de 2014, o levantamento mostra que elas representam 54% dos 450 mil assinantes. Em 2010, esse número era de 49%. Para 78% das 1.660 pessoas entrevistadas, a ideia de consumir conteúdo erótico é "colocar bastante pimenta na relação sexual", além daqueles que desejam aprender com os profissionais da tela (68%).
Masturbação
Apesar do assunto ainda ser tabu para muitas mulheres, a masturbação, de acordo com uma pesquisa realizada com pessoas do sexo feminino, acima de 18 anos, e que utilizam iPhone no Brasil mostrou que 70% das brasileiras se masturbam. Além disso, 81% delas conseguem atingir o orgasmo se tocando. A pesquisa, respondida por aplicativo em celular em julho de 2014, foi feita pela Hibou, uma empresa especializada em pesquisa e monitoramento de consumo.
Com a revolução feminina, opina a psicóloga e especialista em sexualidade Juliana Bonetti, elas inserem na sociedade uma nova identidade que ainda está em transformação. "As mulheres, por causa de fatores sociais e culturais, têm mais dificuldades em expressarem-se sexualmente. Mas, na medida em que leem e vivenciam por meio da literatura ou filmes o lado erótico e pornográfico, vão, pouco a pouco, se permitindo vivenciar as próprias fantasias", afirma.
A psicóloga e terapeuta sexual Paula de Montille Napolitano recorda ainda a repressão sexual contra as mulheres para explicar como algumas ainda tratam o conteúdo erótico como tabu. "O direito ao prazer sexual foi socialmente conquistado pelas mulheres há pouco tempo. Antigamente este desejo não era permitido nem mesmo em pensamentos. O importante é não deixar com que esses tabus impeçam a mulher de aproveitar esses recursos para aumentar o prazer", avalia.
Pornografia
A pornografia pode trazer vantagens para a vida a dois. "Dependendo do casal, a pornografia pode trazer benefícios. Mas, claro, quando os dois gostam e aprovam. Esse tipo de conteúdo pode ser incrementado junto às preliminares, por exemplo, trazendo à tona também a comunicação de outras fantasias sexuais", reforça a psicóloga Juliana Bonetti. A sexóloga Karina Brum conta que o próprio mercado de filmes eróticos tem feito filmes com roteiros mais trabalhados, realistas e naturais, diferentes das cenas cruas de sexo explícito dos filmes tradicionais.
"Mulheres não gostam do pornô tradicional. Por isso, algumas empresas de conteúdos pornográficos têm diretoras no lugar de diretores, hoje. Sem contar que os roteiros têm mais enredo do que só as cenas cruas de sexo explícito. A visão de uma mulher, enquanto diretora da cena, torna tudo mais excitante e divertido. Toda mulher gosta e precisa sentir-se desejada, mas este desejo não deve ser mecânico, como nas cenas dos filmes tradicionais. E o mais impressionante é que esta geração feminina procura se motivar e se autoconhecer, cada vez mais, por meio dos filmes", afirma Karina.
Fonte: MSN - Brasil

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A frescura revisitada



Na minha época maravilhosa que não volta mais, esse negócio de susceptibilidades, chama-se FRESCURA e era totalmente ridículo.
Hoje, todo mundo ficou muito sensível. Não podemos mais falar. Tudo ofende, tudo fere, tudo é forte, tudo contem alguma forma de preconceito e tudo é passível de processo criminal. A humanidade está à flor da pele. 
De repente, todos ficaram importantes demais ao mesmo tempo. O que eu mais ouço é esta frase insuportável e viciada que sempre denota alguma forma de autoritarismo: " Não pode". Não pode e não pode. 
As pessoas não se dão conta da censura, da ditadura e do "cala a boca" generalizado que vivemos. Só os que têm parâmetros de comparação porque encelheceram, podem constatar este fenômeno. A geração Y e a geração Z acham que descobriram a pólvora sem fumo, mas estão vendidos a um sistema pavoroso que eles aplaudem. Pobres criaturas!
Um sinônimo perfeito para as susceptibilidades da modernidade era viadagem. Lá pelos anos oitenta, era muito comum dizer-se, quando alguém extrapolava a esfera do admissível em termos do egocentrismo pomposo, "para com essa viadagem!".
Então é isso, extrapolamos o que seria admissível em termos de egocentrismo pomposo, hipocrisia, teatralidade, vaidade e presunção. E quase tudo permanece com antes, só não se diz, mas pensa-se e faz-se.
É F........., meu véio! F....... não pode e nunca houve na história do planeta tanta difusão de pornografia e tanto eufemismo.
P.S.-  Se eu escrever a palavra toda, o meu blog vai ser bloqueado pelo Bing, pelo Google, pelo Facebook  e companhia limitada. Isto não é uma forma de inquisição?

A abstinência do poder

A fisiologia do poder
O poder age no organismo humano como certos psicotrópicos e a maioria das drogas ilícitas. Não sou neurocientista, mas parece-me evidente que o exercício do poder também provoca uma descarga torrencial de dopamina (A dopamina é uma substância química liberada pelo cérebro que desempenha uma série de funções, incluindo prazer, recompensa, movimento, memória e atenção.)
O contato com qualquer forma de poder aciona o sistema de recompensas do cérebro e induz ao vício.
O maior castigo para qualquer deputadozinho é não se reeleger. O pior sofrimento para todos os que detêm alguma forma de poder é estarem privados dele. A fissura do poder sobre os outros é o grande barato desse pessoal. Fica explicado o fascínio que o poder exerce sobre todos nós. 
Ter poder é como estar drogado por uma substância cultural, abstrata e lícita. Todos os que estão no poder agem de maneira estranha, surpreendente e suspeita porque estão completamente drogados.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Espionagem em tempos de paz

A GUERRA GELADA

A espionagem segundo Sun Tzu, em Arte da Guerra, é um ato só permitido entre beligerantes, nações, grupos guerrilheiros em guerra e/ou guerrilha e consiste na prática de obter informações de caráter sigiloso relativas a governos ou organizações, sem a autorização desses, para conseguir vantagem militar, política, econômica, etc.
Quando disseram que acabou a guerra fria, logo começaram a preparar a guerra gelada. Estamos apenas no início  da guerra gelada.
A minha espécie, desgraçadamente, é incompatível com a paz. A nossa espécie é um projeto inconcluso e malogrado. Sempre me considerei e considero os que me cercam como acidentes cósmicos. E não fosse o caráter trágico desse projeto, até dava para relevar. 
A minha espécie é beligerante. Quase todos os hinos nacionais incitam ao embate e à guerra. Afinal, viver é lutar, não é repousar. Repousar é morrer. Neste contexto, o Brasil, para mim, é um país um pouco estranho.
Se vivemos num mundo onde imperam a denúncia e a espionagem de todos, de todas e de tudo, em larguíssima escala, é evidente que não estamos em paz. Acabei de apresentar-lhes o espetáculo relaxante do óbvio.
A paz que respiramos é falsa e tóxica. Não gosto de surpresas desagradáveis por isso estou preparado.   

Pela liberdade de sentimentos

 A globalização da ditadura
A patrulha obcecada do politicamente correto está em plena expansão e aprimoramento. De uns tempos a esta parte, não são apenas as palavras que são vigiadas; também se vigiam e controlam os sentimentos.
Todos têm que usar as palavras da moda e todos têm que sentir o que todos sentem. Vivemos num mundo ameaçado. As liberdades correm perigo, mas é tudo muito sutil, subliminar e enigmático como as novas tecnologias. Não é só a liberdade de expressão que corre riscos severos; a liberdade de sentir também é extremamente visada. Pelo que se ouve e lê por aí, até parece que todos gostam e amam.
Começa com o like do Foicebook e acaba no teatro barato de quem não tem a decência de afirmar que odeia visceralmente certas e determinadas coisas, sob pena de ser confundido com a incitação ao ódio. Ninguém mais pode ser indignado, veemente, espontâneo e autêntico. Esqueceram-se que a camada de verniz civilizatório qualquer chuvinha a apaga.
Por existirem os zelosos vigilantes da incitação ao ódio é que usufruímos de um mundo florido e verdejante. Não é mesmo?
O coração é a terra mais sagrada que conheço. Nem eu piso a terra misteriosa e secreta do meu coração. O que é asqueroso e revoltante é que pessoas completamente alheias às batidas e às contrações do meus ventrículos, em nome da hipocrisa institucional, pretendam tomar de assalto o recanto mais primordial do meu ser.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Os escravos da mesma ideia

"Não tenho medo de mudar de ideia porque não tenho vergonha de pensar." 
Autor desconhecido
Os pensadores eventuais
Mudar de opinião nesta ou em qualquer outra sociedade, sempre foi visto como a suprema heresia.
A explicação é muito simples: quem muda de opinião com frequência não é previsível e dificilmente pode ser controlado. Por isso se estimula tanto o cumprimento da palavra empenhada e outras armadilhas. No século XIX era bem pior. Estamos melhorando neste sentido, mas ainda falta muito.
Parece que quem muda de opinião não é uma pessoa séria. Quanta injustiça! Sério é o caro que passa uma vida inteira de 80 anos dizendo as mesmas baboseiras.
Desconhece-se que a linearidade de pensamento é impossível para quem pensa com regularidade.
Quem passa muitos anos sem mudar de opinião, das duas uma: ou não faz sinapses ou é louco. As duas hipóteses são equivalentes.

10 mentiras da história mundial

Mentiras da história mundial
A História é um mar de distorções. O que você pensa que é, talvez não seja assim. Talvez alguém, há muito tempo, tenha construído uma meia-verdade e a tenha repetido tantas vezes que virou uma verdade completa. Temos aqui 10 fatos que são muito conhecidos na História.


10. Bin Laden não foi o primeiro a atacar os EUA em seu próprio território. O “mérito” é de Pancho Villa, que em 1916 cruzou Rio Grande e atacou a cidade de Columbis, Texas, onde matou sete pessoas. A invasão durou menos de dez horas. 

9. Walt Disney não sabia desenhar e nunca desenhou nenhum de seus famosos personagens. Durante muitos anos foi dito que Mickey Mouse tinha sido criado por ele, mas atualmente sabemos que foi obra exclusiva do desenhista Ub Wickers que deixou Disney compartilhar a autoria para lhe retribuir um favor. A verdade é que Disney é um dos maiores pilantras que a História do empreendedorismo  já conheceu.

8. Os imperadores romanos não levantavam nem baixavam o polegar para decretar a morte ou o indulto de um gladiador. Mostrar o punho fechado era sinal de clemência: mas se mostravam o polegar para um lado (como quem pede carona), estavam ordenando a execução do perdedor.

7. As três caravelas de Colombo na verdade eram duas. Pinta e Nina. Porque a terceira embarcação que participou da descoberta da América era uma nau, outro tipo de barco de maior tamanho. Chamava-se Maria Galante, mas Colombo a rebatizou de Santa Maria.

6. A guilhotina não é um invento francês, e seu criador não foi o doutor Ignace Guillotin, que somente sugeriu a guilhotina como método oficial de execução. Os romanos já conheciam e usavam o método e alguns historiadores acham que foi inventada pelo cônsul Titus Manlius, que paradoxalmente, acabou sendo executado por ela. Um fato interessante é que a Ciência descobriu que as vítimas desse instrumento ainda permaneciam 10 segundos vivas após a cabeça ser cortada.

5. John Ford não era caolho. Passou a utilizar a venda sobre o olho direito ocasionalmente em 1934 para poder recuperar-se da operação de cataratas. A partir de então, acostumou-se a usar a venda em público como excentricidade e às vezes até a mudava de olho. 
4. Cemitérios de elefantes não existem. O aparecimento de um grande número de ossadas de paquidermes num mesmo lugar fez crer que existiam míticos locais nos quais os elefantes se dirigiam voluntariamente para morrer. O mistério foi explicado pelo biólogo Rupert Sheldrake que explicou o que  realmente ocorria. Os exemplares idosos ou doentes de uma mesma manada passavam a viver próximos dos mananciais de água e morriam ali.

3. Marlon Brando não recusou o Oscar que ganhou pelo “O Poderoso Chefão” (1972). Mas mandou para receber o troféu em seu lugar uma falsa índia (era uma mexicana disfarçada) que fez um discurso a favor dos direitos dos indígenas.

2. Catarina II da Rússia não morreu tendo relações com um cavalo. A soberana faleceu de um infarto, mas a lenda surgiu  da descoberta na sua coleção privada de peças eróticas onde não faltavam cenas de zoofilia.
  
1. Circular pela direita nem sempre foi o normal. De fato, no império romano circulava-se pela esquerda, um costume que foi mantido em toda Europa até a Revolução Francesa. O novo regime instaurou a norma de fazê-lo pela direita e Napoleão impôs essa norma  ao resto da Europa salvo à Inglaterra, Suécia e aos países que não conseguiu conquistar.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Três frases célebres fora de contexto

As três citações mais populares e mal interpretadas da filosofia

Existem algumas citações do campo da filosofia que se tornaram muito pop's. É bom que a filosofia se torne famosa, entretanto, é ruim quando queremos entender a filosofia por frases soltas, na base do "ouvi falar". Pior ainda é quando citamos essas frases sem entendê-las. Aqui vão as três frases mais famosas e mal interpretadas da filosofia, seguidas de uma tentativa de esclarecimento e contextualização para que não fiquem tão soltas por aí.
“A religião é o ópio do povo” K. Marx – Essa citação de Marx, não raro, é interpretada de forma equivocada. Muitos a entendem com o sentido de que a religião manipula e ilude o povo, como a ilusão criada por se fumar ópio. Entretanto, essa não é uma interpretação coerente nem no contexto em que a frase foi posta, nem segundo o próprio pensamento de Marx. Para o Marxismo, tendo como base o materialismo histórico, não é a consciência que determina aquilo que é material, mas sim o que é material que determina a consciência. Aqui, o verbo determinar não deve ser entendido de forma rígida, determinista, afinal, apesar da predominância do material sobre a consciência, Marx concebe a relação entre o material e as ideias como dialética. Sendo assim, a religião, tida como ópio, faz parte do campo da consciência e não do campo material. Não é ela que cria a ilusão que determina a miséria do povo; ela, na realidade, é o resultado das miseráveis condições materiais pelas quais o povo sofre. Marx, aqui, talvez apontasse que a religião é antes uma consequência da exploração do trabalhador, do que sua causa. Oprimido materialmente, o povo busca dar conta de seu sofrimento através do alívio da consciência, com o ópio, ou seja, com a religião. Aqui vai a frase com um pouco mais de contexto:  “A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo.”
“Deus está morto” F. Nietzsche – Essa talvez seja a frase mais mal interpretada de toda a filosofia. Isso porque ela, como a frase de Marx, cita algo que faz parte do campo da religião. Entretanto, de nada adianta querer entender frases soltas. Nietzsche era um grande crítico da metafísica, e consequentemente da metafísica de Platão e com essa frase, queria mais constatar que as justificativas e fundamentos que damos para nossa existência em um “além-mundo” estavam mortas, do que fazer propaganda do ateísmo. Nietzsche estava atestando, no final das contas, que a metafísica (Deus) morreu. E quem foi o assassino? O positivismo. Depois dele, não poderíamos mais julgar nosso mundo segundo preceitos metafísicos e no final das contas, sabendo disso, todos nós “matamos Deus”. “Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós!”
“O inferno são os outros” J. P. Sartre – Esta frase, sozinha, sem o devido contexto da filosofia Sartriana, dá brecha para se pensar que seria melhor se os “outros” não existissem para não me atrapalhar, para não atrapalhar o mundo ou qualquer coisa do tipo. Entretanto, isso não se encaixa na filosofia de Sartre. Ora, o existencialismo é a filosofia em que a existência precede a essência. Em outras palavras, antes existimos para que depois possamos ser e nossa essência não é pré-concebida. A essência de cada um de nós é o resultado da nossa existência, das nossas escolhas durante a vida. Ou seja, eu, como ser humano, sou as escolhas que faço durante a minha vida e no fim das contas, é isso que me difere das outras coisas: a liberdade. “O ser humano está condenado à liberdade”, segundo Sartre, porque não pode escapar à sua responsabilidade de decidir. Ao tomar uma decisão, o ser humano deve sofrer a angústia da escolha e ser responsável por si mesmo e por toda a humanidade. Se não for assim, não é verdadeiramente livre. E como o ser humano pode ter acesso e experimentar a sua própria essência? A partir do outro, da convivência. O inferno é esse. Além de estar condenado à liberdade, tendo que fazer escolhas sob minha responsabilidade, os outros me impedem de fazer tudo que quero, entretanto, é somente através dos outros que posso vislumbrar minha essência; somente através do “inferno” da convivência e da condenação à liberdade que os seres humanos podem ser.

sábado, 12 de setembro de 2015

Hitler se drogava

O livro Der totale Rausch (O delírio total, em tradução livre), de Norman Ohler, leva no título um jogo de palavras usando a referência da "guerra total", expressão que ganhou fama em 1943 durante discurso proferido por Josef Goebbels em Berlim.
Com ele, Ohler tenta descrever o apetite dos líderes nazistas por um "delírio total" – o uso compulsivo de drogas não só por soldados, mas também pelos mais altos nomes do Terceiro Reich, como o próprio Hitler.
"Os soldados alemães usavam Pervitin, um produto que contém metanfetamina, o que é hoje conhecido como crystal meth. Hitler aplicava esteroides na corrente sanguínea. E, mais tarde, usou Eukodal, produto farmacêutico que se aproxima da heroína", conta o jornalista e escritor à DW.
Deutsche Welle: Como nasceu a ideia do livro?
Norman Ohler: Um DJ berlinense me disse uma vez que os nazistas tomavam grandes quantidades de drogas. Eu nunca tinha ouvido falar sobre isso antes. Mas o fato despertou meu interesse, achei que tinha um fundo de verdade e passei a frequentar o Arquivo Federal da Alemanha e os Arquivos Nacionais americanos em Washington e no estado de Maryland.
A primeira coisa que quis ver foram as anotações pessoais do médico de Hitler, Theodor Morell. Para a minha surpresa, essas anotações eram bastante elaboradas, descrevendo como ele havia tratado Hitler ao longo dos anos, inclusive coisas como "injeção como sempre" e "Eudokal", que é um forte opioide.
Era a mesma droga tomada pelos soldados?
Não, os soldados usavam Pervitin, um produto alemão patenteado em 1937 e que contém metanfetamina, o que é hoje conhecido como crystal meth. Até 1939, esse produto esteve livremente disponível em forma de remédio. Em Berlim, ela se tornou uma das drogas preferidas, como beber café para despertar o ânimo. As pessoas tomavam grandes quantidades de Pervitin. A companhia queria que ela se tornasse rival da Coca-Cola. Assim, as pessoas a ingeriam e ficavam eufóricas – um estado de espírito que combinava com o humor geral da população antes da guerra.
E como a droga foi descoberta pela Wehrmacht?
As Forças Armadas alemãs perceberam que existia uma droga no mercado que poderia ser de interesse dos soldados, já que Pervitin mantém acordado por um longo período de tempo. Durante os primeiros dias, nem é preciso dormir. Foi usado pela primeira vez quando a Alemanha invadiu a região dos Sudetos e a Polônia, e em seguida quando a Alemanha atacou a França, em 1940, uma estratégia de guerra relâmpago. Antes do ataque, as forças nazistas encomendaram 35 milhões de comprimidos de Pervitin para os soldados na frente francesa.
Pervitin foi muito usado pelos nazistas. Hitler não o utilizava, ele aplicava esteroides na corrente sanguínea. E, mais tarde, usou Eukodal, produto farmacêutico que se aproxima da heroína. Hitler adorava Eukodal. Especialmente no outono de 1944, quando a situação militar deteriorou, ele usou essa droga forte para fazê-lo eufórico, mesmo que não parecesse estar nenhum pouco nesse estado de espírito.
Os generais lhe diziam: "Precisamos mudar nossa tática. Precisamos acabar com isso. Vamos perder a guerra." E ele não queria escutar nada disso. Ele tinha o seu médico, Dr. Morell, que lhe dava medicamentos que o faziam se sentir invulnerável e senhor da situação.
Isso era sabido na Alemanha?
Ninguém sabia o que o médico dava a Hitler. Ele não contou a ninguém, e Hitler, com certeza, também não. Mas muitas pessoas suspeitavam que estava acontecendo alguma coisa estranha. Houve algumas tentativas de fazer com que Morell revelasse o que estava dando a Hitler, mas ele recusou. Era um segredo entre dois homens.
Mas os soldados tomavam abertamente Pervitin?
Que os soldados estavam tomando Pervitin não era nenhum segredo. A princípio, a Wehrmacht não percebeu que se tratava de uma droga; pensavam que era como tomar café. Mas, em 1941, isso foi proibido e declarado uma droga ilegal. Nas Forças Armadas, no entanto, a distribuição continuou em segredo, mas os registros da campanha contra a Rússia não são tão claros como os da guerra contra a França, onde é possível ver quantas pílulas foram distribuídas. Falei com um oficial militar médico que esteve em Stalingrado, que disse que Pervitin ainda era distribuído ali, mas que, basicamente, não fez nenhuma diferença.
Outras Forças Armadas também tomaram drogas semelhantes?
Eles acabaram descobrindo sobre as drogas alemãs, e os britânicos usavam anfetaminas. Basicamente, os alemães usaram crystal meth, e os britânicos utilizaram speed. Muito dos soldados americanos que se juntaram ao esforço de guerra entraram naquele cenário belicoso através do Reino Unido, onde recebiam anfetamina.
Os americanos tomavam a droga para poder concorrer com aqueles soldados alemães enlouquecidos. Isso fez escola entre os militares americanos: se você olhar para a Guerra da Coreia, em 1950, ela foi marcada pela anfetamina, e todos os pilotos estavam dopados.
O LSD, por exemplo, foi inventado por um químico suíço, e o serviço de inteligência americano tentou usá-lo, também com base em experimentos alemães no campo de concentração de Dachau, onde um médico chamado pelo nome de Plötner usava mescalina para desenvolver novas técnicas de interrogatórios. Quando os americanos libertaram o campo de concentração, eles levaram esses estudos e os usaram no Projeto Alcachofra, utilizando-os na década de 1950 para descobrir quem era agente soviético ou não.
Qual foi para você a maior surpresa durante os muitos anos de pesquisa para esse livro?
Achei o abuso de drogas por parte de Hitler como a parte mais surpreendente.
Autor: Dagmar Breitenbach 
Fonte: MSN Brasil

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Ser e pertencer

 
Este texto é dedicado a Gheramer.
Existe uma confusão generalizada e cruel entre identidade e pertencimento. A palavra adequada e menos esdrúxula, seria a palavra francesa appartenance, substantivo do verbo appartenir que significa pertencer.
Sempre que se fala em identidade, na realidade, trata-se de appartenance e não de identidade. O que as pessoas recitam mecanicamente para se definir, está muito longe de defini-las. Quem se diz brasileiro é porque pertence a um grupo de pessoas que mora num determinado espaço físico e que tem determinadas características. O Brasil nunca pode ser a identidade de um indivíduo, mas o seu pertencimento; identidade é outra coisa.
EU sou EU. Eu não sou o país em que eu nasci, nem a classe profissional a que pertenço, nem o meu estado civil, nem a minha religião, nem a minha falta de religião e muito menos a minha etnia.
Este equívoco da maioria é um campo fértil para a disseminação e expansão do preconceito. Se eu não me identificar com os estereótipos da minha nacionalidade, da minha profissão, do meu estado civil, da minha religião, da minha orientação sexual, eu estou sujeito a crassos erros de interpretação e a delitos muitíssimo graves como o racismo por exemplo.
O brasileiro gosta de samba, de carnaval e futebol. Se eu detestar samba, carnaval e futebol, está quebrada a minha falsa identidade e ameaçado o meu pertencimento.
Para quem ainda não aprendeu a ser, só lhe resta pertencer. Pertencer e sofrer de espúrias associações a grupos, etnias, religiões, partidos, agremiações, etc. Conheça e incorpore o seu compasso, o seu ritmo e as suas pausas.
Apresse-se, vasculhe-se e descubra urgentemente quem você é, para não ser vítima de estúpidos julgamentos e para não amargar uma infelicidade crônica e patológica.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O segredo é não perdoar

Quando está em meio a uma DR do casal, boa parte dos seus amigos recomenda perdoar as falhas da parceira, esquecer o ocorrido e bola pra frente. Apesar da mágoa, você aceita os conselhos e pensa que essa é a atitude mais correta para um relacionamento feliz.
Apesar de parecer que sim, os pesquisadores da Universidade do Tennesse descobriram que não perdoar e ficar com raiva  pode ser a melhor maneira de resolver os problemas do seu envolvimento.
Até chegar à conclusão para o segredo do casamento feliz, o professor de psicologia da universidade, James McNulty, entrevistou 72 casais que estavam no primeiro matrimônio e juntos há pelo menos seis meses. "O desconforto a curto prazo de uma conversa com raiva, mas honesta, pode beneficiar a saúde de um relacionamento a longo prazo".
Segundo ele, toda relação passa por momentos em que um parceiro faz algum tipo de transgressão contra o outro. Entre as causas: infidelidade, impaciência, falta de companheirismo ou irresponsabilidade financeira. “Quando isso acontece, nós temos que decidir se vamos ficar nervosos e alimentar a raiva ou perdoar”, assume McNulty.
Sua pesquisa mostrou que uma variedade de fatores pode complicar a eficácia do perdão, incluindo o nível de temperamento do parceiro (afável ou intransigente) e a severidade e frequência da transgressão.  "Acreditando que o parceiro que perdoa leva pessoas afáveis  a serem menos propensas a ofender, mas no caso de pessoas intransigentes, elas estão mais susceptíveis a ofender o parceiro", disse ele.
Além disso, ele aponta que a raiva pode desempenhar um papel importante na sinalização para o parceiro que transgrediu e que o comportamento ofensivo não é aceitável. Dessa forma, em outra situação semelhante, o transgressor vai pensar nas consequências duas vezes antes de cometer a mesma falha.
Então, da próxima vez que encarar uma DR, ao invés de relevar tudo que a parceira faz, tenha uma discussão dos pontos que te deixaram chateado, pois essa é a melhor forma de fazer com que a relação tenha duradouros anos e você tenha um casamento feliz.
Fonte: MSN. Com a correção de inúmeros erros crassos de português.

O pecado como estratégia de dominação e poder

Por definição, pecado é a desobediência à vontade de Deus. Quem foi o cara ou os caras que conseguiram a façanha de ter acesso à vontade de Deus? Tamanho absurdo não deveria caber na cabeça de ninguém e cabe.
Para quem tiver se beneficiado minimamente da oftalmologia, as relações humanas sempre foram e serão relações de poder. São muito mais relações de poder do que relações humanas própriamente ditas.
No teatro social, a medição de forças está sempre na ordem do dia. A medição pode ser feita de maneira explícita, mas na maioria da vezes é subliminar e dissimulada. A medição de forças em qualquer circunstância, nunca deixa de ser realizada.
A história da humanidade a despeito das falsas democracias, é a história de dominadores e dominados. E a equação é cansativa e é sempre a mesma: poucos dominadores para muitos dominados.
Para mim, é excessivamente óbvio, é agressivamente óbvio que quem inventou o pecado queria trapacear na medição de forças, inventando para isso uma força atemporal e enigmática. 
Medição de forças, a gente entende e admite. É assim na savana e na selva de pedra. Tudo bem.
Criar uma força extra e superior para intimidar e sair vencedor no campeonato de medição de forças, é pura trapaça. 
Se juntarmos à noção de pecado, a confissão que também é uma forma espúria de poder, temos o poder absoluto sobre a comunidade crédula e ingênua. 
Fico triste quando me deparo com a trapaça institucionalizada, mas logo me encho de alegria porque eu ainda não estou cego.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Concessão e submissão

Conceder, tudo bem. Todo mundo concede para viver nesta sociedade maravilhosa. A nossa vida é um rosário de concessões.
O acaso e cronos me desmonstraram que não querem apenas a nossa concessão, também querem a nossa submissão.
Submissão, jamais. Prefiro me submeter à morte.

sábado, 29 de agosto de 2015

As redes sociais e a caça às bruxas

Em tempos de delação premiada, nas Redes Sociais, rola a denúncia gratuita, infundada e difamatória. Eu já fui vítima dessa atitude no Google+.
É elementar. Considerando as características intrínsecas e inexoráveis do miserável comportamento humano, simplesmente, você é denunciado porque o bípede, bímano, irracional, não vai com as tuas postagens. Já não posso dizer "com a tua cara" porque está muito fora de moda. 
As expressões idiomáticas têm que ser urgentemente revistas. As expressões do meu vocabulário pessoal fazem parte de um mundo que não existe mais. Para mim, o meu mundo acabou no ano 2000.  Eu sou um zumbi que paira na atmosfera tóxica da pós-modernidade líquida.
Voltando às denúncias. Na grande maioria das vezes, os responsáveis pelas Redes Sociais não procedem à necessária e obrigatória averiguação dos fatos e muita gente inocente é punida injustamente. Eu já fui punido e continuo sendo punido pelo Google+. Os mentores do politicamente correto são os novos inquisidores devidamente atualizados nas atualizações automáticas made in U.S.A.
O virtual reproduz e piora o real. No virtual, as pessoas ainda conseguem ser mais "cara de pau" por estarem ocultas no seu avatar. ("Cara de pau" também não  se usa mais neste mundo sofisticado e cruel.) Para substituir esta caduca expressão proponho "cara de monitor".  
E é isso, compatriotas virtuais. Neste mundo de denúncias e mais denúncias fica muito difícil cultivar as boas amizades. Neste sentido, as Redes Sociais perdem a sua função precípua e só servem para espantar o tédio de quem ainda se assusta demais com a banal,  corriqueira e ancestral angústia da condição humana. 
Apêndice
A caça às bruxas foi uma perseguição política e social que começou no século XV e atingiu seu apogeu nos séculos XVI e XVII principalmente em Portugal, na Espanha, França, Inglaterra (chamada de Normandia), na Alemanha, e na Suíça em menor escala. As antigas seitas pagãs e matriarcais , de fundo e objetivo Político, eram tidas como satânicas, de domínio popular com objeto diferente do religioso, sendo organizações diferentes do que costumam pregar a Bíblia, Alcorão e outros livros santos, tendo uma conotação de domínio político de Poder. O mais famoso manual de caça às bruxas é o Malleus Maleficarum ("Martelo das Feiticeiras"), de 1486.
No século XX a expressão "caça-às-bruxas" ganhou conotação bem ampla, sua verdadeira conotação se auto-revelou se referindo a qualquer movimento político ou popular de perseguição política-arbitrária, com o objetivo de Poder, muitas vezes calcadas no medo e no preconceito submetiam a maioria, no que hoje poderíamos chamar de Terrorismo, como ocorreu, por exemplo, durante a guerra fria, em que os EUA perseguiam toda e qualquer pessoa que julgassem ser comunista, seja por causa fundamentada e comprovada e/ou não, por medo do Terrorismo. Dessa forma, teve lugar a caça às bruxas comunista dos EUA, como também ao sul do Brasil aos chamados Nazi-comunista por Getúlio Vargas, antes da Segunda Guerra Mundial, de 1922 a 1942 quando entrou na Guerra efetivamente ao lado dos aliados, em que esses elementos sabotavam as organizações militares e governamentais de forma geral, principalmente aos Bancos, para angariarem fundos, se infiltrando nelas.

domingo, 23 de agosto de 2015

Parem de falar mal da solidão

O indivíduo é expulso de si próprio desde a mais tenra infância. Todo o investimento educacional é feito no sentido de nos tornar um sucesso de convivência social. Alega-se que só quem tem bom relacionamento social pode ser feliz. Nunca vi estupidez mais crua e revoltante em toda a  minha vida.
Muito ao contrário, quem é um sucesso de convivência social é mais propenso à infelicidade. Para que sejamos populares e bem quistos somos obrigados a mentir e ser hipócritas. Mentira e hipocrisia, a despeito das vozes dissonantes, não combina com felicidade. Está  quase todo mundo muito enganado.
A educação estimula a mentira, a dissimulação e o ardil como armas de defesa na guerra social. A educação tradicional é uma bomba atômica lançada sobre a possibilidade de ser feliz. A felicidade não é um encontro com os outros; a felicidade é um encontro consigo próprio.
A premissa e a perspectiva geográfica estão dramáticamente erradas. Não é lá fora. Não é com o  Google Earth que encontramos a ambicionada felicidade. Não é mesmo. Não é viajando o tempo todo  como fugitivos de nós próprios que alcançaremos esse bem-estar geral chamado felicidade. 
A criança deve ser encorajada pelos pais e educadores a um contato com ela mesma e não exclusivamente com os outros. Muito poucos são estimulados à introspecção e à reflexão. A sociedade abomina a solidão em favor da improbabilíssima festa social. O que mais há no grupo humano são conflitos expostos ou inconfessos.
Não estou propondo viver nos limbos do pacífico, nem a imitação de Robinson Crusoe; defendo a solidão contra a injúria da maioria pois sei muito bem que a vida social como único e grande objetivo, é fonte inesgotável de stress, aumento da pressão arterial e morte precoce.
A sociedade difama a solidão porque quase tudo é feito em nome do grupo. Essa onda ridícula de auto-estima não me convence. Fala-se em auto-estima como um mais um meio de agradar à maioria. Hoje, ter auto-estima significa ter uma bela estampa, investir em cirurgias plásticas e artíficios de beleza exterior. Confunde-se amor próprio com a sedução do outro porque todos são induzidos a acreditar que a felicidade vem de fora.
Parem de caluniar a solidão. A solidão é o estado mais adequado e conveniente para a espécie humana. O bando é apenas uma intercorrência compulsória que oferece resultados muito duvidosos.
Faça uma viagem heterodoxa e volte para onde você nunca deveria ter saído; volte pra si mesmo.