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domingo, 24 de novembro de 2013

ADICÇÃO COLETIVA

NOVELA-A DROGA MAIS QUERIDA

CÉREBROS NO ESCURO

O ritual se repete todos os dias. É um velho vício quase atávico e sempre com a aparência de novo. A novela é a grande produção "cultural" brasileira, só igualada em mediocridade pelos Mexicanos. Os arquétipos junguianos são revisitados à exaustão. O sentimentalismo nem consegue ser barato, porque é totalmente gratuito. 
As pessoas de uma forma geral, deveriam respeitar um pouco mais o sentimento do amor. Nenhum sentimento é tão vilipendiado. Esculhambam com um sentimento que na verdade é conhecido por um número reduzidíssimo de pessoas. Nas novelas, muitos sentimentos facilmente adjetiváveis são chamados de amor. Amor é o escambau, cara pálida! Não é assim que a banda toca. Na novela e na vida real há uma revoltante confusão cultural de sentimentos. Mas o amor super-fake faz sucesso e dá Ibope. Isso é o que importa.
A novela vende bem qualquer coisa. Chegada a hora sagrada da porra da novela, a família querida pára tudo(com acento) para tomar novela no músculo ou na veia. A novela circula na corrente sanguínea de milhões de pessoas. Todo mundo pra lá de Bagdá trocando ficção com realidade numa loucura induzida e estimulada pelos representantes da normalidade pública. 
Os comentários do populacho giram em torno de futebol, outra droga pesadíssima, enredo de novela e meteorologia a gosto. Esta é a sonoplastia mais comum deste filme nacional, inteiramente rodado no Brasil.
A loucura é de tal monta que não raro o povão querido toma partido, criticando certos personagens e endeusando outros. E é sempre a mesma coisa: filho que não conhece o pai, mulher que dá o golpe do baú, filhos adotados, gente muito pobre e gente muito rica, gente que é só má, gente que é só boa, etc. O cerne de toda a novelinha é o bem contra o mal. Todos os que veem novela são do bem, é claro. Os maus são todos personagens de novela. Quem pode admitir que é uma peste? E pestes, todos sabem, têm produção em série.
Depois da alucinação provocada pelo capítulo, (novela dá barato) ficam todos com síndrome de abstinência durante 24 horas. É duro, viver sem novela. E nem dá tempo do cara se desintoxicar, é uma atrás da outra; uma verdadeira indústria. Depois da Indústria da Bíblia, também conhecida como Oligopólio de Jesus de Nazaré, a novela é a que mais prospera.
Os atores também não variam muito, são quase sempre os mesmos. É claro que o Brasil tem bons atores; é muito exercício novelístico. Os autores de novelas tendem a abordar além dos arquétipos junguianos, temas recorrentes. E todo mundo diz que se diverte demais. A maconha também dizem que diverte muito e a Skol então, nem se fala. Todo mundo chapadão de novela e dando uma de sóbrio. É mole?!
Novela não produz sinapses. É ver novela e assistir ao funeral dos pobres neurônios.Também, neurônios pra quê? Né?
Café Filosófico da Tv Cultura, ninguém assiste, só os que são considerados chatos e lúcidos. Lucidez pra quê? Né?
É talvez por causa da novela e outras merdas mais que o Gigante não consegue acordar. Dizem que já acordou, mas eu acho que teve apenas uma crise braba de sonambulismo infantil. Acordar pra quê? Né?
P.S.- Ao contrário do que se diz por aí, não desligue o seu cérebro por muito tempo. Depois, ele não pega nem no tranco. ( O pensamento oficial ensina aos incautos que todos temos que nos desligar de tudo, por longos períodos de tempo, para sermos felizes. Ledo engano! Não é nada disso.)
A propósito:

Sobre a "fuga da realidade", expressão usada para descrever a sensação de prazer derivada do uso de certas drogas, Sigmund Freud (1856-1939) escreveu em 1930:
"O serviço prestado pelos veículos intoxicantes na luta pela felicidade e no afastamento da desgraça é tão altamente apreciado como um benefício, que tanto indivíduos quanto povos lhes concederam um lugar permanente na economia de sua libido. Devemos a tais veículos não só a produção imediata de prazer, mas também um grau altamente desejado de independência do mundo externo, pois sabe-se que, com o auxílio desse ‘amortecedor de preocupações’, é possível, em qualquer ocasião, afastar-se da pressão da realidade e encontrar refúgio num mundo próprio, com melhores condições de sensibilidade. Sabe-se igualmente que é exatamente essa propriedade dos intoxicantes que determina o seu perigo e a sua capacidade de causar danos. São responsáveis, em certas circunstâncias, pelo desperdício de uma grande quota de energia que poderia ser empregada para o aperfeiçoamento do destino humano."

Um comentário:

  1. Belíssima definição sobre novelas atores e espectadores gostei desta crônica parabéns

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